“Vós sois o sal da
terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada
mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens” (Mt 5.13).
O sal tem diversas características que são facilmente aplicadas à vida cristã, principalmente nos dias de Jesus. Ele podia simbolizar pureza, devido à sua brancura, tanto que o sal era incluído em várias oferendas, não só dentre o povo de Israel (Lv 2.13), como também nos sacrifícios pagãos. Podia simbolizar também a preservação, pois numa época em que não havia refrigeradores, o sal era, no dizer de Plutarco, uma nova alma inserida na carne morta. Simbolizava também sua principal característica, que era dar sabor aos alimentos.
Sendo assim, facilmente se percebe que Jesus está dizendo que Seus seguidores devem ser puros, devem também exercer influência preservadora da moral no mundo podre em que vivem e também devem dar sabor, transmitindo vida e alegria a tudo e a todos, uma vez que a vida com Cristo é de fato a verdadeira vida.
Porém, mais três características nos chamam também a atenção na figura do sal. A primeira é sua proporção em relação ao alimento. É uma proporção mínima. Da mesma forma que o sal em relação à comida é gritantemente inferior, assim também os seguidores de Jesus em relação ao mundo – sempre será numericamente desproporcional! Todavia, isso jamais impede que o sal exerça função, assim como também o fato de os crentes serem numericamente inferiores não impede que exerçam sua função influenciadora no mundo.
Em segundo lugar, é importante notar que, para o sal exercer sua tarefa, ele precisa se dissolver. Há um serviço de entrega na função do sal. O seguidor de Jesus deve sempre se lembrar de que sua vida cristã é uma vida de entrega e abnegação, assim como foi a do seu Mestre, o qual dizia: “Como o Filho do homem que não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10.45). O cristão não vive para si. Sua vida é um punhado de sal na mão de Jesus. Será salpicado em algum lugar, ainda que isto lhe faça desaparecer. Ele é sal da terra, não de si mesmo.
A terceira qualidade é que o sal nunca aparece. Se isso acontecer, ele estraga a comida! Quando um alimento é bem temperado, ninguém elogia o sal e sim a comida ou o cozinheiro. Assim também o crente deve sempre existir de tal modo que jamais ele seja notado ou glorificado e sim suas obras sejam notadas e Deus, o cozinheiro que lhe usou, seja glorificado!
E se não servirmos ao propósito de sal? Jesus disse que para nada mais prestamos, exceto para ser lançado fora e pisoteado pelos homens. Sim. O crente não serve mais para nada neste mundo, exceto para cumprir o sabor de Deus. Caso ele se recuse a isso, o que lhe resta é ser pisado, isto é, ter seu nome na boca dos incrédulos como motivo de escárnio e não para glória de Deus!
Temos sido de fato o sal da terra?
Día tes písteos.
Pr. Cleilson