“Chegando Davi aos duzentos homens que, de cansados que estavam, não o puderam seguir e ficaram no ribeiro de Besor, estes saíram ao encontro de Davi e do povo que com ele vinha; Davi, aproximando-se destes, os saudou cordialmente. Então, todos os maus e filhos de Belial, dentre os homens que tinham ido com Davi, responderam e disseram: Visto que não foram conosco, não lhes daremos do despojo que salvamos; cada um, porém, leve sua mulher e seus filhos e se vá embora. Porém Davi disse: Não fareis assim, irmãos meus, com o que nos deu o SENHOR, que nos guardou e entregou às nossas mãos o bando que contra nós vinha. Quem vos daria ouvidos nisso? Porque qual é a parte dos que desceram à peleja, tal será a parte dos que ficaram com a bagagem; receberão partes iguais” (1Sm 30.21-24).
O episódio que acabamos de ler aconteceu depois de uma saída de Davi com seus homens para uma guerra que nem mesmo dela participaram, e quando eles voltaram, encontraram sua cidade totalmente saqueada, suas mulheres e seus filhos levados cativos pelos amalequitas. Já cansado, depois de chorar bastante pela perda, Davi reúne seus 600 homens e os leva à perseguição destes saqueadores para reaverem a presa e os cativos. No entanto, 200 deles, de tão cansados que estavam, não conseguiram ir além do ribeiro de Besor (v. 10). Davi prossegue com os 400 e resgata tudo, tanto os despojos, como também as vítimas do sequestro. Agora, Davi, no seu retorno, pretende recompensar os 200 que não prosseguiram, mas é contestado pelos demais. Por isso esse diálogo que lemos.
Na verdade, há pessoas que pensam que somente o que elas fazem é que é válido. Como aqueles 400 homens, que pensaram que somente eles eram dignos das recompensas porque prosseguiram com Davi, mas não reconheceram o trabalho dos 200 que estavam cansados, mas que guardaram e vigiaram a bagagem de todos eles. Nós temos a impressão de que o nosso serviço no reino de Deus sempre é mais pesado do que o serviço alheio. Pensamos que merecemos as recompensas porque nos esforçamos mais.
Todos somos úteis no reino de Deus, o NT nos ensina isso. Paulo, falando aos coríntios sobre a utilidade de cada um no corpo de Cristo, diz que os membros aparentemente mais fracos são necessários e os menos decorosos recebem maior honra (1Co 12.22-24). Deus também concedeu honra aos que menos tinham. Porém, nós temos dificuldade em reconhecer a honra que Deus deu ao nosso irmão e pensamos que ele poderia fazer mais do que aquilo que fez.
Há pessoas que Deus capacitou com mais fôlego para a jornada e combates da vida cristã. Há outros que têm menos força, mas trabalham duro orando pelos demais, suplicando pelos que vão à frente no campo da batalha. Eles também são dignos de participar das alegrias dos testemunhos dos que voltam com os despojos. Na igreja de Jesus Cristo é necessário que os que vão lá fora compartilhem seus feixes de alegria com aqueles que ficaram orando por eles, ainda que lhes parecessem que não estavam fazendo nada.
Día tes písteos.
Pr. Cleilson
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