“Eu, porém, vos digo:
qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas,
a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete
adultério” (Mt 5.32).
Nas línguas originais da Bíblia há uma diferença entre as palavras “repudiar” e “divorciar”. No hebraico, por exemplo, shalach é “repúdio, despedir, deixar”; enquanto que keritut quer dizer “divórcio, separação legal”. Assim também no grego, somente mudando a língua, mas o significado das palavras permanece, até porque o NT foi escrito em grego, mas os autores eram judeus. “Repudiar” é apolyō, enquanto “divórcio” é apostasion.
É interessante notar que quando Jesus trata da questão do divórcio, Ele não usa a palavra apostasion. Ele sempre condena apolyō, que é o abandono sem a carta. É óbvio, pelo diálogo de Jesus com os fariseus sobre isso em Mt 19.3-9, que Cristo não aprova o divórcio também, pois Ele não compactua com a Queda e tanto o repúdio quanto o divórcio pertencem à Queda, ao histórico de pecado dos homens. Em Sua resposta aos fariseus, Jesus remonta à Criação, onde homem e mulher deixam pai e mãe e se unem para ser uma só carne. Indiscutivelmente, este é o propósito original do casamento.
Mas quando questionado sobre a carta de divórcio, Jesus fala sobre a Queda. Ele diz que Moisés permitiu essa carta por causa da dureza do coração dos homens, mas Ele retorna à Criação, quando diz: “mas não foi assim desde o princípio” (Mt 19.8). Então, quando Ele dá Sua ordem, Ele diz que o homem não pode “repudiar” sua mulher, exceto em caso de porneia. Esta palavra grega é muito abrangente e significa relações ilícitas de várias naturezas, não só infidelidade. Até mesmo casamento consanguíneo estava incluído em porneia.
Supondo que um cônjuge cometesse adultério, por exemplo, ele deveria ser apedrejado junto com o parceiro do adultério. Mas como Jesus veio não para sentenciar à morte, então Ele está dizendo que um adúltero já morreu para o casamento, mesmo não sendo executado. Assim, o cônjuge traído, na palavra de Jesus, nem mesmo do divórcio precisaria. Poderia repudiar e, ainda assim, ele seria livre de tal relação.
Porém, se repudiasse por outros motivos, então cometeria adultério se se casasse de novo, visto que não tinha “divorciado”, apenas “repudiado”. Não tinha um documento legal que comprovasse o rompimento de seu casamento. Por isso Jesus sempre condena o repúdio e não o divórcio. Reafirmando que Ele não aprovava também o divórcio, porém este era tolerável, pois embora não fosse a vontade preceptiva de Deus, entretanto, punha fim ao casamento por causa da dureza do coração do homem, porém não contaminava a mulher com adultério em uma segunda relação.
Lembrando que o divórcio é sim pecado, os divorciados devem
se arrepender, devem perdoar seus ex-cônjuges, mas seu relacionamento acabou,
não devem voltar mais um para o outro, exceto se apenas se “separaram” sem
divórcio e não se juntaram a ninguém nesse período de separação (1Co 7.11),
pois caso haja acontecido tal junção sem o divórcio, então houve adultério,
houve o que Jesus condenou aqui.
Día tes pisteos.
Pr. Cleilson
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