“O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem” (Rm 12.9).
Os antigos atores de teatro grego usavam uma máscara na hora da representação. Daí surgiu a palavra “hipócrita”, que literalmente significa “debaixo da representação”. A verdadeira face do ator fica por baixo da máscara que ele usa para representar.
O mandamento cristão é que o amor seja sem essa máscara. Que seja sincero (“sem cera”, material do qual eram feitas as máscaras), que cresça e se desenvolva num só sentido. Essa é a primeira qualidade do amor. Ele é o que é. Aqui trata-se do agapē, o amor cristão. Ele não é fingido para ajudar alguém só pela frente, enquanto por trás fala mal. Mas também não é fingido para aceitar a conduta errada do outro como se fosse certa e ficar omisso. Ele é um amor livre de comprometimento corrupto. Nossa geração não suporta esse amor. Querem um amor fingido, que aceita o outro como ele é sem nenhuma perspectiva de maturidade e mudança. Odeiam o amor transparente e sem hipocrisia. Sendo assim, raramente o amor é encontrado no meio cristão.
Devemos também detestar o mal. O termo grego dá ideia de “afastar-se ou repelir com horror”. E o mal que aqui devemos aborrecer é o mal personalizado. Qualquer coisa que se pareça com o maligno deve ser repugnado e abominado do meio cristão. Muitas vezes somos levados a nos relacionar com o mal e ainda queremos transformá-lo em bem, para que nossa convivência com ele não seja tão horrorosa. Esse mandamento só pode ser visto na nova criatura mesmo, pois o homem, por si mesmo, tem um relacionamento natural com o que é maligno.
O amor cristão apega-se ao bem, àquilo que é bom. O apegar-se aqui tem o sentido de “colar” (a nossa palavra “cola” vem do grego com a mesma pronúncia). A ideia é de se unir a tal ponto com aquilo que é bom, que nos tornemos indivisíveis com a bondade. Paulo quer dizer que o cristão não apenas pratica o bem, antes, o cristão se torna colado ao bem, unido ao que é bom a tal ponto que não possam distinguir um cristão do que é bom.
Se nosso amor cristão estiver se parecendo com esse nível
colocado aqui pelo apóstolo, então estamos começando realmente a nos parecer
com nosso Senhor, que nos amou a ponto de dar a Sua vida por nós (Jo 15.13).
Mas se ainda nosso amor é fingido, tanto no sentido de que dizemos amar perante
a pessoa, mas pelas costas caluniamos, como também fingido no sentido de
aceitar os pecados sem buscarmos conduzir nosso irmão ao caminho da santidade;
se nosso amor não tem se enojado do mal, abominado o caráter maligno daquilo
que ainda infelizmente gostamos; se nosso amor não tem se colado ao bem, a tudo
aquilo que é bom e se parece com Deus, então não é o amor verdadeiro que temos.
Talvez uma afeição ou algum companheirismo que nos leva ao politicamente
correto para sempre estar “em paz” com todos. Mas não é o agapē cristão.
Día tes písteos.
Pr. Cleilson
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