Teolatria

No Teolatria você encontra diversos estudos bíblicos em slides (power point) para baixar, além de muitas pregações, sermões expositivos, textuais, temáticos em mp3, dos pregadores da IMVC - Vilhena/RO: Pr. Cleilson, Pb. João, Pb. Alex, Pb. Wesllen Ferreira, irmã Clair Ivete e pregadores convidados.

sábado, 30 de dezembro de 2023

SÉRIE: OS TRÊS INIMIGOS DO CRENTE - 02. DIABO

 


Nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.2,3).


O segundo inimigo a ser considerado pelo apóstolo Paulo é o diabo. Ele o chama aqui de “príncipe da potestade do ar”, isto é, Satanás é o príncipe de todos os poderes espirituais malignos, chefe dos anjos caídos. Paulo diz que a operação dele se dá nos filhos da desobediência, ou seja, nos homens que estão debaixo da ira de Deus.

Jesus chama o diabo de (entre outros nomes) “o príncipe deste mundo” (Jo 14.30). Como vimos, o mundo é um sistema que atua constantemente contra Deus. Agora vimos por quê. Ele atua contra Deus, porque o príncipe deste sistema é ninguém menos que o diabo, o inimigo de tudo que é santo e bom. Por isso o mundo nunca foi favorável a Deus desde a Queda e jamais será.

O apóstolo João também diz que o mundo jaz no maligno (1Jo 5.19). Observe que não diz que o maligno está no mundo (embora seja verdade isso também), mas sim que o mundo está no maligno. Isso significa que o mundo pensa a partir do diabo. Porém, o mesmo apóstolo diz que quem é nascido de Deus é guardado por Jesus e o maligno não lhe toca (1Jo 5.18). Mas a pergunta é: em que sistema nós vivemos? Se vivemos no sistema divino que é a Palavra, então realmente ele não pode nos tocar. Mas quanto aos que vivem no sistema dele, que é o mundo, obviamente são marionetes em suas mãos! Isso também vale para os que se dizem crentes.

Como o diabo não pode nos tocar, então ele usa o mundo como chamariz para despertar nossas cobiças internas. Ele se torna um intermediário entre o mundo e a carne. Há muitos cristãos que pensam que sua batalha contra o diabo é resumida a sonhos ruins, perturbações espirituais, problemas com obras malignas, vícios, etc. Mas se esquecem de que a maior batalha contra Satanás é aquela na qual ele nos faz ofertas que realmente interessam à nossa natureza carnal. Por isso, o apóstolo Mateus o chama de “o tentador” (Mt 4.3).

Para vencer Satanás, assim como para vencer o mundo, é necessário fé. O apóstolo Pedro nos diz: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé” (1Pe 5.8,9). Vencer o diabo pela fé nada mais é do que confiar na Palavra de Deus. Nossos primeiros pais foram vencidos pela serpente porque preferiram duvidar da palavra de Deus. Ao confiarem em seus próprios instintos, estavam nada menos do que dando ouvidos ao diabo e ali se decretou a Queda!

Outra ferramenta maravilhosa para vencer o diabo é o sangue de Jesus (Ap 12.11). De fato, visto que o diabo é acusador (v. 10), o sangue de Jesus, ao nos purificar de todo pecado (1Jo 1.7), silencia o diabo completa e eternamente! Precisamos ter consciência destas verdades e delas nos apropriar, para experimentarmos a verdadeira vitória contra este inimigo!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

SÉRIE: OS TRÊS INIMIGOS DO CRENTE - 01. MUNDO

 


Nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.2,3).


Nestes dois versículos de Efésios, encontramos basicamente um resumo de quais são os três principais inimigos do crente. Paulo nos diz que eles são o mundo, o diabo e a carne. Cada um deles se reveste de características que nós precisamos conhecer, se quisermos combater com eficácia na nossa luta espiritual.

Primeiro, Paulo fala do curso deste mundo. Este inimigo chamado “mundo” é muito comentado nas páginas do NT. Embora esta palavra (que vem do grego, kosmos) tenha uma ampla gama de significados, como criação, povos, lugar, nação, etc., aqui e, geralmente em quase todas as ocorrências nas cartas, ela significa um sistema pecaminoso por essência e que rejeita Deus como seu governo.

Observe que o sistema retira Deus de todas as suas esferas. Não se admite Deus na ciência, não se fala de Deus nas escolas, no trabalho é praticamente proibido falar, na política existe a separação “igreja-estado”, enfim, falar de Deus inclusive em roda de amigos, tornou-se algo completamente abolido e debochado.

Jesus também fala muito acerca do mundo no Evangelho de João. Conhecendo o antagonismo do mundo contra Si mesmo, Jesus também diz que assim esse sistema agirá contra Seus seguidores. “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia” (Jo 15.18,19).

Porém, mesmo libertos do mundo, os crentes ainda sofrem uma terrível pressão nessa área. A mensagem que o mundo transmite é sempre aquela de rebelião contra Deus e Seu governo. É aí que acontece uma verdadeira batalha na igreja. A pressão vem porque muitos crentes ainda querem ser governantes de si mesmos. Isto é o espírito do mundo. Infelizmente ainda é o que vemos prevalecer em muitas igrejas, uma vez que “mundo” não é só o que está “lá fora”, mas especialmente o que temos aqui dentro, em nossa mente que é contraposto à Palavra de Deus.

A maneira de combatermos o mundo e sua proposta é pela confiança em Deus, isto é, a fé. O apóstolo João diz em sua 1ª carta: “E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (5.4). Não há como vencer o mundo sem estar totalmente dependente e submisso a Deus pela fé, pela confiança no Seu Filho! Jesus já venceu o mundo (Jo 16.33), portanto, quem crê nEle também é vencedor sobre esse inimigo. Essa fé também é o corpo doutrinário da Escritura, aquilo em que você crê. Fora da fé bíblica, você já é um derrotado na guerra contra o mundo!

Um alerta para os crentes na batalha contra o mundo, é que o mundo é carregado de coisas que nós gostamos. Então, muitas vezes somos derrotados quando, aos poucos, sem percebermos, somos engolidos pelo sistema de tal modo que ele passa a fazer parte da nossa cosmovisão. Por isso a mensagem do apóstolo: “não vos conformeis com este século”, isto é, o espírito insubmisso desse mundo.

Que não sejamos amigos deste sistema, pois quem for, diz Tiago, constitui-se inimigo declarado de Deus (Tg 4.4)! E pior do que ter o mundo ou o diabo como inimigo, é ter como inimigo o próprio Deus!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0259 - AS TRÊS ESFERAS DO CONVITE "VEM"!

 


O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida” (Ap 22.17).


Esta frase, dividida em três pontos, faz parte do encerramento do livro da revelação que Jesus deu ao Seu servo João. É uma frase convite, como podemos perceber pela repetição do verbo “vir”.

Há duas interpretações para este versículo. Uma que diz que o convite aqui é feito a Cristo, para que venha e cumpra todas as palavras desta profecia com a Sua parousia. Essa interpretação tem como base o contexto, ou seja, o v. 20, que diz: “Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus!”.

A outra interpretação diz que este convite, em três modos, é feito aos ouvintes deste livro. Esta parece ser mais viável, uma vez que, indiscutivelmente, a última frase só pode se aplicar ao ouvinte e jamais a Jesus! Sendo assim, sigamos com esta interpretação.

A primeira chamada é feita pelo Espírito e pela noiva. O Espírito aqui é o Espírito de Cristo, o mesmo que Jesus diz nas 7 cartas no início deste livro: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas”. Este Espírito proclama junto com a noiva, diz o texto. A noiva, sem dúvida alguma, é a igreja do Senhor Jesus. Portanto, o chamado para vir a Cristo procede da igreja, que clama pelo poder do Espírito Santo.

De fato, a igreja jamais poderá chamar o pecador para vir a Cristo de sua morte espiritual e separação de Deus, a não ser pelo poder do Espírito Santo! Infelizmente, temos ouvido uma mensagem caótica e sem poder de uma igreja que, ao contrário da primitiva, tem prata e ouro, mas falta-lhe o poder genuíno de Deus para que vidas sejam realmente convertidas!

A segunda chamada é feita por aquele que ouve. Estes são aqueles que leem o livro do Apocalipse. Observe o v. 18: “Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico”. O apóstolo chama seus leitores de “aquele que ouve”. Sendo assim, todo aquele que ouvir o evangelho deve também convidar outros a virem a Cristo. Sem dúvida alguma, o apóstolo se refere à responsabilidade de um novo convertido aqui. Ele, que ouviu a voz de Cristo, e foi ressuscitado de sua sepultura espiritual da morte e do pecado, torna-se agora um proclamador, um arauto a todos que estão ao seu redor.

A terceira chamada é geral e não especifica salvação. Quem tem sede venha e beba da água da vida. Esta proclamação é feita indiscriminadamente a todos. Entretanto, nem todos os ouvintes têm convicção de sua carência. Muitos morrem de sede espiritual sem sequer se darem conta de que estão na sequidão. Estes são os que amam o pecado. Jesus também disse: “Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos” (Mt 11.28). Todavia, nem todas as pessoas ainda se deram conta de que estão cansadas de seus pecados.

Então aqui temos o ensino de que a igreja deve chamar a todos, mas o Espírito é que vai falar individualmente àquele que tem ouvidos para ouvir o que Ele diz às igrejas! A água da vida é de graça, mas só receberão dela os que se reconhecerem pobres, falidos e que só podem recebê-la pela graça!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0258 - O OBREIRO APROVADO

 


Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15).


Das várias recomendações de Paulo a seu discípulo Timóteo, esta é uma das que mais devemos, como obreiros do Senhor, observar e aplicar profundamente em nossa vida, isto é, a maneira pela qual devemos nos apresentar diante de Deus.

Primeiramente, o apóstolo diz que devemos procurar nos apresentar. Quando ele diz “procura”, no grego é “seja rápido, apressa-te, use a velocidade, seja diligente”. Devemos ser urgentes na nossa apresentação a Deus. A palavra “apresentar” significa “colocar-se ao lado para comparecer”.

Esta diligência do cristão deve ser aproximar-se de Deus. Quantas vezes queremos nos apresentar diante dos homens, mas não diante de Deus? O que tem acontecido conosco é que muitas vezes nos ausentamos de Deus e Sua presença. A realidade é que nos aproximamos de Deus apenas quando somos provados, mas poucas vezes quando já fomos aprovados!

E é assim que Paulo diz que devemos nos apresentar: aprovados. Quando diz aprovado, ele está falando do processo que depura o ouro, retirando dele as escórias. As experiências dos cristãos são provas que extraem o seu melhor. É assim que devemos nos apresentar a Deus. Já passados pelo cadinho e com nossas impurezas retiradas.

A próxima qualidade é que ele tem que ser como obreiro que não se envergonha. O obreiro é o trabalhador, é aquele que despende energia no reino de Deus. Sua qualidade vem de uma palavra grega que significa “sem vergonha”. Porém, obviamente, não com o sentido da nossa linguagem pejorativa e sim com o sentido de que não há nada que possa envergonhar este obreiro! Isso fala de uma consciência tranquila diante de Deus e dos homens, uma pessoa irrepreensível.

Finalmente, ele fala do relacionamento desse obreiro com a Palavra. Manejar bem a palavra da verdade, no original, significa “cortar retamente”. Paulo pensa aqui num instrumento de corte, onde o operador, o obreiro, deve ter exatidão cirúrgica! O sentido dessa figura é que o obreiro deve ser um expositor preciso da Palavra da pregação! Ao manejar a espada, ele tem que ser fiel ao padrão do corte sem nenhuma tortuosidade!

Perceba que a primeira parte é como somos trabalhados por Deus, isto é, provados e aprovados; a segunda parte é como trabalhamos a nós mesmos, ou seja, não temos do que nos envergonhar; e a terceira parte é como trabalhamos com a Palavra de Deus, a saber, a precisão cirúrgica com a qual devemos manusear o evangelho que pregamos.

Assim, somos trabalhados por Deus, trabalhamos em nós mesmos e finalmente estaremos prontos para trabalhar com a mensagem do Senhor! E mesmo que ainda não estejamos assim, não nos afastemos dEle! É só quando nos aproximamos com urgência do Senhor que estas qualidades de obreiro são forjadas em nós!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0257 - MOEDA DE MILAGRE E DE TRABALHO

 


Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e o primeiro peixe que fisgar, tira-o; e, abrindo-lhe a boca, acharás um estáter. Toma-o e entrega-lhes por mim e por ti” (Mt 17.27).


Jesus havia Se transfigurado diante de 3 de Seus discípulos (vs. 1-13). Ao descerem do monte, Jesus expulsou um demônio que atormentava um rapaz, às vezes lançando-o no fogo ou na água para matá-lo (vs. 14-21). Estando já próximo de Sua morte, Jesus foi com Seus discípulos para o norte de Israel, na Galileia, e ali os avisou das coisas que iria padecer (vs. 22,23). Agora, em Cafarnaum, os cobradores do imposto do templo, se aproximam de Pedro, perguntando se Jesus não pagava o imposto do templo.

Esse imposto nada tinha a ver com César ou o império romano. Era uma taxa anual que todo judeu entre 20 e 50 anos pagava para a manutenção do templo (Êx 30.13). A resposta de Pedro é precipitada. Ele diz que Jesus paga sim (v. 25).

Quando ele volta para casa, Jesus Se lhe antecipa com uma pergunta pertinente: “Simão, que te parece? De quem cobram os reis da terra impostos ou tributo: dos seus filhos ou dos estranhos?” (v. 25). Com Sua onisciência, Jesus sabia o que os cobradores tinham conversado com Pedro. Este responde a Jesus que a cobrança era feita para os estranhos. “Logo”, diz Jesus, “os filhos estão isentos” (v. 26).           

Nosso Senhor sabe que os Seus acusadores, mais tarde, O denunciarão por blasfêmia e por ter Se levantado contra o templo, dizendo que destruiria o templo e o reedificaria em 3 dias (Mt 26.61). Como sabemos, Jesus não disse que Ele destruiria, mas disse que os judeus O destruiriam (isto é, Seu corpo) e Ele o reedificaria em 3 dias (isto é, Sua ressurreição) Jo 2.18-22. Se Ele não tivesse pago esse imposto, certamente isso seria “a prova” que essa falsa testemunha iria usar contra Ele.

Mas Jesus era Filho e, como tal, não deveria mesmo pagar imposto algum sobre o templo, que representava a casa de Seu Pai. Aliás, todo imposto e ofertas ali levantados deveriam servir unicamente para Jesus! Todavia, como Ele disse a Pedro, para que não escandalizassem, nosso Mestre ordena a Pedro que vá ao mar e pesque com anzol um único peixe em cuja boca estaria uma moeda que seria o suficiente para pagar por ambos.

Muitos, por questionarem a razão de ter Jesus feito um milagre em causa própria (algo que jamais Ele fizera em Seu ministério terreno), chegaram a sugerir que Ele tivesse dito a Pedro que pescasse e vendesse o peixe, a fim de pagar aquele tributo. Mas isso é desclassificar o milagre.

Ao fazer aquele milagre, Ele provou que de fato era maior que o templo (12.6) e mostrou que os filhos, ainda que entreguem suas contribuições ao Pai, o fazem porque receberam dEle por milagre! Ainda assim, o fez por intermédio do trabalho de Pedro. Até mesmo o fruto do nosso trabalho é um milagre providencial daquele que nos sustenta! Peixes não cuspirão moedas em nossa porta, mas através da pescaria, poderemos experimentar milagres surpreendentes!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 24 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0256 - PROCLAME A BONDADE SEM ESCONDER A JUSTIÇA

 


O Senhor é bom, um refúgio em tempos de angústia. Ele protege os que nele confiam, mas com uma enchente devastadora dará fim a Nínive; expulsará os seus inimigos para a escuridão” (Na 1.7,8 – NVI).


O profeta Naum viveu cerca de 120 anos depois do profeta Jonas. Todos conhecem a história de Jonas, que pregou aos ninivitas, os quais se arrependeram e foram salvos por Deus. Mas poucos conhecem a profecia de Naum, que descreveu a catástrofe daquela cidade um século mais tarde, que em 612 a.C. caiu sob o poder do rei babilônio Nabopolassar, pai de Nabucodonosor.

O livro de Naum é de juízo aberto contra a capital do império assírio. Ele revela mais os atributos da justiça de Deus. Seu zelo, Sua vingança, Sua ira e furor (v. 2). Entretanto, o profeta mostra que Deus também é paciente (v. 3) e bondoso (v. 7). De fato, Deus Se mostrou paciente e bondoso para com aquela cidade, quando lhe enviou Jonas um século antes, para levar uma palavra de sentença que, no entanto, foi retirada mediante o arrependimento.

Esses atributos de Deus não entram em choque. Ele é perfeitamente amor e perfeitamente justiça! Ele julga e condena com a mesma santidade com a qual ama e salva. Os homens de todas as épocas não suportam isso em Deus. Nem os ninivitas, nem ninguém. Todos querem um Deus bonachão e relaxado, que passa despercebido pelos nossos deslizes.

Os ateus zombam do Cristianismo, dizendo algo como “Deus te ama tanto, que se você O rejeitar, Ele te manda pro inferno” e os ouvintes caem na gargalhada! Mas é claro que aqueles que vão para a condenação não são objetos do amor de Deus e sim de Sua ira! João disse isso: “Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele” (Jo 3.36 – NVI). Aqueles a quem Deus ama, obviamente irá salvá-los, aliás, Ele os salvará justamente porque os ama!

O problema é que não somente os ouvintes evitam saber acerca dos atributos de justiça e santidade de Deus, como também muitos pregadores evitam incomodar seus ouvintes tocando nesse assunto. Preferem deixar Deus camuflado diante das pessoas, como se isso fosse de fato atenuar a sentença que lhes aguarda! Naum não se preocupou com isso. Ele tinha uma mensagem a transmitir e seu compromisso era em ser fiel a esta mensagem e não em agradar aos ninivitas.

Assim também nós. Devemos proclamar tudo sobre o que Deus revelou de Si mesmo para todos. “O Senhor é muito paciente, mas o seu poder é imenso”, disse o profeta (v. 3). “O Senhor é bom, protege os que nele confiam, mas expulsará os seus inimigos para a escuridão” (vs. 7,8). Assim também anuncia Naum.

Que nossa proclamação sobre Deus e Seus atributos não sejam anunciados pela metade, pois como já disse alguém “um evangelho que esconde sua metade, também é um falso evangelho” (Josemar Bessa).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sábado, 23 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0255 - VALE A PENA LEVAR A CRUZ DE NOSSO SENHOR!

 


Saudai Rufo, eleito no Senhor, e igualmente a sua mãe, que também tem sido mãe para mim” (Rm 16.13).


Quando lemos esta saudação de Paulo a Rufo e sua mãe, logo nossa mente é remetida ao Evangelho de Marcos, que relata que este jovem era filho daquele Simão, o cireneu, que carregou a cruz de Jesus Cristo (Mc 15.21).

Como sabemos que Marcos escreveu aos crentes romanos, então a maioria dos estudiosos entende que este Rufo, de quem Marcos faz menção, é o mesmo a quem Paulo saúda quando escreve também aos romanos.

Se assim for, então é provável que seu pai, o que carregou a cruz de nosso Senhor já tivesse morrido quando Paulo escreveu a carta. Seu irmão Alexandre também já não estava ali em Roma, ou não fosse crente, visto que Paulo chama Rufo de “eleito no Senhor” (se nos lembrarmos do cap. 9 de Romanos, Paulo diz que Jacó era eleito e não Esaú – assim também pode ter sido com estes dois jovens).

Deixando de lado as especulações, no entanto, ainda nos resta que a seguinte verdade prevalece: ninguém que carrega a cruz de Cristo fica no esquecimento diante de Deus! Simão experimentou isso de modo sublime e glorioso!

Ele estava no campo e vinha para Jerusalém, provavelmente para a festa da Páscoa. Ele era de Cirene, um país africano. Possivelmente era um dos judeus da Dispersão, que vinha de suas terras longínquas para as festas judaicas em Jerusalém.

Sem saber quem era aquele condenado que tombava diante do peso de Sua cruz, Simão foi obrigado pelos soldados romanos a carregar-lhe a cruz. Os soldados tocavam com a folha de sua lança o ombro de um qualquer que estivesse casualmente passando pela via crucis. Eles não tinham tempo a perder. Mas a Providência Divina direcionou a ponta da lança dos romanos para o ombro de Simão!

Ele carregou a cruz de nosso Senhor, o único homem que fez isso de forma literal! Talvez irado, a princípio, mas ficou magnetizado de alguma forma por aquele Homem, pelo Seu olhar e, ao chegar ao Calvário, não deve ter saído dali até que presenciou todas as cenas ligadas à morte do Salvador que são narradas nos Evangelhos!

O resultado não poderia ser outro: Simão se rende ao Crucificado! Toda sua família é alcançada pela graça salvadora. Em Antioquia, este homem se torna um dos mestres e profetas daquela primeira igreja missionária da história (At 13.1)! Ali ele era o Simeão, apelidado Níger (que quer dizer “negro”)! Sua nobre esposa torna-se também uma mãe para o jovem Saulo, que era mestre com Simão na mesma igreja!

Literalmente, Simão tomou a cruz e seguiu a Jesus (Mc 8.34)! E a bênção de ter feito assim foi que não somente ele, ali fixado pelos olhos do Nazareno, mas toda sua família se prostrou diante da cruz, recebendo a salvação eterna! Vale a pena levar a cruz de nosso Senhor!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0254 - TRÊS REAÇÕES DOS QUE ESTÃO PERTO DE CRISTO

 


De uma feita, estava Jesus orando em certo lugar; quando terminou, um dos seus discípulos lhe pediu: Senhor, ensina-nos a orar como também João ensinou aos seus discípulos. De outra feita, estava Jesus expelindo um demônio que era mudo. E aconteceu que, ao sair o demônio, o mudo passou a falar; e as multidões se admiravam. Mas alguns dentre eles diziam: Ora, ele expele os demônios pelo poder de Belzebu, o maioral dos demônios. Ora, aconteceu que, ao dizer Jesus estas palavras, uma mulher, que estava entre a multidão, exclamou e disse-lhe: Bem-aventurada aquela que te concebeu, e os seios que te amamentaram!” (Lc 11.1,14,15,27).


Diante das ações de Jesus Cristo havia diversas reações. A vida do nosso Senhor realmente impressionava as pessoas a Seu redor e lhes fazia tomar posturas diante dela.

Quando Jesus orava, Seus discípulos tiveram a reação de pedir-Lhe que também lhes ensinasse a orar. Quando Jesus expulsava demônios, as multidões se admiravam, mas a reação dos fariseus foi blasfemar do Espírito Santo que atuava na vida de Jesus. Quando Jesus discursava, uma mulher confundiu as coisas e elogiou a mãe de Jesus, ao invés do Filho de Deus.

O que fazia as reações serem tão diferentes? Era obviamente o grau de relacionamento dessas pessoas com Jesus. Os discípulos estavam mais próximos, eles O viam sempre em oração, como disse MacLaren: Jesus ensinava a Seus discípulos que orar era a melhor maneira de descansar no final de um dia de trabalho!

Embora as multidões se admirassem do poder de Jesus contra os demônios, Seus inimigos ficavam movidos de inveja, a ponto de blasfemarem de Seu poder contra Satanás. Este é o grau de relacionamento dos opositores. Até hoje vemos que os opositores do evangelho sempre estão prontos a inventar blasfêmias contra o Filho de Deus!

Os que se admiram do discurso de Jesus, elogiam outra pessoa, ao invés de render-Lhe glória. Ao dizer: “bem-aventurada aquela que te concebeu, e os seios que te amamentaram”, aquela mulher falava do que não compreendia. Ela nada sabia da origem miraculosa do nascimento do Filho de Deus. Como se atribuísse glória à mãe de Jesus pelo fato de Ele existir. Em outro dizer: se não fosse Tua mãe, Tu não estarias aqui hoje dizendo estas lindas palavras! No entanto, não era por causa da mãe dEle. Era por causa do Pai dEle! A Ele a glória e não a ela!

Aos discípulos, a resposta de Jesus foi ensiná-los a orar; aos fariseus, a resposta de Jesus foi condená-los eternamente por sua blasfêmia; àquela mulher, a resposta de Jesus foi a seguinte advertência: “Antes, bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!” (v. 28). Em qual destes três grupos nós estamos em relação a Jesus Cristo? Queremos aprender a orar, nós O odiamos por causa do Seu poder, ou dispensamos a glória dEle a pessoas indevidas?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0253 - A SABEDORIA LIMITADA DE SALOMÃO

 


Pois quem sabe o que é bom para o homem durante os poucos dias da sua vida de vaidade, os quais gasta como sombra? Quem pode declarar ao homem o que será depois dele debaixo do sol?” (Ec 6.12).


Como um filósofo existencialista da era davídica, Salomão levanta, no livro de Eclesiastes, uma série de questões relacionadas à insignificância da vida humana, independente dos esforços que nós empenhamos: no fim, todos vão para o mesmo lugar, isto é, a sepultura e em nada somos melhores do que os abortos, os homens tolos ou os animais.

Toda essa visão, entretanto, não exclui a responsabilidade do homem enquanto vive (assim como também a filosofia existencialista prega). Mas Salomão vai além do ensino kierkegaardiano. Enquanto os existencialistas assumem uma responsabilidade passageira, mesmo que questionável, findando aqui mesmo, Salomão diz que o homem prestará contas de todas as coisas diante de Deus (11.9; 12.14).

Mas aqui está uma pergunta que este sábio deixou. “Quem pode declarar ao homem o que será depois dele debaixo do sol”? Certo é que “debaixo do sol” ­parece suceder exatamente o mesmo a todos os seres: independente do estilo de vida que ele resolveu ter, seu fim é idêntico ao fim de qualquer outro diferente dele, seja para melhor ou para pior.

Todavia, temos uma informação que Salomão não teve: Jesus Cristo, o Filho de Deus, disse a Nicodemos: “Ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do Homem que está no céu” (Jo 3.13). A informação vem daquele que pode nos dizer o que acontece “acima do sol”, isto é, depois desta morte física. Por isso que Jesus disse que era maior que Salomão (Mt 12.42).

E o que Jesus nos ensina não é que nos reencarnamos; também não nos ensina sobre purgatório, como segunda chance após a morte; tampouco Ele defende a falsa doutrina do sono da alma, que afirma que o indivíduo depois de sua morte física entra num estado de inconsciência até a ressurreição. Não. Ele nos ensina que depois da morte física, o homem entra num estado consciente já de dor e sofrimento, ou de gozo espiritual.

Quem morre com Cristo, entra no estado de gozo no espírito, até que aconteça a ressurreição dos mortos. Jesus disse ao ladrão convertido na cruz: “Hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43). Paulo dizia que preferia morrer e “estar com Cristo” (Fp 1.23). Disse também aos coríntios: “Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor” (2Co 5.8).

Depois da 2ª vinda de Cristo, então os corpos ressurretos serão levantados e preparados para estarem na eternidade, com ou sem Deus. Os que morreram com Cristo ressuscitarão para a vida eterna; os ímpios, porém, para a vergonha e desprezo eterno, “onde o verme não morre e o fogo nunca se apaga” (Mc 9.48).

Salomão não sabia o destino dos homens acima do sol. Mas Cristo sabe e nos avisou. Ricos ou pobres, sábios ou tolos, pequenos ou grandes: vida eterna somente para os que creram em Cristo como seu Senhor e Salvador!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0252 - SÍNDROME DE LÚCIFER EM DAVI, NABUCODONOSOR E NAS IGREJAS

 


Disse, pois, o rei a Joabe, comandante do seu exército: Percorre todas as tribos de Israel, de Dã até Berseba, e levanta o censo do povo, para que eu saiba o seu número” (2Sm 24.2).


Acostumado a vitórias em todas as suas guerras, o rei Davi não se deu conta de que seu coração já passava a confiar agora no número de seus soldados. Ele pede a seu sobrinho Joabe, comandante de seu exército, para que faça o recenseamento de seu povo, a fim de saber o número de seu regimento.

O mesmo rei guerreiro que havia escrito o salmo 20, que diz no v. 7: “Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do SENHOR, nosso Deus”, agora é o mesmo rei que confia no número de seu exército.

O que atacou Davi foi a conhecida síndrome de Lúcifer, que atacou vários homens na história, entre eles, Nabucodonosor, rei da Babilônia, que se gloriava de suas habilidades arquitetônicas, como os jardins suspensos, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Ele dizia: “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade?” (Dn 4.30). Mesmo sendo advertido pelo profeta Daniel, após um ano, este rei foi punido por Deus, sendo humilhado e reduzido a viver com e como animais por sete longos anos.

O general do exército do rei Davi o advertiu também. Ele perguntou ao rei: “Por que tem prazer nisto o rei, meu senhor?” (v. 3). Esse é o problema. A soberba retira a glória de Deus e concentra-se na glória humana. Ela desvia o prazer que antes estava no Senhor e o leva para si mesmo e seus feitos, suas habilidades.

Nada diferente hoje. E não estamos falando de mundanos, pois estes já estão acostumados a glorificar a si mesmos. Estamos falando de crentes, que dizem viver para a glória de Deus. Basta que algumas coisas boas aconteçam e já estamos atribuindo aquilo a nossos esforços, à nossa inteligência ou capacidade. E, assim como Davi, nos impressionamos com números. A igreja cresceu, nosso orgulho nos incha; a igreja não cresceu, ou perdemos alguns membros, ficamos frustrados e queremos copiar outros que cresceram e até deles temos inveja...

Enfim, faltam-nos alguns Joabes ou Daniéis que nos alertem, que nos perguntem: “por que tens prazer nisto”? Será que de fato nosso prazer está em Deus e não nos resultados dos nossos empenhos? Será que manteremos as palavras de Davi, quando era humilde, até o final, de que uns confiam nisto, outros naquilo, mas nós faremos sempre menção do nome e da glória do Senhor?

Melhor que seja assim, antes que as consequências gravíssimas nos sobrevenham. Da síndrome de Lúcifer em Davi, o resultado foi a morte de 70.000 pessoas de Israel (2Sm 24.15); da síndrome de Lúcifer em Nabucodonosor, o resultado foi ele mesmo pastando com os bois e seu aspecto desfigurado (Dn 4.33). E da síndrome de Lúcifer nas igrejas de hoje? Será que já não estamos vendo as consequências?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0251 - TRABALHAR PELA COMIDA QUE PERMANECE

 


Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não pereça. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne” (Jo 6.49-51).


O grande discurso de Jesus sobre o Pão da Vida foi feito no outro dia, após ter Ele multiplicado os pães e satisfeito 5.000 homens, fora mulheres e crianças. A multidão, eufórica, procurava por Jesus, que tinha passado aquela noite orando, de madrugada andado sobre as águas e, quando amanheceu, estava com Seus discípulos do outro lado do mar da Galileia.

Empolgados com o milagre, quando encontraram Jesus lá do outro lado, Jesus lhes censurou porque O procuravam por causa de mais pão. Sua palavra foi: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará” (v. 27).

Essa multidão era realmente incrédula. Quando Jesus disse que eles tinham que crer no enviado do Pai, eles perguntaram a Jesus: “Que sinal fazes para que o vejamos e creiamos em ti?” (v. 30). Essa pergunta parece uma brincadeira de mau gosto! Tinham enchido a barriga ontem por um milagre, e hoje tinham a audácia de perguntar a Jesus que sinal Ele faria para que cressem nEle!

Esse é o problema de quem acha que milagre é parceiro da cobiça. Querem pão, mas querem por milagre e não por trabalho. Eles queriam um Messias que lhes desse pão a qualquer hora, sem que eles se esforçassem para isso. Quando se lhes oferece o Pão da Vida que, esse sim, é de graça, logo murmuram (v. 41).

Como sempre, os olhos do pecador estão voltados para o estômago, para as satisfações passageiras deste mundo. Até hoje não é diferente. Quantos “seguidores” de Jesus atravessam mares e continentes em busca de milagres? Jesus oferece mais que isso, Ele nos apresenta relacionamento, satisfação de alma e não de ventre.

Os homens labutam para comer a fim de não morrer, mas morrem, seja de estômago cheio ou vazio. Jesus nos chama para comer de Sua carne, isto é, participar de Sua natureza, para que tenhamos vida eterna! Em busca de qual desses pães você tem empregado seus recursos e empenhos?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sábado, 16 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0250 - HOMEM NÃO DISCUTE COM DEUS!

 


Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Rm 9.15,16).


Talvez estes sejam os versículos da Bíblia que mais incomodam a maioria dos cristãos. O homem gosta muito de sua suposta liberdade e dela não abre mão; mas quando se trata da liberdade de Deus, as pessoas dizem: “não pode ser”!

Várias cambalhotas têm sido propostas para fazer este capítulo de Romanos significar qualquer outra coisa que não incomode, menos aquilo que ele claramente significa. Paulo está falando da rejeição dos seus compatriotas, os israelitas, em comparação com a salvação dos gentios. Ele desejaria ser amaldiçoado, separado de Cristo, caso isso fosse resolver a salvação dos judeus (v. 3), todavia ele sabe que isso não depende dele.

Os vs. 4,5 soam como se ele estivesse dizendo: “Incrível como todas as promessas e bênçãos vêm dos judeus, inclusive Cristo, mas não significa que por isso eles serão salvos”. Veja se não é isso que ele conclui nos vs. 7,8: “nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa”.

Então, ele usa Esaú e Jacó como exemplo. Diz que nem mesmo eles haviam nascido, para que Deus amasse a um e aborrecesse ao outro (v. 11). Aqui, muitos dizem que se trata da eleição de nações e não da igreja. Mas o versículo é claro que Deus está falando sobre indivíduos e, ainda que eles se tornem nações futuramente, entretanto, desde o ventre a eleição já havia acontecido. É uma ilustração de como Deus faz as coisas desde sempre.

A conclusão deste raciocínio de Paulo é feita em várias partes do capítulo, mas esta em particular, é feita no v. 16: “Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia”. Então, Paulo prossegue para o segundo exemplo, o de Faraó (v. 17), mostrando para que propósito Deus o levantou: para mostrar nele o Seu poder e através da humilhação dele, fazer Seu santo nome conhecido na terra.

A conclusão sobre este segundo raciocínio é feita no v. 18: “Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz”. Paulo sabe que esse ensino gera oposição nos homens. Os homens perguntarão: “Há injustiça da parte de Deus?” (v. 14). Os homens questionarão: “Então por que Deus os culpa por não o ouvirem? Pois quem resiste à sua vontade?” (v. 20 – NBV). Não é exatamente isso que as pessoas perguntam hoje ainda? Como Deus pode culpar aquele a quem Ele endureceu?

Paulo poderia responder, mas ele sabia que todas as respostas iriam gerar cada vez mais perguntas, pois quem quer preservar sua suposta liberdade não aceita ser questionado, mas ironicamente quer questionar a liberdade do Todo-Poderoso! Por isso, ele responde com a seguinte pergunta, para colocar cada um em seu devido lugar: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?” (v. 20). Ou seja, tu és homem; Ele é Deus! Aqui não cabe discussão!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0249 - OURO, PEDRA E SANGUE - BEZERRO, LEI E CRUZ

 


Logo que se aproximou do arraial, viu ele o bezerro e as danças; então, acendendo-se-lhe a ira, arrojou das mãos as tábuas e quebrou-as ao pé do monte” (Êx 32.19).


É bastante conhecida a história do bezerro de ouro, o ídolo que os hebreus levantaram no deserto para celebrar ao Senhor. A rigor, a fabricação do bezerro de ouro e o culto a ele prestado, foi uma quebra do segundo mandamento: “Não farás para ti imagem de escultura” e não do primeiro: “Não terás outros deuses diante de mim”. Arão declarou diante do povo que no outro dia seria festa ao Senhor (v. 5).

Mas, independente de qual regra da lei estivessem quebrando, algumas coisas importantes se destacam neste episódio, um dos mais trágicos da história de Israel no deserto.

Em primeiro lugar, percebemos que a ausência de uma liderança revela o que está no coração das pessoas. Esses israelitas não prestariam culto ao bezerro de ouro se Moisés estivesse presente. Todavia, isso não significa que eles fossem puros. Bastou a ausência de Moisés para que se revelasse o que estava amoitado em seu coração. Assim são muitos crentes apegados a pastores e líderes. Se houver uma ausência destes, prontamente se revela a insegurança espiritual de muitos.

Conseguinte a isso, vemos também que o povo perdeu o senso de quem os dirigia. Eles diziam no v. 1: “Quanto a este Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que lhe terá sucedido”. Deus os havia tirado do Egito. Mas um povo que confia no homem e não em Deus, atribui todas as ações ao homem em quem confia e não a Deus. Ou seja, Moisés era um “bezerro humano” para eles, antes do bezerro de ouro. Este foi apenas um substituto.

Outra lição é que Deus também trata o povo perdido da mesma maneira que foi tratado. Deus, vendo a abominação idólatra do povo, diz a Moisés: “Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu” (v. 7). Se foi Moisés que tirou o povo do Egito, então este povo é teu, Moisés... não se pode denominar povo de Deus, aquele que atribui as bênçãos de Deus aos homens.

Temos outra lição que nos faz olhar para Cristo. Moisés, ao ver aquela situação deplorável, lança de suas mãos as tábuas da lei, escritas pelo dedo de Deus e as quebra ao pé do monte (v. 19). Isto simboliza a quebra da aliança. Mas quando Deus faz uma nova aliança em Cristo, as tábuas são arrojadas ao chão, perdendo toda sua finalidade. Sobre elas jorra o sangue puro e precioso de Jesus Cristo, o símbolo da nova aliança, que é inquebrável!

Sim, esta aliança é inquebrável porque não depende da nossa obediência e sim da de Cristo. E Ele obedeceu em vida, sabendo que iria morrer. Na antiga aliança, a promessa era que todos os que obedecessem, viveriam. Na nova aliança, a promessa para Cristo era que se Ele obedecesse, Ele morreria. E Ele morreu! Ele quis morrer! Ele sabia que sua morte era no lugar daqueles que, mesmo que morressem, jamais poderiam restaurar sua comunhão com o Pai!

Temos uma aliança inviolável com Deus por causa de Jesus! Não de pedra, que representava o nosso coração de pedra, mas de carne, que representava a carne rasgada de Cristo e Seu sangue derramado por nós!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0248 - UMA FÉ CHEIA DE FALHAS

 


Disse Abraão de Sara, sua mulher: Ela é minha irmã; assim, pois, Abimeleque, rei de Gerar, mandou buscá-la” (Gn 20.2).


Como sabemos pela Bíblia da história do patriarca Abraão, por duas vezes ele negou que Sara fosse sua esposa, com medo de perder sua vida diante de uma ameaça imaginária. A primeira foi quando teve de peregrinar no Egito por causa de uma grande fome, logo no início do seu chamado (Gn 12.9-20). A segunda vez foi nesta situação que lemos, quando ele passava pelas terras dos filisteus. A razão era sempre a mesma: Sara era formosa e, se os reis a quisessem como mulher, simplesmente matariam Abraão e então a bela viúva estaria livre para ser uma das muitas mulheres daqueles reis.

Como sabemos, Deus protegeu Abraão e Sara, inclusive os reis disseram que se Abraão tivesse dito a verdade, eles os deixariam em paz. Sendo ou não verdade, o que nos interessa observar hoje aqui, é a fraqueza da fé do nosso pai. A mesma fé que obedeceu de pronto à ordem de Deus para abandonar sua família e ir para um lugar desconhecido que Deus lhe daria, é agora a mesma fé que vacila diante de uma ameaça imaginária. Abraão, que creu em algo muito mais difícil, agora não crê que esse mesmo Deus protegeria sua vida para manter a promessa.

A justificativa de Abraão para o rei, quando este o repreendeu por tal ato, foi jogar a culpa da falta de temor nos homens daquela terra. “Respondeu Abraão: Eu dizia comigo mesmo: Certamente não há temor de Deus neste lugar, e eles me matarão por causa de minha mulher” (v. 11). Irônico isso... não havia temor de Deus naquele lugar, ou não houve temor de Deus em Abraão? Olha o que ele havia combinado com sua mulher: “Quando Deus me fez andar errante da casa de meu pai, eu disse a ela: Este favor me farás: em todo lugar em que entrarmos, dirás a meu respeito: Ele é meu irmão” (v. 13).

Se fôssemos olhar para nosso pai na fé, nossos olhos estariam contemplando a nossa própria falha. Não somos assim também? Quando sentimos que andamos errantes, que as coisas apertam, que a fome e a escassez nos atingem, também não negociamos a fé que antes declarávamos com eficiência?

Ainda bem que nossa fé não está firmada em Abraão. Ele era somente mais um humano como nós. Deus não o escolheu por ser ele melhor que seus irmãos, pois toda sua família era idólatra (Js 24.2). Deus o escolheu por causa de Deus mesmo e não por causa de Abraão. Deus o quis, ainda que ele não O conhecesse. E Abraão mostrou suas falhas ao longo da caminhada, misturadas com sua fé. E assim somos nós. Nossa fé também é misturada com nossas falhas, nossa incredulidade, nosso jeitinho de resolver as coisas sem Deus, sem a verdade... Isso só nos mostra uma coisa: somos salvos pela graça de Deus unicamente para que no fim das contas, nem mesmo da nossa fé venhamos nos gloriar!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0247 - O SENTIDO DA VIDA É A MORTE

 


E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2Co 5.15).


Biblicamente, podemos dizer que o sentido da vida é a morte. Mas não a morte da gente, ou de alguém que amamos e já partiu, nem mesmo a morte de qualquer pessoa que já viveu aqui na terra, exceto um. Sim, o sentido da vida é a morte de Jesus Cristo!

Tendo o pecado entrado no mundo, Deus decretou que seu salário é a morte, nesse caso, a nossa morte. Porém, a morte do pecador não é uma bênção, é uma desgraça. É o afastamento eterno do Criador! Nesse caso, qual o sentido da vida? Viver um período biologicamente e passar a eternidade no inferno?

Alguém sugeriu que Deus poderia ter resolvido esse problema apenas passando por cima do pecado do homem e feito um decreto de que tudo estava perdoado. Entretanto, essa parte satisfaz o amor de Deus, isso tem a ver com Sua misericórdia. Mas, e Sua justiça?

A justiça de Deus só pode ser satisfeita com aquilo que o pecador merece. E Ele já havia decretado que o que o pecador merece é a morte! E como Deus é completo e perfeito, Ele não pode ficar satisfeito apenas em Seu amor. Ele tem que estar satisfeito também em Sua justiça!

Por outro lado, se Deus condenasse a todos, apenas Sua justiça ficaria satisfeita e não o Seu amor para com Suas criaturas. Aqui entra o sentido da nossa vida, a morte de Jesus. Quando Jesus morre e recebe a punição da justiça do Pai, não é porque Ele devesse alguma coisa. Ele entregou Sua vida voluntariamente. Ele morre a nossa morte, Ele nos substitui, recebendo de Deus o que nós iríamos receber.

Assim, a justiça de Deus é satisfeita na morte voluntária de Cristo e o amor de Deus é satisfeito na nossa salvação. Por causa da morte de Cristo nós vivemos. Este é o sentido da vida. Só pode haver vida e vida eterna, mediante a morte do Filho de Deus. Caso contrário, o que nos esperaria seria a morte eterna por causa de nossos pecados.

Se o sentido da nossa vida é a morte de Cristo, segue-se que temos de viver como mortos para este mundo, pois quem matou Jesus foi este mundo e, se vivermos para o mundo, temos culpa no assassinato de Cristo. Mas se vivermos como mortos para o mundo, quer dizer que é como se o mundo tivesse nos matado junto com Jesus. Por isso, viver para Cristo e para o mundo, são duas coisas mutuamente excludentes. Nunca encontraremos o sentido da vida vivendo para o mundo.

Lembre-se: não há sentido na vida, a não ser na morte de Cristo. Fora dela, tudo é perdição eterna. No fim das contas, o sentido da vida é também a nossa morte, mas a nossa morte para este mundo, como disse o apóstolo: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6.14).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0246 - MILAGRES E EVANGELHO

 


E eis que um leproso, tendo-se aproximado, adorou-o, dizendo: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra. Disse-lhe, então, Jesus: Olha, não o digas a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e fazer a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho ao povo” (Mt 8.2-4).


Os milagres de Jesus relatados no NT são mais que impressionantes e marcam de um modo singular o Seu ministério terreno. Os Evangelhos narram nada menos do que 35 milagres do Senhor Jesus, enquanto esteve em missão aqui. Claro que fez muito mais, como disse João no final do seu Evangelho.

O caso da cura do leproso envolvia muitas burocracias da lei judaica. De acordo com a lei, o leproso deveria viver fora do arraial e, se precisasse entrar, ou se encontrasse alguém, ainda de longe ele deveria gritar: “Imundo! Imundo!”, para que ninguém se aproximasse dele (Lv 13.45). Qualquer que o tocasse seria considerado imundo cerimonialmente pela lei.

No entanto, o texto diz que Jesus o tocou e, ao invés de Jesus ficar contaminado, foi o leproso que ficou limpo! Isso era inédito em Israel. Mesmo o caso de Naamã, ainda que curado também de lepra no AT, mas o profeta Eliseu não havia tocado nele, nem sequer o havia recebido à porta de sua casa.

Mas Jesus dá uma ordem no mínimo estranha para aquele leproso. Ele manda que o leproso, agora curado, não diga nada a ninguém, mas que fosse ao sacerdote mostrar seu novo estado e oferecer o sacrifício que a lei de Moisés exigia para que voltasse ao convívio de sua aldeia.

Qual a razão de frequentemente Jesus ordenar que as pessoas não falassem aos outros sobre os milagres que haviam recebido? Até mesmo a Seus discípulos Jesus mandou que não contassem a ninguém sobre Sua transfiguração até que Ele ressuscitasse dos mortos (Mt 17.9).

A razão é que as pessoas confundem facilmente a mensagem do evangelho. Se Jesus permitisse que eles falassem sobre milagres, jamais elas iriam aceitar a mensagem do evangelho, pois o evangelho não é somente sobre milagres, curas e prodígios. O evangelho é sobre a proclamação do arrependimento de pecados e a fé em Cristo. Os milagres o acompanham. Se houver confusão sobre isso, é claro que as pessoas seguirão a Cristo, mas não arrependidas de seus pecados e sim interessadas nos milagres!

Até hoje essa confusão permanece. Muitas igrejas jamais oferecem em seus púlpitos sequer uma simples mensagem do evangelho, mas prometem curas, milagres, prosperidade, manifestações sobrenaturais e outras coisas que não são o evangelho! Mas ali jamais se ouve falar do arrependimento de pecados e da confiança irrestrita em Cristo! Era isso que Jesus queria evitar.

Mas depois de Sua ressurreição, Ele ordenou que se pregasse o evangelho a todas as nações do mundo! Porque agora sim, os discípulos tinham a visão completa. Eles viram a cruz e seu escândalo; eles viram que o evangelho não são apenas os sinais que os judeus buscavam nem bela retórica que os gregos exaltavam. O evangelho não era nada senão “Cristo, e este, crucificado”! Este é o evangelho de que a igreja foi responsabilizada de anunciar! É claro que o evangelho é o poder de Deus, mas não sem a proclamação ordenada pelo Senhor. Os sinais apontam para a realidade maior do próprio evangelho, que é a salvação completa do indivíduo.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0245 - CONVERSÃO É FRUTO DE ARREPENDIMENTO, MAS DE ONDE ISSO VEM?

 


Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte” (2Co 7.10).


Nossas decisões são guiadas por nossos conceitos. Tomar decisões em cima de conceitos não formados é um salto no escuro, é um jogo de azar. Quando tomamos decisões erradas, é porque nossos conceitos já são errados.

A questão é que muitos de nós não temos a humildade de reconhecer que nossos conceitos são errados. Não admitimos o suficiente nossa limitação no entendimento das coisas para mudarmos de conceito e, consequentemente, de postura. Esse é o fator que nos conduz à destruição. Quando queremos manter nosso erro, não mudamos nosso conceito e finalmente, jamais mudaremos nossas decisões.

No entanto, o NT nos fala de duas coisas importantes a esse respeito: o arrependimento e a conversão. Primeiramente, o arrependimento é a mudança de conceito; depois, a conversão é a mudança de decisão. Para agir corretamente é preciso ter um conceito correto. Então se meu conceito é errado, preciso antes corrigi-lo (isto é, arrepender-me), para então minha decisão ser correta (isto é, converter-me).

Esta é a razão mais clara que prova que há muitas pessoas não convertidas dentro das igrejas. Porque elas não se arrependeram. Ou dizendo desse outro modo: há muitas pessoas tomando decisões erradas porque jamais mudaram de conceito. O mesmo conceito sobre certo assunto que elas tinham no mundo, continuam tendo agora que estão na igreja. Mudaram de lugar, mas não de mente.

Ao contrário do que muita gente pensa, o arrependimento não vem mediante o confronto das ideias. Pode-se confrontar a ideia errada de uma pessoa e ela, por ser orgulhosa, jamais irá admitir que seu conceito está errado. Portanto, o que mais pode produzir arrependimento é humildade e não conhecimento ou confronto.

Por isso que a primeira característica das bem-aventuranças é o “humilde de espírito” (Mt 5.3). Ninguém que não tiver o espírito de humildade poderá se permitir, num confronto de ideias, abandonar seus conceitos, admitindo-os como errados.

Se retornarmos pergunta por pergunta, seria mais ou menos assim: como alguém pode mudar de decisão? Resposta: quando ela mudar de conceito. Próxima pergunta: como alguém pode mudar de conceito? Resposta: quando ela admitir que seu conceito está errado. Mas como isso pode acontecer? Resposta: se ela for humilde. Ou em termos teológicos: como alguém pode se converter? Se ele se arrepender. Como alguém pode se arrepender? Se for humilde de espírito. Mas como isso acontece?

Aqui chegamos a um ponto que não depende mais do homem. Ninguém pode se reconhecer falido e carente se não for pelo convencimento do Espírito de Deus. A humildade é uma qualidade da nova natureza que é criada por Deus. O homem não pode produzir isso por si mesmo. Ou como disse Jesus a Nicodemos: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (Jo 3.8).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 10 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0244 - EVIDÊNCIAS DA SALVAÇÃO DE ZAQUEU



Então, Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19.9,10).


A história de Jesus com Zaqueu é interessante, porque nos mostra algumas evidências da salvação daquele homem. Zaqueu era um homem rico, chefe dos judeus que cobravam impostos para o império romano, isto é, um publicano. Morava em Jericó. Obviamente, odiado pelos seus compatriotas, pois se cobrava impostos dos seus irmãos para entregar aos opressores, não era menos que um traidor.

Quando ficou sabendo que Jesus estava passando em sua cidade, decidiu vê-lo, mas, como era de pequena estatura, sua expectativa poderia ser frustrada, porque Jesus andava acompanhado de uma grande multidão, que Lhe seguia por onde quer que fosse, devido a Seus milagres. Embora Jesus estivesse rumando para Jerusalém a fim de ser morto e a multidão não sabia disso.

Ao subir numa árvore para ver Jesus, começam as evidências de sua salvação. Seu esforço por encontrar a Jesus é inválido para Deus, assim como o é o esforço de qualquer homem nessa tentativa. É Jesus que para debaixo daquela árvore, chama-o pelo nome e manda que ele desça dali. Mais uma evidência. Os salvos são aqueles que Jesus chama pelo nome e não aqueles que se oferecem. Jesus diz que convinha ficar em sua casa. Por que isso era necessário? Porque Deus haveria de efetuar grande salvação ali naquele dia!

A fala de Zaqueu diante da presença de Jesus no v. 8 (não sabemos se Cristo falou com ele nesse ínterim, ou se apenas o poder de Sua presença convenceu aquele homem rico) revela que houve uma conversão verdadeira em sua vida. Ele não ficou como muitos, apegado a suas riquezas, ou à sua velha vida. Aquilo já não tinha a menor importância para ele. Ao contrário do jovem rico do cap. anterior, Zaqueu estava disposto a entregar seus bens aos pobres e restituir aos que ele havia defraudado com suas cobranças exorbitantes.

Jesus testifica a salvação na vida de Zaqueu (v. 9). Chama-o de “filho de Abraão”. Claro que Jesus não está falando de nacionalidade, pois isso era evidente, uma vez que Zaqueu era judeu. Mas Cristo fala dos filhos da fé. Paulo explica mais sobre isso em Gl 3.7 e Rm 9.7. Os verdadeiros filhos de Abraão são os que creem em Jesus Cristo, o Descendente de Abraão!

Jesus, então, finaliza com as seguintes palavras: “O Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (v. 10). Eis aí as palavras que determinam a salvação de alguém. Zaqueu já era de Deus. Apenas estava perdido, como Jesus havia contado na parábola da dracma perdida (Lc 15). Como aquela mulher da parábola, Jesus apenas varreu e encontrou a moeda perdida, mas já pertencia a Ele!

Para nós ainda prevalece o mesmo. Devemos descer dos nossos pedestais e lugares de orgulho, ouvir Cristo nos chamando pelo nome através do evangelho, recebê-lo humildemente em nosso coração, nos desfazer completamente da nossa velha vida, para que, de fato, sejamos tidos como verdadeiros filhos de Abraão, perdidos que foram encontrados, casas sobre as quais veio a salvação!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson


quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0243 - ESPERAR ESPERANDO, SINAL DA VERDADEIRA FÉ

 


Esperei confiantemente pelo SENHOR; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro” (Sl 40.1).


Davi não fala em qual ocasião que ele escreveu este salmo e o que estava lhe afligindo. John Gill nos informa que, segundo alguns rabinos, como David Kimchi, rabino filósofo do séc. XII e XIII, a ocasião ou situação na qual Davi escreveu este salmo, combina com os dois salmos anteriores, quando o rei fala de uma doença que lhe afligiu por causa de seu pecado (38.3-5).

Mas o importante é a lição de confiança que este salmo nos traz. Independente da situação que afligia o rei de Israel, ele começa este salmo fazendo uma repetição da palavra, algo comum no hebraico: “Esperando, esperei pelo Senhor”. Como Deus também havia dito a Adão: “No dia em que dela comeres, morrendo morrerás”. Nossa Bíblia foi traduzida por “certamente morrerás”. Assim, neste salmo poderia ser “certamente esperei pelo Senhor”, ou “confiadamente”, ou “com certeza”, ou “continuamente esperei pelo Senhor”.

A ideia é de que a espera foi progressiva e contínua. Acredito que seja uma das virtudes mais perdidas e banidas do nosso século, a paciência. Não conseguimos esperar absolutamente nada, ainda que poucos minutos. Gostamos das coisas prontas e seus resultados na mão. Entretanto, o nosso Deus é um Deus de processos. Todo objetivo que Ele tem conosco não nos é dado de uma noite para o dia. É-nos exigido passar pacientemente pelo processo divino até que estejamos à altura daquilo que Ele nos propõe.

Calvino chama a atenção para o fato de que a fé deste rei continuava firme, porque não deixou de confiar em Deus, embora a longa permanência da calamidade havia deixado sua paciência à mercê da exaustão. Ele diz que pela repetição do verbo, Davi revela que fora deixado por longo tempo em angustiante expectativa. A lição que ele tira dessa experiência do rei é que a fé só é realmente provada mediante uma longa espera, pois se Deus lhe atende rapidamente, a fé não pode ser considerada realmente eficaz.

Mas, ainda que Davi tenha passado por um longo tempo de espera, talvez enfrentando o silêncio proposital de Deus, ainda assim, sua esperança não desvaneceu. Por fim, o que lhe acontece? O Senhor Se inclina para ele e ouve o seu grito por socorro. Eis aí o que deve manter firme a nossa espera. Sabemos que, finalmente, o Senhor nos ouvirá.

Se é o que você está passando em sua angústia, ou seja, o silêncio do céu, saiba que Deus não está lhe enganando. Apenas Ele está mostrando para você mesmo o resultado da sua fé. Se ela se perde no meio do caminho, então não era fé, não era exatamente confiança, porque a confiança não se perde. Uma vez que sua confiança é provada diante de Deus na qualidade de uma longa espera, então, agora você também está pronto para receber o socorro de Deus.

Quem sabe se a resposta fosse tão rápida quanto você queria, talvez você também não glorificasse a Deus com a intensidade que Ele merece? Se tudo de fato é para a glória dEle e você concorda com isso, então quanto mais sua fé é provada, tanto mais Ele será glorificado no dia da resposta!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0242 - A CARNE É COMO A ERVA

 


Uma voz diz: Clama; e alguém pergunta: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e caem as flores, soprando nelas o hálito do SENHOR. Na verdade, o povo é erva; seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente” (Is 40.6-8).


No tempo do profeta Isaías, Deus lhe mostrou tanto o cativeiro quanto o retorno de Jerusalém das terras da Babilônia. E, para dar certeza ao povo de que a palavra de Deus se cumpriria, o profeta recebe novamente um convite bem parecido com aquele que lhe foi dado no início de seu ministério no cap. 6. Ali a voz perguntava: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” e Isaías respondeu: “Eis-me aqui; envia-me a mim”. Agora a voz diz: “Clama”! E Isaías pergunta: “que hei de clamar”?

Quando Isaías recebeu a mensagem que devia proclamar lá no cap. 6, Deus disse que as pessoas não iriam ouvi-lo (vs. 9,10). E o profeta perguntou: “Até quando, Senhor”? E Deus respondeu: “Até que a terra seja assolada” (v. 11). Mas aqui no cap. 40, ele recebe uma palavra para consolar o povo (v. 1), uma palavra que fala ao coração de Jerusalém, que seu pecado já havia sido perdoado (v. 2) e que a glória do Senhor seria manifesta a toda carne (v. 3).

Seja uma palavra de juízo, ou uma palavra de consolo, uma coisa era certa: a palavra de Deus permanece para sempre, enquanto toda carne é como a erva do campo! Tudo e todos passaram e passarão, mas a palavra de Deus permanece eternamente!

O apóstolo Pedro usa essa profecia de Isaías para se referir à Palavra da pregação do evangelho que converte o ouvinte. Ele diz que fomos “regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente” (1Pe 1.23).

Pedro fala aqui de uma regeneração, isto é, de uma nova vida, uma obra inédita de Deus, que nada tem a ver com nossa natureza adâmica. Muitos pregadores anunciam uma palavra que acaricia a natureza pecaminosa do homem para que suas igrejas se inchem. E ainda chamam isso de conversão. Nada mais enganoso! Só há novo nascimento e conversão através da semente incorruptível da palavra de Deus e não dos afagos da palavra humana.

A carne continua como erva, tanto na época de Isaías, como na de Pedro e não é diferente em época nenhuma! Seca-se a erva e cai a sua flor, diz Pedro. De fato, assim é a natureza humana. Ela vem e se vai, mas o que deve permanecer imutável é a Palavra de Deus!

Nunca negocie a palavra de Deus para agradar a carne humana. Ela se murcha e passa. “A palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada” (1Pe 1.24).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson