Que farei, pois?
Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito,
mas também cantarei com a mente (1Co 14.15).
O capítulo 14 de 1Coríntios é reservado pelo apóstolo Paulo com ênfase em dois dons, a saber, o dom de línguas (com ou sem sua interpretação) e o dom de profecia. Como o objetivo dele é fazer a igreja entender a prioridade da edificação mútua, ele escolhe estes dois dons para exemplificar o seu ensino.
O contraste que Paulo faz entre o dom de línguas e o de profecia não é apenas sobre sua inteligibilidade, mas, sobretudo, acerca da abrangência da edificação. O dom de línguas edifica somente a pessoa que fala (quando não há interpretação), mas o dom de profecia é mais proveitoso por edificar a igreja toda, ao invés de um indivíduo apenas.
As características do dom de línguas, portanto, são as seguintes: o indivíduo que fala em línguas fala a Deus e não a homens (v. 2). Aqui já começa a se descartar a possibilidade de se tratar de idiomas humanos, pois, havendo alguém que falasse outro idioma presente na igreja, o irmão que falasse em línguas seria usado pelo Espírito para falar àquele estrangeiro, logo, estaria falando a homens. Mas Paulo diz que ele fala a Deus e não a homens.
Segundo, quem fala em línguas edifica-se a si mesmo. Embora não seja o ideal de Paulo para uma igreja local, visto que o propósito maior é a edificação do outro, o dom de línguas perde sua magnitude diante de outro dom que edifica o conjunto, mas isso não quer dizer que ele seja dispensável; o indivíduo pode falar consigo mesmo e com Deus, sem perturbar a ordem do culto (v. 28). Aliás, mesmo enfatizando isso, Paulo ordena que não proibamos o falar em línguas (v. 39).
Terceiro, o dom de línguas deve ser utilizado até que se saiba se alguém interpretará ou não (v. 5). Se houver intérprete, a igreja será edificada (lembrando que a interpretação também é por dom do Espírito e não por algum curso de idiomas), mas só se saberá se vai haver um intérprete, se alguém estiver falando em línguas.
Em quarto lugar, quem tem o dom de línguas deve orar para que haja intérprete de suas línguas na igreja (v. 13). Ele nunca deve pensar apenas em si mesmo, deve pensar antes, na edificação de toda igreja (v. 12). Se ele pensa conforme Paulo ensina, então ele perceberá que seu dom é menos útil para o corpo e aceitará humildemente ficar em silêncio quando outro dom mais conjuntamente edificante estiver sendo executado.
Quinto, quem recebeu o dom de línguas deve usar isso ocasionalmente. Paulo diz que ele pode orar com o espírito (isto é, em línguas, sem entender nada – vs. 14,15), mas deve orar também com o entendimento. Pode cantar em espírito, ou em línguas, mas deve priorizar o cântico racional! Apesar de o dom de línguas bendizer a Deus e dar-Lhe graças (vs. 16,17), entretanto, o indouto não pode dar o “amém”, pois nada entendeu sobre aquela oração ou cântico.
Paulo convida os irmãos que falam em línguas a serem maduros
no entendimento (v. 20). Na malícia sim, devem ser meninos, mas não no
raciocínio. Assim, os que falam em línguas, sendo maduros na fé, entenderão o
quão raramente devem usar este dom na igreja, justamente por saberem que não
edificarão a toda igreja!
Día tes písteos.
Pr. Cleilson
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