(...) Mestre, tudo isso guardei desde a minha mocidade (Marcos 10:20)
Por: Mário Gardini
Admiro o jovem rico da Bíblia. Seus desejos e propósitos ficaram registrados no Evangelho. Era nobre e digno de todo o elogio.
Em sua juventude cumpria a Lei. Tornou-se um filho da Lei, ou seja, aos doze anos de idade sabia de cor toda a lei mosaica e já havia cumprido os rituais exigidos para se tornar um judeu devoto.
Ao deparar-se com Jesus, o nosso jovem tinha uma preocupação, a mais importante dessa vida. Indagou de Jesus: “Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?” (Lc 18.18).
É impressionante vermos um moço, cumpridor da Lei e judeu devoto interessado na vida eterna. E o interessante é que o mancebo viu no Senhor uma esperança e sabia que Cristo tinha a resposta para o seu coração ansioso pelas coisas de Deus.
Em nossos dias temos convivido com uma geração de jovens com outras preocupações e objetivos. Vejo muitos jovens sinceramente almejando e perseguindo alvos nobres em sua existência.
Apenas a título de exemplo, pense nos concursos e nas faculdades em todo o país. São inúmeros jovens estudando e objetivando grandes cargos públicos e profissões (juiz, promotor, procurador, advogado, médico, etc.). Mas pouco se vê nos corações mais jovens as preocupações com Deus, Bíblia e a Vida Eterna. Ao revés, às vezes o assunto religião, Bíblia e Deus são evitados ou são duramente criticados nos meios acadêmicos e nos círculos juvenis.
Não preciso mencionar que temos milhões de jovens em nosso país sem objetivos elevados ou sem qualquer projeto de vida. Falo de uma juventude perdida para a família, para o Estado e para a sociedade. As prisões estão abarrotadas de jovens e muitos não têm acesso a um bom emprego, educação e oportunidades.
Voltando ao nosso jovem da Bíblia, veja que nobreza e que “sede” pelas coisas de Deus: “Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe. E disse ele: Todas essas coisas tenho observado desde a minha mocidade” (Lc 18.20,21).
Contudo, Jesus, conhecendo os corações, mostrou para o jovem que havia um engano na sua sinceridade:
E quando Jesus ouviu isto, disse-lhe: "Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; vem, e segue-me" (Lc 18.22).
E o moço ficou triste: "Mas, ouvindo ele isto, ficou muito triste, porque era muito rico" (Lc 18.23).
A lição do jovem rico (manceburrico) leva-nos a pensar como Deus pesa os nossos corações e intenções. Não basta querer, almejar e dizer que vamos seguir a Cristo e que temos grande interesse pelo reino de Deus. As coisas de nossa existência, não raro, são mais importantes do que seguir a Jesus e obter a vida eterna.
É provável que o Senhor estivesse fazendo um teste para que o moço refletisse que em verdade, seu desejo maior não era servir a Cristo, mas se dedicar às suas posses e riquezas. E digo-lhe: somos testados constantemente em outras áreas de nossa vida (família, profissão, postos importantes, etc.) para termos a real visão dos nossos propósitos e objetivos em relação a Deus e o Seu reino.
O Evangelho é o plano de Deus para servirmos a Cristo e encontrarmos a senda da Vida Eterna. O poder de Deus nos transforma para vivermos esse grande plano em toda a nossa existência.
Mário Gardini é escritor
e colaborador do Teolatria
De fato, age como um "manceburrico" aquele que pensa que pode agradar a Deus com suas obras.
ResponderExcluirSalvação é "sola gratia".