Teolatria

No Teolatria você encontra diversos estudos bíblicos em slides (power point) para baixar, além de muitas pregações, sermões expositivos, textuais, temáticos em mp3, dos pregadores da IMVC - Vilhena/RO: Pr. Cleilson, Pb. João, Pb. Alex, Pb. Wesllen Ferreira, irmã Clair Ivete e pregadores convidados.

sexta-feira, 29 de março de 2024

A SUPREMACIA DO AMOR SOBRE OS DONS

 


Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor (1Co 13.13).


O fruto do Espírito é o amor. Esta é a qualidade que nos assemelha ao Filho de Deus. Jesus disse em Jo 15.8,9: “Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos. Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor”. O fruto que o discípulo deve dar para glorificar o Pai é o amor com o qual o Pai amou ao Filho e Este nos amou.

O amor não é o dom maior. Ele é o fruto que rege os dons. Ele é maior que as línguas, sejam dos homens (idiomas), ou de anjos (mistérios) – v. 1. O amor é maior que profecia que revela mistérios do coração do homem, maior que todo conhecimento, maior que o dom da fé miraculosa que transporta montes (v. 2). O amor é maior que a abnegação financeira (que muitos confundem com o próprio amor, porque alguém deu seus bens aos pobres – Paulo diz que não é a mesma coisa), é maior também do que o dom do martírio (v. 3).

Do v. 4 ao 7, o apóstolo revela algumas qualidades do amor. Não devemos confundir este amor com o sentimento que temos para com nossos filhos, amigos, cônjuges ou parentes. Paulo não está falando do eros ou do filos. Ele faz menção do agapē. É o nível do amor que transcende o sentimento ou a emoção empática ou ainda a afeição amistosa. O amor eros é ciumento; o filos se ensoberbece. Mas não o agapē. Porque ele é o amor que doa, ele tem a ver com o outro e não comigo. O “eu” não é um pronome associado ao agapē.

Os dons são temporais; eles cessarão. Sejam profecias, línguas, conhecimento (v. 8). Quando o que é perfeito vier, os dons se mostrarão obsoletos, pois mesmo que com os dons agora, ainda o que conhecemos é em parte. Mas diante da epifania da revelação do nosso Senhor em Sua 2ª vinda, tudo se dissipará e essas coisas que são em parte não serão mais necessárias (v. 10).

A fé permanece porque cremos no que Cristo nos concedeu. A esperança permanece porque cremos no que Ele nos concederá. Mas quando Ele vier, não mais precisaremos da fé, porque Ele, o Objeto da nossa fé, já estará conosco e nós com Ele; não precisaremos mais da esperança, porque então ela já terá se cumprido. Mas o amor é maior que a fé e a esperança. Mesmo tendo o Objeto de nossa fé conosco e mesmo com a esperança já cumprida, o amor, que é o fruto do Espírito, a característica de Cristo, este permanecerá eternamente em todos os remidos!

Os dons, o Espírito nos dá como Lhe apraz (1Co 12.11). Mas o amor, apesar de que dEle também o tenhamos recebido, cabe a nós reunir toda nossa diligência e acrescentar à nossa fé “a virtude, e à virtude o conhecimento, e ao conhecimento o autocontrole, e ao autocontrole a resistência, e à resistência a piedade, e à piedade a fraternidade, e à fraternidade o amor” (2Pe 1.5-7)!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 27 de março de 2024

SÉRIE - OS DONS ESPIRITUAIS (PARTE 10 - FINAL)

 


Segui o amor e procurai, com zelo, os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis (1Co 14.1).


Quanto ao dom de profecia, comparado ao dom de línguas, o apóstolo o considera superior. Essa escala feita por Paulo em termos de superioridade é por causa do bem comum, ou seja, sempre será preferível um dom que edifique a todos, ao invés de outro dom cuja edificação seja quase sempre para o indivíduo (v. 4).

Este versículo mostra o que realmente devemos buscar: o amor, que é o fruto do Espírito, sobre o qual o apóstolo Paulo falou inigualavelmente no cap. 13! O amor é que deve ser “perseguido”. Os dons devem ser zelados, isto é, cuidados. Mas o objetivo é para que profetizem.

Paulo também diz que a profecia é um sinal para os crentes (v. 22). Quando há profetas na igreja, ao entrar ali indoutos ou incrédulos, seus segredos são revelados e eles testemunharão que Deus está, de fato, no meio da igreja (v. 25)!

Pelos vs. 29,30 vemos que este dom de profecia carismática não é o mesmo que a pregação da Palavra. Paulo diz que apenas dois ou três profetas devem falar e os demais julguem. Mas se vier revelação a outro, o que está profetizando deve calar-se. Obviamente a pregação não é revelação nem tampouco um pregador vai parar sua pregação porque outro julga ter recebido uma revelação na Palavra...

Fica claro, portanto, que Paulo está falando de uma revelação (não inspirativa ou canônica), totalmente carismática, vinda de um dom do Espírito para alguém a quem o Espírito quis conceder, e quando tal pessoa verbaliza essa revelação carismática, isso que é a profecia como dom.

Assim, não se trata de profecia inspirativa (pois esta se encerrou no cânon do apóstolo João), nem da pregação da Palavra, que é exposição da Escritura. O ensino dos apóstolos e a pregação da Palavra sempre serão maiores que os demais dons carismáticos. A profecia carismática refere-se a segredos do coração, respostas a situações particulares dos crentes de modo sobrenatural, dado por revelação do Espírito. Por isso jamais pode substituir a Palavra de Deus. No entanto, não deve ser desprezada; mas antes de ser recebida, deve ser avaliada com todo critério de discernimento.

Outra coisa que Paulo diz sobre esses dons é que eles são controláveis. Não há essa coisa de que o Espírito de Deus usou alguém de tal forma que ele não ficou sabendo o que acontecia! Esse êxtase não faz parte dos dons carismáticos. No v. 32 Paulo diz: “E os espíritos dos profetas aos profetas estão subordinados” (trad. lit.).

Sendo assim, a igreja pode desfrutar de muitos dons espirituais ainda hoje, sem exageros, mas também sem desprezá-los, colocando todos os dons carismáticos sob o critério da Palavra de Deus, que nos ensina todas as coisas, inclusive como usar os dons que recebemos do Espírito de Deus! Que o Senhor conduza os instrutores de Sua igreja com equilíbrio nesse assunto (e em outros tão necessários em nossos dias)!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 26 de março de 2024

SÉRIE - OS DONS ESPIRITUAIS (PARTE 09)

 


De sorte que as línguas constituem um sinal não para os crentes, mas para os incrédulos; mas a profecia não é para os incrédulos, e sim para os que creem (1Co 14.22).


Devemos entender este versículo à luz de seu contexto imediato. Geralmente se entende deste versículo que a palavra “sinal” é coisa boa. Mas vejamos algumas razões por que não pode significar coisa boa para incrédulo.

Primeiro, porque no v. anterior, Paulo cita Isaías: “Na lei está escrito: Falarei a este povo por homens de outras línguas e por lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor” (v. 21; cf. Is 28.11). Se tomarmos o próprio contexto de Isaías, veremos que o profeta está falando do cativeiro para o qual Deus levaria Seu povo, ou seja, Deus ensinaria os judeus por meio de uma nação de língua diferente. Tanto que Israel, até os tempos de Cristo, ainda falava a língua dos caldeus, o aramaico!

Segundo, porque no v. posterior, Paulo diz: “Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão, porventura, que estais loucos”? (v. 23). Se o sinal que Paulo falou no v. 22 fosse coisa boa para os incrédulos, obviamente eles não diriam que os crentes estavam loucos ao vê-los falando em outras línguas!

O que Paulo quer dizer com “sinal” aqui é que assim como as línguas dos estrangeiros na história de Israel serviram de sinal de castigo de Deus, assim também hoje, as línguas estranhas servem de sinal de juízo de Deus para os incrédulos. Por quê? Pois assim como Paulo diz no v. 21 “nem assim me ouvirão”, assim também os incrédulos hoje não ouvem a Deus nem em sua própria língua, quanto mais em língua estranha! Por isso eles rejeitam mais este sinal, dizendo que os crentes estão loucos! Sendo assim, as línguas são um sinal de julgamento para os incrédulos.

Os vs. 27,28 são a maneira pela qual o dom de línguas deve ser usado na igreja. Em primeiro lugar, que sejam poucos os que falam. Em segundo lugar, que eles falem um após o outro e não misturadamente. Em terceiro lugar, que eles observem se há alguém que interpreta enquanto estiverem falando. Se houver intérprete, ele pode continuar falando em línguas, enquanto o que tem o dom da interpretação traduz para a igreja. Se não houver, ou ele se cala, ou fale de modo silencioso, entre ele e Deus.

A rejeição que o dom de línguas sofre por parte dos irmãos tradicionais ou históricos se deve, em parte, ao fato de que os pentecostais ou carismáticos não observam essa recomendação de Paulo na hora de usar este dom. Em quase toda igreja pentecostal, o dom de línguas se manifesta em tal desordem, que leva os crentes maduros a entenderem que aquilo não provém de Deus.

No entanto, a ordem de Paulo não é para que se extinga esse dom, ou que se proíba o seu uso. Antes, ele diz: “Portanto, meus irmãos, procurai com zelo o dom de profetizar e não proibais o falar em outras línguas. Tudo, porém, seja feito com decência e ordem” (vs. 39,40).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 25 de março de 2024

SÉRIE - OS DONS ESPIRITUAIS (PARTE 08)

 


Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente (1Co 14.15).


O capítulo 14 de 1Coríntios é reservado pelo apóstolo Paulo com ênfase em dois dons, a saber, o dom de línguas (com ou sem sua interpretação) e o dom de profecia. Como o objetivo dele é fazer a igreja entender a prioridade da edificação mútua, ele escolhe estes dois dons para exemplificar o seu ensino.

O contraste que Paulo faz entre o dom de línguas e o de profecia não é apenas sobre sua inteligibilidade, mas, sobretudo, acerca da abrangência da edificação. O dom de línguas edifica somente a pessoa que fala (quando não há interpretação), mas o dom de profecia é mais proveitoso por edificar a igreja toda, ao invés de um indivíduo apenas.

As características do dom de línguas, portanto, são as seguintes: o indivíduo que fala em línguas fala a Deus e não a homens (v. 2). Aqui já começa a se descartar a possibilidade de se tratar de idiomas humanos, pois, havendo alguém que falasse outro idioma presente na igreja, o irmão que falasse em línguas seria usado pelo Espírito para falar àquele estrangeiro, logo, estaria falando a homens. Mas Paulo diz que ele fala a Deus e não a homens.

Segundo, quem fala em línguas edifica-se a si mesmo. Embora não seja o ideal de Paulo para uma igreja local, visto que o propósito maior é a edificação do outro, o dom de línguas perde sua magnitude diante de outro dom que edifica o conjunto, mas isso não quer dizer que ele seja dispensável; o indivíduo pode falar consigo mesmo e com Deus, sem perturbar a ordem do culto (v. 28). Aliás, mesmo enfatizando isso, Paulo ordena que não proibamos o falar em línguas (v. 39).

Terceiro, o dom de línguas deve ser utilizado até que se saiba se alguém interpretará ou não (v. 5). Se houver intérprete, a igreja será edificada (lembrando que a interpretação também é por dom do Espírito e não por algum curso de idiomas), mas só se saberá se vai haver um intérprete, se alguém estiver falando em línguas.

Em quarto lugar, quem tem o dom de línguas deve orar para que haja intérprete de suas línguas na igreja (v. 13). Ele nunca deve pensar apenas em si mesmo, deve pensar antes, na edificação de toda igreja (v. 12). Se ele pensa conforme Paulo ensina, então ele perceberá que seu dom é menos útil para o corpo e aceitará humildemente ficar em silêncio quando outro dom mais conjuntamente edificante estiver sendo executado.

Quinto, quem recebeu o dom de línguas deve usar isso ocasionalmente. Paulo diz que ele pode orar com o espírito (isto é, em línguas, sem entender nada – vs. 14,15), mas deve orar também com o entendimento. Pode cantar em espírito, ou em línguas, mas deve priorizar o cântico racional! Apesar de o dom de línguas bendizer a Deus e dar-Lhe graças (vs. 16,17), entretanto, o indouto não pode dar o “amém”, pois nada entendeu sobre aquela oração ou cântico.

Paulo convida os irmãos que falam em línguas a serem maduros no entendimento (v. 20). Na malícia sim, devem ser meninos, mas não no raciocínio. Assim, os que falam em línguas, sendo maduros na fé, entenderão o quão raramente devem usar este dom na igreja, justamente por saberem que não edificarão a toda igreja!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

SÉRIE - OS DONS ESPIRITUAIS (PARTE 07)

 


Entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons” (1Co 12.31).


O entendimento generalizado dos crentes sobre este versículo (e mais outros dois semelhantes – 1Co 14.1,39) é de que o apóstolo Paulo está ordenando que busquemos dons espirituais. Porém, nossa tradução não foi feliz nestes versículos.

O texto grego, literalmente, está assim: “Zelai, porém, dos dons, os maiores” (ou melhores, dependendo do manuscrito). Simplesmente não há recomendação alguma de Paulo para que os crentes busquem dons. Ele apenas ordena (o verbo “zelar” está no imperativo ativo) que os crentes zelem, cuidem dos dons, os melhores, no caso, para a edificação da igreja.

Nossa tradução infeliz gerou nos crentes carismáticos uma busca frenética por dons espirituais, principalmente aqueles que Paulo não considera os “melhores”, como o dom de línguas, por exemplo! Há anos temos presenciado campanhas de oração, subidas a montes, vigílias quase convulsivas em busca do dom de línguas, ou algum outro dom miraculoso!

Mas se observarmos bem o texto, buscar dons espirituais, como se por nosso pedido o Espírito Santo fosse nos conceder o que gostaríamos, isso iria contra o v. 11, onde Paulo diz: “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer”. O verbo “querer” é um verbo muito forte no grego (boulomai). Ele significa um “querer determinado”. Diferente de thelō, que é um “desejo”, ou como “gostaria”.

Isso mostra que o Espírito distribui os dons como Lhe convém, como Lhe parece melhor. Nossos pedidos estão fora de qualquer interferência sobre Seu agir. O erro de “pedir” dons é um erro de falta de conhecimento, mas para qualquer leitor atento, no mínimo, ele perguntaria “por que temos que buscar dons, se o v. 11 diz que o Espírito distribui como quer”?

A lição que tiramos dessa reflexão é que devemos, antes de buscar algum dom que gostaríamos, descobrir qual foi o que o Espírito nos concedeu. Porque se fôssemos receber dons por pedidos, é quase certo que ninguém pediria dons considerados “menores”. Quase ninguém pediria um dom de serviço, por exemplo. A maioria pediria dons que o destacassem no meio da igreja – motivação errada (orgulho). Por isso o Espírito distribui como quer e não depende do nosso pedido para nos dar os dons.

Segundo, devemos estar satisfeitos com aquilo que recebemos. Por menor que possa parecer o dom com o qual fomos contemplados, isso faz parte da sabedoria do Espírito Santo e do Seu bom querer para com Sua igreja. Somos vasos de barro que carregam preciosidades por dentro. Mas a glória é de Deus e não de nós.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 22 de março de 2024

SÉRIE - OS DONS ESPIRITUAIS (PARTE 06)

 


Se disser o pé: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de vós (1Co 12.15,21).


Quanto aos dons espirituais, temos geralmente dois sentimentos entre os irmãos na igreja: ou alguém se sente menos valorizado, ou alguém se sente independente do outro. No v. 15 lemos sobre o crente que se sente menos valorizado. É como se o pé achasse que a mão é mais valiosa que ele no corpo, e com isso, se sentisse como se não fosse do corpo. Mas Paulo diz que nem por isso deixa de ser do corpo.

Geralmente, entre os pentecostais, vemos muitos irmãos se sentindo inferiores porque não receberam o dom de línguas, por exemplo. Eles acham que aqueles que falam em línguas são superiores a si. Outros pensam isso do dom da profecia ou revelação. Aliás, no meio pentecostal, sempre se ensinou que somente eram batizados no Espírito Santo aqueles que falassem em línguas.

Mas Paulo diz que não. No v. 30 ele faz uma pergunta de retórica: “Falam todos em outras línguas?”. A resposta óbvia é “não”. Nem todos falam em outras línguas! Mas veja o que ele diz no v. 13: “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito”. Sendo assim, o ser batizado no Espírito está ligado a crer em Cristo. Os dons carismáticos fazem parte de outro assunto que não o batismo.

Por outro lado, há na igreja aqueles que são como os “olhos” da ilustração de Paulo. Eles dizem à mão: “não precisamos de ti” (v. 21). Entre os crentes históricos, conhecidos também como tradicionais, há muitos que, por terem recebido o dom do conhecimento, da pregação da Palavra, do ensino, etc., sempre pensam que não precisam dos outros. Paulo diz que os membros mais fracos são necessários (v. 22). De um lado temos crentes que se sentem desnecessários, de outro temos os que se sentem orgulhos e indispensáveis...

Nós precisamos uns dos outros. É tolice pensar que não. Quando pensamos que não precisamos de certo dom só porque temos um dom considerado importante, acabamos causando divisão no corpo. Paulo diz no v. 25: “para que não haja divisão no corpo”.

Muitos pentecostais pensam que não precisam dos irmãos históricos porque eles são “frios” espiritualmente, mas precisam deles sim, para aprenderem sobre o que a Palavra ensina, principalmente sobre o exercício dos dons. Os tradicionais pensam que não precisam dos irmãos carismáticos porque eles são exagerados e não têm o conhecimento da doutrina, mas precisam deles sim, para serem edificados com os dons sobrenaturais que o Espírito distribuiu “como quis” a cada um individualmente.

Se usarmos os dons como a Palavra de Deus orienta, seremos uma igreja mais completa, que desfruta da vida abundante de modo coletivo. Nossas reuniões de adoração terão mais fervor e, certamente, haverá mais testemunhos dos descrentes de que “Deus está, de fato, no meio de vós” (1Co 14.25).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 21 de março de 2024

SÉRIE - OS DONS ESPIRITUAIS (PARTE 05)

 


A outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas (1Co 12.10).


Numa igreja como a de Corinto, onde sinais e manifestações sobrenaturais do Espírito estavam acontecendo, era natural que ações de outros espíritos pudessem também existir. Os demônios têm também suas operações parecidas com as de Deus e seus sinais e prodígios enganam os descuidados (Mt 24.24; 2Ts 2.9,10).

Por isso, o Espírito Santo concedeu a algumas pessoas ali o dom de discernir os espíritos. Todo cristão tem o dever de fazer distinção entre os espíritos. Mas há pessoas que receberam esse dom, que fazem esse julgamento com mais facilidade e notoriedade.

Para os que pensam ter cessado os dons extraordinários, deveriam pensar também que o dom de discernir espíritos também cessou. Pois não há motivos para discernir entre operações que não existem mais. Por exemplo, pra que discernir uma profecia, se ela não existe mais? Se a verdadeira não existe mais, então todas as que existem são falsas. Não precisa de discernimento pra isso. Esse raciocínio serve para outros dons que alguns julgam ter cessado. Não havendo mais dons sobrenaturais, não há razão para haver também o dom do discernimento de espíritos.

Quanto ao dom de línguas, a maior controvérsia é se esse dom se refere a línguas incompreensíveis ao ser humano, ou se se refere a idiomas diversos. Sabemos que no Pentecostes, as línguas ali eram idiomas diversos, para que os judeus dispersos que estavam ali por causa da festa ouvissem falar das grandezas de Deus em sua própria língua (At 2.11).

Mas traduzir o termo grego glossa apenas por “idioma” só porque foi assim que aconteceu em Atos 2 não faz jus à variedade de significados que contém um termo grego. Por exemplo, a palavra kosmos quer dizer mundo, mas dependendo do contexto, isso pode significar coisas diferentes, como “mundo criado”, “pessoas que moram no mundo”, “um determinado local”, “sistema regido pelo maligno”, etc. Sendo assim, glossa, traduzido como “línguas”, não se restringe a apenas um sentido.

Em segundo lugar, o apóstolo Paulo diz que aquele que fala em línguas não fala a homens, mas a Deus e, além disso, fala em mistérios (1Co 14.2). Se fosse outro idioma, então ele falaria a homens. Ainda Paulo diz que o que fala em línguas edifica-se a si mesmo (1Co 14.4). Como pode alguém edificar-se a si mesmo falando em um idioma desconhecido por si? Mas se fala em línguas misteriosas (cf. v. 2), então há uma edificação individual, porquanto fala consigo mesmo e com Deus (1Co 14.28).

A interpretação dessas línguas é algo claramente sobrenatural, visto que, se fosse idiomas diversos, não haveria necessidade de interpretar, pois teria alguém presente que falasse naquele idioma, como no caso de Pentecostes onde eles não precisaram de interpretação! Se Paulo diz que há o dom de interpretar as línguas para a edificação da igreja, segue-se que não haveria ninguém na igreja que entendesse aquela língua, portanto, é ilógico ele estar tratando de idiomas! A interpretação é sobrenatural assim como o dom de línguas também o é. Um para edificação do membro; o outro para edificação do corpo!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 20 de março de 2024

SÉRIE - OS DONS ESPIRITUAIS (PARTE 04)

 


E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia (1Co 12.10).


O dom de operar maravilhas é diferente dos dons de curar. Enquanto que os dons da cura dirigem-se a enfermidades, o dom de operar maravilhas age surpreendendo as leis naturais, executando poder sobrenatural. Multiplicar pães, por exemplo, é uma operação de maravilha. Ou, quando Paulo ordenou que o mago Elimas ficasse cego e isso aconteceu na hora (At 13.11)!

No grego lemos “execução de poder”. Sendo assim, quando Paulo foi picado por uma víbora e nada lhe aconteceu, isso foi um exemplo de operação de maravilha (At 28.3-6). Entretanto, devemos distinguir entre os milagres que Deus faz sem a intermediação de ninguém e os milagres que são feitos através de uma pessoa a quem o Espírito concedeu este dom. Deus fez e faz maravilhas todos os dias, mas nem todos os dias encontramos alguém a quem Ele concedeu o dom de operá-las.

O dom de profecia aqui nada tem a ver com a pregação. Pregar é expor as Escrituras, profetizar aqui é falar algo que recebeu como mensagem direta de Deus, embora não sendo inspirativo para o cânon. Também não significa a inspiração que os profetas da velha aliança recebiam para falar inerrantemente para o povo de Deus. Também não se refere aos apóstolos que eram profetas, nem mesmo aos profetas que eram companheiros dos apóstolos, como em At 13, por exemplo, ou Ef 2.20.

Profecia aqui é o mesmo que o dom de revelação (1Co 14.29,30). Porém, não a revelação inspirativa da Escritura, como ensinado em Bibliologia. Isso já acabou. João foi o último a receber esse tipo de revelação. Mas a revelação carismática, isto é, como um dom do Espírito, era comum na igreja de Corinto e não há razão para descartá-la ainda hoje. Vejamos por quê.

Primeiro, porque ela não está no grau de inspiração profética equivalente à Escritura. Como dissemos, isso já se encerrou. Segundo, porque sendo um dom carismático, a pessoa que o recebe não significa que tenha a maturidade necessária para usá-lo. Um exemplo é Ágabo, um profeta da igreja primitiva que, apesar de ser homem de Deus, falhou em alguns aspectos de uma profecia que ele deu acerca de Paulo (At 21.11).

Portanto, não existem mais profetas inspirados como os do AT nem existem profetas com a mesma autoridade dos porta-vozes dos apóstolos antes das cartas serem escritas. Mas sem dúvida alguma, há pessoas que receberam do Espírito o dom de profetizar sobre outros assuntos para edificação da igreja, por meio de alguma mensagem que lhes é revelada por Deus (1Co 14.26).

No último dia, alguns dirão a Jesus: “Senhor, em Teu nome profetizamos” (Mt 7.22,23). Mas a resposta é que o Senhor nunca os conheceu, isto é, nunca teve uma relação íntima com eles. Isso prova que nem todos que participam destes dons miraculosos de 1Co 12 são salvos. Os dons não significam salvação. Mas o conselho de Paulo com relação ao dom da profecia é: “Não tratem com desprezo as profecias, mas ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom. Afastem-se de toda forma de mal” (1Ts 5.20-22 – NVI).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 19 de março de 2024

SÉRIE - OS DONS ESPIRITUAIS (PARTE 03)

 


E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar (1Co 12.9).


No grego bíblico há duas palavras que são traduzidas para “outro”. Uma é héteros e a outra é állos. Quando Jesus diz que vai enviar “outro” Consolador, Ele usa a palavra állos, indicando que o Espírito é “outro” Consolador, mas da mesma essência. Héteros já significa “outro” de especificação diferente.

Quando lemos em 1Co 12 a lista de dons no grego bíblico, encontramos de modo impressionante o apóstolo Paulo sendo meticuloso quando escreve a palavra “outro” nos versículos dos dons. Ele sabe exatamente quando usar a palavra állos e quando usar a palavra héteros. No v. 8 ele diz “a um” é dado; já no restante da lista, ele não repete mais esse termo, e sim sempre “a outro”.

Porém, cuidadosamente ele sabe quando usar essas duas palavras distintas. Quando ele usa héteros, dá para perceber que o dom a que se refere é completamente distinto do anterior; já quando usa állos, percebemos que o próximo dom tem tudo a ver com o anterior. Por exemplo: quando ele diz no v. 8 que “a um” foi dada a palavra da sabedoria e “a outro” a palavra do conhecimento, ele usa állos. Por quê? Porque ambos os dons são semelhantes.

Já aqui no v. 9, quando ele fala do dom da fé, ele usa a palavra héteros, ou seja, o dom da fé não está na categoria do dom da palavra de sabedoria e conhecimento que ele falou no v. anterior! Porém, quando ele continua, depois da fé, falando sobre os dons de curar, ele usa állos, significando que os dons de cura estão na mesma categoria de dons milagrosos que a fé.

Concluímos assim, que a fé que ele fala aqui não é a fé salvadora, nem a fé confessional, que se adquirem por ouvir o evangelho ou pelos estudos bíblicos. Mas ele fala da fé miraculosa, aquela que crê convictamente que Deus irá realizar algo prodigioso em determinado lugar, com determinada pessoa, ou em determinada ocasião!

Quanto aos dons de cura, eles são os únicos que aparecem no plural. Isso parece indicar que têm a ver com a pluralidade de doenças para os quais eles são aplicados. É óbvio que nem todas as enfermidades serão curadas, mas algumas sim para manifestação do poder e da graça de Deus. O detalhe sobre quem tem os dons de curar é que ele recebe um discernimento sobre quais enfermidades serão realmente curadas por sua oração ou não.

Os dons de curar não têm nada a ver com aquelas orações que todos os crentes fazem uns pelos outros para serem curados, ou chamando presbíteros da igreja para isso. Essas orações dependem de modo específico da soberania e do querer de Deus. Mas os dons de curar, embora também debaixo da soberania de Deus, são ferramentas aplicadas diretamente para esse fim: curar enfermos.

Não devemos restringir a operação do Espírito de Deus no meio da igreja. Há pessoas que receberam uma porção da fé miraculosa maior que outras. E, pelo visto, muitas delas têm certeza plena de que curas irão acontecer no meio da igreja através da oração da fé. Quando Paulo diz “não apagueis o Espírito” (1Ts 5.19), certamente ele não está falando de apagar a 3ª Pessoa da Trindade, mas de limitar a Sua ação no meio da igreja.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 18 de março de 2024

SÉRIE - OS DONS ESPIRITUAIS (PARTE 02)

 


Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente (1Co 12.11).


Mesmo o apóstolo Paulo tendo listado dons diferentes nos vs. 8-10, ele finaliza a lista de dons no v. 11 dizendo que o Espírito que realiza todas estas coisas é um só. Não há diversos espíritos distribuindo estes dons, senão apenas um só Espírito, a saber, o Espírito Santo. Paulo está preparando o seu campo de argumentação para ilustrar a igreja de Jesus como um corpo humano com seus membros e suas funções distintas, mas pertencentes a um só corpo.

No v. 7 ele diz: “A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso”. Observe que o fim é comum a toda igreja, mas a manifestação é individual. No v. 11 Paulo diz que o Espírito distribui como Ele quer! Ele é livre para distribuir os dons segundo Seu santo e sábio querer. Não depende do crente, mas do Espírito. Aqui temos duas lições: uma, que não devemos “buscar” dons; e outra, que não devemos negar dons que outros receberam, só porque não os temos ou porque não cremos.

Os dois dons relatados no v. 8 são discutíveis os seus significados. Quase nenhum estudioso conseguiu compreender o que Paulo quis dizer com o dom da “palavra da sabedoria” e a “palavra do conhecimento”. Calvino dizia que se tratava de uma compreensão mais espiritual e reveladora e o outro de um conhecimento mais geral recebido por familiaridade com a doutrina. Adam Clarke e John Gill pensavam que se tratava do conhecimento dos mistérios do evangelho, conforme revelados a Paulo. Mas não podemos estar seguros do que Paulo dizia. Outros acham que se trata do conhecimento da Palavra na exposição e a sabedoria uma fala de aconselhamento e prudência.

De toda forma, ambos os dons citados no v. 8 estão relacionados a uma visão sobrenatural dos fatos e de que decisões tomar sobre eles. O grego ­sofia fala de sabedoria. Neste sentido, Paulo pode estar querendo dizer que o Espírito ensina melhor que os filósofos idolatrados pelos coríntios, ou seja, um crente que recebeu o dom da palavra da sabedoria pode conduzir por palavras espiritual e misteriosamente sábias, mais ainda que a filosofia grega, outro crente pelo caminho correto de sua decisão cristã diante de determinada situação.

Quanto à palavra do conhecimento, o termo grego gnōsis nos indica o “saber, a ciência”, isto é, o conhecimento acerca de coisas, pessoas, fatos ou doutrinas. O que Paulo quer dizer é que o crente que tinha a palavra da sabedoria precisava do que tinha a palavra do conhecimento e vice-versa. O crente do conhecimento sabia “o quê”; o crente da sabedoria sabia “como”. Ambos, juntamente edificavam a igreja e eram por ela edificados.

A tonalidade aqui é dependência mútua. O Espírito é soberano, Ele comanda, distribui, age e opera. A igreja é interdependente, seus membros precisam entender que necessitam uns dos outros e não há ninguém mais importante ou menos importante a julgar pelo dom que exerce, visto que ele não será completo se não estiver dependendo do outro irmão.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

SÉRIE - OS DONS ESPIRITUAIS (PARTE 01)

 


Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos (1Co 12.4-6).


Toda igreja de Jesus Cristo acredita que o Espírito Santo adorna o povo de Deus com dons espirituais. Mas há algumas diferenças no entendimento de como Ele faz isso e até mesmo quais são os dons que ainda permanecem em atividade no seio da igreja. Alguns creem que todos os dons permanecem ativos e disponíveis para todos os crentes, enquanto outros pensam que há dons que já cessaram.

Antes dessas questões serem consideradas, há algumas coisas que precisamos ponderar sobre esse texto paulino. O apóstolo quer ensinar à igreja para que ela não seja ignorante sobre o assunto dos dons espirituais (v. 1). Uma nota sobre o v. 2 é interessante, porque os coríntios eram gentios naturalmente, pois não eram judeus, embora houvesse crentes judeus ali. Mas Paulo, dizendo aos coríntios, afirma: “quando éreis gentios”, ou seja, agora eles são espiritualmente o “Israel” de Deus.

Então, ele entra com o papel essencial do Espírito Santo. No v. 3, ele diz que alguém só pode confessar Jesus como Senhor se for pelo Espírito de Deus! Ao contrário dos ídolos mudos, que não levavam os coríntios a confessarem nada, o Espírito de Deus os leva agora a dizerem o gérmen da confissão cristã: “Jesus é Senhor”! Vemos que o interesse primordial de Paulo era mostrar antes da distribuição dos dons, o papel convencedor do Espírito no pecador, levando-o a confessar verdadeiramente a Cristo como Senhor de sua vida.

Nos vs. 4-6, o apóstolo mostra à igreja a unidade do trabalho da Trindade. Observe que no v. 4, ele fala do Espírito, que é o Deus Espírito Santo; no v. 5, ele fala do Senhor, que é o Deus Filho; e no v. 6, ele fala de Deus, que é o Deus Pai. Paulo também distingue os trabalhos nestes 3 versículos: ao Espírito, ele associa os dons (gr. chárisma); ao Senhor Jesus, ele associa os serviços (gr. diakonía); e a Deus Pai, ele associa as realizações (gr. enérgeia). Isto quer dizer que o Espírito nos dá ­com o quê trabalhar, Jesus é para Quem trabalhamos e Deus é Aquele que nos faz trabalhar, Ele é Quem opera tudo em todos.

Finalizo essa primeira parte da nossa reflexão, mostrando que o Espírito de Deus não apenas nos convence do pecado para a salvação em Cristo, para sermos crentes inativos. Ele nos chama para o evangelho em uma vida de trabalho e, para isso, nos concede as ferramentas necessárias! Não temos desculpas para sermos “crentes de banco” (ou, atualmente, “de cadeira”), visto que a obra dEle em nos fazer confessar a Cristo como Senhor, automaticamente nos transforma em servos.

Acima de tudo, a Trindade está empenhada nessa tarefa de nos fazer trabalhar. Se declaramos que somos crentes, então nossa vida de atividade espiritual deve comprovar isso, caso contrário, dizemos que “Jesus é anátema”!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 15 de março de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0317 - SOMOS TODOS PILATOS!

 


Vendo Pilatos que nada conseguia, antes, pelo contrário, aumentava o tumulto, mandando vir água, lavou as mãos perante o povo, dizendo: Estou inocente do sangue deste [justo]; fique o caso convosco (Mt 27.24)!


No julgamento de Jesus diante de Pilatos, este governador não encontrou culpa alguma em Jesus e não via sentido no pedido da multidão em que Ele fosse crucificado. Paradoxalmente, sacerdotes, que deviam olhar para o cordeiro e ver que estava limpo, olhavam para Jesus e O acusavam de sujeira; enquanto que um ímpio romano olhava para Jesus e O via puro!

Entretanto, Pilatos, mesmo vendo a inocência de Jesus, não deu sentença favorável a Ele, antes, O entregou para ser crucificado. Para tentar aliviar sua consciência, Pilatos pediu uma bacia com água para lavar as mãos, um sinal de que não tinha mais nada a ver com o que iria acontecer com Jesus dali pra frente. Ledo engano!

Pilatos apenas fugiu de sua responsabilidade. Lavando suas mãos, não lavou, todavia, seu crime! Tentar transferir a culpa para os judeus sanguissedentos não o eximia da sua própria. No fundo, ele tinha suas razões pessoais e interesseiras para entregar Jesus. Apenas não queria admitir.

Ironicamente, as mãos de Pilatos lavadas na água, ficaram para sempre manchadas do sangue do Justo! Todavia, as mãos do Justo crucificadas e manchadas de Seu próprio sangue, são as mãos limpas que curam e perdoam os que nEle creem! Enquanto Pilatos tentava fugir de uma culpa que era sua, Jesus assumia uma culpa que não era dEle! Pilatos não sabia que a sujeira de suas mãos só sairia com o sangue dAquele que ele estava entregando!

Quando nos achegamos diante de Deus pelo evangelho, não adianta sermos Pilatos. Não adianta dizer que não fizemos isto ou aquilo. Não adianta pedir uma bacia com água e tentar lavar nossas mãos diante de Deus, pois a culpa vai permanecer sempre. Toda vez que dissermos que estamos livres do sangue de Jesus, nossa culpa continuará sobre nós, porque não somos inocentes. Quando nos achegamos diante de Deus pelo evangelho, deveríamos estender as mãos, humilhados e arrasados e dizer a Deus: “Eu sou responsável pela morte do Teu Filho! Foi por minha culpa que Ele morreu”!

As bacias de água hoje são as “boas obras” dos homens, são as isenções das responsabilidades, são as nossas justiças próprias! O exemplo de Pilatos deveria sempre nos lembrar de que nossas bacias são inúteis como a dele! Todos os que lavam as mãos em sua autojustiça sempre permanecem sujos e culpados como Pilatos.

O Salmo 24.3,4 diz: “Quem subirá ao monte do SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente”. Pilatos não era limpo de mãos, ainda que as tivesse lavado na água da bacia; ele não era puro de coração, pois suas intenções eram perversas e egoístas; ele havia entregado sua alma para a falsidade, pois Jesus disse a ele que tinha vindo dar testemunho da verdade e Pilatos Lhe virou as costas perguntando: “Que é verdade”? (Jo 18.38); Pilatos jurou dolosamente, pois sabia que estava condenando um inocente.

Todos somos Pilatos, até que joguemos fora as nossas bacias com água e aceitemos o sangue dAquele a Quem todos nós condenamos!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 14 de março de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0316 - A MUDEZ DE ZACARIAS - SINAL DE GRAÇA E SALVAÇÃO

 


E perguntaram, por acenos, ao pai do menino que nome queria que lhe dessem. Então, pedindo ele uma tabuinha, escreveu: João é o seu nome. E todos se admiraram. Imediatamente, a boca se lhe abriu, e, desimpedida a língua, falava louvando a Deus. Sucedeu que todos os seus vizinhos ficaram possuídos de temor, e por toda a região montanhosa da Judeia foram divulgadas estas coisas. Todos os que as ouviram guardavam-nas no coração, dizendo: Que virá a ser, pois, este menino? E a mão do Senhor estava com ele (Lc 1.62-66).


Conhecemos a história da família de João Batista. Seu pai Zacarias era um sacerdote e, sua mulher, da linhagem de Arão (v. 5). Ela era estéril e ambos avançados em idade (v. 7). Quando ele estava ministrando ao Senhor no altar de incenso, no templo de Herodes, o anjo Gabriel lhe apareceu e lhe disse que ele teria um filho. As instruções eram que o menino se chamaria João, seria nazireu e que prepararia o caminho do Senhor no espírito e poder de Elias (vs. 13-17).

Como sabemos, aquele homem duvidou e, como sinal, ficou mudo até que seu filho nascesse (v. 20). Todavia, a mudez de Zacarias foi um sinal não apenas de sua incredulidade, mas também um sinal do silêncio que Deus mesmo havia guardado para com Seu povo durante os últimos 400 anos!

Depois do profeta Malaquias, Deus reservou silêncio profético e inspirativo, ainda que Sua mão poderosa continuasse se manifestando para o bem do povo de Israel. Esse silêncio seria quebrado com a pessoa de João Batista. O próprio Malaquias havia predito acerca deste profeta (Ml 3.1; 4.5,6).

No dia do nascimento do seu filho João, seus lábios foram abertos por Deus e ele voltou a falar. Os 9 meses em que ele ficou mudo eram uma figura dos 400 anos que Deus ficou em silêncio para com Seu povo. O nascimento de João Batista foi uma maravilha enigmática para os vizinhos de Zacarias e Isabel. “Que virá a ser este menino?” perguntavam eles!

O nome João significa “o favor, ou a graça do Senhor”. Deus estava anunciando por aquele menino, desde seu nome, que Sua graça estava estendida para Seu povo de um modo muito especial. É que a gota da graça que transbordou o cálice do amor de Deus para com a humanidade foi colocada no ventre da prima de Isabel, Maria de Nazaré!

João quebrou o silêncio profético de Deus apenas para anunciar que o resultado de Sua graça viria em breve. E qual é o resultado da graça? A salvação (pela graça sois salvos)! Assim nasce o Filho de Maria, cujo nome é Jesus, que significa “o Senhor salva”! Que parceria! João e Jesus! A graça e a salvação! A causa e a consequência!

Deus tem muitas formas de trabalhar e em todas elas manifesta Sua pedagogia! Zacarias mudo não foi maldade nem castigo (claro que a incredulidade dele também representava a incredulidade do povo), mas um sinal de que depois de um período de silêncio, o “favor” (João) do Senhor manifestaria “salvação” (Jesus) para todo o Seu povo! Soli Deo Gloria!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 13 de março de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0315 - REIS PERENES QUE SE SUBMETEM A REIS PASSAGEIROS

 


Então, Pilatos o advertiu: Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar? Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada (Jo 19.10,11).


A postura de Jesus diante de Pilatos tem levado a igreja de todos os tempos a ensinar aos fiéis discípulos de Cristo que toda autoridade é constituída por Deus, inclusive a autoridade civil. É óbvio que com isso a igreja nunca quis afirmar que Deus está de acordo com os vários desvios que os homens praticam no exercício de sua autoridade, desde o autoritarismo até à omissão de seus deveres. Deus constituiu a autoridade, a qual é pura em si mesma e aponta para a máxima autoridade, que é o próprio Deus. Os homens que a exercem é que a mancham com seus pecados e disso darão conta no último dia.

Os tipos de governo humano que já passaram na história da humanidade, desde a monarquia até a atual democracia, são apenas permissão do Único Governante do universo, a fim de que se revele, desde que Adão caiu, a corrupção que há no coração do homem, a qual o faz governar sem Deus, tiranicamente, conduzindo as sociedades cada vez mais aos desastres e terrores de convivência, ainda que engajem esforços inúteis para fingirem relações de paz.

No fim das contas, o único governo que realmente é legítimo, é o governo de Deus sobre o universo. A teocracia verdadeira jamais poderá ser abolida. Queiram os homens ou não, Deus governa soberano sobre tudo e todos. Um dia isso será demonstrado pública e eternamente!

A igreja vive a teocracia desde já. Jesus disse que dentro dos corações dos crentes o reino de Deus já foi instaurado. A igreja manifesta ao mundo sem Deus o que é viver sob o regime divino, sob os parâmetros das Escrituras que, inclusive, ordenam que a igreja se submeta aos sistemas de governo em todas as épocas. Isso não é contraditório; tanto que uma vez que uma ordem da autoridade terrena conflite com a autoridade divina, a igreja não hesita em desobedecer à ordem humana (At 5.29)!

Pilatos governou a Judeia apenas 10 anos (26 d.C. – 36 d.C.), mas pensou que tinha toda autoridade sobre Jesus Cristo! Diante daquele governador passageiro estava o Rei eterno, que não brigou por trono algum... afinal, por que haveria de lutar por um trono transitório, Aquele que há de reinar para sempre?

Jesus Se submeteu a Pilatos, pois sabia que foi Seu Pai Quem concedeu poder provisório para aquele governador romano. É claro que um dia Pilatos é quem estará diante dEste que ele entregou para ser crucificado!

Assim também, a igreja se submete às autoridades civis para dar bom testemunho, por causa do Senhor, como diz Pedro (1Pe 2.13) e também porque sabe que todas elas são efêmeras, mas aqueles a quem Jesus comprou com Seu sangue para Deus, serão feitos reis e sacerdotes para reinarem com Cristo sobre a terra para sempre (Ap 5.9,10)!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 12 de março de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0314 - CIÚMES EM DEUS, CIÚMES EM ISRAEL

 


Provocaram-me os ciúmes com aquilo que nem deus é e irritaram-me com seus ídolos inúteis. Farei que tenham ciúmes de quem não é meu povo; eu os provocarei à ira por meio de uma nação insensata (Dt 32.21 – NVI).


O cântico de Moisés em Dt 32 é um cântico que reconhece a fidelidade de Deus para com Seu povo de Israel, mas também antevê a rebelião deste povo contra seu Deus, a ponto de associar-se com os falsos deuses das nações vizinhas na terra que receberam por herança em Canaã.

No meio do seu cântico Moisés afirma, falando em nome de Deus, que o povo de Israel haveria de provocar o ciúme de Deus com aquilo que não era Deus, isto é, o povo haveria de cair na idolatria, adorando falsos deuses. Com isto provocariam a ira do Senhor.

Por outro lado, Deus afirma que também provocaria o ciúme do povo de Israel com aquilo que não era povo, ou pelo menos assim Israel considerava.

A princípio, esse cumprimento da palavra profética no cântico de Moisés aconteceu quando o povo foi levado para o cativeiro, tanto assírio, quanto babilônico. Deus usou nações pagãs (povo que não era povo) para punir Seu povo, ironicamente pelos mesmos pecados que Ele havia usado Seu povo para punir as nações pagãs que habitavam originalmente na terra prometida (Is 10.5; Jr 21.4-10)!

Mas é no Novo Testamento que essa profecia mosaica tem seu maior cumprimento. O apóstolo Paulo vê o evangelho como sendo a maior maneira de Deus provocar o ciúme de Israel para com os gentios. Ele diz em Rm 10.19: “Novamente pergunto: Será que Israel não entendeu? Em primeiro lugar, Moisés disse: Farei que tenham ciúmes de quem não é meu povo; eu os provocarei à ira por meio de um povo sem entendimento”.

Diz também em Rm 11.11: “Novamente pergunto: Acaso tropeçaram para que ficassem caídos? De maneira nenhuma! Ao contrário, por causa da transgressão deles, veio salvação para os gentios, para provocar ciúme em Israel”.

Apesar de Israel ter provocado ciúmes em Deus, deixando entrar em seu arraial aquilo que não era Deus, o que se constituía um pecado contra Deus, todavia, Deus provocou ciúmes em Israel, deixando entrar em Seu arraial aquilo que não era povo, o que se constituía uma bênção para Israel, pois Paulo diz em Rm 11.14 que sua esperança era que de alguma forma possa provocar ciúme em meu próprio povo e salvar alguns deles.

Como Israel sempre pensou que era povo exclusivo de Deus (de forma nacionalista), Deus agora os põe em ciúmes, mostrando que a igreja é que Lhe pertence e não Israel nação. E a igreja vem de todos os povos! Israel pode ficar enciumado, mas Deus também salva outros povos!

Nosso Deus é soberano e sábio. Utiliza-se até mesmo do mal e do pecado para Seus próprios fins gloriosos, onde Seu nome finalmente é glorificado e Sua sabedoria conhecida por todos os povos e por todos os séculos! Soli Deo Gloria!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 11 de março de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0313 - JESUS, O RESPLENDOR DA GLÓRIA DO PAI

 


Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas (Hb 1.3).


Na mente de Deus não há ninguém mais importante do que Seu Filho Jesus Cristo. A Bíblia diz que todas as coisas que Deus fez, foram feitas com base na beleza e no padrão de perfeição de Seu Filho (Jo 1.3). Diz também que todas as coisas, além de serem feitas por meio dEle, são dEle e também foram feitas para Ele (Rm 11.36).

As pessoas não conseguem entender quem é Jesus Cristo para Seu Pai. Nem sequer o melhor tratamento que um pai humano pudesse dar para seu filho biológico chegaria perto da maneira que é a relação de Deus Pai com Seu Filho! Eles são tão unidos, que o autor aos Hebreus afirma que Jesus é o resplendor da Sua glória! Toda beleza da glória de Deus resplende em Cristo Jesus!

De fato, o Pai e o Filho não são apenas tão unidos, Eles são essencialmente a mesma deidade! O autor nos diz que Jesus é a expressão exata do Ser de Deus! A palavra grega aqui usada é charactēr. Seu significado é “gravura, uma figura estampada, a cópia exata”. Deus é visto com exatidão em Cristo, como Ele mesmo disse a Filipe: “Há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9).

De acordo com o autor aos Hebreus, Jesus não é só o meio da realização do poder criativo do Pai, Ele também é o Mantenedor do funcionamento do cosmo! Todas as leis da Física, conhecidas ou desconhecidas do homem, funcionam por causa da palavra do poder de Cristo. A força gravitacional, o congelamento ou fervura da água, o germinar de uma semente, o processo cognitivo do raciocínio, etc., todas as coisas funcionam por causa do poder sustentador da Palavra de Cristo!

As pessoas perguntam por que um universo tão grande para pessoas tão pequenas. Fique tranquilo que o universo não é para você. Ele foi feito para Cristo. Aliás, até nós mesmos fomos feitos para Ele. Se, quando formos para o céu, o alvo final é contemplar a beleza de Deus na face de Cristo, por que isso não seria realidade desde agora? A coisa toda não é sobre nós, mas sobre Deus Pai e a exaltação de Seu Filho perante tudo e todos! Acostume-se com isso.

Lembremo-nos também de que até nossa ida para a glória eterna é por causa da sustentação que Sua poderosa Palavra produz em nós. Ela é que nos segura firmes para alcançarmos a glória na eternidade! Jesus passou por toda humilhação para pagar nossos pecados. Mas depois de tê-lo feito, diz o autor, assentou-Se à direita da Majestade divina nas alturas! Soli Deo Gloria!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 10 de março de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0312 - HOMENS IRADOS CONTRA DEUS!

 


A estultícia do homem perverte o seu caminho, mas é contra o SENHOR que o seu coração se ira (Pv 19.3).


Sempre que o homem deseja pecar, ele desconsidera os atributos ou a própria existência de Deus. Davi já dizia no Salmo 14 que o homem néscio, cheio de estultícia ou tolice, diz no seu coração “não há Deus” para continuar se corrompendo em seus pecados.

No entanto, quando as consequências sobrevêm, o mesmo homem que antes negava a Deus, agora se ira contra Ele, culpando a Deus pelos seus infortúnios. Mas afinal, o que faz com que uma pessoa racional odeie a Deus?

O problema do homem é que Deus existe. E Ele existe como Ele é e sempre foi: santo! Interiormente todo homem sabe disso. Por isso é que toda pessoa racional tem o senso de bem e mal. Deus, como padrão do sumo bem, justamente por existir, é que norteia o homem no seu paradigma do que é bom ou mau.

Porém, o pecado herdado se tornou um gene inseparável de cada ser humano. Todos nascem contaminados com ele. Logo, sua tendência é viver nisso, pois é isso que faz parte de sua natureza. Por isso, o fato de Deus existir, e santo como Ele é, incomoda o homem que desejaria viver sossegado em suas iniquidades, sem que nenhuma ideia do que é bom ou certo viesse incomodá-lo.

Acontece que esse sossego é simplesmente impossível. Deus não vai abandonar tudo ao acaso porque os homens querem viver em um caminho pervertido. O Senhor sempre será um incômodo à mente tola do homem. Não o deixará em paz em nenhum momento. Por isso a ira do homem se acende contra Deus. Ele gostaria de viver em seus pecados sem que Deus o incomodasse, mas isso não vai acontecer.

O modo tolo de o homem pensar o levará sempre a caminhos tortuosos, pois seu pensamento natural é oposto ao pensamento divino. Mas ele sempre odiará a Deus por causa disso. A santidade de Deus revelada em Sua lei e proclamada por Seu povo vai perturbar as consciências tolas dos homens ímpios.

Por isso a igreja nunca deveria adocicar a mensagem do evangelho, porque é isso que o homem perverso quer. Ele deseja uma mensagem que não lhe perturbe nem lhe incomode em seu modo de vida, pois isso sua consciência já faz. Quando a igreja proclama uma mensagem meiga para o pecador, ele encontra uma falsa tranquilidade em que se apoiar para continuar em seus pecados sem arrependimento.

Devemos proclamar a verdade, ainda que os homens se irem contra Deus e contra nós. No último dia Deus é quem vai mostrar o que é de Quem é a verdadeira ira!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 8 de março de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0311 - RIO DE SANGUE E RIO DE VIDA

 


Fizeram Moisés e Arão como o SENHOR lhes havia ordenado: Arão, levantando o bordão, feriu as águas que estavam no rio, à vista de Faraó e seus oficiais; e toda a água do rio se tornou em sangue (Êx 7.20).


O antigo Egito tinha em alta consideração as águas do Nilo que, depois das suas inundações, deixavam as terras próprias para o plantio. Naturalmente, os egípcios transformavam toda essa estima em adoração e chamavam o Nilo de deus Hapi. Era um deus representado como um homem de barba, mas também tinha seios, simbolizando a fertilidade, tinha também um ventre avantajado, representando a fartura e, às vezes era desenhado com sandálias, sinal de riqueza.

O sinal que Deus transmitiu a faraó, ao transformar aquelas águas em sangue, foi um golpe fatal na ideia egípcia sobre esse suposto deus _Hapi_. O sangue era um recado que Deus estava passando: nenhum outro deus pode me resistir. O “assassinato” de Hapi foi demonstrado visivelmente com sangue nas águas adoradas do Nilo!

Os vs. 22,23 mostram que faraó se endureceu e não se importou com este sinal, pois seus magos também repetiram este sinal em outras águas com suas ciências ocultas e encantamentos. Os homens dos nossos dias também são assim. Eles pensam que o fato da ciência explicar algumas coisas, isso justifica desconsiderar os recados de Deus.

Nem sempre significa que os sinais de juízo divino converterão as pessoas que os presenciam ou por eles são atingidas. Em Apocalipse encontramos pessoas que foram feridas por Deus pelas pragas dos dias finais e, mesmo assim, não se arrependeram para dar-Lhe glória (Ap 16.9,11).

Assim como Deus desferiu um golpe sobre cada um dos deuses egípcios daquela época, demonstrando que somente Ele é Deus e não há outro, assim também em nossos dias, Deus tem demonstrado que os pensamentos dos homens são vãos. O pensamento iluminista foi substituído pelo moderno, que foi substituído pelo pós-moderno, que já está sendo substituído pela altermodernidade, segundo o curador de arte contemporânea, o francês Nicolas Bourriaud.

Segundo ele, nem somos mais modernos, nem pós-modernos; agora somos “seres de uma nova era em que se age e cria a partir de uma visão positiva de caos e complexidade”, disse Bourriaud, definindo o conceito de altermodernidade.

Enquanto novas eras tombam mortas umas sobre as outras, os sinais de juízo são manifestos diante da apatia indiferente dos faraós de nossos dias que, sem nenhum pesar, viram suas costas para Deus, carregando multidões hipnotizadas para o castigo de seus pecados.

Os rios da nossa geração já estão em sangue, embora muitos não consigam ver. Mas há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus (Sl 46.4). O rio do Espírito que flui do interior daquele que crê em Jesus como diz a Escritura (Jo 7.38,39). Por onde esse rio passa não aterroriza com sangue e morte, mas produz vida, alimento e saúde (Ez 47.7-12).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0310 - A DOUTRINA DA DISCIPLINA ECLESIÁSTICA

 


Se o seu irmão pecar [contra você], vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão” (Mt 18.15 – NVI).


A disciplina eclesiástica tem sido uma das doutrinas mais atacadas em nossos dias pelos crentes de internet. Eles atacam várias outras doutrinas, mas esta tem sido uma das principais, pois revela aquilo que esses crentes são: insubmissos. Quem rejeita a doutrina da disciplina eclesiástica é porque já rejeitou antes a doutrina da autoridade eclesiástica, ou seja, que Cristo concedeu uns para pastores e outros.

Se, por um lado, há pessoas que rejeitam essa doutrina, por outro, há aqueles que abusam dela. Disciplinam por qualquer motivo, não sabem reconhecer biblicamente o que é um pecado, não sabem diferenciar entre uma luta da carne contra o espírito e uma vida na prática deliberada do pecado, punindo assim injustamente pessoas que estão passando por uma luta em sua fraqueza carnal e assim por diante.

As recomendações bíblicas para o exercício da disciplina eclesiástica precisam ser tomadas como um todo e não somente por um versículo, ou um contexto somente. Nós somos muito rápidos em cobrar santidade de pessoas a quem nós não ensinamos e nem acompanhamos suas lutas diárias.

Nesse texto, Jesus está falando a Seus discípulos como deveriam tratar os casos de pecado na igreja, porém de maneira que o objetivo fosse sempre a restauração do irmão. Falar pessoalmente, depois com testemunhas e só depois levar o caso à igreja mostra que o perdão deve sempre ser a primeira opção quando houver arrependimento. No v. 21, Pedro pergunta se é somente até 7 vezes que se deve perdoar um irmão. Jesus dá uma resposta absurda: 70 x 7! Isto é, o objetivo é sempre o perdão.

Paulo nos diz que devemos corrigir nosso irmão sempre com espírito de mansidão e também vigiar a nós mesmos para que não sejamos tentados (Gl 6.1). Para o bem da igreja e restauração do faltoso, pecados ocultos devem ser tratados em segredo; pecados públicos ou repetitivos, tratados publicamente.

Mas para a restauração ser uma realidade na vida do faltoso, uma das coisas que ele precisa compreender e praticar é a confissão. Devemos confessar os pecados a Deus (1Jo 1.9), mas é bom praticar a confissão mútua (Tg 5.16). Muitas igrejas já aboliram também a prática da confissão de pecados; não só mutuamente, mas aboliram também a confissão de pecados a Deus! Dizem que crentes justificados não precisam pedir perdão de seus pecados, pois todos já foram perdoados por Cristo na cruz!

Diante dos extremos e dos perigos que nos cercam quando se trata de pecado (pois este nos assedia tenazmente – Hb 12.1), seria bom considerarmos novamente, e com muita profundidade, a doutrina da disciplina eclesiástica em nosso meio. Que o Senhor nos conduza nesse caminho com muito temor e tremor!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 6 de março de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0309 - POR QUE UM PECADOR NÃO PODE GOSTAR DO CÉU

  


Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente (1Co 2.14).


Este versículo desafia qualquer aprendizado que os crentes têm recebido sobre a capacidade do homem de aceitar o evangelho. O que geralmente se ensina é que se um sujeito ouvir as coisas de Deus, entendê-las e aceitá-las, então ele pode se tornar uma pessoa espiritual. Todavia, o que Paulo diz aqui paralisa qualquer ideia parecida.

Primeiro, ele diz que o homem natural, isto é, o mundano, não convertido, o homem em seu estado de pecado, caído, da natureza de Adão, o ímpio, o incrédulo, não aceita as coisas do Espírito de Deus. Aceitar aqui significa “receber, acolher com hospitalidade”. A Palavra de Deus jamais será recebida com hospitalidade no coração do homem pecador.

E Paulo explica o porquê. É porque para este homem, as coisas do Espírito são loucura. O homem em seu estado de queda considera em seu raciocínio obscuro, as coisas de Deus como tolice, absurdo, loucura, insensatez. Assim como Jesus havia dito a Satanás, quando este manipulou uma resposta de Pedro: “Tua atitude não reflete a Deus, mas, sim, os homens” (Mt 16.23 – KJA).

Segundo, Paulo diz também que este homem nem sequer pode entender as coisas do Espírito. A palavra entender aqui é “conhecer”. E como sabemos, na mente judaica, conhecer é ter uma relação íntima. Qual é a relação íntima que o ímpio tem com as coisas de Deus? Absolutamente nenhuma!

Paulo também explica a razão. É porque as coisas de Deus são discernidas, examinadas espiritualmente, do ponto de vista espiritual, coisa que o homem natural não é. Portanto, cai por terra essas pregações que dizem que se o homem ouvir, quiser entender e aceitar as coisas de Deus ele será salvo. Simplesmente, Paulo está dizendo que isso é impossível de acontecer!

Para que isso aconteça, é necessário que o homem natural deixe de ser natural para ser espiritual. E este é um processo que ele jamais pode fazer. Ninguém pode mudar sua natureza por si mesmo. Como disse Jesus a Nicodemos, é necessário nascer de novo (Jo 3.7) 

Um homem natural não somente não recebe as coisas de Deus, mas também não pode entendê-las! Não é só uma questão de não querer, mas acima de tudo, de não poder! Uma pessoa que não nasceu de novo não pode entrar no reino de Deus, porque lá só tem as coisas que ele odeia. Não tem como ele viver eternamente cercado de coisas espirituais, coisas essas que ele considera loucura. Seria uma tortura para o ímpio viver eternamente cercado de coisas que ele não entenderá jamais!

Se você não gosta das coisas de Deus aqui, não espere que vá gostar delas lá no céu. Lá elas serão muito mais indigestas para você do que já são aqui. Se você pensa que vai gostar das coisas celestes na eternidade, é melhor que já goste delas aqui. Caso contrário, o local mais adequado para passar a eternidade é realmente no inferno.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson