Teolatria

No Teolatria você encontra diversos estudos bíblicos em slides (power point) para baixar, além de muitas pregações, sermões expositivos, textuais, temáticos em mp3, dos pregadores da IMVC - Vilhena/RO: Pr. Cleilson, Pb. João, Pb. Alex, Pb. Wesllen Ferreira, irmã Clair Ivete e pregadores convidados.

sábado, 30 de setembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0200 - ONDE O ORGULHO HUMANO PODE CHEGAR

 


“Nesse tempo, Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei da Babilônia, enviou cartas e um presente a Ezequias, porque soube que estivera doente e já tinha convalescido. Ezequias se agradou disso e mostrou aos mensageiros a casa do seu tesouro, a prata, o ouro, as especiarias, os óleos finos, todo o seu arsenal e tudo quanto se achava nos seus tesouros; nenhuma coisa houve, nem em sua casa, nem em todo o seu domínio, que Ezequias não lhes mostrasse” (Is 39.1,2).


Já no final da vida do rei Ezequias, um excelente rei de Judá inclusive, algumas coisas atípicas ao seu caráter começaram a acontecer. Ele esteve enfermo e Deus o avisou pelo profeta Isaías que ele haveria de morrer (38.1). Porém, o rei fez uma oração, apresentando a Deus algumas qualidades, praticamente exigindo que não morresse aquele dia (38.2,3). Há um sério problema conosco, quando pensamos que nossa fidelidade torna Deus nosso devedor em alguma área.

Um pouco disso é demonstrado em seu cântico, quando esteve doente e se restabeleceu. Deus mandou Isaías voltar e comunicar sua cura (38.4-8), dando-lhe sinais de que podia viver mais 15 anos tranquilo, pois teria vitória sobre a Assíria e o Senhor defenderia sua cidade. Mas o que vemos no início do cântico do rei é que ele tinha um parecer injusto do Senhor, pois tiraria sua vida em pleno vigor e roubaria o resto de seus anos (38.10). Quem pode dizer ao Senhor que não está na hora de morrer?

Ele também não fazia ideia de que os espíritos dos justos aperfeiçoados também louvam a Deus (Hb 12.22,23), pois sua mente hebraica imaginava que os mortos não louvam a Deus (38.18,19). De fato, não louvam fisicamente, mas ele fez um juízo de Deus limitado por sua mente pequena.

Este orgulho se revela ainda mais no coração do rei, pois quando recebe um presente do príncipe babilônio pelo fato de ter-se recuperado da enfermidade, Ezequias mostra aos mensageiros babilônios todas as riquezas de seu palácio! Isaías argui o rei e lhe diz que o palácio dele seria pilhado pelos próprios babilônios no futuro e que seus herdeiros seriam levados para servirem de eunucos no palácio da Babilônia (39.6,7). Tão orgulhoso estava o rei, que não se importou com esta mensagem, visto que não aconteceria em seus dias (v. 8)...

Certamente, Judá não foi para o cativeiro porque Ezequias mostrou seu tesouro para os babilônios, mas esse orgulho do coração do rei já expressava o caminho pelo qual Judá andaria dali para frente! Um rei de coração orgulhoso contamina um povo que se torna orgulhoso a ponto de rejeitar o Senhor e ainda achar que o Senhor tinha obrigação de livrá-los de qualquer invasão estrangeira!

Veja o que escreve o autor das Crônicas sobre Ezequias: “Mas não correspondeu Ezequias aos benefícios que lhe foram feitos; pois o seu coração se exaltou. Pelo que houve ira contra ele e contra Judá e Jerusalém. Contudo, quando os embaixadores dos príncipes da Babilônia lhe foram enviados para se informarem do prodígio que se dera naquela terra, Deus o desamparou, para prová-lo e fazê-lo conhecer tudo o que lhe estava no coração” (2Cr 32.25,31).

Judá foi castigado por idolatria e outros pecados, mas todos eles começaram com o coração orgulhoso de um rei que queria ensinar a Deus e Lhe fazer exigências!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0199 - UM LEPROSO E A GLÓRIA DE DEUS

 


“Um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta voz, e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe... Então, Jesus lhe perguntou: ...Não houve, porventura, quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro”? (Lc 17.15,16,18).


O relacionamento do homem com a glória de Deus depois da Queda tornou-se uma relação de afastamento. Paulo nos diz que todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus (Rm 3.23). Ficamos afastados, fomos depostos e derrubados do bom relacionamento com Deus e Sua glória.

Jesus Cristo disse: “Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros e, contudo, não procurais a glória que vem do Deus único” (Jo 5.44)? Isto é, além de os homens estarem no pecado e completamente afastados da glória de Deus, eles buscam sua própria glória! Como poderão crer? Não podem! Simplesmente não podem! Porque a fé em Cristo Jesus é a humilhação do homem. Crer em Cristo é sinal de autofalência! E quem vai reconhecer que está espiritualmente falido senão o pobre, o humilde de espírito? (Mt 5.3).

Por isso as pessoas não podem crer, pois buscam sua própria glória! Ao buscarem a glória de Deus, elas terão de se humilhar e abrir mão de sua glória humana. Por isso a fé em Cristo humilha o homem!

Os nove leprosos buscaram a bênção de Cristo, mas por trás daquela bênção da cura havia um desejo de glória humana, da reinclusão social, dos direitos religiosos, do reconhecimento humano. Como aquelas autoridades que criam em Jesus, mas não O confessavam para não serem expulsos da sinagoga (Jo 12.42). E por que eles eram assim? O apóstolo João diz que é porque eles amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus (v. 43)!

Mas houve um que voltou. Ele não voltou apenas para agradecer, aliás, dos três verbos relacionados a este ex-leproso samaritano, agradecer é o último. Primeiro de tudo, ele veio para dar glória a Deus! Depois ele se prostra diante de Jesus com o rosto em terra a Seus pés. Só então ele agradece! Jesus não elogia seu agradecimento, e sim que ele tenha glorificado a Deus! “Não houve quem voltasse para dar glória a Deus”?

De fato, Paulo diz em Rm 1.21,28, que as pessoas têm sim o conhecimento de Deus, todavia, não Lhe dão glória! É por isso que serão condenadas! Não terão desculpa, pois o que de Deus se pode conhecer, Deus lhes manifestou! Mas, mesmo conhecendo, não O glorificaram como Deus nem Lhe deram graças. Assim como aqueles nove leprosos. Foram curados no corpo, mas suas almas estavam sujas demais para darem glória a Deus!

Mas, como diz Paulo em Ef 1.11,12: “No qual [em Jesus] fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo”. Se o Pai predestinou você em Cristo Jesus, certamente você voltará a ser para o louvor da glória dEle – hoje e para sempre!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0198 - COMO O ESPÍRITO CONVENCE O HOMEM (PARTE 02/02)

 


“Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado” (Jo 16.8-11).


A pregação da Palavra é o meio através do qual o Espírito Santo irá convencer o mundo acerca de três coisas importantes para que não fiquem desculpáveis diante de Deus: sobre o pecado, sobre a justiça e sobre o juízo.

Porém, Jesus quer explicar a razão pela qual o Espírito de Deus fará isso. Essa explicação clareia nossas mentes para que tenhamos mais firmeza e sabedoria no momento de nossa exposição da pregação do evangelho.

Primeiro, Jesus diz que o Espírito convencerá do pecado porque o mundo não creu nEle (v. 9). Na realidade, esse convencimento não se dará com todas as pessoas do mundo, pois nem todos ouviram falar de Jesus para que viessem a rejeitá-lo (Rm 10.14). Portanto, Jesus Se refere aos Seus contemporâneos e a todos quantos ouviram falar dEle na pregação do evangelho em todos os tempos. Sendo assim, uma pregação que não fale da necessidade da fé em Cristo não pode ser a pregação do evangelho.

Segundo, Jesus diz que o Espírito convencerá o mundo da justiça, porque Ele iria para o Pai (v. 10). Jesus está dizendo que o fato de Ele voltar para o céu mostra que Ele é justo e os judeus que O mataram, pensando ser justos e supostamente prestando um culto a Deus, na verdade são injustos. Ele também fala da justiça que pode ser atribuída aos que nEle creem. O único que por Seu mérito pode ir a Deus é Jesus, ninguém mais. Assim, para que qualquer ser humano possa ir a Deus, é necessário estar coberto com a justiça de Cristo.

Terceiro, Jesus diz que o Espírito convencerá o mundo do juízo porque o príncipe deste mundo, isto é, o diabo, já está julgado (v. 11). O julgamento a que os judeus submeteram o Filho de Deus na cruz, na verdade, decretou o julgamento do diabo, pois, como diz Paulo em Cl 2.15, ali Jesus expôs todo principado e potestade ao desprezo e deles triunfou!

Em resumo, se juntarmos as três áreas do convencimento do Espírito sobre o mundo, teremos a seguinte exposição do evangelho: se alguém não crê no Filho de Deus (v. 9), rejeitando a justiça dEle (v. 10) será julgado como já é Satanás (v. 11).

Pedro, quando pregou no dia de Pentecostes, mostrou o pecado da incredulidade dos que haviam crucificado a Cristo (At 2.23), mostrou que Deus justificou Seu Filho ressuscitando-O dentre os mortos e O exaltando à Sua destra (vs. 24,32,33) e de tal modo arrasadora foi sua pregação, que o Espírito convenceu milhares de pessoas que perguntaram a Pedro totalmente assombradas: “Que faremos, varões irmãos”? (v. 37).

Será que os mensageiros das igrejas atuais têm trazido algo parecido com esta mensagem?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 26 de setembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0197 - COMO O ESPÍRITO CONVENCE O HOMEM (PARTE 01/02)

 


“Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8)


Um dos papéis do Espírito Santo é convencer o ouvinte do evangelho acerca de três coisas principais: sobre o pecado, sobre a justiça e sobre o juízo. Esse convencimento é o argumento que só a Palavra tem quando é pregada para o indivíduo, de tal modo clara e convincente, que ele não tem como objetar àquilo que ouviu.

Algo que precisa ficar claro é que o Espírito Santo não fará isso à parte da pregação da Palavra. Embora o Espírito possa, através da consciência de alguém, convencê-lo do erro, todavia, o que Jesus Cristo está falando aqui trata-se da repreensão que a Palavra pregada faz ao pecador. A palavra original para “convencer” aqui significa “repreender, reprovar, refutar, envergonhar, repelir, vencer”.

Infelizmente, não é o que ouvimos da maior parte dos que estão incumbidos de levar a Palavra. A maioria nunca prega uma mensagem repreensiva, que reprova o pecador em sua prática de vida longe de Deus. Quase sempre o que se ouve é uma mensagem agradável e doce, que não convence nem o mais terrível pecador de seus erros. O que é dito é quase um discurso de boa vizinhança, politicamente correto, uma mensagem que visa mais tocar no emocional do ouvinte do que em seu raciocínio. Afinal, para alguém ser convencido, o argumento deve intrigar seu raciocínio e não sua emoção!

Desde o 1º versículo, Jesus está falando a Seus discípulos que não se escandalizem com o que Ele tem a dizer. No v. 2, Jesus os adverte que as autoridades os expulsariam das sinagogas. Naquela época, ser expulso da sinagoga, era o maior sinal de perda de prestígio social entre os judeus, a exemplo daquele cego de nascença que Jesus curou e os fariseus o expulsaram da sinagoga (Jo 9.34).

A rejeição da pregação da verdade iria além disso, avisa Jesus. As pessoas matariam os seguidores de Jesus, julgando com isto estar prestando um culto a Deus, a exemplo de Saulo de Tarso, que perseguia e prendia os cristãos, apoiando até mesmo sua morte, como no caso de Estêvão (At 22.20). Sabemos que a perseguição se estendeu contra as fiéis testemunhas de Jesus no decorrer da história e até hoje ainda insiste em derramar o sangue dos santos. Em todos os casos, sempre com essa mente, que julga estar fazendo um favor para Deus ou para a sociedade.

Entretanto, a palavra que se tem pregado atualmente não causa esse tipo de rejeição. Ao contrário, a aceitação é massiva e crescente. Cresce assustadoramente o número de evangélicos em nosso país e, convictamente, podemos afirmar que essa adesão em massa tem seus interesses e conveniências. De fato, o Espírito Santo não tem atuado no papel de convencer muita gente, pois poucos são os que ouvem realmente a Palavra da verdade, através da qual Ele fará esse trabalho.

A palavra que você tem anunciado deixa o ouvinte realmente intrigado e incomodado, ou o deixa tranquilo e quieto em seus pecados contra Deus? Você tem certeza que o Espírito Santo usa as palavras que saem de sua boca para tapar a boca dos incrédulos, deixando-os sem argumento?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0196 - A JUSTIÇA DA LEI E A JUSTIÇA DA FÉ

 


“Mas a justiça decorrente da fé assim diz: Não perguntes em teu coração: Quem subirá ao céu?, isto é, para trazer do alto a Cristo; ou: Quem descerá ao abismo?, isto é, para levantar Cristo dentre os mortos. Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos” (Rm 10.6-8).

 

Um milênio e meio antes de Paulo, Moisés havia feito estas perguntas em relação à lei. Assim está escrito em Dt 30.12-14: “Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Nem está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar que no-lo traga e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Pois esta palavra está mui perto de ti, na tua boca e no teu coração, para a cumprires”.

Todavia, Moisés falava da justiça decorrente das obras da lei; Paulo fala da justiça decorrente da fé. Moisés disse que a lei não estava mais no céu, pois Deus a havia entregue por seu intermédio aos judeus; Paulo diz que Cristo também veio até nós, Ele mesmo desceu do céu, ninguém precisou ir lá buscá-lo! Ninguém precisou descer aos escombros do abismo, pois o próprio Cristo ressuscitou dos mortos para nos conceder Sua justiça! Moisés dizia que esta palavra (a lei) estava perto dos israelitas, na boca deles para que a cumprissem; Paulo diz que Cristo está sendo pregado para que você creia!

Aqui temos a essencial diferença entre a lei e o evangelho. A lei, diz Paulo, só justificava aquele que vivia por ela: “Ora, Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça decorrente da lei viverá por ela” (v. 5). Mas sabemos que ninguém foi capaz de cumpri-la. Mas, com relação ao evangelho, Deus não exige cumprimento, apenas fé – quem cumpriu tudo foi Jesus! Por isso Paulo diz que esta é “a palavra da fé” que pregamos!

Esta palavra está perto de nós, os que cremos, na nossa boca e em nosso coração. Com a boca confessamos Jesus como Senhor, isto é, reconhecemos que Ele veio do céu; com o coração cremos que Deus O ressuscitou dos mortos, isto é, que Ele saiu do abismo ao 3º dia (v. 9)! “Ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, o Filho do homem que está no céu” (Jo 3.13)! Também ninguém desceu ao abismo para trazer Jesus dentre os mortos, Ele mesmo ressuscitou pela glória do Pai e Seu infinito poder (Ef 1.19,20)!

Sendo assim, basta crer! Não há obras para a salvação. Isto já foi decretado quando a lei de Deus Se revelou ao povo. Ninguém a conseguiu cumprir! Por isso Jesus veio. Não para obrigar você a cumprir a lei, mas veio Ele mesmo cumpri-la por nós os que cremos. Somente assim Sua justiça pode ser atribuída a nós. Se pudéssemos cumprir os mandamentos de Deus, a justiça seria nossa e não dEle: “Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus” (v. 3).

Foi você que foi ao céu buscar Cristo de lá? Foi você que foi à sepultura ressuscitar Cristo de lá? Se não foi, então apenas creia naquilo que Ele fez e você estará justificado diante de Deus, “porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (v. 4).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0195 - JESUS CHAMA OS QUE ELE QUER!

 


“Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele” (Mc 3.13).


Depois de quê? Depois de muito trabalho na obra de Deus, como curas e libertação (vs. 10,11). Jesus não descansava, era o Servo incansável de Deus, realizando Sua vontade, mas acima disso, vivendo e desfrutando de Sua presença. Depois de ter expulsado demônios, os proibia de fazerem propaganda, pois não queria ser conhecido pelo que dizem os anjos e sim pelo que dizem os homens, que pregam o evangelho. Assim, retirava-Se para o monte.

Era ali que tinha comunhão com Deus. A comunhão que ficou extremamente limitada por causa do Seu esvaziamento (Fp 2.7). Ao Se esvaziar de Sua glória, limitou-Se por nossa causa, padeceu sono, fome, sede, cansaço e outros esgotamentos humanos. A única maneira de manter Sua comunhão com o Pai era através da oração. Já que não podia ter a mesma glória que sempre tivera com o Pai desde antes que houvesse mundo, agora tinha que aproveitar os momentos em que todos iam repousar para que Ele fosse estar a sós com Deus.

Mas Sua obra não era apenas de cura, libertação e milagres. Ele também veio chamar as ovelhas perdidas. Elas já eram Suas, estavam perdidas, mas seriam achadas pela voz do Bom Pastor (Jo 10.27)! Elas conheceriam a Sua voz e não ficariam perdidas!

Entretanto, Ele chamou “os que Ele mesmo quis”, diz o texto! Não eram Seus discípulos que O haviam escolhido, mas Ele os escolhera e os designara para que viessem para junto dEle! Antes de ir, eles tinham que vir! Não há “ide” sem “vinde”! Não há proclamação sem aproximação! Jesus, por Sua livre vontade, escolhe para Si aqueles que Ele mesmo quer e os faz aproximar. “Não fostes vós que me escolhestes a mim, pelo contrário, Eu vos escolhi a vós e vos designei, para que vades e deis fruto” (Jo 15.16). Sim, mas antes de irmos, precisamos vir! Somente depois é que os discípulos vão (v. 14,15).

Jesus continua assim, chamando os que Ele quer que venham a Ele. O Senhor disse que revelaria o Pai a quem Ele quisesse revelar (Mt 11.27). Ele disse também que vivifica espiritualmente a quem Ele quer (Jo 5.21). Ele não nos ressuscita da morte para a vida para depois ficar esperando de nós uma decisão por Ele ou pelo mundo. Isso é incoerente. Como Ele daria vida espiritual a mortos espirituais que Ele sabe de antemão que estes voltariam a escolher a morte? Não. Antes, Ele dá vida àqueles a quem quer. E estes que Ele quer não podem voltar à morte, pois, como Ele mesmo disse, os tais passaram da morte para a vida (Jo 5.24).

Você veio para junto de Jesus? Você está nEle? Lembre-se, não foi você quem efetuou essa aproximação. Paulo diz que Deus é quem estava em Cristo reconciliando consigo o mundo (2Co 5.19). Foi o Pai que nos aproximou do Filho. Jesus disse que ninguém pode ir a Ele se o Pai não trouxer tal pessoa para isso (Jo 6.44). Inacreditável, mas o Pai nos leva ao Filho e, quando chegamos ao Filho, Este nos leva de volta ao Pai (Jo 14.6)!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0194 - NÃO SAIA DA GRAÇA PARA A LEI

 


“Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho” (Gl 1.6).


O apóstolo Paulo, em sua jornada missionária e também nos seus escritos inspirados, passou por situações extremamente perigosas entre os judeus. Tendo sido ele privilegiado por Deus para receber a revelação mais profunda da nova aliança, acabou sendo rechaçado por seus compatriotas e considerado por eles como traidor, por combater a religião mais antiga, que era o judaísmo.

Os judeus não apenas perseguiam Paulo, como ele mesmo relata em 2Co 11.24,26, como também tentavam perverter a fé cristã que Paulo ensinava aos gentios. Toda sinagoga onde Paulo pregava havia conversões; porém, os judeus alvoroçavam não só as sinagogas, mas todas as cidades, a fim de que as pessoas não cressem no evangelho de Paulo.

Não foi diferente com os gálatas. Eles receberam o evangelho de Paulo, quando este fez sua primeira viagem missionária ainda com Barnabé (At 13 – 14). Mas agora Paulo os repreende por terem se deixado levar pela astúcia dos judeus, que não aceitavam o evangelho da graça. Paulo os chama de insensatos no cap. 3!

Todavia, não há muita diferença entre os gálatas e muitos cristãos de hoje. Boa parcela do cristianismo evangélico tem pendido para as inclinações judaicas com suas tradições, festas e observâncias da lei. Paulo chega a dizer aos gálatas: “mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco” (4.9-11).

Qualquer tipo de apego à lei, diz Paulo, é um retorno à fraqueza, à pobreza doutrinária, que escraviza e mata. Todo evangelho que você ouve e elogia a lei ou qualquer de seus preceitos, nivelando-a a Cristo, ou ainda que seja aproximando-a dEle para auxiliar Sua obra em algum aspecto, tal evangelho, diz o apóstolo, é “outro” evangelho e, quem o anuncia é “anátema”, isto é, alguém que retira o propósito do que foi consagrado e o põe em uso profano, como fez Acã em Jericó!

A lei era nossa tutela até que o evangelho chegasse (3.23). Ela nos serviu de aio, de condutor, para chegarmos a Cristo (3.24). Uma vez chegado o evangelho, já não precisamos mais do aio (3.25). Estamos em Cristo e isso basta! “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai” (4.4-6)!

Quem passa da graça para a lei prefere ser escravo a ser filho!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0193 - A FONTE DA JUVENTUDE

 


“Dá-me a conhecer, SENHOR, o meu fim e qual a soma dos meus dias, para que eu reconheça a minha fragilidade” (Sl 39.4).


As lendas da fonte da juventude, dos homens imortais (semideuses), de Highlanders (guerreiros imortais), vampiros e dráculas, etc., apenas revelam o anseio do homem pela imortalidade. De fato, todos caminhamos para a eternidade, mas sempre passando pelo portal e pelo pavilhão da morte física. Esta é a prova irrefutável de que o pecado é o aguilhão da morte (1Co 15.56), ou seja, a morte conduz a todos os homens por sua trilha, ainda que estes não queiram!

Davi, no entanto, pede ao Senhor que lhe faça conhecer o seu fim. Este pedido revela humildade, por duas razões: primeiro, porque ele se dirige ao Senhor e segundo, porque ele quer estar cônscio de sua fragilidade. Os homens não se dirigem ao Senhor para conhecer os limites de sua vida. Dirigem-se à ciência, aos encantamentos, às lendas, aos pactos espiritualistas, às crendices populares, à crença num retorno de sua alma a um novo corpo e assim por diante.

Mas não Davi. Ele recorre ao Senhor. E o que ele pede é para que Deus lhe mostre a soma dos seus dias. O único cujos dias não têm soma porque são eternos é Deus! Todos os demais, por serem criaturas, tiveram um início de existência! Lutar contra isso é vão. Jesus disse que ninguém, por mais ansioso que esteja, poderá acrescentar um côvado ao passo de sua vida (Mt 6.27). Também o salmista reconhece isso: “Na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é pura vaidade” (v. 5).

Devido à vaidade da nossa vida, Davi reflete até mesmo sobre os investimentos que fazemos. Ele diz: “o homem passa como uma sombra; em vão se inquieta; amontoa tesouros e não sabe quem os levará” (v. 6). Claro que ele não é contra quem faz investimentos. Antes, ele se refere aos que depositam nisso sua esperança. Por isso ele diz que sua esperança está no Senhor: “E eu, Senhor, que espero? Tu és a minha esperança” (v. 7).

Parece que neste salmo, Davi está sendo disciplinado por Deus e quer manter silêncio diante dos inimigos para que não zombem dele (v. 8). Ele sabe que essa repreensão de Deus pode ser levada ao extremo da morte (v. 11), por isso ele repete que todo homem diante de Deus é vaidade, isto é, a característica do que é vão.

Esta é a verdadeira sabedoria, reconhecer que Deus escalou alguns palmos para a vida de cada um de nós, que diante da vista dEle nosso prazo de vida nada é, que qualquer disciplina de Deus sobre nós pode apagar nosso fôlego como se apaga uma vela e que, quando temos de recorrer a alguém sobre o assunto, este deve ser apenas o Senhor.

O homem é mortal, nada pode fazer além de inventar algumas lendas, a fim de despertar nos demais aquele senso de infinitude que foi perdido no Éden e que ainda lampeja de vez em quando nos anseios mais profundos e obscuros da nossa existência!

Só há uma fonte da juventude: “Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.14). Jesus é a fonte da eternidade!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0192 - JESUS É DEUS

 


“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual Ele comprou com o Seu próprio sangue” (At 20.28).


Embora muitos não admitam a realidade da divindade de Cristo, não podem, contudo, negar que o próprio apóstolo Paulo declarou que Cristo é Deus quando dava seu discurso aos presbíteros de Éfeso em Atos 20. É exatamente no v. 28 que Paulo faz essa surpreendente declaração. O estranho é que nem mesmo muitos estudiosos nos apresentam este versículo como uma prova da divindade de Cristo.

Observe: Deus comprou a igreja dEle com Seu próprio sangue! Que todos sabemos é que foi o Filho e não o Pai que derramou o sangue, mas se aqui Paulo diz que Deus comprou Sua igreja com Seu sangue, e foi o Filho (Jesus) Quem derramou o sangue, então o Filho é Deus! É uma conclusão lógica, a partir de premissas verdadeiras.

Premissa 1: Jesus derramou Seu sangue – verdade bíblica (1Pe 1.18,19)

Premissa 2: Deus comprou Sua igreja com Seu próprio sangue – verdade bíblica (At 20.28)

Conclusão: Jesus é Deus!

É somente com muito esforço que alguns procuram livrar-se deste “problema”. O que se constitui um problema para eles (admitir que Jesus é Deus) é motivo de glória para Cristo e para o próprio Cristianismo. Adulterar a tradução do texto grego é tentar se livrar do embaraço, mas os trapos de suas roupas ficarão nas farpas dos arames pelos quais procurarão escapar.

Certamente quem derramou o sangue foi o Filho, porém, Paulo não cita o Filho, mas diz que Deus comprou (adquiriu) Sua igreja através do Seu próprio sangue. Então, pelo silogismo já feito acima, não temos dúvida de que Paulo se referia a Cristo como Deus! E será preciso muito mais que uma torção no texto para escapar desta verdade bíblica!

Outros versículos que provam a divindade de Cristo (Is 9.6; Jo 1.1,18; 10.30; 20.28; Rm 9.5; Cl 2.9; Tt 2.13; Hb 1.8; 1Jo 5.20). Há outras evidências sobre a divindade de Cristo, tais como Ele ter recebido adoração (Mt 14.33), mesmo depois de ter dito ao diabo que somente ao Senhor Deus devemos adorar (Mt 4.10). Se somente Deus deve ser adorado, por que lá na frente, Jesus mesmo Se permite ser adorado pelos discípulos? Seria muita hipocrisia dizer a Satanás que não vai adorá-lo porque Satanás não é Deus e, mais à frente, receber adoração dos discípulos, se, de fato, Ele não fosse Deus...

Quero finalizar, mostrando mais dois textos. 1Jo 5.20 e Jo 8.24! "E nós estamos em união com o verdadeiro, por meio do seu Filho Jesus Cristo. Esse é o verdadeiro Deus e a vida eterna". Eis aí a prova cabal que Jesus é Deus. E em Jo 8.24 lemos: “Por isso, eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque, se não crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados”. Sabemos por Êx 3.14, que EU SOU é o nome de Deus. E aqui Jesus diz que é Seu nome!

Não crer que Jesus é Deus não é uma questão de opção. Jesus disse que se não crermos nessa verdade, morreremos em nossos pecados! Claro, só Deus salva. E se não crermos que Ele é Deus, quem poderá nos salvar?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 19 de setembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0191 - O REINO DE DEUS

 


“Pois não é o reino de Deus comida e bebida; mas justiça, e alegria, e paz no Espírito Santo” (Rm 14.17).


Os instintos mais básicos do ser humano e aquilo pelo que ele sempre luta são suas necessidades, a saber, comer e beber. Por estas necessidades os homens se matam, reduzem sua população, escolhendo quem vive e quem deixa de viver para se manterem com sua vida.

Na época de João Batista, as pessoas se atropelavam para conquistar o reino dos céus (Mt 11.12). Sempre associando o reino de Deus com coisas materiais, todos os que esperavam pelo Messias, pensavam que Ele vindicaria o trono de Davi e tiraria o povo de Israel de sua opressão e servidão.

Muitos se decepcionaram com Jesus, pois embora fizesse muitos milagres, Ele não usurpou o trono político do império romano e, por causa disso, uma grande parte da multidão O abandonou.

Mesmo já subindo ao céu, Jesus foi interrogado pelos discípulos quando Ele devolveria o domínio terreno para Israel (At 1.6). O desejo de que o reino de Deus seja terreno é tão grande no coração das pessoas, que muitos esperam um reino terreno milenar de Jesus. Não é de admirar que a teoria da prosperidade tenha desviado os olhos de seus seguidores do céu para a terra, prometendo-lhes abundâncias materiais, tal é o desejo do homem que o maior dos reinos seja composto de suas mais limítrofes necessidades.

Mas, para decepção de muitos, Jesus já havia falado a Pilatos que seu reino não é deste mundo (Jo 18.36). Jesus também disse para as pessoas da sua época que o reino de Deus não tem aparência visível, não está limitado a locais físicos, não está aqui nem ali, mas o reino de Deus está entre nós, ou dentro de nós (Lc 17.20,21).

O reino de Deus é justiça, diz Paulo. Há uma necessidade mais básica do que comer e beber. Há uma necessidade de ser justo, pois, ao contrário disso, ele será condenado e de nada adiantará ir para o inferno de barriga cheia! Somente os justos poderão fazer parte do reino eterno de Deus. Mas ninguém alcança essa justiça por si mesmo. Ele precisa crer em Cristo e confiar sua vida a Ele para isso.

Paulo diz também que o reino de Deus é paz. Agora que alguém está justificado pela fé em Cristo, ele tem paz com Deus (Rm 5.1). Não se fala da paz mundial, nem da paz de um milênio terreno, onde animais selvagens e mansos pastam juntos, não se trata da ausência de guerra entre as nações, mas da paz com o único que pode destruir no inferno tanto a alma como o corpo (Mt 10.28).

Finalmente, o apóstolo diz que o reino é alegria no Espírito. Agora entendemos o que é desfrutar das coisas profundas do reino. Quem deseja algo maior que a alegria de ter seu destino para a condenação alterado para a vida eterna? Que guerra mundial pode retirar esse tipo de alegria? Que fome ou sede pode alterar meu estado de salvação? Que tribulação, angústia, perigo, espada, podem ser capazes de nos afastar do amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor?

Certo é que estas coisas existirão, leão pastando erva com o boi, paz e justiça no reino de Deus, mas não para este lado da vida. Isto faz parte do “ainda-não”, o aspecto futuro deste reino. Para o “já”, que é o aspecto presente, o reino é justiça, paz e alegria no Espírito Santo!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0190 - ESTARÁ PREPARADO PARA O JUÍZO?

     


“Estará firme o teu coração? Estarão fortes as tuas mãos, nos dias em que eu vier a tratar contigo? Eu, o SENHOR, o disse e o farei” (Ez 22.14).


A raça humana caminha para a perdição a passos largos, porém, sorridente e eufórica, obviamente, sem saber o que lhe espera no final. A cada era que se passa, os conceitos mais imorais e ofensivos que antes eram temas a serem combatidos, hoje são elogiados, incentivados, legalizados e forçados.

A palavra do Senhor que vem ao profeta Ezequiel, palavra que condena a prática sanguinária e idólatra de Jerusalém, é tão certa no resultado do Seu juízo sobre essa cidade, que Deus acha desnecessário que Ezequiel julgue o povo (v. 2). Como se Deus dissesse: “Ezequiel, nem julgue essa cidade, apenas notifique-a de suas ações”. Ou seja, o juízo é algo óbvio!

Além destas ações abomináveis de homicídios e idolatria, Deus denuncia Jerusalém por práticas mais ainda perversas: desprezo dos filhos aos pais, extorsões aos estrangeiros e opressão social (v. 7); profanação religiosa (vs. 8,9); incestos, estupros, abusos e adultérios (vs. 10,11); corrupção e trama na política com propinas, juros exorbitantes e queima de arquivos, isto é, assassinatos por motivos políticos (v. 12).

Não precisamos nos assustar com esse diagnóstico, pois ele se parece com a nossa sociedade atual. Para falar a verdade, é uma verdadeira cópia! Nossa geração é sanguinária, pois não se satisfaz com os assassinatos diários, tornando-os corriqueiros e fugazes, mas lutam para legalizar o aborto; nossa sociedade apresenta em suas novelas e programas a figura dos pais como idiotas e os filhos sempre na vanguarda – há um desprezo deliberado pela figura dos pais; a opressão social e a extorsão, roubo e até assassinatos a turistas é muito comum em nosso país; o vilipêndio às figuras sagradas é cada dia mais um costume; a ideologia de gênero banaliza assuntos como incestos, estupros, abusos e adultérios; nossa política é lastimável, nossa situação é mórbida!

Deus pergunta para o Brasil e as igrejas deveriam ser os “Ezequiéis” que transmitem a pergunta de Deus: “Brasil, você estará com o coração firme? Brasil, você estará com suas mãos fortes no dia que Deus vier tratar contigo?”. Mas as igrejas têm se calado. Estão como avestruzes que, segundo a lenda, enfiam a cabeça no buraco quando veem o perigo! Enquanto isso, a podridão social fede tal qual o esgoto da contaminação fecal que ela joga para debaixo de seus asfaltos!

Deus virá tratar não só com o Brasil, mas com todas as nações do mundo. E todas elas ficarão aterrorizadas e apavoradas diante daquele que é Reto e Justo em Seu juízo, que não tem o culpado por inocente e não aceita suborno (Dt 10.17)! Nenhuma nação estará preparada para isso, pois se equipam com aparelhagens da iniquidade, por isso serão pegas de súbito diante daquele que é Santo! O Senhor o disse e assim o fará!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 17 de setembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0189 - QUE OS FALSOS SE CALEM, QUE FALE JESUS!

 


“Vós, porém, besuntais a verdade com mentiras e vós todos sois médicos que não valem nada. Tomara vos calásseis de todo, que isso seria a vossa sabedoria” (Jó 13.4,5)!


Os amigos de Jó falavam muitas coisas verdadeiras sobre Deus e sobre a vida. Falavam também com alguma propriedade sobre o que seria o ideal de justiça, ou seja, que os ímpios recebessem o castigo e os justos a recompensa.

Entretanto, muitas de suas verdades eram besuntadas com mentiras, ora porque não conheciam sobre toda a verdade, ora porque queriam apenas acusar Jó de pecado, querendo obter dele uma confissão que encerrasse todo aquele debate prolongado. Fato é que as verdades que eles pronunciavam não eram puras.

Jó os chama ironicamente de “médicos que não valem nada”, querendo dizer que suas palavras não serviam de consolo, assim como médicos que diziam saber acerca de uma doença, todavia, eram incapazes de combatê-la! Na opinião do patriarca, se eles se calassem completamente, seriam mais sábios do que falando e falando, como estavam.

Assim também os falsos pregadores dos nossos dias. Não é que eles não falem algumas verdades. É que eles querem encharcar suas verdades com mentiras. Não lhes basta pronunciarem a verdade. Sabem que serão aceitos se suas verdades estiverem ungidas com o engano.

Enquanto os amigos de Jó se multiplicam, pessoas como o patriarca entram em extinção! Poucos são os que, como Jó, mandam se calar os falsos pregadores de nossos dias, que os consideram sábios se eles se calarem. A maioria ainda se deslumbra com seus falsos discursos.

Eles são médicos que não valem nada. São lobos que uivam seus gritos misturando verdade com mentiras. Não derramam bálsamo sobre os ouvintes, mas enfermidade e veneno. Seriam até sábios se ficassem calados, às ocultas, envergonhados de suas corrupções.

Mas não o nosso Senhor Jesus. O apóstolo Pedro disse que Ele nunca cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca (1Pe 2.22). Suas palavras são espírito e até hoje produzem vida naqueles em quem elas são plantadas. Os soldados que foram prender Jesus disseram que ninguém jamais falou como Ele (Jo 7.46). Suas palavras são palavras de sabedoria, pois nEle estão todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento (Cl 2.3).

Ele também é o Médico que curou as nossas feridas, tomando-as sobre Si (Is 53). Ele foi além das consequências do pecado, foi na sua raiz. Fez um transplante, nos dando um novo coração, um coração disposto e inclinado para as coisas espirituais. Por Suas chagas fomos sarados (1Pe 2.24). A Ele nós dizemos o contrário do que Jó dizia a seus amigos. Enquanto este sugeria que seus amigos se calassem, nós dizemos: “Fala, Senhor, que Teu servo ouve”!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0188 - CRER E CONFIAR

 


“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim” (Jo 14.1).


A fé é uma das virtudes mais incompreendidas da vida do homem. Pelo fato de ela se revelar em diversos aspectos da nossa vida, nossa compreensão sobre a verdadeira fé salvadora é completamente embaçada e desorientada.

Geralmente quando se fala em crer, as pessoas associam isso com o “acreditar”. E muito embora no grego bíblico não haja distinção entre crer e confiar, é necessário, contudo, fazer tal distinção na nossa cultura, pois aqui, ao contrário da ideia bíblica, crer, na opinião popular é sempre “acreditar”, enquanto que na visão bíblica é “confiar”.

Nossa cultura é tão crédula, que ela carrega lendas folclóricas de personagens inexistentes, porém, manifestos, pois a sagacidade demoníaca não deixa passar em branco essa credulidade e os espíritos malignos se aproveitam disso para se transfigurarem nessas lendas populares. Com relação a Deus não é diferente. As pessoas creem em Deus. A questão é saber a que deus elas se referem, pois cada mente elabora um deus a seu próprio gosto.

Quando Deus Se revela pela Bíblia Sagrada, crer nEle é aceitar verazmente o que ela diz, pois a Bíblia diz exatamente aquilo que é a revelação de Deus. Quando aceitamos uma parte e rejeitamos outra porque não se encaixa no nosso conceito pessoal do que é Deus, ou por qualquer outro motivo, então não é no Deus verdadeiro que cremos.

É aqui que entra o verdadeiro conceito bíblico do que significa crer em Deus. Observe, uma vez que você aceita plenamente o que a Bíblia revela sobre Deus, você percebe que não é suficiente acreditar naquilo que ela diz acerca dEle. Nota-se claramente que ela nos chama a um compromisso com Ele e Sua vontade. Agora então compreendemos o verdadeiro significado de crer, isto é confiar. O significado de fé no grego é: “confiança, compromisso”; como uma característica é “fidelidade, lealdade, comprometimento”. Enfim, é honrar sua obrigação.

Se é assim que você crê em Deus, diz Jesus, então você também tem a obrigação de crer em Seu Filho. Observe que o verbo que Jesus usa para crer em Deus aqui em Jo 14.1 é no modo indicativo, já o que Ele usa para crer nEle é imperativo! Ele quer dizer: “já que vocês creem em Deus, devem também crer em mim”. E este é exatamente o grande boicote que a suposta fé aplica nas pessoas que dizem crer em Deus, mas não confiam suas vidas a Jesus.

Charles Blondin atravessou várias vezes as cataratas do Niágara sobre uma corda bamba. Uma vez ele perguntou quantos dos espectadores acreditavam que ele poderia atravessar; todos levantaram as mãos. Mas quando ele perguntou se alguém se candidatava para vir com ele, nenhuma mão se levantou! Fé não é acreditar que ele pode, mas ir com ele, isso é fé.

Assim também Jesus, Ele não te pergunta se você crê que Ele é capaz, mas se você quer seguir com Ele pelo caminho da salvação. Isso é fé! Crer é mais que acreditar, é confiar, é se entregar, é descansar nEle!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

A TRANSCENDÊNCIA E A IMANÊNCIA DE DEUS EM RELAÇÃO AOS SEUS DECRETOS E À RESPONSABILIDADE HUMANA

 


Deus é inacessível. Isso significa Sua transcendência. Mas se Ele quiser Se revelar, nada O impede de fazê-lo. De fato Ele o fez, Ele Se revelou às Suas criaturas. Mas mesmo se Ele quisesse Se revelar e permanecer transcendente (inacessível), Ele o faria. Ele Se revelaria, mas não iniciaria nenhuma relação com os homens. Todavia, além de Se revelar, Deus também Se relacionou com os homens. Isto é imanência. Veja bem, imanência não é Deus Se revelar, mas Deus Se relacionar, ou Se condescender a essa relação. Ele poderia Se revelar sem Se relacionar, mas para Se relacionar, Ele teria que Se revelar.

Na transcendência de Deus, Ele decretou todas as coisas como elas hão de acontecer. Não é só que Ele sabe o que vai acontecer, mas Ele sabe justamente porque Ele estabeleceu esses eventos. Todos eles. Não há um único movimento de qualquer átomo que Deus não tenha estabelecido desde a eternidade como ele haveria de se movimentar a cada milésimo de segundo enquanto esse átomo existir. Mas ainda que Deus tenha estabelecido leis que fazem os eventos ocorrerem, mesmo assim, Deus concorre com Suas leis, a fim de que elas cumpram seu dever para com tais eventos. Nós costumamos dizer que algumas coisas ocorrem “naturalmente”, como o crescimento da relva, por exemplo. Já a Bíblia diz que é Deus quem a faz crescer (Sl 104.14; 147.7,8). Observe então que as coisas acontecem “naturalmente”, obedecendo ao que Deus decretou eternamente.

Mas não é só com relação à natureza criada que Deus estabeleceu os movimentos. Deus também estabeleceu cada evento em relação às Suas criaturas morais. Quando chegamos a esse ponto, muitos cristãos, inclusive calvinistas, começam a ceder terreno ao humanismo. Deus estabeleceu todos os pensamentos que todas as criaturas iriam pensar, bem como suas palavras, ações e quaisquer outros eventos externos que lhes ocorreria! Um exemplo disso é Ciro, rei persa, que Deus levantou para certos fins e ele os cumpriu exatamente como Deus o havia estabelecido antes de ele nascer (Is 44.28; 45.13). Ciro não conhecia a Deus, exceto pelos relatos dos cativos de Judá. Mas Deus o conhecia. Deus não conhecia Ciro somente por Sua onisciência, mas principalmente porque Ciro foi um personagem inventado por Deus em Sua mente santa e cheia de planos para um futuro relacionado a Judá. Deus não só inventou Ciro, como também decretou tudo o que este rei faria, como de fato fez. O sábio diz: “Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do Senhor; este, segundo o seu querer, o inclina” (Pv 21.1). Claro que Deus não faz isso somente com reis, mas com toda humanidade. Nenhum evento, seja pensamento, palavra, ação ou evento externo, acontece a ninguém sem que Deus o tenha determinado desde a eternidade! Isso Deus faz em Sua transcendência! Há vários exemplos disso na Escritura, não só com relação ao rei Ciro. Deus fez com que o coração de Faraó se endurecesse para não deixar ir o povo (Êx 4.21); Deus endureceu o coração das nações inimigas de Israel, mesmo estas sabendo que não seriam capazes de vencer o povo de Deus e, ao invés de se renderem a Israel, Deus endureceu o coração delas para que guerreassem contra o povo de Deus e assim fossem derrotadas (Js 11.20); Deus tapou o entendimento de Hofni e Fineias para não ouvirem a voz de seu pai Eli, que os alertava contra seus pecados, porque o Senhor os queria matar (1Sm 2.25); Deus determinou desde a eternidade as pessoas que iriam matar Jesus (At 2.23; 4.27,28). Enfim, citei apenas exemplos de ações más, as quais foram determinadas por Deus e executadas pelas pessoas voluntariamente. Mas as ações boas também são determinadas por Deus e os homens as fazem de forma espontânea. Artaxerxes concedeu a Esdras tudo que ele quis para reconstrução do templo em Jerusalém, segundo a boa mão de Deus e não segundo o livre-arbítrio do rei (Ed 7.6). Deus inclinou o coração de Lídia a atender à pregação de Paulo e assim se convertesse (At 14.16). Os ouvintes gentios ordenados à salvação vieram a crer na pregação de Paulo e Barnabé (At 13.48). Aqui estão provas bíblicas de que tudo o que acontece no ser humano, sejam pensamentos, vontades ou ações, é determinado por Deus desde a eternidade em Sua transcendência. O próprio Paulo, pregando aos atenienses, disse que nEle (em Deus), nós vivemos, nos movemos e existimos At (17.28). Ninguém pode viver fora de Deus. Ninguém pode se mover fora de Deus, existir fora de Deus, ou sequer pensar fora de Deus! O cogito de Descartes não pode existir, pensar, questionar, fora de Deus! Deus não pede opinião de ninguém nem espera fatos ocorrerem, ou sequer Se utiliza de Sua onisciência para projetar uma reação às ações de Suas criaturas. Antes, qualquer movimento de Suas criaturas tem um start inicial, que é Deus e Seu decreto eterno.

Mas na imanência de Deus, isto é, em Sua relação com as criaturas, Deus estabeleceu Suas leis, Sua vontade, por meio de Sua Palavra revelada, através da qual Ele estabelece essa relação. Fosse esta Palavra em forma audível, como no caso de muitos patriarcas do passado, ou em forma escrita, como depois da lei de Moisés. Essa explicação responde à pergunta de muitos: como as criaturas são responsáveis por atos que já foram determinados para elas fazerem? A resposta está na imanência de Deus. Como em Sua transcendência, ninguém pode acessá-lO, também não pode questionar absolutamente nada do que Ele faz, visto que Ele é Deus e Sua soberania é somente dEle, então na Sua imanência, Ele Se relaciona conosco por meio daquilo que Ele nos revelou. No nosso relacionamento com Deus, devemos, por assim dizer, “nos esquecer” de Sua transcendência (claro que isso é uma ironia, pois devemos considerar sempre a transcendência de Deus para adorá-lO com profunda reverência), assumir nossa pequenez diante dEle, agradecer por ter Ele sido imanente para Se relacionar conosco e então, nos sujeitarmos aos moldes que Ele estabeleceu para que esta relação acontecesse, que é por meio de Sua revelação. A revelação geralmente é distinta em dois aspectos abrangentes: a revelação geral (pela criação e pela consciência) e a revelação especial (pela Palavra escrita e pela Palavra encarnada). Por meio da revelação geral, Deus não mostra muita coisa sobre Si. Paulo diz que Ele revela alguns de Seus atributos, como poder e divindade (Rm 1.19,20). Olhando para a criação, as pessoas sabem naturalmente que há uma divindade poderosa. Mas o apóstolo diz que os homens “detêm a verdade pela injustiça” (v. 18). Em outros termos, por causa de sua impiedade e perversão, os homens suprimem, sufocam, a verdade de Deus que já está gravada em seus corações. Então eles não Lhe dão glória, tornando-se assim, indesculpáveis (vs. 20,21). Até mesmo em suas ações humanas, as pessoas sabem discernir o certo do errado (Rm 2.14,15). Deus colocou isso em todas as Suas criaturas, a fim de ninguém usar a desculpa de que não sabia nem conhecia. Nessa forma de revelação, Deus não Se mostra de maneira salvadora, apenas de maneira suficiente para tirar a desculpa do homem. Mesmo assim, é uma forma de Se relacionar. Relembrando o questionamento, de por que o homem seria responsável por coisas já determinadas, a resposta é que o homem é responsável mediante o aspecto imanente de Deus. Ele é responsável perante o que lhe está revelado. Deus Se revelou a todos os homens interiormente em suas consciências e exteriormente em Sua criação. Nessa imanência é que o homem se torna responsável diante daquilo que lhe foi revelado.

Porém, Deus não parou por aí. Ele Se revelou de forma especial a muitas nações. Ele deu Sua lei para Israel e, posteriormente, revelou-Se pessoalmente, por meio do Seu Filho quando Ele esteve na terra. Depois que foi para o céu, Jesus capacitou a igreja com Seu Espírito a pregar por todo o mundo, levando assim, a revelação especial de Deus para as nações pagãs. Na lei, Ele confronta o homem, uma vez que Paulo diz que o homem, mesmo sem lei, já sabia o que era certo e errado. Então a lei vem para desmascarar o homem. Ela mostra que ele já sabia da vontade de Deus. Claro que ele não sabia plenamente, visto que suas consciências foram manchadas pela Queda. Mas a lei vem para clarear isto. Nela está revelada a vontade clara de Deus e nela a denúncia é feita, porque o homem, além de não obedecer à sua consciência, ainda gosta do errado, rebelando-se assim contra a lei escrita, por causa de sua denúncia. Em outras palavras, o homem gosta do pecado, desobedece ao próprio senso de certo e errado que ele já tem e odeia a lei que vem denunciá-lo. É neste ponto que ele se torna responsável. Porque a revelação de Deus já o responsabilizou. Não somente por meio da lei que o denuncia por fora, mas também pela sua consciência interior que o denuncia por dentro. O homem se rebela contra Deus quando olha para Sua criação e não Lhe dá glória, bem como se rebela contra Deus quando faz o errado já sabendo, pois de fato sabe naturalmente. Quando a lei vem e o denuncia, o homem também se rebela contra a lei de Deus, pois deseja ficar acomodado em seus pecados.

Na transcendência, Deus já estabeleceu tudo que iria acontecer, mas ninguém pode usar isso como resposta contra Deus, pois em Sua imanência, Deus estabeleceu Sua vontade em termos de relação com a criatura. Na transcendência, Deus é sozinho; na imanência, Ele Se relaciona, mas ainda é superior. Se na imanência, o homem é inferior e portanto obrigado a obedecer, ainda que nessa relação imanente, Deus deixe o homem desobedecer, imagine na transcendência, que o homem não pode entrar... Na transcendência, Deus determinou que o homem iria pecar, mas o homem não tem controle nem opinião sobre isso. Já na imanência, Deus prescreveu ao homem qual é Sua vontade e aqui, na imanência, o homem espontaneamente desobedece a Deus, que já o havia designado para desobedecer em Sua transcendência. É nesse aspecto que o homem é culpado. Pois é na imanência que a lei de Deus é revelada, Sua vontade é declarada e, na Sua relação com a criatura, Deus (imanentemente falando), ordena que o homem Lhe obedeça e o homem é cobrado. Os decretos de Deus em sua transcendência não servem de desculpa para o homem que intencionalmente peca contra a vontade de Deus em sua relação imanente. Quando você compreende estes dois aspectos do ser de Deus, então a confusão desaparece. Repetindo, na transcendência não há relacionamento, exceto entre as Pessoas da divindade. Mas na imanência há relacionamento entre Deus e Suas criaturas. É nessa esfera que se dá a responsabilidade humana. Na esfera superior (transcendência) Deus decreta tudo; na esfera inferior (imanência) Deus revela Sua vontade para o homem e Se relaciona com ele, podendo assim cobrar dele. Na esfera superior existe a vontade secreta e o homem não pode entrar; na esfera inferior existe a vontade revelada o homem é responsável diante dela. Na esfera superior, Deus já estabeleceu o pecado; na esfera inferior, Ele responsabiliza o pecador. O homem é ignorante da esfera superior; mas é inteiramente responsável na esfera inferior. Isso porque, na esfera superior o homem é ignorante, mas não o é na esfera inferior!

Esse é o ensinamento de Dt 29.29: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei”. As coisas encobertas são da transcendência; as reveladas são da imanência. As encobertas não nos compete; as reveladas nos responsabilizam. As encobertas são os decretos eternos; as reveladas são nossas obrigações. As encobertas não mudam; as reveladas mudam. Por exemplo, nas coisas encobertas, Deus já havia decretado a salvação dos ninivitas da época de Jonas; nas reveladas, Deus disse que os destruiria e depois Se arrependeu. Nas coisas encobertas, Deus já havia decretado a cura de Ezequias; nas reveladas, Ele mandou dizer a Ezequias que ele morreria daquela enfermidade, mas depois o curou e lhe concedeu mais quinze anos de vida. Nas coisas encobertas, Deus já havia decidido perdoar Israel; nas reveladas, Ele fez uma ameaça e depois voltou atrás pela intercessão de Moisés. Porém, é claro que todos estes fatos já estavam decretados nas coisas encobertas: tanto a pregação de Jonas, quanto a oração de Ezequias e a intercessão de Moisés. Nas coisas encobertas, Deus estabeleceu que mudaria as circunstâncias por meio dos eventos que Ele mesmo decretou que aconteceriam. Deus decretou na transcendência que iria avisar a Jonas sobre a destruição de Nínive, que Jonas iria fugir, que Deus iria trazê-lo de volta, que ele iria proclamar a mensagem mesmo revoltado, que o povo iria se arrepender, que Deus iria perdoar, que Jonas iria se revoltar mais ainda e que Deus iria lhe dar uma lição espiritual de moral! Porém, na imanência, as coisas aconteceram de forma relacional e Deus interagiu de acordo com as ações espontâneas, tanto de Jonas, como dos ninivitas. Entretanto, todas as ações já estavam decretadas. As ações de Deus na imanência, portanto, não são apenas para a condenação de eventos pecaminosos que Ele já havia decretado, mas também para a salvação de pecadores. Enfim, é sobre tudo o que acontece. Esta é apenas uma explicação de como a responsabilidade humana é requerida diante deste aspecto da revelação de Deus: Sua imanência, mesmo que todas as ações tenham sido decretadas no aspecto de Sua transcendência.

Deus poderia, em Sua transcendência, determinar todas as coisas, deixar o homem viver sua vida sem Se revelar a ele, sem Se relacionar com ele e, no fim, executar aquilo que Ele determinou, isto é, condenar o homem. Mas Deus, além de determinar todas as coisas em Sua transcendência, veio em Sua imanência a Se relacionar com o homem, a fim não somente de executar a condenação que Ele já tinha decretado, mas também de salvar os Seus escolhidos através de Sua revelação e relação com eles por meio de Cristo Jesus. Embora todas estas decisões já estivessem decretadas, Deus veio até nós, revelou-nos Sua vontade, Seu caráter e os homens reagiram voluntariamente a essa relação e revelação de acordo com aquilo que Ele já havia estabelecido. Dessa forma, os homens são responsáveis dentro desta esfera de relação com Deus, a Sua imanência, cumprindo assim o que Ele já havia decretado em Sua transcendência.

Este ensino resolve a questão de alguns. Certas pessoas argumentam que não têm responsabilidade sobre qualquer dever, caso o fim já esteja invariavelmente determinado. O erro desse pensamento é pressupor que deve haver liberdade para haver responsabilidade. Para essas pessoas, em outras palavras, as coisas só podem fazer sentido se Deus não tiver controle sobre elas. Nesse caso, não seria isso uma guerra contra o poder de Deus? Não seria uma rebelião minha contra a liberdade e o poder de Deus? Eu só serei responsável, só responderei diante de Deus se Ele abrir mão do Seu controle sobre mim e eu puder fazer o que eu quiser escolher! Esse pensamento é maligno. É uma competição do homem contra Deus. É querer dizer a Deus que tenho controle sobre as coisas que ocorrem na minha vida. Na Sua imanência, Deus até deixa o homem pensar assim, embora na Sua transcendência Ele já tenha determinado até mesmo esse pensamento! Mas o homem será responsabilizado por esse pensamento maligno, visto que a Bíblia, a Palavra que revela a vontade de Deus para o homem, já diz: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim?” (Rm 9.20). Olhando pela lente da transcendência, Ele preparou vasos de ira para a perdição desde a eternidade. E olhando pela lente da imanência, tais vasos pecam voluntariamente e são odiosos contra a lei revelada de Deus. Por isso são responsáveis e responderão sim, mesmo sem poder mudar uma vírgula de tudo o que Deus decretou na transcendência!

Para o bom observador, ele já percebeu que mesmo a imanência divina é regulada na transcendência. Isto é, a forma de Deus Se relacionar já foi decretada na Sua transcendência desde a eternidade. Deus decretou que na Sua relação com o homem, Ele iria Se revelar e responsabilizar o homem por suas ações. Portanto, o homem é responsável porque Deus assim estabeleceu, tanto na transcendência como na imanência e nesta, Deus não o deixou sem conhecimento. Seja na criação, na consciência, na Palavra escrita ou encarnada, Deus Se revelou e Se relaciona com os homens, de modo que estes serão responsabilizados e indesculpáveis!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0187 - NÃO NOS VINGUEMOS DO MAL

 


“Não digas: Vingar-me-ei do mal; espera pelo SENHOR, e ele te livrará” (Pv 20.22).


O sentimento chamado vingança é muitas vezes tão traidor quanto o mal que recebemos. Ele começa com um sentimento de justiça, o que é perfeitamente legítimo, mas no meio do caminho vai se misturando a outros tipos de emoções e, por fim, está mais maligno do que aquele primeiro mal que foi cometido.

Temos três aprendizados aqui neste pequenino provérbio. O primeiro nos diz o que não devemos fazer diante do mal recebido. ­“Não digas: Vingar-me-ei do mal”. O que não devemos fazer diante do malefício que nos sobreveio é alimentar a vingança. Esta frase (“vingar-me-ei do mal”) revela um pensamento elaborado. Várias opções nos sobrevêm quando estudamos a maneira de devolvermos o mal que recebemos.

O segundo aprendizado é que devemos esperar pelo Senhor. Por quê? Porque o Senhor é justo, nós não. Quando cogitamos vingança, entramos em um processo de maquinação da maldade, de maneira que ela pode se tornar pior do que aquela que recebemos.

Numa elaboração maquiavélica de vingança, este sentimento, ao se misturar com outras emoções incontidas e malvadas dentro de nós, nos leva a devolver numa medida injusta. Mas quando esperamos pelo Senhor, trabalhamos em nosso caráter o exercício da paciência, da longanimidade. Enquanto isso, o Senhor, que é justo, vai fazer o que deve ser feito e não exatamente o que queremos que seja feito.

Em terceiro lugar, o que aprendemos desse versículo é que a vingança nos levará a armadilhas intermináveis. Veja que o versículo diz no final: “e Ele te livrará”. Ele não nos livrará do mal que já foi feito, pois já aconteceu, Ele não livrará a pessoa de quem queremos nos vingar, mas nos livrará de nós mesmos, nos livrará das consequências da vingança que estamos projetando.

Assim como o ser humano falha na prática da justiça, assim também vai falhar na prática da vingança. O pecado borrou nosso senso de retidão e assim nunca sabemos qual é a medida certa da colheita. Não há ninguém neutro no exercício da justiça nem da vingança. Sempre nossa paixão falará mais alto. Quando ela fala, nós excedemos; e quando a indiferença fala, nós desconsideramos.

Esperar pelo Senhor é a coisa certa a se fazer porque Ele é justo e, além disso, é dominador de todas as situações que acontecem no universo. Não há acaso, nem elementos fortuitos. Se um mal nos sobreveio, Deus tem um plano com aquilo, tanto sobre nós, como sobre aqueles que nos maltrataram. Seja para nos ensinar a crescer em alguma coisa e condenar o malfeitor, ou para salvar ambos, não sabemos. Apenas sabemos que Ele é sábio e Senhor de todas as coisas.

“Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor” (Rm 12.19).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0186 - QUEM É QUE NOS SANTIFICA

 


“Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém” (Jd 24,25)!


Muitos cristãos ainda não compreenderam como se realiza o processo de santificação em sua vida. Acham que a santificação é feita por si mesmo, com a força de sua vontade e que quando tropeçam, estão provocando a ira de Deus sobre si. Esses cristãos pensam constantemente que podem perder a salvação a qualquer momento, principalmente se morrerem cometendo algum pecado.

Mas quando lemos o texto de Judas, vemos que é Deus quem nos preserva e nos guarda de tropeços. Ele nos segura tão firmemente que, no dia de Sua glória, nos apresentará sem mácula na Sua presença e isto com exultação, com extrema alegria.

Precisamos entender que, no processo da santificação, nós somos conduzidos e respondemos a essa condução com alegria, andando na presença de Deus, ainda que com nossos erros e acertos. Não somos aceitos por Deus por causa de nossos acertos e nem somos rejeitados por Ele por causa de nossos erros. Deus Se relaciona conosco agora, depois de regenerados, como Ele Se relaciona com Cristo, sem impedimento algum!

Deus nos trata como novas criaturas, pois é isto que Ele fez em nós. Assim como pais tratam com seus filhos recém-nascidos e não os amam porque eles acertam fazer qualquer coisa, pois, afinal, nem sequer sabem de nada, mas os amam porque eles são seus filhos, apenas isso, assim também Deus faz conosco. Ele não nos ama por causa de nossos acertos, pois nem mesmo temos isso, mas Ele nos ama porque nos fez filhos Seus!

E, porque somos filhos, Ele mesmo nos guardará de tropeçar, diz o texto, porque se nos deixasse entregues à nossa própria força, Ele sabe que não apenas tropeçaríamos, como também não nos levantaríamos jamais! Porque somos filhos, Ele mesmo nos apresentará com a maior alegria imaculados! No dia em que comparecermos perante Sua glória, Ele fará com que estejamos ali sem mancha alguma!

É claro que Ele não faz isso com todos, apenas com Seus filhos. Deus não santifica quem Ele não regenera. Não há razão para preservar o velho homem, visto que sua tendência é se corromper e degenerar com as cobiças do engano (Ef 4.22). Mas quanto aos que Ele criou segundo Ele mesmo, em justiça e retidão que procedem da verdade, a esses mesmos, Ele faz com que se renovem no espírito do entendimento (Ef 4.23,24).

Porém, a maior característica dos santificados e guardados por Deus é que eles têm alegria de serem santos. Eles não se alegram no pecado. Tendo em si o amor de Deus, não se alegram na injustiça, mas regozijam-se com a verdade (1Co 13.6). É assim que você sabe se está sendo verdadeiramente santificado.

Por isso, a Ele seja “glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém”.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0185 - SERVO BOM E FIEL, OU MAU E NEGLIGENTE?

 


“Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste, receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu” (Mt 25.24,25).


É impressionante a preguiça crônica que assola muitas pessoas no reino de Deus! Não se trata apenas de não terem vontade de fazer algo para Deus, mas trata-se de uma vontade de não fazer! Não é apenas o pecado da omissão, mas de deliberadamente se opor ao que lhes fora ordenado!

Quando se conversa com essas pessoas sobre a realidade de que um dia o Senhor irá fazer conosco um acerto de contas, elas dizem que Deus não pode ser assim, Ele não é mau e não vai nos condenar, porque já estamos salvos. “Esse seu Deus é cruel”, dizem.

São semelhantes a este servo mau e negligente da parábola que, para justificar sua indolência, chegou a acusar seu senhor de severidade injusta! Não deveria ser tão mau! Mas como podia ele culpar seu senhor, incriminando-o como injusto? Não foi o seu senhor que, antes de distribuir os talentos, comensurou a capacidade de seus servos para distribuí-los de acordo com ela (v. 15)? Não foi ele que confiou seu dinheiro às mãos daqueles servos para que investissem? Afinal, um talento equivalia a quase trinta quilos de ouro ou prata!

Mas agora ele é pego em suas próprias palavras. As palavras de acusação contra seu senhor tornam-se contra ele e o sentenciam! Se o senhor fosse de fato excessivo em sua exigência, o mínimo que o servo deveria ter feito era colocar o dinheiro na mão dos investidores, já que ele não queria trabalhar! Mas, além do seu mau julgamento sobre seu senhor, sua preguiça também o condenou, pois enterrou o dinheiro do seu patrão e o devolveu intacto, sem investir nele, pensando estar fazendo o maior favor para seu senhor!

Não acredite que no Dia do Juízo o Senhor Se satisfará com aquilo que nos confiou, sem que tenhamos nisso investido. É uma ilusão pensar nisso, além de que também mostra que não conhecemos o nosso Senhor, não conhecemos o Seu talento, não conhecemos o nosso trabalho e nem conhecemos a nós mesmos! Mas quando isso se revelar, será tarde demais!

Por último, quero observar que a entrega dos talentos serve também para revelar quem nós somos no reino de Deus. No dia da prestação de contas será revelado que tipo de servos nós fomos aqui na terra: se fomos bons e fiéis, ou se fomos maus e negligentes. Talvez pensemos que somos bons e fiéis, mas isto pode ser apenas um autoengano. O servo não se tornou mau porque foi negligente, ele foi negligente porque era mau. Não tinha como proceder de outra forma, apenas conforme sua natureza.

Assim também não é um coração fiel que faz um servo bom, mas um servo, por ser bom, trabalha com fidelidade! Que o Senhor transforme nossa natureza conforme a Sua e nos dê um bom coração para que sejamos fiéis investidores em Sua obra!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson