Teolatria

No Teolatria você encontra diversos estudos bíblicos em slides (power point) para baixar, além de muitas pregações, sermões expositivos, textuais, temáticos em mp3, dos pregadores da IMVC - Vilhena/RO: Pr. Cleilson, Pb. João, Pb. Alex, Pb. Wesllen Ferreira, irmã Clair Ivete e pregadores convidados.

sexta-feira, 31 de março de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0068 - FILHOS DA ESCRAVA E FILHOS DA ESPOSA



“Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre” (Gl 4.22).

Quando o apóstolo Paulo escreveu aos gálatas, ele tentava combater a influência judaizante sobre a igreja de Cristo. Os judaizantes perseguiam as igrejas recém-formadas, tentando confundir os irmãos novos convertidos, afirmando que para agradar a Deus precisavam observar certos ritos da lei de Moisés, principalmente a circuncisão, no caso dos gálatas.

Ao combater esse falso ensino, Paulo se utiliza da história muito bem conhecida e venerada pelos judeus, falando de sua genética. Os judeus verdadeiros haviam nascido de Abraão com Sara, sua esposa. Os ismaelitas nasceram de Abraão com sua escrava, Agar. Sabemos como existe essa rivalidade até os nossos dias entre judeus e palestinos.

Mas Paulo vai além. Ele combate os próprios judeus, dizendo que eles, que nasceram fisicamente de Abraão e Sara, espiritualmente, são filhos da escrava; e os que nasceram de Cristo Jesus, espiritualmente, é que são os verdadeiros filhos de Abraão e Sara. Para entender melhor esta alegoria, devemos raciocinar do menor para o maior. Por exemplo, naturalmente falando, os ismaelitas estão fora desta comparação, pois nasceram da escrava. Já os judeus originais, que se arrogavam ser descendentes legítimos de Abraão com sua esposa, Paulo os classifica no sentido espiritual como sendo nascidos da escrava. E os crentes em Cristo, sejam judeus, ismaelitas ou gentios em geral, Paulo os classifica espiritualmente como sendo os legítimos filhos de Abraão com sua esposa.

Não era novidade este pensamento. João Batista, ainda antes de Jesus iniciar Seu ministério, já dizia que até “destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão” (Mt 3.9). O próprio Senhor repreendeu os judeus de sua época, que se orgulhavam de sua descendência genética abraâmica, dizendo que eles só seriam realmente filhos de Abraão se cressem em Cristo (Jo 8.39,56). Paulo, em outra carta, diz que os legítimos filhos de Abraão são os que creem, isto é, a igreja e não Israel (Rm 9.6-9). Assim como acabara de dizer aos próprios gálatas: “Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão” (Gl 3.7).

Isso nos mostra que todo o processo de Deus na antiga aliança era verdadeiro, mas era pedagógico. Deus realmente teve uma nação separada das outras, mas para exemplificar que hoje Ele tem um povo misto, que procede de todas as nações. Israel era tipo, a igreja é seu cumprimento. Agora, Jesus e Seus santos apóstolos nos mostraram pela revelação progressiva de Deus que Deus não tem mais um povo nacionalista, mas uma igreja comprada pelo Seu sangue, de todas as tribos, línguas, povos e nações! Isto é maravilhoso! Os que têm o sangue de Abraão são filhos da escrava; mas os que têm o sangue de Jesus Cristo são filhos da esposa!

Dia tēs písteōs.

Pr. Cleilson 

ADORADORES DE MAMOM

 


A palavra Mamom é de origem aramaica. Seu significado é “riqueza acumulada, posses, propriedade, dinheiro”. Na raiz da palavra, o sentido é de algo confiável, certo, seguro ou que foi colocado em segurança (Michael Sokoloff, Um dicionário de judaico, palestino e aramaico). Como os sírios e os mesopotâmios usavam este mesmo nome, é provável que se referia a um deus das riquezas entre eles. No livro não-canônico de ben Sirach (Eclesiástico) lê-se um versículo assim: “Bem-aventurado o homem que foi achado perfeito; e que não foi atrás de Mamom” (Eclo. 31:8).

No mundo caído, as riquezas estão ligadas diretamente ao poder. O poder controla e quem tem riquezas é visto como controlador, visto que possui mais que os outros. Essa sensação sobe ao coração do rico, como também é manifesta no coração do pobre. O rico quase sempre pensa que todos devem sujeitar-se a si, enquanto o pobre tem esse mesmo pensamento, na maioria das vezes, por achar que o rico é maior devido às posses que tem. Essa é uma das razões por que geralmente são os ricos que chegam ao poder, inclusive nas igrejas, onde o sistema coloca na liderança pessoas ricas só porque são ricas, seja para mantê-las na igreja e não perder suas contribuições, seja por idolatria aos ricos deste mundo, seja por essa sensação de que os ricos precisam sempre estar em posição de autoridade.

Quem dá riquezas é Deus: “Quanto ao homem a quem Deus conferiu riquezas e bens e lhe deu poder para deles comer, e receber a sua porção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus” (Ec 5.19). Porém, os pecadores sempre adoram a bênção em vez do abençoador. Aliás, muitos que se dizem crentes, usam Deus para chegar ao seu verdadeiro deus (Mamom). Passam um tempo na igreja, se fingem de crentes, até se batizam, ocupam cargos eclesiásticos, mas seu objetivo final não é Deus e sim Mamom. Ele usa Deus para chegar em Mamom. Ele sofre bastante para servir a Deus, para no fim, servir ao seu deus real, que é Mamom. Essa atitude é condenada por nosso Senhor: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mt 6.24).

Um exemplo claro de alguém que servia a Mamom e ainda queria herdar o reino de Deus foi o do jovem rico. Assim como ele, muitos ditos crentes atualmente ainda acham que podem servir a Mamom e ainda herdar o céu. Eles pensam que as riquezas estarão lá esperando por eles. De fato, há riquezas no céu, mas elas não estão reservadas para os adoradores de Mamom e sim para os filhos de Deus. Mas para estes, as riquezas celestes não serão comparadas à verdadeira riqueza que é a comunhão com Jesus para sempre! Nosso Senhor disse ao jovem rico que ele devia se desligar de seu deus e isso o deixou chateado com Jesus, o que prova que ele não guardava mandamento nenhum, como ele alegou para Cristo. Ele já quebrava o primeiro mandamento: “Não terás outros deuses diante de Mim” (Êx 20.3). Muitos crentes dependentes de Mamom hoje ainda me perguntam: será que Jesus queria mesmo que aquele jovem deixasse suas riquezas para ser crente? A questão maior é: será por que você está me perguntando isso?

Não é pecado ser rico. O que Deus faz com Seus dons é que deve ser algo a ser analisado. Por que Deus dá riquezas aos perversos? Esta foi uma pergunta que incomodou alguns personagens bíblicos (Jó 21; Sl 73; Jr 12). Observe o questionamento de Jó: “Por que os perversos continuam com vida, chegam à velhice e se tornam poderosos?” (21.7 – NVT); “Seus touros nunca deixam de procriar, suas vacas dão crias e não abortam” (v. 10); “Passam os dias em prosperidade e descem à sepultura em paz” (v. 13). Além de viverem em prosperidade, eles zombam de Deus: “E, no entanto, dizem a Deus: ‘Deixa-nos em paz! Não queremos saber de ti nem de teus caminhos. Quem é o Todo-poderoso e por que deveríamos lhe obedecer? De que nos adiantará orar?” (vs. 14,15). Jó diz que eles pensam que a prosperidade vem de si mesmos (v. 16). Essa mesma angústia tomou conta do coração de Asafe no Salmo 73. Ele teve inveja dos ímpios que prosperavam (v. 3). Observe a reclamação do salmista: “Levam uma vida sem sofrimento e têm o corpo saudável e forte. Não enfrentam dificuldades, nem estão cheios de problemas, como os demais” (vs. 4,5). Ele também relata a blasfêmia destes ímpios: “‘O que Deus sabe?’, perguntam. ‘Acaso o Altíssimo tem conhecimento disso?’” (v. 11). De igual modo o profeta Jeremias: “Senhor, tu sempre me fazes justiça quando apresento uma causa diante de ti. Portanto, desejo te fazer esta queixa: Por que os perversos são tão prósperos? Por que os desonestos vivem em paz? Tu os plantaste, e eles criaram raízes e deram frutos. Teu nome está em seus lábios, mas tu estás longe de seu coração” (12.1,2). Eis aí questões que até hoje permanecem no coração de muitos crentes.

Mas não se esqueça que a Bíblia já respondeu sobre isso. Asafe, mesmo na antiga aliança, descobriu, depois que entrou no santuário do Senhor, que as riquezas que Deus dá para os ímpios nada mais é do que uma armadilha para eles: “Tu os puseste num caminho escorregadio e os fizeste cair do precipício para a destruição. São destruídos de repente, completamente tomados de pavor. Quando te levantares, ó Senhor, rirás das ideias tolas deles, como quem ri de um sonho pela manhã” (vs. 18-20). Veja bem, como Deus não quer salvá-los, então lhes distrai com riquezas materiais, a fim de que não se lembrem de Deus, não se arrependam nem sejam salvos. Certamente você não deseja isso para você, não é mesmo?

Mas Deus também concede riquezas a Seus servos e isso sem nenhum prejuízo para sua salvação. Afinal, a riqueza é dom de Deus e Ele dá a quem quer, com o propósito que Lhe for conveniente. Muitos servos de Deus eram ricos na antiga aliança; muitas pessoas ricas contribuíam para o ministério terreno de Jesus e muitos ricos deste mundo vieram a fazer parte das fileiras dos santos. Porém, não confunda as coisas. Nem todos que têm riquezas na igreja são salvos. Contudo, diz a Bíblia, Deus usa as riquezas do ímpio para o benefício do justo (Jó 27.16,17; Pv 13.22; 28.8; Ec 2.26). Não é que você toma posse da riqueza do ímpio, como muitos pensam, mas que o ímpio, mesmo sendo enriquecido com a bênção de Deus, providencia emprego para muitos justos pobres, os quais, com este sustento do salário, proveem para sua família e ainda ajudam os necessitados da igreja. Desta forma, como diz Tiago, as riquezas servirão de testemunho final contra o ímpio e contra os falsos cristãos adoradores de Mamom (Tg 5.1-6), enquanto, ao mesmo tempo, elas servirão de testemunho a favor dos salvos, que fizeram amigos aqui na terra com as riquezas da injustiça (Lc 16.9). Estes amigos receberão você, que os ajudou aqui na terra, lá nos tabernáculos eternos. O seu dinheiro no reino de Deus, nas ofertas missionárias e outras contribuições, testemunhará a seu favor e as vidas abençoadas serão as provas disso quando você chegar lá.

Ainda sobre esse assunto acima, devo deixar uma coisa clara. Tem gente que tem ódio da igreja e suas contribuições e, para mitigar sua consciência miserável, negam o seu dinheiro para as contribuições eclesiásticas, enquanto doam para mendigos perdidos e condenados ao inferno. Claro que há mendigos que serão salvos, mas não é por causa do meu centavo que eles serão salvos e sim pela proclamação do evangelho que eu devo fazer para toda a criatura. Estes miseráveis que negam dinheiro para a igreja e acham que estão convencendo Deus ao darem algumas moedas para mendigos estão condenados tanto quanto eles. Ambos chegarão ao inferno e serão parceiros de sofrimento eterno. Se você foi enganado por igrejas malditas foi por conta de sua tolice e ingenuidade. Fique esperto e contribua para igrejas sérias. Dê um chute nessas igrejas e nesses canalhas que se passam por pastores, quando são, na verdade, lobos devoradores. Você não tem direito de excluir todas as igrejas de sua contribuição por causa dessas instituições malditas que lhe enganaram. Foi falha sua em não conferir na Bíblia o que eles ensinam. Quem mandou você acreditar nas promessas idiotas que eles fizeram? Se eles te prometeram riquezas e você acreditou, dando seu carro, sua casa e outros bens, é porque você é igual a eles, adorador de Mamom. Agora, o que prova que você ainda é um adorador de Mamom, é que você não quer mais contribuir, ou seja, não toque em meu deus! O que você fez nessas igrejas “casa de negócio” não foi contribuição e sim tentativa de “investimento”. Você dava para receber mais. Agora que quebrou a cara, quer condenar todas as igrejas? É melhor que se arrependa de sua idolatria a Mamom e volte a contribuir, porém da forma correta e para igrejas verdadeiras, antes que você morra e seja condenado ao inferno por sua ganância e avareza, que Paulo chama de idolatria (Cl 3.5).

Agora, para você que é um crente rico, cuide de seu dinheiro como seu escravo e não como seu senhor. Você não pode ter dois senhores. Não se deixe dominar pelo seu dinheiro, mas também não seja um esbanjador. Todo investimento que você faz para render seus negócios, sendo legítimo, não há pecado nisso, mas lembre-se que o maior investimento que realmente durará para a eternidade é feito no reino de Deus e não na bolsa de valores. A bolsa tem riscos, o reino eterno não. A poupança e outros investimentos de renda são finitos, mas o reino é infinito. Os celeiros podem ter seu tamanho dobrado, mas lembre-se que a qualquer hora Deus pode pedir a tua alma (Lc 12.20,21). Seja rico para com Deus e não para si mesmo. Ouça o conselho de Paulo: “Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a sua esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que nos concede abundantemente todas as coisas para delas gozarmos; que pratiquem o bem, que se enriqueçam de boas obras, que sejam liberais e generosos, entesourando para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a verdadeira vida” (1Tm 6.17-19).

Para finalizar, há uma passagem na Mishná de Jerusalém, o Tratado de Pirke Avot, conhecido como a Ética dos Pais, que diz: “Existem quatro tipos de pessoas: aquele que diz: ‘o meu é meu e o seu é seu’: este é um tipo corriqueiro; e alguns dizem que este é um do tipo de Sodoma. [Aquele que diz:] ‘o meu é seu e o seu é meu’: é uma pessoa inculta (am haaretz); [Aquele que diz:] ‘o meu é seu e o seu é seu’ é uma pessoa piedosa (hassid). [Aquele que diz:] ‘o meu é meu e o seu é meu’ é uma pessoa perversa (rashá)”.

Conceituando os tipos de pessoas, essa passagem mostra o tipo piedoso, que tem e reparte, enquanto não se importa se outros vão ou não repartir com ele. As perversas querem o que é dos outros, mas não repartem o que é seu. E as pessoas tolas que querem o que é dos outros, mas não sabem cuidar do que os outros repartem com elas.

Não seja um adorador de Mamom. Deus é dono das riquezas e dá a quem Ele quer. O importante é que saiba que se Ele te der, há regras para você usar suas riquezas, como aprendemos. Se Ele não te der, não se lamente. Saiba que Ele mesmo te sustentará. Nunca inveje os ímpios por suas riquezas, pois elas são laço para eles. Mas para você, que é salvo, tanto a pobreza como a riqueza serão benefícios dados por Deus para auxílio em seu crescimento na santificação para o louvor da glória dEle. Mas lembre-se que o maior tesouro, a maior riqueza é ter a Cristo. Ele é o tesouro escondido no campo, que um homem, ao descobri-lo vendeu tudo que tinha para possuí-lo e assim, comprou aquele campo (Mt 13.44). Ele é a pérola de grande valor, que aquele negociante, tendo-a encontrado, vendeu tudo que possuía e a comprou (v. 45)! Se você não tiver este Tesouro, poderá ganhar o mundo inteiro, mas nada terá para dar em troca de sua alma quando ela estiver junto com seu corpo no inferno (Mt 16.26)!

Día tēs písteōs.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 30 de março de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0067 - VER POR ESPELHO E VER FACE A FACE

 


“Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido” (1Co 13.12).

Na época do apóstolo Paulo, os espelhos eram feitos de metal polido, que refletiam apenas uma imagem embaçada daquele que ali se contemplava. Os detalhes passavam despercebidos. A isto Paulo compara nosso conhecimento de Cristo enquanto estamos nessa terra. O que sabemos e desfrutamos dEle ainda é muito pouco diante de tudo aquilo que Ele é de fato. Todavia, o que sabemos e desfrutamos dEle aqui é verdadeiro. Embaçado não quer dizer falso. E isto que conhecemos, embora pouco e verdadeiro, pode ser ampliado com nosso relacionamento com Ele. Por meio da oração, da Palavra e dos demais meios de graça, nosso espelho vai ficando com a imagem mais visível.

Se o que vemos agora é meio nublado e já é tão maravilhoso, imagina o que será quando pudermos ver face a face! Jesus disse que quem crê nEle conforme a Escritura diz, do seu interior fluirão rios de água viva (Jo 7.39)! Ele disse também que veio para nos dar vida e vida em abundância (Jo 10.10)! Tudo isso agora! Tudo isso aqui ainda desse lado do céu! Imagina como não será tão mais magnífico contemplar Sua glória em sua excelsa grandeza!

Nosso conhecimento limitado sobre Deus não impede que tenhamos uma vida repleta de alegria e confiança. O conhecimento é limitado, na verdade, mas é verdadeiro, é revelador, é o próprio Deus Se mostrando a nós na medida em que temos condições de saber sobre Ele. Temos limites de várias espécies: de conhecimento, de tempo e espaço, limites emocionais e fisiológicos, limites experimentais... todavia, quando Cristo Se manifestar, esses limites serão rompidos e então O conheceremos como somos conhecidos! Que grandioso dia será!

O dia chegará em que não olharemos para Cristo mais pelo espelho da Palavra, que é maravilhoso na verdade, mas nossos olhos ainda não O veem com nitidez. Mas O olharemos nos olhos, face a face. Todas as escamas cairão dos nossos olhos e poderemos contemplar nosso Salvador como de fato Ele é. O apóstolo João diz: “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque haveremos de vê-lo como Ele é” (1Jo 3.2).

Todo este pecado que limita nossa compreensão e nossa visão sobre Cristo desaparecerá! Nós contemplaremos e conheceremos a Cristo como Ele é! Cada aprendizado eterno que tivermos lá do nosso Senhor não será sombreado pelos nossos anseios e dores. Será descortinado por Sua glória e presença! Ao mesmo tempo que cada aprendizado não deixará nenhuma sombra de dúvida, ainda assim, nunca chegará um dia em que vamos parar de aprender sobre Ele! Ele é eterno e por isso estaremos sempre num estágio de conhecimento mais e mais avançado sobre Cristo para todo sempre! Claro que aprenderemos sobre outras milhares de coisas, mas nenhuma delas será como conhecer nosso Redentor!

Que nossos pensamentos e toda nossa vida sejam escritos e desenhados nesta gloriosa e bendita esperança. Paulo finaliza este capítulo dizendo que permanecem a fé, a esperança e o amor (v. 13). A fé, porque já cremos em Jesus como Senhor e Salvador; a esperança, porque aguardamos este dia do nosso encontro eterno com Ele para conhecê-lo assim como Ele nos conhece; e o amor, porque foi por amor que Deus nos salvou. Desenvolva seu relacionamento com Jesus, por mais embaçado que pareça ser e, desde agora, desfrutará de uma imensa alegria. Além disso, terá dissipadas todas as suas perguntas na eternidade.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

ADORADORES DE HIPNOS E MORFEU

 


Na mitologia grega, Morfeu era o deus dos sonhos, junto com seu irmão, Hipnos, o deus do sono. Hipnos é de onde se derivam nossas palavras hipnose, hipnotizado e afins, uma pessoa em ou o estado de transe, como quem dorme. Morfeu deu origem ao termo morfina, um analgésico para dores intensas, que leva a pessoa a um estado de sonolência e ausência de dor. 

A Bíblia diz que o sono é dado por Deus: “Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois assim dá ele aos seus amados o sono” (Sl 127.2). Portanto, dormir é uma bênção. A Bíblia diz que quem busca a sabedoria divina dorme em paz e tem o sono suave (Pv 3.24). Davi disse no tempo em que estava sendo perseguido por seu filho Absalão, com centenas de soldados querendo sua cabeça: “Eu me deitei e dormi; acordei, porque o Senhor me sustentou” (Sl 3.5). E disse mais, no Salmo 4.8: “Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu, Senhor, me fazes habitar em segurança”.

Dormir não é pecado. Jesus dormia quando esteve em Seu ministério terreno, quando assumiu a natureza humana (Mt 8.24). Paulo disse que “quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele” (1Ts 5.10). Dormir é uma parte do descanso ordenado por Deus para aquele que trabalha durante a semana, sendo assim, uma bênção de Deus e não um pecado: “Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco, quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir” (Ec 5.12).

No entanto, muitas pessoas transformam a bênção de Deus em um concorrente de Deus, isto é, em idolatria. Há muitos adoradores de Hipnos e Morfeu. Essa idolatria pode ser fruto do pecado da preguiça, como também seu lado oposto, o excesso de preocupação por falta de confiança em Deus, que leva alguém a perder o sono, buscando assim, a solução em ópios e drogas soníferas.

Quanto à preguiça, a Bíblia é clara, quando o sábio ordena ao preguiçoso para aprender com a formiga: “Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono? Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado” (Pv 6.9-11; 24.33,34). Ela não só condena a adoração a Morfeu, como também alerta para suas consequências: “Não ames o sono, para que não empobreças; abre os olhos e te fartarás do teu próprio pão” (Pv 20.13). Tem até uma passagem engraçada que compara o preguiçoso na cama como uma porta indo de lá pra cá em suas dobradiças (Pv 26.14)...

Quanto à ansiedade, que retira o sono, o Senhor Jesus é contra isso. Ele disse que não devemos nos inquietar com o dia de amanhã: “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal” (Mt 6.34). A ansiedade é pecado porque demonstra falta de confiança em Deus. Porém, muitas vezes nossas preocupações nos perturbam por coisas que nós mesmos provocamos. Nesse caso, devemos nos arrepender diante de Deus, confessando a Ele nossa precipitação, devemos, além disso, estar prontos para colher aquilo que plantamos e, finalmente, devemos também descansar em Deus, que nos ensina, nos corrige, mas também cuida de nós. Aqui, devemos ser inteligentes e maduros, para que não venhamos mais cometer os mesmos erros que nos levam à preocupação.

Os desgastes no decorrer da vida com nossos excessos, sejam eles fisiológicos ou psicológicos, podem nos levar à dificuldade de sono depois de certa idade. Alguns suplementos naturais, como a melatonina e outros, podem ser de alguma ajuda. Mas, ainda assim, devemos nos arrepender de termos desonrado a Deus em nossos excessos da juventude, estar prontos para colhermos as consequências dessa desobediência e, então, nos entregarmos aos cuidados de Deus, para termos sono reparador.

Paulo nos ensina que não devemos andar ansiosos, mas devemos tornar conhecidas diante de Deus nossas petições com orações, súplicas e ações de graças (Fp 4.6). Uma pessoa cristã que não obedece a esse mandamento de Paulo deve ser um cristão incrédulo, o que é uma contradição (precisa arrepender-se urgentemente). Pedro também ensina que devemos lançar sobre Deus toda nossa ansiedade (1Pe 5.7). Observe que no v. 6 somos repreendidos por Pedro para nos humilharmos diante do Senhor. O v. 5 fala do respeito que os jovens devem aos anciãos da igreja (e, por extensão, a todos os mais velhos, obviamente quando estes estão de acordo com a Palavra). Nossos abusos da juventude, além de ser uma falta de respeito para com Deus, também o foi para com nossos pais e outros idosos experientes que nos falaram sobre os riscos de sermos afetados por nossa conduta excessiva.

Porém, você não pode tornar seu sono em um deus. Você não pode idolatrá-lo, você não pode fazer com que ele concorra com o seu serviço a Deus. Jesus dormia, mas Ele não deixava de ter tempo com Seu Pai. Orava de madrugada e também não deixava de atender aos necessitados de Sua Palavra e Seus milagres. Jesus ficou até tarde curando enfermos e expulsando demônios (Mc 1.32-34), mas não foi dormir assim como todos os demais. Ele Se retirou ao monte para ter Sua comunhão com o Pai de madrugada (v. 35). E, ao amanhecer, pregava o evangelho (v. 39).

Há cristãos que se premiam com seu sono, a ponto de deixarem Deus de lado! Não significa que você não pode dormir. Jesus dormiu e a prova que o sono não O impedia de ter comunhão com Deus, foi que Ele ficou cansado demais, a ponto de dormir no barco em meio a uma tempestade. Não era somente confiança de que ninguém ali morreria (claro, Ele sabia que Sua morte seria por crucificação e não por afogamento), mas era cansaço sim, visto que era Seu costume cortar do Seu horário de dormir para orar, o que Lhe fez ficar com sono extremo a ponto de dormir em um barco açoitado pelas ondas bravias. A questão aqui é que Ele não premiava Seu sono e sim a comunhão com Deus.

Em geral, muitos dizem que estão cansados para isso, mas o tempo que passam com futilidades é maior do que o tempo que passam com Deus, mesmo não estando em seu horário de trabalho (nem em horário de culto). Essas coisas testemunharão contra nós. Congregar é um exemplo. A alegação do cansaço é frequente, mas essas pessoas não dormem logo. Elas se ocupam com outras coisas até que realmente lhes venha o sono. A congregação que espere a melhor oportunidade (ou boa vontade).

É falando nisso que entramos no pior estágio do sono, o sono espiritual. Morfeu não existe, nem Hipnos. Mas o diabo existe. E ele é aquele que provoca o sono espiritual nos cristãos desatentos, que sempre pensam que nada tem a ver com sua vida. Crentes morfinados e hipnotizados são dopados por Satanás para não perceberem como suas vidas precisam de um despertamento. Um texto como esse poderá despertar você e você se provará um cristão autêntico se não ficar com raiva dele ou de mim. Se é pecado idolatrar o sono físico, quem dirá o espiritual?! No mesmo texto em que Paulo diz que não é pecado dormir (fisicamente, claro, desde que seu sono não seja um Morfeu ou Hipnos para você), ele diz que é pecado dormir (espiritualmente): “Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios” (1Ts 5.6)!

Día tēs písteōs.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 29 de março de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0066 - CONSELHOS PARA OS RELACIONAMENTOS CRISTÃOS

 


“Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo” (1Pe 5.5-9).

Estes conselhos do apóstolo Pedro para nós abarcam todas as áreas de relacionamento da nossa vida. Uns para com os outros, para com Deus e em relação a nós mesmos, tendo em vista o nosso adversário espiritual. Todos estes mandamentos têm sua explicação e razão de ser.

Primeiro, Pedro fala da humildade. A sujeição dos jovens aos presbíteros (assim está no grego, pois Pedro inicia o cap. 5 falando aos presbíteros – v. 1), mostra que o relacionamento uns para com os outros começa pela ordem e respeito. Então ele amplia isso para a prática da humildade que deve existir mutuamente no seio da igreja: sujeição mútua e revestimento da humildade. A razão de ser deste mandamento é porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Essa prática é cada vez mais rara nos círculos cristãos e familiares dos nossos dias, mas eles vão se ver com Deus inevitavelmente.

Segundo, o apóstolo fala do nosso relacionamento com Deus. A atitude aqui ordenada, ainda segue a anterior, isto é, atitude de humildade. A mão de Deus é potente, diz Pedro, portanto, é inútil se opor a ela. A postura de um homem de Deus não somente perante os outros, mas ainda mais diante de Deus é uma postura de humildade. A promessa deste mandamento é que Deus, a Seu tempo, nos exaltará. Esse tempo pode ser aqui ou do outro lado e em certos casos sabemos que essa exaltação tem algo a ver com a situação que porventura estejamos passando. Mas isso é com Deus.

Em relação a Deus, Pedro ainda nos ensina lançar sobre Ele toda nossa ansiedade. Geralmente lançamos nossas ansiedades uns sobre os outros ou muitas vezes engolimos. Às vezes ferimos outras pessoas descarregando nossas ansiedades em palavras ofensivas, ou ferimos a nós mesmos guardando a ansiedade para nós. Mas a ordem aqui é lançá-la sobre Deus. E a promessa é que Ele tem cuidado de nós. Confiamos no cuidado de Deus?

A terceira instrução do apóstolo Pedro fala sobre nossa postura pessoal, em relação a nós mesmos. Postura de sobriedade e vigilância. Devemos ser pessoas moderadas e atentas. A razão de ser dessa instrução é porque o diabo marcha à nossa volta, querendo nos tragar. A postura em relação ao nosso inimigo é postura de resistência, de firmeza na fé, jamais de frouxidão, porque, de acordo com o apóstolo, outros irmãos no mundo também suportam as mesmas aflições. Então sejamos associados a eles com solidez e alegria.

O resultado de tudo isso está no v. 10: “E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus nos chamou à Sua eterna glória, depois de havermos padecido um pouco, Ele mesmo vos aperfeiçoe, confirme, fortifique e estabeleça”.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 28 de março de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0065 - COM QUE AUTORIDADE FAZES ISTO?

 


“E tornaram a Jerusalém, e, andando ele pelo templo, os principais dos sacerdotes, e os escribas, e os anciãos, se aproximaram dele. E lhe disseram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? Ou quem te deu tal autoridade para fazer estas coisas? Mas Jesus, respondendo, disse-lhes: Também eu vos perguntarei uma coisa, e respondei-me; e então vos direi com que autoridade faço estas coisas: O batismo de João era do céu ou dos homens? Respondei-me”. (Mc 11.27-30).

Esse texto nos fala da última entrada de Jesus na cidade de Jerusalém, conhecida como Entrada Triunfal. Algumas coisas já tinham acontecido de modo extraordinário desde Sua entrada ali. O cego, filho de Timeu, já tinha sido curado e se tornara um dos seguidores de Jesus; Ele já havia entrado pela cidade, aclamado pela multidão que gritava “Hosana, bendito o que vem em nome do Senhor”; Jesus já havia amaldiçoado uma figueira que se secou desde a raiz; já havia também expulsado do templo os mercadores aproveitadores, junto com suas mercadorias. Agora é interpelado pelos principais sacerdotes e escribas sobre a questão de quem O autorizava a fazer tais coisas. Lembremo-nos que anteriormente os fariseus já haviam pedido a Jesus um sinal do céu para tentá-lo (Mc 8.11). Jesus não lhes deu sinal algum (Mc 8.12). E agora os escribas e anciãos querem saber quem autorizou Jesus a fazer aquelas coisas.

A questão vai muito além de saber quem autorizava Jesus a fazer o que Ele fez. A questão era crer nEle. E a isso, declaradamente os inimigos de Jesus não estavam dispostos. Se anteriormente Jesus lhes desse os sinais que eles exigiam, mesmo assim não creriam; se agora Jesus lhes respondesse com que autoridade fazia aquelas coisas, assim também não creriam. Para provar que de fato não iriam crer, Jesus lhes devolve outra questão: “O batismo de João era do céu ou dos homens?” (v. 30). Isto era apenas um exemplo. E as próprias autoridades arrazoaram entre si: “Se dissermos que é do céu, Jesus irá nos condenar por não termos crido” (v. 31). Era exatamente isso. Não era uma questão de saber de onde provinha a autoridade, mas de crer nessa fonte! Pois o batismo de João tinha a mesma fonte de autoridade que autorizava Jesus a fazer aquelas coisas. No entanto, se não creram no batismo de João, que anunciava arrependimento de pecados para a chegada do reino de Deus, tampouco acreditariam que a autoridade de Jesus provinha de Deus!

Essa é a grande questão hoje também com os incrédulos. Eles querem sinais e mais sinais. Não querem crer. Pensam que os sinais são dados para entretenimento e diversão, mas Deus não deu Seus sinais para divertir os incrédulos. Seus sinais foram dados para apontar a Cristo como nosso Senhor e Salvador, em Quem devemos depositar nossa fé. Se não querem crer, então não peçam sinais; se não vão crer, então não questionem a autoridade dos homens de Deus. Assim também com os falsos profetas. Quando os homens de Deus pregam a Bíblia e os desmascaram, eles ficam envenenados e querem saber com que autoridade os homens de Deus falam isso. Não adianta responder. Não é questão de não saber a fonte de autoridade, mas de não querer crer nela.

Apelo a você que ainda não reconheceu nem se submeteu à autoridade de Cristo: faça isso hoje mesmo, sem tentar ao Senhor, pedindo qualquer sinal e sem questionar a autoridade dEle, que procede daquele que O enviou. Ouça Sua Palavra e creia; os sinais virão em seu tempo devido e ainda assim não servirão para sua fé, porque a fé vem pelo ouvir, não pelo ver. Se vê, já não é fé. Pense nisso!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 27 de março de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0064 - LIÇÕES DA REFORMA DO REI JOSIAS

 


Josias tirou todas as abominações de todas as terras que eram dos filhos de Israel; e a todos quantos se acharam em Israel os obrigou a que servissem ao SENHOR, seu Deus. Enquanto ele viveu, não se desviaram de seguir o SENHOR, Deus de seus pais (2Cr 34.33).

O reinado de Josias foi um fenômeno! Assumiu o trono com 8 anos de idade, aos 16 começou a buscar a face de Deus, aos 20 extirpou os locais de idolatria de todo seu reino (v. 3), aos 26 organizou toda a equipe que ministrava nos ofícios musicais e sacerdotais e reformou o templo (v. 8). Nessa mesma época, se achou o Livro da Lei perdido dentro do templo (v. 15), porque seu pai e seu avô eram reis completamente ímpios e rebeldes contra Deus.

O rei Josias consultou a Deus por meio de uma profetisa, arrependeu-se e conduziu o povo à obediência da Lei e achou graça aos olhos do Senhor. Celebrou a maior Páscoa que todo Israel jamais tinha visto, tamanha era sua grandeza (2Cr 35)! Mas o que lemos neste versículo de hoje é que os súditos deste rei serviam ao Senhor por obrigação, por imposição da parte do rei Josias!

Para uma conversão nacionalista, isso era bom, pois a nação gozava de paz e bênção da parte de Deus, mas hoje isso é muito triste e contrário aos padrões do NT. Infelizmente, muitas pessoas servem ao Senhor por uma obrigação, seja de seus pais, seja pela rigidez dos costumes das igrejas, seja por ameaças dos seus líderes espirituais. Nossas igrejas estão cheias de pessoas que se comportam como crentes, mas não são crentes. Foram treinadas, mas não transformadas. Foram adestradas, mas não modificadas.

Enquanto Deus não tirar o coração de pedra e dar o coração de carne, como Ele prometeu em Ezequiel 36.26,27, ninguém absolutamente conseguirá ser uma nova criatura de verdade. Esse novo nascimento não procede do homem, mas de Deus (Jo 1.13). Por isso Jesus insistia com Nicodemos que é necessário nascer de novo, é imprescindível ser uma nova criatura. Porque se não for, não se pode entrar no reino de Deus (Jo 3.5).

Mas o novo nascimento não pode acontecer quando não se prega o verdadeiro evangelho. É através de ouvir a voz do Filho de Deus que os mortos espirituais vêm à vida (Jo 5.25). E a voz do Filho é ouvida somente quando se prega o evangelho da verdade – afinal, a fé vem pelo ouvir e o ouvir a pregação da Palavra (Rm 10.17).

Observe o que fez o rei Josias antes de obrigar o povo a renovar sua aliança com Deus. Versículo 30 diz:O rei subiu à Casa do SENHOR, e todos os homens de Judá, todos os moradores de Jerusalém, os sacerdotes, os levitas e todo o povo, desde o menor até ao maior; e leu diante deles todas as palavras do Livro da Aliança que fora encontrado na Casa do SENHOR.

Isso é o que tem que acontecer. Na época de Josias, o Livro do Senhor estava perdido na casa do Senhor. Hoje, a Palavra de Deus tem que estar guardada em nós. Somente assim deixaremos de ser treinados para sermos transformados. Deixaremos de servir a Deus por obrigação e serviremos com naturalidade e satisfação!

Día tēs písteōs.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0063 - SALVOS, MUITOS OU POUCOS?

 


“Passava Jesus por cidades e aldeias, ensinando e caminhando para Jerusalém. E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que são salvos? Respondeu-lhes: Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão” (Lc 13.22-24).

Nesses dias que são marcados por mania de grandeza, é comum o conceito popular afirmar que haverá mais pessoas salvas do que perdidas. As pessoas pensam que fica feio para Deus ter menos pessoas no céu do que no inferno. Muitas igrejas já entraram nesse pensamento megalomaníaco. Mas também não era para menos. O maior sinal de uma igreja abençoada hoje é seu tamanho... então não podemos esperar outra coisa!

Vemos nesse texto Jesus responder a uma pergunta que geralmente incomoda quase todas as pessoas, sejam crentes ou não. A questão se muitos ou poucos serão salvos é uma curiosidade que não somente temos, mas que também nos perturba. E o que o Mestre falou a respeito, ao contrário do conceito cristão popular de hoje, é que são poucos sim, os salvos! Para espanto dessa geração que adora a grandeza, Jesus traz uma resposta preocupante! São poucos os salvos!

As pessoas argumentam que não é possível que Deus venha perder pro diabo. Na opinião da mente cristã pós-moderna, Deus também está preocupado com quantidade. Quanto engano e quanto erro! Deus não precisa de número! Deus não precisa provar nada pra ninguém! Se Ele não levasse ninguém pro céu, ainda assim não estaria perdendo pro diabo. Aliás, outro engano é pensar que o inferno é do diabo. Tanto o céu quanto o inferno são de Deus. Nos salvos, Ele mostrará eternamente Seu amor, enquanto nos perdidos, Ele demonstrará eternamente Sua justa ira! Essa visão romântica sobre Deus tem embaçado a visão tanto dos pecadores que não vieram a Cristo, como dos próprios crentes que servem mais ao deus elaborado por sua mente adubada com os conceitos líquidos do pós-modernismo, do que ao Deus verdadeiro da Escritura!

Jesus disse que muitos procurarão entrar e não poderão. A questão é que eles procurarão, mas não em tempo. No v. 25 lemos que os “muitos” perdidos só baterão à porta depois que o dono da casa já tiver fechado. Enquanto a porta esteve aberta, eles não se esforçaram para entrar por ela. No v. 26 Jesus diz que tais pessoas estavam na igreja. Elas argumentarão que comiam e bebiam na presença de Deus. Elas tomavam ceia, elas ouviam pregações! Isso é triste e terrível!

Quem dera os pregadores parassem de aumentar o conforto de seus templos e de suas pregações! Que deixassem de querer alargar a porta que é realmente estreita! Tomara que ainda se voltem para a Bíblia e mostrem a este público dengoso que o Deus da Escritura está longe de ser este que eles idolatram. Pois pode ser que inclusive os próprios que anunciam este falso paliativo fiquem de fora juntamente com os que neles acreditaram!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sábado, 25 de março de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0062 - EMANUEL E BANUEL

 


“Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel” (Is 7.14).

Nos dias do profeta Isaías, o rei Acaz se viu cercado por dois reis inimigos: o rei sírio e o rei de Samaria. O profeta foi usado por Deus para garantir que nada aconteceria a Acaz, apesar de ser ele um rei que não agradava a Deus. O profeta disse que o rei não precisava contar com aliança nenhuma com qualquer nação estrangeira para se proteger, pois o Senhor mesmo protegeria Seu povo Judá. E para comprovar que a palavra era realmente do Senhor, Isaías pediu ao rei que evocasse um sinal da parte de Deus. O rei respondeu que não tentaria ao Senhor pedindo um sinal. Logicamente ele dizia isso como pretexto, pois no coração, ele ainda tencionava pedir ajuda aos assírios.

Assim, o profeta Isaías diz que, mesmo ele não querendo, Deus mesmo daria um sinal. E o sinal era que a “virgem” iria conceber e gerar um filho que seria conhecido por Emanuel. Originalmente, esta “virgem” era a própria esposa do rei, a qual daria à luz seu filho, Ezequias, que seria o futuro rei de Judá, que agradou a Deus com seu reinado justo. A palavra hebraica para “virgem” aqui não quer dizer necessariamente uma mulher que não fosse casada, mas poderia significar uma jovem recém-casada também. Futuramente nasce o rei Ezequias, que foi de fato um “Emanuel” para o povo de Judá. O nome Emanuel quer dizer “Deus conosco”.

Mais tarde, porém, o apóstolo Mateus, ao escrever seu Evangelho, entende pelo Espírito Santo que esta profecia estava além do rei Ezequias e se ligava a Cristo, o Filho de Deus, que nasceu de uma jovem realmente virgem, por obra milagrosa do Espírito Santo. Sobre o nascimento de Jesus, ele diz no cap. 1.22,23: “Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)”.

De fato, Jesus foi o mais pleno Emanuel; Ele foi o “Deus conosco”, pois Ele era Deus entre os homens. O apóstolo João testificou em sua carta que ele mesmo chegou contemplar e a apalpar o Verbo da Vida (1Jo 1.1). Deus armou Sua tenda entre os homens, foi visto por eles, foi crido no mundo e foi tocado em Sua virtude!

Porém hoje, Ele não é mais o Emanuel, “Deus conosco”, e sim Banuel, que no hebraico quer dizer “Deus em nós”. Deus foi além de estar entre os homens. Agora Ele habita dentro dos homens, como o próprio Jesus afirmou: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo 14.23). Portanto, Deus está mais do que conosco, Ele está em nós! Ele habita em você? Se você O ama, automaticamente guardará a Palavra dEle e isto já é sinal de que Ele o amou primeiro e está em você!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 24 de março de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0061 - O IMPÉRIO DAS TREVAS E O REINO DO FILHO

 


“O qual nos retirou para fora da autoridade das trevas, e nos removeu para dentro do reino do Filho do amor dEle; em quem temos a redenção através do sangue dEle, a remissão dos pecados” (Cl 1.13,14) – Tradução Literal.

Este é um dos textos do NT que mais descrevem de modo claro e belo a operação de Deus Pai sobre aqueles que Ele salvou.

Ele nos retirou. Este verbo significa “subtrair aos olhares, ocultar, tirar de um perigo”. A ideia é que Deus saqueou a autoridade das trevas e retirou seus despojos. A princípio, parece roubar, mas não é. A questão é que os salvos já pertenciam a Deus, apenas estavam perdidos lá no poderio das trevas. Obviamente que quando Ele fez isso, Satanás, o príncipe deste império de trevas não podia fazer nada para impedir. Ele havia sido derrotado por Jesus na cruz. Esta ideia está retratada no cap. 2.15. Paulo diz que Ele nos retirou “para fora”.

Ele também nos removeu. A palavra grega aqui é metástase, que significa “remoção, retirada, traslado”. Só que Ele nos removeu “para dentro” do reino do Filho do amor dEle. Aqui está caracterizada a ação única e exclusiva de Deus. O homem é um pobre escravo, totalmente incapaz de mover sequer uma perna de onde ele está para outro lugar. Imobilizado em sua prisão, o homem é um completo dependente da graça para sair dessa condição. Somente Deus pode tirar alguém da autoridade das trevas e transportá-lo para o outro reino.

Entretanto, o príncipe das trevas poderia reclamar que Deus de fato tenha roubado. Por isso Paulo prossegue dizendo que não. Ele diz que, em Cristo, nós temos a redenção através do sangue dEle. Redenção fala de uma libertação através de pagamento. Os escravos que Deus tirou da autoridade das trevas tiveram um preço. E o apóstolo nos diz que foi através do sangue dEle. O perdão dos pecados teve seu preço e, como diz o apóstolo Pedro: “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (1Pe 1.18,19).

Todavia, esse pagamento não foi feito a Satanás, como muitos ensinam. De maneira alguma. Este pagamento foi feito à exigência da justiça divina. Foi uma satisfação à ira do Pai. Não foi Satanás o ofendido pelo pecado e sim Deus. Satanás não tem santidade alguma para ser ultrajada, mas Deus tem. Quando Jesus morreu, Ele subjugou Satanás e todos os seus príncipes, enquanto, ao mesmo tempo, satisfez a ira de Deus em nosso lugar.

Em que reino você está? Observe que o reino das trevas é opressor. Na versão Almeida há um contraste entre o “império” das trevas e o “reino” do Filho. Embora pareça a mesma coisa, há uma diferença e é que o império é opressor enquanto o reino é justo e amável. Por isso, ele diz que o reino é do Filho do amor dEle. Se você já está no reino do Filho, proclame o evangelho, pois é através desta proclamação que outros também serão transportados para cá (1Pe 2.9).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 23 de março de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0060 - A VIDEIRA E OS RAMOS

 


Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.1-3).

Durante todo o AT, Israel sempre foi a videira de Deus. Textos como Sl 80; Is 5; Ez 17 e outros, nos falam de Deus plantando uma vinha que não produziu frutos conforme Sua vontade. Israel foi a videira fracassada.

Entretanto, Jesus diz agora que Ele veio assumir o lugar dessa nação para produzir frutos para Deus. Ele diz que Ele mesmo é a videira, a verdadeira. Agora Ele não é aquela figura, porém a realidade. Jesus é aquele que fará toda a vontade do Pai, que Israel jamais conseguiu fazer.

Jesus diz que o Pai é o agricultor. Ele é o que cuida dos ramos e de sua produção. Ele é o que corta e o que poda. Ele é quem define os que ficam na videira ou os que saem.

Os ramos são aqueles que estão ligados à videira. Há dois tipos de ramos. Os que não dão fruto e os que dão. O Pai corta todo o que não dá fruto e limpa todo ramo que dá fruto para que ele seja mais produtivo. Ele usa a Palavra para nos limpar. O ramo que não deu fruto, mesmo estando em Jesus, foi Judas Iscariotes e, por extensão, todo seguidor de Jesus que não é um crente verdadeiro.

O fruto é o amor, de acordo com o contexto de João 15. Veja os seguintes versículos: “Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor” (v.9). No v. 10 Jesus diz assim: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço”. E o mandamento dEle se resume no v. 12: “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei”. Então, baseados na lei do contexto, que é a regra áurea da interpretação bíblica, o fruto aqui é o amor, o mesmo que Paulo escreve aos gálatas: “Mas o fruto do Espírito é: amor” (5.22). No original não existe esses dois pontos. No grego encontramos não dois pontos, mas uma vírgula depois da palavra amor: “Mas o fruto do Espírito é amor”. O que se segue são as evidências do fruto do amor. Alegria, paz, etc. assim como Jesus aqui em Jo 15 disse que a alegria é um resultado desse fruto (v. 11).

Nem todos os que estão em Jesus significa que Jesus esteja nele. Por isso a ênfase é um relacionamento de mão dupla. Nós em Jesus, mas Jesus em nós. Jesus diz no v. 5: “Quem permanece em mim e eu nele”. Isso mostra um relacionamento recíproco. Não apenas estar em Jesus, mas além disso, Jesus estar em nós. É dessa maneira que Seu caráter será imprimido em nós. Quem não tem esse nível de relacionamento não pode permanecer em Jesus. Seu fim é murchar-se, ser cortado, secar-se e ser queimado.

Se você já está em Cristo, isso significa muito, mas não tudo. É necessário que Cristo esteja em você. Mas se Cristo está em você, então não se assuste, caso Deus venha limpar você. Ele está fazendo isso para que você produza mais o caráter de Cristo pelo Espírito. Pode doer e às vezes parece que está sendo punido. Mas não está. É só uma poda, não uma extirpação. Você ainda permanecerá em Cristo, porém melhor do que antes. E cada dia mais sua vida vai se parecer com a dEle! Mas se não estiver em Cristo e Ele não estiver em você, então será cortado, se secará e será queimado para sempre!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 21 de março de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0059 - VALE A PENA CONGREGAR

 


“Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo. Pois, no dia da adversidade, ele me ocultará no seu pavilhão; no recôndito do seu tabernáculo, me acolherá; elevar-me-á sobre uma rocha” (Sl 27.4,5).

Grande parte dos nossos pedidos ao Senhor não são seguidos de uma busca empenhada. Davi disse que pedia, mas também buscaria. Ele está falando de uma ação depois da oração. Está se referindo ao que temos que fazer até que Deus mostre o que Ele vai fazer.

Primeira coisa que ele pede e buscará é morar na Casa do Senhor todos os dias de sua vida. Congregar faz um enorme bem para a alma do crente, além de ser um mandamento bíblico. O próprio significado da palavra igreja no original é este, reunião. Claro que não se restringe a templos, como na época de Davi ele se referia ao santuário, o tabernáculo. Mas hoje nós mesmos somos o tabernáculo de Deus, mas é bom lembrar que isso em conjunto. A igreja é sempre vista no coletivo como morada de Deus no NT. Davi diz que esse empenho seria diário. A assiduidade às reuniões congregacionais são de vital importância para o crente. Congregar casualmente não contribui em nada para nosso crescimento.

A razão que o salmista coloca para sua busca em congregar é para que possa contemplar a beleza do Senhor e meditar no Seu templo. Aqui temos duas partes essenciais na liturgia de nossos cultos: a adoração e a pregação. Davi diz que contemplaria a beleza do Senhor. Em outro cântico ele diz: “Adorai ao Senhor na beleza da Sua santidade” (1Cr 16.29). Portanto, ele fala do louvor e da adoração a Deus como parte do culto. Depois ele fala da meditação, ou como diz na NVI, “buscar Sua orientação no Seu templo”. Aqui podemos equiparar ao momento da pregação da Palavra, onde somos realmente orientados pelo Senhor.

Os resultados para um crente que busca com fervor a casa de Deus são estes que estão no v. 5 que lemos. No dia da adversidade seremos guardados e protegidos sob a bandeira de Deus. Não há lugar mais seguro para se estar do que debaixo da proteção de Deus. Obviamente o texto não se refere a uma blindagem sobre o crente dos males que nos cercam, mas nos prometem que estaremos livres de cair, estaremos debaixo da proteção do Senhor. Todos nós passamos por adversidades. E ai de nós se não congregássemos. Estaríamos nos sentindo desamparados, porque, como diz o salmista ainda em outro lugar, “vão é o socorro do homem” (Sl 108.12). É isso que ele diz, que seremos acolhidos no Seu tabernáculo. Temos irmãos em Cristo que nos acolhem e ali estamos seguros.

Ele diz, finalmente, que o Senhor o colocará sobre uma rocha. Aqui está a maior firmeza do crente que se reúne como igreja. Ele está firmado em Cristo e Suas palavras. Jesus disse em Mt 7.24,25 que aquele que ouve Suas palavras e as põe em prática é comparado ao homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Mesmo atingido pelas chuvas, rios e ventos, todavia, não se abalou, pois sua estrutura está no que Cristo diz e não em seus próprios conceitos.

Vale a pena congregar. Vale a pena se unir como igreja. Vale a pena lutar pela construção da igreja de Cristo, pois no fim das contas nós mesmos é que somos construídos.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 20 de março de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0058 - O EVANGELHO É O PODER DE DEUS PARA SALVAR O QUE CRÊ

 


“Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Rm 1.16).

Ultimamente temos presenciado uma tentativa humana de ajudar a Deus no que diz respeito a trazer pessoas para a fé. As igrejas têm se utilizado de recursos inumeráveis para atrair as pessoas a Cristo, enquanto o próprio Cristo disse que atrairia as pessoas a Si pela cruz (Jo 12.32). Curioso é que quase todos os que utilizam de variados recursos para atrair pessoas a Cristo jamais falam da cruz, a qual Jesus disse que seria o meio pelo qual Ele mesmo atrairia as pessoas a Si.

Igrejas se preocupam com eventos de todos os tipos para atrair jovens, crianças, skatistas, drogados, roqueiros e até pobres também entraram na lista dos que estão na mira de tais evangelistas. Parece que quase ninguém percebe uma coisa: que esse tipo de recurso é, na verdade, uma afronta a Deus; é o mesmo que dizer que o método de Deus não atrai ninguém, então vamos utilizar os nossos, porque os de Deus não dão resultado.

Entretanto, o que o apóstolo Paulo diz aqui neste versículo é que o evangelho é que é o poder de Deus para a salvação, não o evangelista, nem seus recursos. Observe, o Criador de todas as coisas, com o poder apenas de Sua palavra, criou tudo o que existe, quer conheçamos ou não. Agora, na hora de chamar o pecador para a salvação que Ele mesmo projetou desde a eternidade, Ele precisa de nossos recursos... parece uma piada! Paulo diz que o evangelho é o poder de Deus, não do homem. Deus poderia utilizar uma palavra direta de Sua boca, sem intermediários para efetuar a salvação, como Ele fez na criação. No entanto, Ele nos torna participantes desse privilégio, de sermos porta-vozes de Sua mensagem (o evangelho) e ainda queremos “melhorar” esta mensagem com nossos teatros, músicas, danças, retiros e outras ocorrências mais. Lembremo-nos de que somos apenas isso e nada mais que isso: porta-vozes. A mensagem não é nossa, mas de Deus e é ela que é o poder para salvar, não nós.

Ao olharmos para a parábola do semeador, percebemos a aparição mínima do semeador nessa narração. Ele só aparece no início e nunca mais. Em todo o decorrer da parábola, o que vemos é a semente e os tipos de terra, ou seja, a Palavra e os tipos de coração que ela vai encontrar. Isto quer dizer que não é o evangelista que é importante e sim a mensagem que ele prega, claro, desde que seja mesmo o evangelho!

Então deixo esta mensagem para todos: faça o máximo para que na sua pregação apenas a mensagem apareça e não você. Não faça sombra ao evangelho, pois ele é o poder que Deus emprega para salvar os crentes. Não quer dizer que todos os eventos das igrejas sejam errados, entretanto, eles jamais devem ser utilizados para atrair ninguém e sim somente para a glória de Deus. Se o objetivo for atrair pessoas, então estamos afrontado a Deus. Se quer atrair as pessoas, pregue o evangelho e somente ele. Caso utilize outras estratégias, então você não pode dizer como Paulo, pois está se envergonhando do evangelho e duvidando de que ele, por si só, seja realmente o poder de Deus para salvar alguém e que Deus precisa de sua ajuda...

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

DEUS PESA A MÃO?

 


A resposta direta para essa pergunta é sim! Deus pesa a mão ainda hoje, com toda certeza! O problema de quem nega essa verdade é o problema do humanismo moderno. Como o humanismo é antropocêntrico, isto é, coloca o homem no centro de tudo, então Deus tem que ceder o espaço para a figura humana se destacar. Isso é diabólico, porque foi o diabo o primeiro a supor que poderia tirar Deus do centro de tudo e assumir Seu lugar. Deus me livre de pensar como você!

A alegação é que Deus fazia isso no Antigo Testamento, mas não no Novo. No Novo, alega essa turma, Deus revela mais o Seu amor. Vamos ignorar a tolice desse argumento, por enquanto, e acompanhar seu raciocínio estúpido. Mesmo que só o Antigo Testamento falasse de Deus pesando a mão, esta seria uma forma de crermos que Ele faz isso, afinal, Deus não muda. A imutabilidade de Deus é atestada tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Então, mesmo que os defensores da moleza de Deus estivessem certos, mesmo assim, seu argumento cairia por terra.

Mas é claro que Deus continua pesando a mão no Novo Testamento. Só não vê quem não lê a Bíblia e ainda quer alegar alguma desculpa usando o termo “Novo Testamento”. Deus pesou a mão em Ananias e Safira, porque mentiram ao Deus Espírito Santo (At 5.1-12); Deus pesou a mão em Herodes, que morreu comido de bichos, porque não deu glória a Deus (At 12.20-23); Deus pesou a mão em Barjesus, um mago idiota que queria distrair a atenção do procônsul Sérgio, que ouvia o evangelho pregado por Paulo (At 13.6-12)... “Ah, mas isso é no livro de Atos”... como se esse argumento servisse mais que um estrume, o qual ainda vale mais que essas palavras toscas contra o Senhor e a Escritura Sagrada! Veja então nas cartas, seu incrédulo: Paulo entregou um adúltero incestuoso para Satanás (1Co 5.3-5); “Ah, mas foi Satanás e não Deus”... como se Satanás pudesse fazer alguma coisa sem a ordem de Deus... é cada argumento fajuto... o apóstolo ensinou que Deus põe gente de cama, doente, frio na fé e até na sepultura, se insistir em participar da ceia do Senhor indignamente (1Co 11.29-32)... “Ah, mas isso é um ato de disciplina”... não interessa! Deus pesa a mão! Paulo desejou que os hereges judaizantes que perturbavam as igrejas da Galácia tivessem suas genitálias decepadas (Gl 5.12), ou seja, que Deus os tornasse improdutivos sexualmente e quem sabe até mutilados! Paulo entregou dois blasfemos da igreja de Éfeso para Satanás para que eles parassem de blasfemar (1Tm 1.19,20); ele diz que se você não cuida de seus familiares especiais você é pior do que um incrédulo (1Tm 5.8), ainda neste capítulo diz que alguns pecados são revelados e punidos agora, outros, porém, mais tarde (v. 24); na segunda carta ao jovem pastor, ele diz que se negarmos a Cristo, Ele também nos negará (2Tm 2.12b); Paulo delata Alexandre, o latoeiro, que lhe causou muitos males e diz que o Senhor o julgará e ainda alerta a Timóteo para ter cuidado com ele (4.14,15).

O autor aos Hebreus é mestre em dizer o quanto Deus pesa a mão. Ele diz que a mensagem trazida por anjos (que era a lei) teve castigo para quem a rejeitou, quanto mais a mensagem do evangelho (Hb 2.2,3)! No cap. 3, ele alerta aos irmãos que, assim como Deus deixou de fora da terra prometida os antigos incrédulos, os novos crentes também precisam se cuidar para não serem excluídos das promessas da nova aliança (vs. 7-19)! Veja no cap. 6, quantas pessoas foram impossibilitadas ao arrependimento, mesmo tendo provado várias virtudes espirituais! Ele diz que as coisas do Antigo Testamento eram ilustrações que apontavam para o tempo presente (9.9; 10.1), portanto, não pense que Deus mudou! Ele diz que o castigo para quem está na nova aliança é pior do que para quem estava na antiga (10.26-31). Agora, seu capítulo principal sobre o assunto, que Deus pesa a mão, é o cap. 12. Veja os vs. 5,6 (NVT): “Acaso vocês se esqueceram das palavras de ânimo que Deus lhes dirigiu como filhos dele? Ele disse: ‘Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor; não desanime quando ele o corrigir. Pois o Senhor disciplina quem ele ama e castiga todo aquele que aceita como filho’”. Deus pesa a mão sobre Seus filhos também. Isso não é agradável no momento, diz o autor (v. 11), porém, mais tarde produz uma colheita de vida justa para os que assim são corrigidos.

Para não nos alongarmos sobre isso, visto que já derrubamos por terra o argumento humanista de que isso não existe na nova aliança, vejamos, por fim, só dois ou três alertas feitos pela Escritura a esse respeito. Tiago diz que Deus resiste ao soberbo (Tg 4.6). O que você acha que isso significa? Que Deus vai tratar o soberbo com moleza? Você sabe o significado da palavra “resistir” usada aqui, no texto grego? Significa “colocar-se contra, se opor”. Deus será violento sobre os arrogantes! Temo que não seja somente a mão dEle que irá pesar! Ele ainda diz que os arrogantes vivem fazendo planos de ganhar dinheiro e não contam que suas vidas só podem existir porque Deus assim o quer. Deus pode apagar você a hora que Ele quiser, inclusive bem no meio de suas negociatas! Deus pode pesar a mão em sua soberba e matar você! Se você não leva isso em consideração, diz Tiago, seu pensamento é maligno, é diabólico (4.13-16)! Veja, as pessoas molengas e cheias de frescura hoje diriam que esse pensamento faz de Deus um ser maligno, mas Tiago diz que seu pensamento é que é maligno!

Pedro diz que os falsos mestres terão repentina destruição (2Pe 2.1). Engraçado, na verdade, é uma piada que os crentes frouxos de nossos dias querem afeminar Deus e vivem se rastejando atrás de falsos mestres! É por causa deles que o caminho da verdade está sendo difamado! Você não percebe isso? Por que dá ibope para esses porcos? Por que você segue esses cachorros? Pedro (e Judas também) diz que Deus não poupou anjos, Deus não poupou o mundo antigo, Deus não poupou Sodoma e Gomorra, você acha que ele vai poupar os hereges? Antes, não lhes pesará Sua forte mão?

Mas veja o que Jesus disse: “Quem tropeçar nesta pedra será despedaçado, e aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó” (Mt 21.44). O que é isso, senão pesar a mão? “Ah, mas isso é no Juízo Final”... E daí? Já provamos que Deus faz isso aqui ainda. E se fosse só no Juízo Final? Isso não deveria fazer você estremecer de medo e temê-lO ainda mais? Visto que, quando Sua mão pesar no Juízo Final, você não tem mais nenhuma chance? Deixe que Ele pese a mão agora e você ainda poderá se arrepender. Mas critique esse ensino e continue zombando de Deus, achando que Ele é frouxo como você e verá o que lhe acontecerá no Último Dia! Por enquanto, você pode se arrepender se crer no que estamos dizendo, pois estamos fartos de provar na Escritura. Mas mantenha sua arrogância de achar e ensinar por aí que Deus não pesa a mão e você mesmo a sentirá sobre si! Torça para que seja aqui na terra, pois se for no Último Dia, você não terá mais nenhuma chance! Jesus ainda disse nas cartas do Apocalipse que pesaria Sua mão contra a igreja de Éfeso (2.5), contra a igreja de Pérgamo, que tinha ali um homem fiel a Deus, Antipas, mas que havia idólatras e imorais em seu meio (2.14-16); contra a igreja de Tiatira (leia realmente essa referência Ap 2.20-23; leia mesmo! Se isso não for pesar a mão, já não faz mais sentido esse termo nem para ser rebatido); contra a igreja de Sardes (3.2,3); contra os inimigos da igreja de Filadélfia (3.9); contra a igreja de Laodiceia (3.14-22).

Esfreguei na sua cara as referências bíblicas que Deus pesa a mão, seja sobre Seus filhos para discipliná-los, seja sobre os ímpios para puni-los. Deus faz isso agora e fará no Juízo Final. Não é você quem determina quando e o quanto a mão de Deus pesará sobre alguém ou sequer sobre você mesmo. A mão é dEle e Ele pesa sobre quem Ele achar que deve, pois somente o julgamento dEle é perfeito. Mas a Bíblia, que é o julgamento dEle, diz que Ele pesa a mão e você deve se arrepender de pensar ao contrário da Bíblia. Arrependa-se também de ter ensinado isso a outras pessoas. Só porque você ficou com dó do sofrimento delas, não quer dizer que você saiba se Deus está ou não pesando a mão dEle. Pode ser que sim, pode ser que não. Mas você não pode dizer se é ou se não é. Mas que Ele faz isso, Ele faz. Você não é advogado de Deus e não pode mentir para consolar pessoas tristes.

Devo encerrar, dizendo que é óbvio que nem todo sofrimento é a mão de Deus sendo pesada sobre alguém. A Bíblia fala dos males do dia-a-dia (“basta a cada dia o seu mal”) e diz que todos os filhos de Adão estão sujeitos às suas mazelas. Mesmo os filhos de Deus não estão livres dos desastres e consequências do mundo caído que Adão nos legou. Deus usa os sofrimentos em geral para nos amadurecer e nos tornar aperfeiçoados no nosso relacionamento com Ele, enquanto usa os mesmos sofrimentos para castigar os incrédulos. O exemplo de Jó nos ensina como Deus usa o sofrimento para ensinar Seus filhos. Depois de ter sido provado, o patriarca disse: “Antes, eu só te conhecia de ouvir falar; agora, eu te vi com meus próprios olhos. Retiro tudo que disse e me sento arrependido no pó e nas cinzas” (Jó 42.5,6). Assim também você deveria se arrepender. Não diga sobre Deus o que você não sabe. Se quiser saber, leia a Bíblia e deixe que ela fale. Não fale nada a ela e não imponha seu pensamento a ela. Ela não tem que te respeitar. É o contrário, você que tem que respeitá-la, obedecê-la e proclamá-la como ela é. Se não aceita isso, se cale e enfrente a mão pesada de Deus sobre você.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0057 - DEUS LEVANTOU O TABERNÁCULO CAÍDO DE DAVI

 


“Naquele dia tornarei a levantar o tabernáculo caído de Davi, e repararei as suas brechas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e o edificarei como nos dias da antiguidade; para que possuam o restante de Edom, e todos os gentios que são chamados pelo meu nome, diz o Senhor, que faz essas coisas” (Am 9.11,12).

Embora não tenha sido Davi quem construiu o templo dos judeus e sim seu filho Salomão, todavia, o templo foi destruído por Nabucodonosor em 586 a.C. Tabernáculo fala de “tenda passageira”. Realmente, a dinastia de Davi, ainda que mantida durante o cativeiro pelos reis persas, afinal, quando chegou em Jesus pela genealogia, ela já estava enfraquecida e, usando as palavras do profeta, caída.

Na época dos reis, durante a Festa dos Tabernáculos dos judeus, o rei se colocava numa posição central, agindo em seu papel de mediador entre o Senhor e o povo, como o fez Salomão, por exemplo, ao dedicar o templo ao Senhor (1Rs 8). Mas agora a dinastia de Davi está caída e até o sumo sacerdócio está corrompido.

Todavia, a promessa de Deus começa a ter seu cumprimento na Pessoa de Cristo Jesus. Ele é o que Se fez carne e Se “tabernaculou” entre nós (Jo 1.14). Ele levanta o tabernáculo caído de Davi porque Seu reino chega e jamais terá fim. Ele é aquele que Nabucodonosor viu em seu próprio sonho, a pedra cortada sem mãos, que rolou sobre a estátua, que representava os demais reinos da terra e os destruiu (Dn 2). Ele é o verdadeiro herdeiro do trono de Davi, pois Deus não estava pensando em Davi e sim em Seu Filho amado, quando disse que o trono de Davi seria ocupado para sempre (2Sm 7.16). A ironia é que o homem que desejava levantar uma casa para Deus, ele mesmo tem seu tabernáculo caído... para mostrar que é Deus quem levanta a nossa casa. Os verbos no texto de Amós estão na primeira pessoa. Deus é quem levantaria o tabernáculo, que repararia as brechas, levantaria das ruínas e o edificaria como nos tempos antigos.

Mas Deus faz isso em uma continuidade, pois até mesmo após ter levantado Seu Filho, Ele também levanta um povo. E não um povo nacionalista, de como Israel tinha sido apenas um tipo. Mas um povo heterogêneo, como um tapete multicolorido, uma verdadeira obra de arte da arquitetura celestial. Várias línguas, raças, povos, nações e etnias são agora ajuntados diante de Deus como Seu povo eleito, Sua nação santa, Seu sacerdócio real, Seu povo de propriedade exclusiva, Sua igreja!

E isto não é invenção. Tiago, o irmão do Senhor recebeu a revelação do Espírito Santo de que era sobre isso exatamente que Amós estava falando. No 1º Concílio da Igreja, Tiago pronuncia as seguintes palavras: “Homens irmãos, ouvi-me: Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome. E com isto concordam as palavras dos profetas; como está escrito: Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído, levantá-lo-ei das suas ruínas, e tornarei a edificá-lo. Para que o restante dos homens busque ao Senhor, e todos os gentios, sobre os quais o meu nome é invocado, diz o Senhor, que faz todas estas coisas” (At 15.13-17). A igreja é o tabernáculo de Davi que estava caído e Deus levantou em Seu Filho Jesus Cristo!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sábado, 18 de março de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0056 - O SOFRIMENTO E A PRESENÇA DE DEUS

 


“Ao deitar-me, digo: quando me levantarei? Mas comprida é a noite, e farto-me de me revolver na cama, até à alva” (Jó 7.4).

Diante do sofrimento, não há sono que descanse. As pálpebras de alguém que sofre não se ajuntam para lhe favorecer durante a escuridão. A noite se prolonga e quando se é vencido pelo cansaço, ainda lhe sobrevêm os pesadelos para lhe perturbar. Quem sofre não concorda com o dia, pois todos estão correndo para o seu trabalho e ninguém se importa com ninguém. Mas também não concorda com a noite, pois nela todos descansam e se refazem, enquanto ele faz vigília incessante.

As desolações e perdas irreparáveis são como fantasmas que sempre voltam para assombrar. O pesadelo não faz parte apenas do momento do sono, mas acomete visivelmente, mesmo enquanto estamos acordados. A dor é contínua e angustiante e se estabelece no peito, cravando a alma no chão. As forças se esvaem e o grito já não sai, porque é embargado pelo pranto e as lágrimas abafam o próprio pedido de socorro. Passa-se a duvidar do sentido da vida quando o que mais fazia sentido na vida é retirado da nossa vida.

Estava assim o patriarca Jó, como muitos que foram contemplados com as piores tragédias do mundo caído rodopiando dentro de sua casa e anulando-lhes a vida. “Esperança” parece ser uma palavra zombeteira e escarnecedora. Foge de seus olhos qualquer vislumbre de perspectiva promissora. Some o seu chão e o mesmo vazio sob seus pés se repete dentro de seu peito. Tudo o que significava para Jó ele perdeu repentinamente e isso se reproduz para com algumas pessoas dentre a humanidade. O chamado a levantar os olhos e contemplar o restante de sua vida é uma brincadeira de mau gosto, pois, na verdade, o desejo é fechar os olhos e ir junto, desaparecer com quem se perdeu. Os olhos perdem o sentido mais ainda quando não se produz mais lágrimas para derreter a dor. Será que é hora de romper com a esperança e silenciar-se para sempre voluntariamente?

Não. São poucas as pessoas que passam por tudo isso e ainda sobrevivem para conhecer outras que também assim foram sobressaltadas. Jó podia se queixar e com toda razão (humanamente falando), mas ele jamais imaginava que no final de tudo aquilo, ele iria orar pelos seus amigos que tanto lhe acusaram! Mesmo em silêncio diante da aparição desconcertante de Deus, Jó nunca pensou em ganhar um crescimento com tudo isso. Talvez você pense que Jó ficou restaurado porque Deus lhe concedeu tudo em dobro. Mas não. Ele podia ter até 20 filhos, mas não teria mais os 10 que ele perdeu! Nenhum bem, por mais em dobro que fosse, poderia resgatar a vida de um só de seus filhos que ele perdeu! Mas Jó ficou restaurado porque teve um encontro com Deus e O conheceu de modo diferente – não só de ouvir apenas, mas contemplou-O com seus próprios olhos (Jó 42.5).

Assim também você. Mesmo que seus olhos não se abram para compreender todo seu pesadelo, deixe que eles se abram para contemplar a grandeza de Deus depois desse escuro. É um período em que Deus te colocou na fenda de uma pedra e tampou com Sua mão. É um momento em que você verá Deus apenas pelas costas, mas certamente Ele irá com você (Êx 33.17-23).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson