“Disse Abraão de
Sara, sua mulher: Ela é minha irmã; assim, pois, Abimeleque, rei de Gerar,
mandou buscá-la” (Gn 20.2).
Como sabemos pela Bíblia da história do patriarca Abraão, por duas vezes ele negou que Sara fosse sua esposa, com medo de perder sua vida diante de uma ameaça imaginária. A primeira foi quando teve de peregrinar no Egito por causa de uma grande fome, logo no início do seu chamado (Gn 12.9-20). A segunda vez foi nesta situação que lemos, quando ele passava pelas terras dos filisteus. A razão era sempre a mesma: Sara era formosa e, se os reis a quisessem como mulher, simplesmente matariam Abraão e então a bela viúva estaria livre para ser uma das muitas mulheres daqueles reis.
Como sabemos, Deus protegeu Abraão e Sara, inclusive os reis disseram que se Abraão tivesse dito a verdade, eles os deixariam em paz. Sendo ou não verdade, o que nos interessa observar hoje aqui, é a fraqueza da fé do nosso pai. A mesma fé que obedeceu de pronto à ordem de Deus para abandonar sua família e ir para um lugar desconhecido que Deus lhe daria, é agora a mesma fé que vacila diante de uma ameaça imaginária. Abraão, que creu em algo muito mais difícil, agora não crê que esse mesmo Deus protegeria sua vida para manter a promessa.
A justificativa de Abraão para o rei, quando este o repreendeu por tal ato, foi jogar a culpa da falta de temor nos homens daquela terra. “Respondeu Abraão: Eu dizia comigo mesmo: Certamente não há temor de Deus neste lugar, e eles me matarão por causa de minha mulher” (v. 11). Irônico isso... não havia temor de Deus naquele lugar, ou não houve temor de Deus em Abraão? Olha o que ele havia combinado com sua mulher: “Quando Deus me fez andar errante da casa de meu pai, eu disse a ela: Este favor me farás: em todo lugar em que entrarmos, dirás a meu respeito: Ele é meu irmão” (v. 13).
Se fôssemos olhar para nosso pai na fé, nossos olhos estariam contemplando a nossa própria falha. Não somos assim também? Quando sentimos que andamos errantes, que as coisas apertam, que a fome e a escassez nos atingem, também não negociamos a fé que antes declarávamos com eficiência?
Ainda bem que nossa fé não está firmada em Abraão. Ele era
somente mais um humano como nós. Deus não o escolheu por ser ele melhor que
seus irmãos, pois toda sua família era idólatra (Js 24.2). Deus o escolheu por
causa de Deus mesmo e não por causa de Abraão. Deus o quis, ainda que ele não O
conhecesse. E Abraão mostrou suas falhas ao longo da caminhada, misturadas com
sua fé. E assim somos nós. Nossa fé também é misturada com nossas falhas, nossa
incredulidade, nosso jeitinho de resolver as coisas sem Deus, sem a verdade...
Isso só nos mostra uma coisa: somos salvos pela graça de Deus unicamente para
que no fim das contas, nem mesmo da nossa fé venhamos nos gloriar!
Día tes písteos.
Pr. Cleilson
Amém.
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