“E vós possuís unção que vem do Santo e todos vós tendes conhecimento” (1Jo 2.20).
No AT, as pessoas ungidas eram aquelas que estavam para receber um ofício específico, fosse para sacerdote, rei ou profeta. Elas eram comissionadas por Deus e, ao receberem a unção, este ato era um sinal de que o Espírito de Deus as capacitaria para a realização daquele ministério.
No NT, temos a Pessoa gloriosa de Cristo, a quem “Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder” (At 10.38). Esse é o significado do termo grego “Cristo”. É o mesmo sentido do hebraico “Messias” e significa “Ungido”. Ele foi ungido com a totalidade do Espírito Santo sobre Si, cumprindo a profecia de Isaías (61.1-3; cf. Lc 4.16-21). O apóstolo João diz que Deus não deu o Espírito por medida a Jesus (Jo 3.34), mostrando que Ele foi o homem realmente ungido do Pai, para cumprir Seus ofícios de Sacerdote, Rei e Profeta.
Mas Cristo nos concede Seu Espírito, o Qual também nos unge para realizarmos essa tríplice tarefa. Somos também sacerdotes e reis (1Pe 2.9; Ap 1.6; 5.9), bem como profetas (ou porta-vozes) do Senhor.
O apóstolo João estava combatendo uma heresia que permeava a igreja primitiva, a heresia do gnosticismo. Esse falso ensino dizia que o conhecimento gnóstico é que salvava. E tal conhecimento só podia vir dos iniciados, que se submetiam aos ensinos heréticos do gnosticismo, que essencialmente negava que Jesus era o Cristo (vs. 22,23). No v. 26 ele diz: “Isto que vos acabo de escrever é acerca dos que vos procuram enganar”. Ele estava falando da heresia gnóstica.
Ainda hoje temos muita lenda sobre a questão da “unção”. Foi colocado na mente dos cristãos que os ungidos são os pastores e obreiros em geral, como presbíteros, diáconos, missionários e outros. Até surgiu o ditado que quem fala mal de pastor está tocando no ungido de Deus. Na verdade, o ensino do NT é que todos os crentes verdadeiros são ungidos de Deus. Temos o que os reformadores chamaram de “sacerdócio universal”. Somos todos reis com Jesus.
Não devemos, todavia, com isso, desprezar a liderança ou o
governo eclesiástico instituído pelo próprio Senhor da igreja. Paulo diz que
Ele concedeu uns para pastores, entre outras autoridades na igreja (Ef 4.11).
Tais autoridades existem e foram constituídas por Cristo. Quando João diz que
somos ungidos e não precisamos que ninguém nos ensine (v. 27), ele está falando
em relação ao gnosticismo. Não precisamos aprender as iniciações religiosas,
pois o Espírito está em nós nos ensinando pela Palavra e pelos ministérios. Mas
ninguém é ungido de forma especial, a não ser Jesus. Todos os demais crentes
são igualmente ungidos pelo Espírito que nos foi concedido. Entretanto, nossa
unção não é para exibição e sim para serviço. Todo o trabalho que Jesus
começou, Ele nos comissionou a multiplicá-lo e, para isso, nos deu Seu Espírito,
que nos ungiu e nos capacitou a fazê-lo.
Día tes písteos.
Pr. Cleilson
Nenhum comentário:
Postar um comentário