“O SENHOR, pois,
tornou a chamar a Samuel, terceira vez, e ele se levantou, e foi a Eli, e
disse: Eis-me aqui, pois tu me chamaste. Então, entendeu Eli que era o SENHOR
quem chamava o jovem” (1Sm 3.8).
O menino Samuel nasceu no período em que os juízes governavam as terras de Israel. De acordo com o livro de Juízes, nesta época, cada um fazia aquilo que parecia melhor aos seus próprios olhos (Jz 21.25). De fato, o versículo primeiro do texto que lemos diz: “Naqueles dias, a palavra do SENHOR era mui rara; as visões não eram frequentes”. Essa é outra forma de dizer o quão afastado estava o povo do seu Deus.
Num contexto dessa natureza, não é de se admirar que Samuel ainda não conhecesse a voz do Senhor (v. 7). Tanto que por três vezes ele confundiu o chamado do Senhor com a voz do sacerdote Eli (vs. 5,6,8). Este, por sua vez, conhecia a voz do Senhor. Entretanto, há aqui uma curiosidade: a voz do Senhor não se dirige a Eli que já a conhecia e sim a um jovem inexperiente que ainda não discernia a voz do Senhor.
O que é preocupante é exatamente isso. Nem sempre conhecer a voz do Senhor significa conhecer o Senhor da voz. Eli tinha boa audição, mas não tinha boa comunhão; tinha muita experiência, mas pouca obediência. O tempo de sacerdócio lhe dera percepção, mas não estimação. O maior problema de muitos crentes antigos é justamente esse. Eles se satisfazem por saberem quando é Deus ou não que está falando, mas já estão tão velhos que não podem mais se dobrar à obediência da voz do Senhor.
O sacerdote poderia ter se preocupado por que razão a voz de Deus estava vindo para aquele menino e não para si. Repetidamente Deus chamava o menino e não o velho. O que poderia estar acontecendo? “O que há de errado comigo, que Deus não quer mais dirigir a palavra a mim”? Mas não houve esta preocupação.
Contudo, Deus não havia deixado de falar com Eli de uma hora para outra. Seus filhos eram homens ímpios e maldosos no exercício do sacerdócio. Basta lermos o cap. 2.12-25 e teremos um breve relato das provocações cruéis que eles faziam contra Deus. Ainda no cap. 2.27-36 temos uma dura palavra de Deus contra Eli, dada por um profeta anônimo. Porém, de tanto que não ouvimos à voz de Deus, Ele mesmo vai parando de falar. Aí está o problema. Conhecemos a voz dEle, mas Ele não fala mais conosco.
Que possamos trilhar o caminho do arrependimento, antes que
a voz de Deus se apague, e ainda que a conheçamos, todavia, não mais a
ouviremos. Que o Senhor continue falando conosco, pois é melhor ouvir a voz de
Deus ainda que não a conheçamos, do que sabermos identificá-la e não mais
ouvi-la em nossos corações!
Día tes písteos.
Pr. Cleilson
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