“E eis que um
leproso, tendo-se aproximado, adorou-o, dizendo: Senhor, se quiseres, podes
purificar-me. E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo!
E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra. Disse-lhe, então, Jesus: Olha,
não o digas a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e fazer a oferta que
Moisés ordenou, para servir de testemunho ao povo” (Mt 8.2-4).
Os milagres de Jesus relatados no NT são mais que impressionantes e marcam de um modo singular o Seu ministério terreno. Os Evangelhos narram nada menos do que 35 milagres do Senhor Jesus, enquanto esteve em missão aqui. Claro que fez muito mais, como disse João no final do seu Evangelho.
O caso da cura do leproso envolvia muitas burocracias da lei judaica. De acordo com a lei, o leproso deveria viver fora do arraial e, se precisasse entrar, ou se encontrasse alguém, ainda de longe ele deveria gritar: “Imundo! Imundo!”, para que ninguém se aproximasse dele (Lv 13.45). Qualquer que o tocasse seria considerado imundo cerimonialmente pela lei.
No entanto, o texto diz que Jesus o tocou e, ao invés de Jesus ficar contaminado, foi o leproso que ficou limpo! Isso era inédito em Israel. Mesmo o caso de Naamã, ainda que curado também de lepra no AT, mas o profeta Eliseu não havia tocado nele, nem sequer o havia recebido à porta de sua casa.
Mas Jesus dá uma ordem no mínimo estranha para aquele leproso. Ele manda que o leproso, agora curado, não diga nada a ninguém, mas que fosse ao sacerdote mostrar seu novo estado e oferecer o sacrifício que a lei de Moisés exigia para que voltasse ao convívio de sua aldeia.
Qual a razão de frequentemente Jesus ordenar que as pessoas não falassem aos outros sobre os milagres que haviam recebido? Até mesmo a Seus discípulos Jesus mandou que não contassem a ninguém sobre Sua transfiguração até que Ele ressuscitasse dos mortos (Mt 17.9).
A razão é que as pessoas confundem facilmente a mensagem do evangelho. Se Jesus permitisse que eles falassem sobre milagres, jamais elas iriam aceitar a mensagem do evangelho, pois o evangelho não é somente sobre milagres, curas e prodígios. O evangelho é sobre a proclamação do arrependimento de pecados e a fé em Cristo. Os milagres o acompanham. Se houver confusão sobre isso, é claro que as pessoas seguirão a Cristo, mas não arrependidas de seus pecados e sim interessadas nos milagres!
Até hoje essa confusão permanece. Muitas igrejas jamais oferecem em seus púlpitos sequer uma simples mensagem do evangelho, mas prometem curas, milagres, prosperidade, manifestações sobrenaturais e outras coisas que não são o evangelho! Mas ali jamais se ouve falar do arrependimento de pecados e da confiança irrestrita em Cristo! Era isso que Jesus queria evitar.
Mas depois de Sua ressurreição, Ele ordenou que se pregasse
o evangelho a todas as nações do mundo! Porque agora sim, os discípulos tinham
a visão completa. Eles viram a cruz e seu escândalo; eles viram que o evangelho
não são apenas os sinais que os judeus buscavam nem bela retórica que os gregos
exaltavam. O evangelho não era nada senão “Cristo, e este, crucificado”! Este é
o evangelho de que a igreja foi responsabilizada de anunciar! É claro que o evangelho
é o poder de Deus, mas não sem a proclamação ordenada pelo Senhor. Os sinais
apontam para a realidade maior do próprio evangelho, que é a salvação completa
do indivíduo.
Amém.
ResponderExcluir