domingo, 20 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 21 (O DIVÓRCIO - 02)

 


Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se... por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio... e a despedir de casa; e se ela... for e se casar com outro homem; e se este a aborrecer, e lhe lavrar termo de divórcio... e a despedir... ou se este... que a tomou para si... vier a morrer, então, seu primeiro marido... não poderá tornar a desposá-la para que seja sua mulher” (Dt 24.1-3).


Como estamos refletindo, na antiguidade, os homens faziam muito mal às suas mulheres. Claro que muitos ainda o fazem hoje e claro também que as mulheres têm a seu favor várias leis que as protegem. Entretanto, essas leis tiveram como modelo a lei de Moisés em Dt 24.1-4. A lei estabelecia que se um homem, depois de casado, achasse algo indecente em sua mulher, lhe daria carta de divórcio e ela estaria livre para se casar com outro. Ainda, se este outro também lhe desse carta de divórcio, ela estaria livre novamente, menos para se casar com seu primeiro marido.

Os motivos não são claros, mas com certeza não era infidelidade dela, pois a infidelidade, na época de Moisés, era punida com a morte! Não havia licença com carta de divórcio para liberar a mulher adúltera. O primeiro marido se divorciou por achar coisa indecente nela; o segundo, por sua vez, foi por aborrecê-la ou odiá-la. Observe que não há nada que se refira a traição, pois se assim fosse, ela deveria ir à pena capital.

O que acontecia era que os homens dispensavam suas mulheres sem documento de divórcio e se casavam com outra, enquanto sua primeira mulher, ou ficava em sua casa para a hora que ele a quisesse, ou, despedida sem a carta de divórcio, ficava à mercê do julgamento suspeito da sociedade. Quantos homens do AT fizeram isso com suas mulheres?... casavam-se com outras, mesmo tendo já sua mulher em casa. Não se utilizavam dessa lei para dar liberdade à sua mulher, enquanto praticavam livremente a bigamia ou poligamia! Deus aprovava a poligamia? Certo que não. Entretanto, ainda por causa da dureza do coração dos homens, Deus legislou sobre isso (Dt 21.15).

O próprio Moisés casou-se com uma mulher cuxita (ou etíope), não sabemos se sua esposa Zípora havia morrido ou se voltara para a casa de seu pai (Êx 18; Nm 12.1). Davi, quando viveu fugido de seu sogro, perdeu sua mulher Mical para outro homem, a quem o rei Saul a deu por mulher. Mas ao ascender ao trono, Davi mandou trazê-la de volta (2Sm 3.13-16). Se tivesse praticado a lei do divórcio, ele não poderia fazer isso, pois ela já havia pertencido a outro. De fato, sua ação já foi um erro, mesmo sem a carta do divórcio.

Vemos assim, que Deus, mesmo não aprovando o divórcio, legislou sobre isso, a fim de que o pecado não debandasse totalmente o bom viver social, assim como legislou também sobre a bigamia, ainda que não aprovasse essa prática, a fim de preservar a mulher menos amada. Numa sociedade em que o homem repudiava sua mulher por qualquer coisa, o mal menos grave seria dar a ela uma carta de divórcio, que a protegesse da injúria social e, ao mesmo tempo, a libertasse legalmente para se casar de novo.

É sobre isso que iremos falar na próxima reflexão. Sobre a diferença entre os termos “divórcio” e “repúdio”. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, estas palavras têm diferença e seu uso mostra o cuidado com o qual elas foram inseridas nos textos bíblicos, a fim de deixar bem claro seu significado.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

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