“Ora, tendo chegado o
dia natalício de Herodes, dançou a filha de Herodias diante de todos e agradou
a Herodes. Pelo que prometeu, com juramento, dar-lhe o que pedisse. Então, ela,
instigada por sua mãe, disse: Dá-me, aqui, num prato, a cabeça de João Batista.
Entristeceu-se o rei, mas, por causa do juramento e dos que estavam com ele à
mesa, determinou que lha dessem; e deu ordens e decapitou a João no cárcere.
Foi trazida a cabeça num prato e dada à jovem, que a levou a sua mãe” (Mt
14.6-11).
No relato dos evangelistas sobre a morte de João Batista, lemos a história de dois homens: um que morreu por causa de suas palavras e outro que matou por causa de suas palavras.
João Batista dizia que não era lícito a Herodes possuir a mulher de seu irmão (vs. 3,4). Na verdade, o casamento desse pessoal era uma verdadeira desordem! Herodias era sobrinha desse novo marido (Herodes Antipas) e logicamente, sobrinha também do seu primeiro marido (que era Herodes Filipe, irmão de Antipas).
Do primeiro casamento, ela teve uma filha chamada Salomé. Mas separou-se de Herodes Filipe para casar-se com Herodes Antipas, que era casado com Fasélia, filha do rei Aretas IV. Ao divorciar-se de Fasélia para se casar com sua sobrinha-cunhada, Herodes Antipas foi condenado pelo discurso de João Batista! Isso fez com que João fosse preso e Herodes Antipas tinha a intenção de matá-lo (v. 5).
Enquanto João Batista é preso no cárcere por suas palavras de verdade contra o pecado, Herodes Antipas, cheio de vinho e atiçado pela dança de sua sobrinha-neta, agora enteada, torna-se preso por suas palavras de orgulho, ditas movidas pela embriaguez e excitação dos olhos! Promete a ela na presença de todos os convivas que lhe daria qualquer coisa que pedisse (Marcos registra que Herodes lhe prometeu até a metade do reino – Mc 6.23)!
Não podemos fugir! Somos escravos do que falamos! Seja da voz profética que levantamos contra o sistema mundano em que vivemos, seja da voz patética que proferimos quando estamos movidos pela nossa cobiça!
Certamente nossa voz profética pode nos levar a morrer por amor de Cristo, mas nossa voz patética pode nos levar a destruir outras vidas. Mais ainda, isso é uma questão de consciência. Se formos perseguidos por causa do que falamos em nome da Palavra de Deus, ainda assim nossa consciência estará livre; mas se destruirmos outros pelo que falamos em nome de nossos desejos, nossa consciência estará presa.
Herodes, o homem do poder que, por abuso, condenou João à morte, na verdade não passava de um prisioneiro de palavras irrefletidas. Enquanto João, o prisioneiro condenado à morte por causa de suas palavras, provou que de fato era livre. Nem sempre quem tem a palavra profética vai ter tranquilidade e vida longa, como mentem os romancistas da prosperidade.
De que lado nós estamos? Somos prisioneiros de nossas
palavras fanfarronas e, para disfarçar, condenamos à morte os que nos ouvem, ou
somos livres para falarmos as palavras de Deus, ainda que nos custe a pena
capital?
Día tes písteos.
Pr. Cleilson
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