A palavra
Mamom é de origem aramaica. Seu significado é “riqueza acumulada, posses, propriedade,
dinheiro”. Na raiz da palavra, o sentido é de algo confiável, certo, seguro ou
que foi colocado em segurança (Michael Sokoloff, Um dicionário de judaico,
palestino e aramaico). Como os sírios e os mesopotâmios usavam este mesmo nome,
é provável que se referia a um deus das riquezas entre eles. No livro não-canônico
de ben Sirach (Eclesiástico) lê-se um versículo assim: “Bem-aventurado o
homem que foi achado perfeito; e que não foi atrás de Mamom” (Eclo. 31:8).
No mundo
caído, as riquezas estão ligadas diretamente ao poder. O poder controla e quem
tem riquezas é visto como controlador, visto que possui mais que os outros. Essa
sensação sobe ao coração do rico, como também é manifesta no coração do pobre. O
rico quase sempre pensa que todos devem sujeitar-se a si, enquanto o pobre tem
esse mesmo pensamento, na maioria das vezes, por achar que o rico é maior
devido às posses que tem. Essa é uma das razões por que geralmente são os ricos
que chegam ao poder, inclusive nas igrejas, onde o sistema coloca na liderança
pessoas ricas só porque são ricas, seja para mantê-las na igreja e não perder
suas contribuições, seja por idolatria aos ricos deste mundo, seja por essa sensação
de que os ricos precisam sempre estar em posição de autoridade.
Quem dá
riquezas é Deus: “Quanto ao homem a quem Deus conferiu riquezas e bens e lhe
deu poder para deles comer, e receber a sua porção, e gozar do seu trabalho,
isto é dom de Deus” (Ec 5.19). Porém, os pecadores sempre adoram a bênção em
vez do abençoador. Aliás, muitos que se dizem crentes, usam Deus para chegar ao
seu verdadeiro deus (Mamom). Passam um tempo na igreja, se fingem de crentes,
até se batizam, ocupam cargos eclesiásticos, mas seu objetivo final não é Deus
e sim Mamom. Ele usa Deus para chegar em Mamom. Ele sofre bastante para servir
a Deus, para no fim, servir ao seu deus real, que é Mamom. Essa atitude é
condenada por nosso Senhor: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou
há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não
podeis servir a Deus e a Mamom” (Mt 6.24).
Um exemplo
claro de alguém que servia a Mamom e ainda queria herdar o reino de Deus foi o
do jovem rico. Assim como ele, muitos ditos crentes atualmente ainda acham que
podem servir a Mamom e ainda herdar o céu. Eles pensam que as riquezas estarão
lá esperando por eles. De fato, há riquezas no céu, mas elas não estão reservadas
para os adoradores de Mamom e sim para os filhos de Deus. Mas para estes, as
riquezas celestes não serão comparadas à verdadeira riqueza que é a comunhão com
Jesus para sempre! Nosso Senhor disse ao jovem rico que ele devia se desligar
de seu deus e isso o deixou chateado com Jesus, o que prova que ele não guardava
mandamento nenhum, como ele alegou para Cristo. Ele já quebrava o primeiro
mandamento: “Não terás outros deuses diante de Mim” (Êx 20.3). Muitos
crentes dependentes de Mamom hoje ainda me perguntam: será que Jesus queria
mesmo que aquele jovem deixasse suas riquezas para ser crente? A questão maior
é: será por que você está me perguntando isso?
Não é
pecado ser rico. O que Deus faz com Seus dons é que deve ser algo a ser
analisado. Por que Deus dá riquezas aos perversos? Esta foi uma pergunta que
incomodou alguns personagens bíblicos (Jó 21; Sl 73; Jr 12). Observe o
questionamento de Jó: “Por que os perversos continuam com vida, chegam à
velhice e se tornam poderosos?” (21.7 – NVT); “Seus touros nunca deixam
de procriar, suas vacas dão crias e não abortam” (v. 10); “Passam os
dias em prosperidade e descem à sepultura em paz” (v. 13). Além de viverem
em prosperidade, eles zombam de Deus: “E, no entanto, dizem a Deus:
‘Deixa-nos em paz! Não queremos saber de ti nem de teus caminhos. Quem é o
Todo-poderoso e por que deveríamos lhe obedecer? De que nos adiantará orar?”
(vs. 14,15). Jó diz que eles pensam que a prosperidade vem de si mesmos (v. 16).
Essa mesma angústia tomou conta do coração de Asafe no Salmo 73. Ele teve inveja
dos ímpios que prosperavam (v. 3). Observe a reclamação do salmista: “Levam
uma vida sem sofrimento e têm o corpo saudável e forte. Não enfrentam
dificuldades, nem estão cheios de problemas, como os demais” (vs. 4,5). Ele
também relata a blasfêmia destes ímpios: “‘O que Deus sabe?’, perguntam. ‘Acaso
o Altíssimo tem conhecimento disso?’” (v. 11). De igual modo o profeta
Jeremias: “Senhor, tu sempre me fazes justiça quando apresento uma causa
diante de ti. Portanto, desejo te fazer esta queixa: Por que os perversos são
tão prósperos? Por que os desonestos vivem em paz? Tu os plantaste, e eles
criaram raízes e deram frutos. Teu nome está em seus lábios, mas tu estás longe
de seu coração” (12.1,2). Eis aí questões que até hoje permanecem no coração
de muitos crentes.
Mas não se
esqueça que a Bíblia já respondeu sobre isso. Asafe, mesmo na antiga aliança,
descobriu, depois que entrou no santuário do Senhor, que as riquezas que Deus
dá para os ímpios nada mais é do que uma armadilha para eles: “Tu os puseste
num caminho escorregadio e os fizeste cair do precipício para a destruição. São
destruídos de repente, completamente tomados de pavor. Quando te levantares, ó
Senhor, rirás das ideias tolas deles, como quem ri de um sonho pela manhã”
(vs. 18-20). Veja bem, como Deus não quer salvá-los, então lhes distrai com
riquezas materiais, a fim de que não se lembrem de Deus, não se arrependam nem
sejam salvos. Certamente você não deseja isso para você, não é mesmo?
Mas Deus
também concede riquezas a Seus servos e isso sem nenhum prejuízo para sua
salvação. Afinal, a riqueza é dom de Deus e Ele dá a quem quer, com o propósito
que Lhe for conveniente. Muitos servos de Deus eram ricos na antiga aliança;
muitas pessoas ricas contribuíam para o ministério terreno de Jesus e muitos
ricos deste mundo vieram a fazer parte das fileiras dos santos. Porém, não confunda
as coisas. Nem todos que têm riquezas na igreja são salvos. Contudo, diz a
Bíblia, Deus usa as riquezas do ímpio para o benefício do justo (Jó 27.16,17;
Pv 13.22; 28.8; Ec 2.26). Não é que você toma posse da riqueza do ímpio, como
muitos pensam, mas que o ímpio, mesmo sendo enriquecido com a bênção de Deus,
providencia emprego para muitos justos pobres, os quais, com este sustento do
salário, proveem para sua família e ainda ajudam os necessitados da igreja. Desta
forma, como diz Tiago, as riquezas servirão de testemunho final contra o ímpio
e contra os falsos cristãos adoradores de Mamom (Tg 5.1-6), enquanto, ao mesmo
tempo, elas servirão de testemunho a favor dos salvos, que fizeram amigos aqui
na terra com as riquezas da injustiça (Lc 16.9). Estes amigos receberão você,
que os ajudou aqui na terra, lá nos tabernáculos eternos. O seu dinheiro no
reino de Deus, nas ofertas missionárias e outras contribuições, testemunhará a
seu favor e as vidas abençoadas serão as provas disso quando você chegar lá.
Ainda sobre
esse assunto acima, devo deixar uma coisa clara. Tem gente que tem ódio da
igreja e suas contribuições e, para mitigar sua consciência miserável, negam o
seu dinheiro para as contribuições eclesiásticas, enquanto doam para mendigos
perdidos e condenados ao inferno. Claro que há mendigos que serão salvos, mas não
é por causa do meu centavo que eles serão salvos e sim pela proclamação do evangelho
que eu devo fazer para toda a criatura. Estes miseráveis que negam dinheiro
para a igreja e acham que estão convencendo Deus ao darem algumas moedas para
mendigos estão condenados tanto quanto eles. Ambos chegarão ao inferno e serão parceiros
de sofrimento eterno. Se você foi enganado por igrejas malditas foi por conta
de sua tolice e ingenuidade. Fique esperto e contribua para igrejas sérias. Dê um
chute nessas igrejas e nesses canalhas que se passam por pastores, quando são,
na verdade, lobos devoradores. Você não tem direito de excluir todas as igrejas
de sua contribuição por causa dessas instituições malditas que lhe enganaram. Foi
falha sua em não conferir na Bíblia o que eles ensinam. Quem mandou você acreditar
nas promessas idiotas que eles fizeram? Se eles te prometeram riquezas e você acreditou,
dando seu carro, sua casa e outros bens, é porque você é igual a eles, adorador
de Mamom. Agora, o que prova que você ainda é um adorador de Mamom, é que você não
quer mais contribuir, ou seja, não toque em meu deus! O que você fez nessas
igrejas “casa de negócio” não foi contribuição e sim tentativa de “investimento”.
Você dava para receber mais. Agora que quebrou a cara, quer condenar todas as
igrejas? É melhor que se arrependa de sua idolatria a Mamom e volte a
contribuir, porém da forma correta e para igrejas verdadeiras, antes que você morra
e seja condenado ao inferno por sua ganância e avareza, que Paulo chama de
idolatria (Cl 3.5).
Agora,
para você que é um crente rico, cuide de seu dinheiro como seu escravo e não como
seu senhor. Você não pode ter dois senhores. Não se deixe dominar pelo seu
dinheiro, mas também não seja um esbanjador. Todo investimento que você faz
para render seus negócios, sendo legítimo, não há pecado nisso, mas lembre-se
que o maior investimento que realmente durará para a eternidade é feito no reino
de Deus e não na bolsa de valores. A bolsa tem riscos, o reino eterno não. A poupança
e outros investimentos de renda são finitos, mas o reino é infinito. Os celeiros
podem ter seu tamanho dobrado, mas lembre-se que a qualquer hora Deus pode
pedir a tua alma (Lc 12.20,21). Seja rico para com Deus e não para si mesmo. Ouça
o conselho de Paulo: “Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem
ponham a sua esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que nos concede
abundantemente todas as coisas para delas gozarmos; que pratiquem o bem, que se
enriqueçam de boas obras, que sejam liberais e generosos, entesourando para si
mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a verdadeira
vida” (1Tm 6.17-19).
Para finalizar,
há uma passagem na Mishná de Jerusalém, o Tratado de Pirke Avot, conhecido como
a Ética dos Pais, que diz: “Existem quatro tipos de pessoas: aquele que diz: ‘o
meu é meu e o seu é seu’: este é um tipo corriqueiro; e alguns dizem que este é
um do tipo de Sodoma. [Aquele que diz:] ‘o meu é seu e o seu é meu’: é uma
pessoa inculta (am haaretz); [Aquele que diz:] ‘o meu é seu e o seu é seu’ é
uma pessoa piedosa (hassid). [Aquele que diz:] ‘o meu é meu e o seu é meu’ é
uma pessoa perversa (rashá)”.
Conceituando
os tipos de pessoas, essa passagem mostra o tipo piedoso, que tem e reparte,
enquanto não se importa se outros vão ou não repartir com ele. As perversas
querem o que é dos outros, mas não repartem o que é seu. E as pessoas tolas que
querem o que é dos outros, mas não sabem cuidar do que os outros repartem com elas.
Não seja
um adorador de Mamom. Deus é dono das riquezas e dá a quem Ele quer. O importante
é que saiba que se Ele te der, há regras para você usar suas riquezas, como
aprendemos. Se Ele não te der, não se lamente. Saiba que Ele mesmo te
sustentará. Nunca inveje os ímpios por suas riquezas, pois elas são laço para eles.
Mas para você, que é salvo, tanto a pobreza como a riqueza serão benefícios dados
por Deus para auxílio em seu crescimento na santificação para o louvor da
glória dEle. Mas lembre-se que o maior tesouro, a maior riqueza é ter a Cristo.
Ele é o tesouro escondido no campo, que um homem, ao descobri-lo vendeu tudo
que tinha para possuí-lo e assim, comprou aquele campo (Mt 13.44). Ele é a
pérola de grande valor, que aquele negociante, tendo-a encontrado, vendeu tudo
que possuía e a comprou (v. 45)! Se você não tiver este Tesouro, poderá ganhar
o mundo inteiro, mas nada terá para dar em troca de sua alma quando ela estiver
junto com seu corpo no inferno (Mt 16.26)!
Día tēs písteōs.
Pr.
Cleilson