Teolatria

No Teolatria você encontra diversos estudos bíblicos em slides (power point) para baixar, além de muitas pregações, sermões expositivos, textuais, temáticos em mp3, dos pregadores da IMVC - Vilhena/RO: Pr. Cleilson, Pb. João, Pb. Alex, Pb. Wesllen Ferreira, irmã Clair Ivete e pregadores convidados.

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0217 - A MORTE DE HERODES E O CRESCIMENTO DA PALAVRA

 


“Em dia designado, Herodes, vestido de trajo real, assentado no trono, dirigiu-lhes a palavra; e o povo clamava: É voz de um deus, e não de homem! No mesmo instante, um anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a Deus; e, comido de vermes, expirou. Entretanto, a palavra do Senhor crescia e se multiplicava” (At 12.21-24).


No capítulo 12 de Atos, lemos o relato de como a igreja perdeu o primeiro de seus apóstolos, Tiago, irmão de João. O versículo 2 nos diz que Herodes mandou executá-lo ao fio da espada. Vendo que isto agradara aos judeus, mandou prender a Pedro, ao qual intencionava martirizar depois da festa da Páscoa.

Lemos também como um anjo do Senhor veio de noite, despertou a Pedro, as cadeias caíram de suas mãos, enquanto seguia o anjo, as portas da prisão iam se abrindo, até que por fim, estava na rua, livre (vs. 7-10).

Depois de haver mandado executar os soldados que vigiavam Pedro, Herodes teria um discurso para fazer aos moradores de Tiro e Sidom, visto que estes dependiam do abastecimento alimentício por vias de negociação com Israel, mas Herodes era, como sempre, problemático.

Josefo, o historiador judeu, descreve que, no segundo dia do festival, entrou no anfiteatro vestido com uma túnica de fiação de prata. O sol cintilava sobre a prata e o povo gritava que tinha chegado um deus. Nesse momento caiu sobre ele uma terrível e repentina enfermidade da qual nunca se recuperou.

Mas é interessante observar, no v. 24, a conjunção adversativa que Lucas usa. Ele contrasta a morte de Herodes com o crescimento da Palavra de Deus! O relato nos diz que Herodes expirou, mas a Palavra do Senhor crescia e se multiplicava! Que maravilha! Não importa quem está no poder, o trono dos homens sempre será passageiro, mas a Palavra de Deus permanecerá para sempre! Ele quebranta o orgulho dos príncipes; é tremendo aos reis da terra (Sl 76.12).

Que grande poder tem a Palavra do Senhor! Reis subiram aos seus tronos e caíram; seja em combate, doença ou velhice, todos eles passaram, mas nenhum deles, por mais que tenham ousado, jamais conseguiram sufocar o crescimento da Palavra de Deus!

Este é o reino que Daniel contemplou no sonho de Nabucodonosor (Dn 2). A pedra que ele viu cortada, sem auxílio de mãos e esmiuçou grandes reinos, representa o reino de Deus. Diz assim: Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” (Dn 2.44). Este reino é estendido pelo crescimento da Palavra do Senhor.

Graças a Deus pelo privilégio de sermos cooperadores da Palavra de Deus, para que o reino do Senhor alcance os confins da terra, enquanto o reino dos homens vai passando, passando...

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 17 de outubro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0216 - ANDAR POR FÉ

 


“Porque andamos por fé, e não por vista” (2Co 5.7).


Um dos maiores entraves dos cristãos de nossos dias é o desafio de andar por fé. Há uma confusão generalizada sobre o que significa viver pela fé. Como exemplo, a maioria das pessoas pensa que viver pela fé é o sujeito não trabalhar e achar que Deus irá sustentá-lo. Paulo diz: “Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também” (2Ts 3.10). Então, fica claro que isso não é viver pela fé.

Outros pensam que andar pela fé é viver fazendo loucuras em nome de Deus, entrando em hospitais, mandando enfermos se levantar, invadindo centros de candomblé, expulsando demônios, ungindo a cidade, “tomando posse de territórios”, declarando que cidade tal é de Cristo Jesus, essas coisas e outras mais. Porém, isso também não passa de sandice maluca.

Na Bíblia, a fé nunca foi desprovida de razão. Jamais Deus pediu para crermos em algo que não existe. Muita gente diz que a fé é a certeza das coisas que não existem... isso não é fé, é irracionalidade! A Bíblia diz que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1). As coisas não se veem, mas são coisas, elas existem. Essas coisas se esperam, portanto, elas existem.

Outra coisa que não é fé e que anda presente no coração de muitos cristãos de hoje é o sensibilismo... As pessoas são imensamente guiadas por aquilo que sentem e atribuem seu sentimento à voz e à direção de Deus! Frequentemente ouvimos: “Eu senti Deus me falar”! E outras coisas parecidas. Mas Paulo rejeita isso. Andar por fé não é seguir vozes que ressoam em nossas cabeças! Não é crer na empolgação da alegria e fugir no tremor do pânico!

O que Paulo diz sobre o crente andar por fé aqui nesse texto, é que ele anda na confiança daquilo que Cristo disse. O Senhor disse que um dia estaremos com Ele, portanto, o crente verdadeiro, aquele que anda por fé, crê nisso, ainda que não esteja vendo! Ele não espera ver para crer. Ele crê porque foi Jesus quem falou!

Andar por fé é crer tranquilamente naquilo que está escrito na Palavra de Deus e, de tal modo, que essa fé produza descanso. Não passividade, mas repouso confiante em saber que quem cuida de nós foi quem escreveu Sua revelação na Escritura! E o que Ele mais quer é que Seus filhos confiem no que Ele disse. Afinal, nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus (Dt 8.3).

Quem anda por fé e não por vista agrada a Deus, porque antecipa os acontecimentos. Ele não é tomado de surpresa porque, ao confiar na Palavra de Deus, ele não se abala com os eventos à sua volta. Ele não deposita sua esperança no homem, no governo humano, na política, na justiça humana nem nas avaliações feitas pelo homem. Ele confia na Palavra de Deus, pois tudo passará, menos as palavras do nosso Deus! “E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1Jo 2.17).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0215 - VIVENDO PARA A MORTE E MORRENDO PARA A VIDA

 


“Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis” (Rm 8.13).


Há um ditado entre as pessoas do mundo que diz: “a vida é minha, faço dela o que eu quiser”. Esse adágio popular não leva em conta que ninguém escolheu nascer e, se recebeu a vida, então não lhe pertence, é uma dádiva que deve ser cuidada e preservada em razão do Dono.

Mesmo assim, as pessoas estabelecem de que maneira querem viver. Só não conseguem estabelecer de que maneira têm que morrer... vivem da forma que lhes parece melhor. Mas Salomão disse: “Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte” (Pv 14.12).

Veja que ele diz sobre caminho no singular, isto é, cada pessoa tenta estabelecer seu próprio caminho para a vida, mas no fim, ele coloca a palavra no plural – “caminhos de morte”, ou seja, qualquer caminho estabelecido por sua própria conta, ainda que único, mas é para a morte que todos eles levam.

Assim, Paulo faz os contrastes aqui: “Se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte”. A pessoa pensa que está vivendo, mas se é para agradar a natureza humana caída, em Adão, o viver segundo bem lhe parece não é vida, é morte.

O próximo contraste que ele faz é o oposto desse. Ele diz que se mortificardes os feitos do corpo pelo Espírito, certamente vivereis. Uma lição que temos aqui é que, ao contrário do que muita gente pensa lá fora sobre a vida do crente, dizendo que crente não vive, porque não pode fazer isso ou aquilo, na realidade Paulo diz que isso é que é vida verdadeira! Isso porque esse tipo de vida procede daquele que nos deu a vida de presente. Então viver segundo Ele é que é realmente compatível, já que a vida não é nossa.

A outra lição é que só podemos mortificar os feitos do corpo, a saber, os desejos da nossa natureza, através do poder do Espírito Santo. Ele diz: “Se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo”. Sendo assim, não podemos esperar isso de todo mundo. Apenas os que receberam o Espírito de Deus é que poderão matar seus desejos e viverem para Cristo!

Mortificar os desejos é apenas uma parte da vida verdadeira. Há muitas outras partes da vida cristã que são repletas de alegria e satisfação. Deus não nos priva dos prazeres do corpo, apenas os regulamenta e nos controla. Quanto aos prazeres espirituais, Ele concede apenas aos que são feitos filhos Seus por meio de Cristo Jesus. Entre outros, há o prazer da oração, da meditação na Palavra, da comunhão, da adoração, do testemunho, do trabalho para Deus, etc.

A vida não é nossa, não escolhemos nascer, nem mesmo quem seriam nossos pais. Deus nos deu a vida, portanto é para Ele que devemos viver. E porque foi Ele que nos deu a vida, Ele também estabelece o que é viver de verdade, viver para a vida e não para caminhar para a morte. Quando Ele nos dá Seu Espírito, não somente mortificamos os feitos do corpo, mas de fato e de verdade, vivemos!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0214 - A HERMENÊUTICA DESONESTA DO DIABO

 


“Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra” (Mt 4.5,6).


A Hermenêutica Teológica é o conjunto de regras de interpretação da Bíblia. Os estudantes de Teologia são obrigados a passarem por essa matéria que é, basicamente, o fundamento de toda a sua vida cristã, seja como pastor ou mestre em uma igreja.

Uma das regras hermenêuticas diz que devemos observar o conjunto de frases para identificarmos o sentido de uma palavra. Como exemplo, a palavra “mundo” em Jo 3.16 e 1Jo 2.15. No Evangelho, lemos que Deus amou ao mundo; na carta, lemos que não devemos amar o mundo. Como resolver esse paradoxo? Como Deus pode amar o mundo e nos proibir de fazer o mesmo, uma vez que a Bíblia diz que devemos ser imitadores de Deus (Ef 5.1)?

O conjunto de frases é que vai definir o sentido da palavra “mundo” nesses casos. Em Jo 3.16, “mundo” significa pessoas em todo mundo; em 1Jo 2.15, mundo significa sistema que exclui Deus de sua cosmovisão. Assim, entendemos que não há contradição na Palavra de Deus.

Na tentação de Jesus, o diabo, tendo sido golpeado por Cristo pela espada da Palavra (pois Jesus o havia ferido citando um texto de Deuteronômio, quando foi tentado a usar Seus poderes divinos para benefício próprio – vs. 3,4), agora tenta usar um texto do Salmo 91 para confundir Jesus. Porém, Satanás exclui o conjunto de frase que dá sentido correto ao texto. Ele omite de propósito, para que o versículo ganhe outro significado!

No Salmo, lemos que os anjos receberão ordens de Deus para nos guardar em todos os nossos caminhos (Sl 91.11). Essa parte “em todos os teus caminhos” Satanás não fala. Numa hermenêutica correta, o versículo significa que os anjos de Deus recebem ordens divinas para nos guardar “nos caminhos” que Deus estabeleceu para nós, isto é, seremos guardados enquanto estivermos dentro dos planos de Deus para nós.

Mas o que o diabo diz a Jesus (sem essa parte do versículo) é que os anjos de Deus O guardariam de qualquer coisa que Lhe ocorresse, ainda que provocada por Ele, fora dos planos de Deus, como era o caso aqui. Ele havia sugerido a Cristo que pulasse do pináculo do templo e tentou provar com um texto bíblico que os anjos de Deus O guardariam. Ou seja, ele omitiu a frase que dava o sentido verdadeiro ao texto para confundir Jesus!

Assim também acontece hoje. Os falsos profetas usam versículos isolados de seu contexto, palavras fora do conjunto de frases e outros malabarismos hermenêuticos a fim de enganar o público ingênuo que lhes ouve. Para os ouvintes isso é válido, pois, na opinião popular, o pregador está mostrando na Bíblia. Mas será que estão obedecendo às regras hermenêuticas?

Que Deus nos livre dos falsos pregadores, que usam a Bíblia (ou pelo menos retalhos dela) para enganar – se possível até os eleitos... que nossa leitura bíblica seja completa e não parcial, para não cairmos nos sofismas dos cães e lobos que rondam o rebanho do Senhor!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sábado, 14 de outubro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0213 - ATROPELADOS PELA LISONJA

 


 “A língua falsa aborrece a quem feriu, e a boca lisonjeira é causa de ruína” (Pv 26.28).


O texto original diz que “a língua mentirosa esmaga suas vítimas”. Os relatos da história da humanidade são repletos de como a mentira sempre foi uma arma na boca de grandes e pequenos. Fossem ricos, pobres, reis ou vassalos, todos os que puderam, se aproveitaram dos recursos da mentira para seus objetivos.

No entanto, ainda que à primeira vista pareça que a mentira ajuda, a realidade é que ela é um verdadeiro atropelamento, ela esmaga a vítima sem compaixão. Ela é instrumento de ódio, como diz: “aborrece a quem feriu”.

A língua falsa foi o instrumento usado pela Serpente para iludir a mulher no Éden. Desde então, a humanidade não tem medo de mentir entre si, nem mesmo mentir para Deus, ainda que em vão.

O provérbio ainda diz que a boca lisonjeira é causa de ruína. Aqui há um paralelismo sinônimo, pois que a segunda frase diz o mesmo que a primeira, porém com palavras diferentes. A lisonja não deixa de ser uma mentira. Elogiar é reconhecer a qualidade alheia, mas lisonjear é carregado de motivos falsos para falar o bem.

Quem lisonjeia não está pensando nas qualidades de quem elogia, mas o que ele pode obter de vantagens ao lisonjear. E, para tanto, usa palavras mentirosas.

O homem já tem um conceito elevado de si mesmo. Em geral, as pessoas não precisam de bajulação para achar que são alguma coisa. Quanto mais ao receberem palavras lisonjeiras, ainda que carregadas de mentiras! A consequência natural disso é a queda, a ruína. Pois se uma soberba própria já leva à queda (16.18), imagina aonde não deve levar a soberba provocada pela lisonja!

Em nossos dias, a bajulação coletiva está em moda. As pessoas têm medo de se ferir por dizer a verdade. Preferem se calar ou mentir. Pregadores estão nos palanques para dizer o que agrada a massa frequentadora de seus cultos. Poucos estão interessados em expor a verdade da mensagem de Cristo aos ouvintes.

Numa sociedade onde tudo pode soar como ofensa, de que modo temos nos comportado? Temos sido hipócritas e usado o recurso da mentira e da bajulação, ou temos sido verdadeiros e sinceros na exposição da palavra, seja na pregação ou nos relacionamentos?

Diante do medo que as pessoas têm em perder “amigos”, ou de perder a reputação diante dos demais, seria bom prestarmos atenção a este outro provérbio: “Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto. Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos” (27.5,6).

Jesus não encobriu nossas feridas. Ele as expôs, tratou delas, nos curou e nos regenerou pela Palavra da verdade. Que saibamos ser assim uns com os outros! Não nos atropelemos uns aos outros com mentiras e lisonjas, dando a entender que estamos fazendo o bem, mas ainda que demos a entender que somos ruins, falemos a verdade por amor!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0212 - O SOL DA JUSTIÇA

Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas; saireis e saltareis como bezerros soltos da estrebaria” (Ml 4.2).

Em geral, os textos proféticos do AT, apontam para uma realidade que ultrapassa seu primeiro cumprimento. Eles têm seu cumprimento inicial, mas também um cumprimento escatológico aguarda para dar sentido completo à profecia. Claro que nem sempre isso acontece, mas pela revelação do NT, entendemos que algumas profecias se encaixam nessa perspectiva.

Sem dúvida alguma, todos os intérpretes do NT viram neste versículo de Malaquias uma referência clara a Jesus Cristo, o Sol da Justiça. Ao contrário do que acontecerá com os ímpios, que serão como palha ao fogo, não lhes restando raiz nem ramo (v. 1), o que ocorrerá com os que temem o nome do Senhor é o nascimento do Sol da Justiça para eles.

Cristo, em Suas duas vindas, cumpre esse requisito profético. Na primeira vinda, Ele, com Sua vida perfeita e Sua morte aceitável diante do Pai, justificou a muitos. Isaías 53.11 diz que Ele, o Justo, com o Seu conhecimento justificará a muitos, porque sobre Si levará suas iniquidades. Na segunda vinda, Cristo também cumpre essa profecia de Sol da Justiça, pois diante de Sua presença esplendorosa, nada ficará oculto de Seu perfeito e reto juízo!

A profecia também nos diz que Ele trará salvação em suas asas. De fato, foi esse o ministério do nosso Senhor, quando esteve na terra. Ele dizia: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Mt 18.11; Lc 19.10). Paulo disse a Tito que “a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tt 2.11). Na Sua segunda vinda, Ele também concluirá o trabalho de salvação que começou em Seu povo. O povo que Ele justificou, agora Ele glorificará!

A profecia finaliza com o comportamento dos justos. Eles saem e saltam como bezerros, não qualquer bezerro, mas aqueles que são soltos da estrebaria. Eles saltam de alegria por sentirem o sabor da liberdade e o frescor do pasto! Nada pode conter a alegria e a liberdade dos justificados pelo Sol da Justiça. Jesus disse que quem entrar por Ele é salvo – entrará e sairá e achará pastagem (Jo 10.9). Esta é a alegria, a liberdade e a segurança do salvo!

Alegre-se, meu irmão! A salvação não veio dos projetos de lei do poder legislativo; a salvação não veio de um decreto real ou das Nações Unidas; a salvação veio do alto, ela veio do Sol da Justiça: Ele é quem trouxe a salvação em Suas asas! Desfrute da alegria, da liberdade e da segurança como bezerros que foram soltos da estrebaria; como ovelhas que entram e saem e encontram sua pastagem! Com o Sol da Justiça sobre nossas vidas, não há noite nem sombra que possam nos ameaçar!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson 


quarta-feira, 11 de outubro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0211 - LÍDERES NÃO SE COMPARAM UNS COM OS OUTROS

 


“Não temos a pretensão de nos igualar ou de nos comparar com alguns que se recomendam a si mesmos. Quando eles se medem e se comparam consigo mesmos, agem sem entendimento” (2Co 10.12 – NVI).


Pessoas que precisam de autoafirmação vivem se comparando com outros que consideram rivais para, em algum ponto, se mostrarem superiores a eles, vestindo-se assim com a máscara do reconhecimento próprio, que disfarça seu fracasso.

Falsos apóstolos, no meio dos coríntios, gozavam até de boa reputação entre alguns membros daquela igreja, fundada pelo apóstolo Paulo e, quando se comparavam com Paulo, tais apóstolos buscavam, na realidade, uma aprovação da igreja em detrimento do seu fundador. Buscavam também uma autoafirmação para dissimularem seu fracasso.

O pior é que muitos membros da igreja coríntia aceitavam tais falsos líderes, chegando a menosprezar o apóstolo do nosso Senhor! No v. 10 nós lemos isso, que alguns já estavam achando Paulo dissimulado, pois era pesado nas cartas, mas desprezível pessoalmente!

Mas o que Paulo nos ensina em primeiro lugar, é que os verdadeiros pastores do Senhor não se comparam com os orgulhosos. Os verdadeiros líderes na igreja do Senhor têm o seu perfil e não se comparam com ninguém. A igreja do Senhor é lugar de cooperação e não de competição. Pessoas que se comparam com outras, em geral, se colocam como superiores.

Em segundo lugar, Paulo diz que aqueles supostos apóstolos se mediam consigo mesmos. Em vez de se compararem com Paulo, como afirmavam perante a igreja, na realidade tais líderes estavam se comparando com uma imagem que faziam de Paulo e não com o verdadeiro Paulo. Portanto, estavam se comparando consigo mesmos, o que para o apóstolo Paulo não fazia a menor diferença!

Em terceiro lugar, Paulo diz que quando alguém faz isso, ele está sem entendimento, falta-lhe a razão, a qualidade mais sóbria do ser humano. Apenas insensatos se comparam consigo mesmos, pois fazendo isso não tem como perder. É como se alguém jogasse xadrez consigo mesmo. Quem foi o vencedor?

Os verdadeiros líderes na igreja do Senhor têm um padrão – não para se comparar, mas para imitar – Cristo! Ele é o padrão perfeito, o modelo estabelecido pelo próprio Pai, a fim de que não somente os líderes ou pastores, mas “todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo” (Ef 4.13 – NVI).

Que o Senhor nos conduza em humildade, reconhecendo os grandes homens que já foram por Deus levantados na história da igreja, reconhecendo que fomos também estabelecidos por Deus, ainda que não com o mesmo grau de proeza, mas jamais nos compararmos com ninguém, para que o reino de Deus não sofra prejuízo, mas que olhemos sempre para o Autor e Consumador da nossa fé – Jesus Cristo, o padrão de Deus para nosso aperfeiçoamento!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 10 de outubro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0210 - RAIZ DE AMARGURA

 


“Atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados” (Hb 12.15).


Geralmente, quando lemos este versículo, nós o usamos para falar do sentimento de amargura, de mágoa, da falta de perdão, do ressentimento e coisas semelhantes. Mas não é disso que o autor aos Hebreus está falando. Vejamos a que ele se refere.

O escritor sagrado repete um texto do Antigo Testamento, que está registrado em Dt 29.18. O texto diz assim: “Para que, entre vós, não haja homem, nem mulher, nem família, nem tribo cujo coração, hoje, se desvie do SENHOR, nosso Deus, e vá servir aos deuses destas nações; para que não haja entre vós raiz que produza erva venenosa e amarga”.

Como ele escreve aos crentes hebreus que, por sua vez, já conheciam a lei de Moisés, então os seus leitores já estavam cientes dessa advertência. Quando Moisés advertiu os hebreus de sua época, ele estava admoestando o povo a que tomasse cuidado com quem quer que fosse, homem, mulher, família ou tribo que, desviando-se do Senhor e fosse servir a outros deuses, viesse, porventura, a contaminar outros a fazerem o mesmo. Moisés chama essa atitude de raiz que produz erva venenosa e amarga, ou seja, erva daninha.

Da mesma forma, o autor da carta, alerta os crentes a que não se separem da graça de Deus, nem permitam que quem quer que seja venha influenciá-los a se afastarem do Senhor. Ele diz o mesmo que Moisés, mas agora falando da graça e não da lei.

A essa atitude, ambos os autores chamam de raiz amarga ou venenosa, ou raiz de amargura. Nada tem a ver com o sentimento de rancor ou ressentimento, mas sim com a contaminação de influenciar outros crentes para se afastarem de Deus. Como uma erva daninha que se prolifera facilmente numa plantação, comprometendo o desenvolvimento da boa planta e sua colheita.

Então, a pergunta que surge desse texto não é: “qual o estado de seu coração, se está em paz ou amargura?”, não. A pergunta é: “você tem influenciado outras pessoas a se afastarem da graça de Deus?” Se sim, então você é uma raiz amarga, sem utilidade, que está apenas causando danos ao reino de Deus.

Há várias maneiras de influenciar as pessoas a se afastarem da graça de Deus. Mas a mais comum é quando alguém quer convencer seu irmão de que suas obras são tão boas diante de Deus, que irão ser consideradas como critério de julgamento para sua salvação. Outros dizem que nossos pecados vão nos fazer perder a salvação. Isso é se afastar da graça e tornar-se uma raiz de amargura que perturba a igreja e contamina os demais crentes.

 Se você não faz isso, a outra pergunta é: como você tem reagido aos que tentam lhe influenciar? Você fica perturbado quando alguém lhe diz que sua salvação depende de seu esforço em não pecar, que suas obras são critério para salvação, ou você está consciente de que é salvo somente pela graça de Deus?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

ORAR PELA PAZ DE ISRAEL?

 


O conceito cristão sionista imagina que Israel é ainda povo de Deus. Na verdade, nem mesmo na antiga aliança, Israel era povo de Deus como um todo. Mesmo dentro da nação de Israel havia aqueles que não eram verdadeiros israelitas. Havia um Israel dentro de Israel. Esse pensamento de que Israel é o favoritinho de Deus entre as nações, tem deixado muitos crentes alucinados por este país. Inclusive, há nações que também pensam assim politicamente. Os Estados Unidos, por exemplo, pensam que serão beneficiados por Jesus no Milênio por terem ajudado Israel contra seus inimigos de fronteira. Semelhantemente, muitas igrejas têm se tornado judaizadas por acharem que agradam mais a Deus se imitarem o povo e os costumes de Israel.

Os textos bíblicos que falam sobre orar pela paz de Israel estão num contexto do cativeiro antigo. As nações antigas que abençoassem Israel seriam abençoadas por Deus porque Deus escolheu Israel para ser Seu representante no mundo antigo. Hoje não se ora pela paz de Israel, mas pela paz a todas as nações. Não por ausência de guerras e conflitos, mas para que o evangelho da paz, vindo do Príncipe da Paz esteja sobre os povos. Orar pela paz de Israel na antiguidade, era para que o povo judeu ficasse em paz no cativeiro e retornasse para sua pátria depois da disciplina de Deus. Hoje, orar pela paz de Israel em sentido de guerras e conflitos políticos é tolice. A oração pela paz de Israel é a oração para que eles sejam evangelizados e creiam no Jesus que eles crucificaram. Eles estão em guerra contra Deus, o Pai do Senhor Jesus, a quem eles mataram. Israel tem um problema muito pior do que os palestinos! Eles têm um problema sério com Deus! Precisam do evangelho de Cristo para ter essa guerra resolvida!

Essa idolatria sionista acaba gerando rejeição de nações árabes. Isso é errado, pois o povo de Deus, a igreja, não tem uma nacionalidade. Há eleitos de Deus entre judeus e palestinos. Há réprobos também entre eles. Não devemos orar somente por Israel, mas pelos palestinos, árabes, japoneses, americanos, enfim, por todas as nações. E não oramos motivados por questões geopolíticas e sim por salvação. O povo de Deus não é Israel e sim a igreja. Paulo disse aos gálatas que os que confiam em seu judaísmo e em sua descendência abraâmica são, na verdade, descendentes da escrava Hagar (Gl 4.24,25). Já a esposa legítima, Sara, representa a igreja (v. 26). Incrível! Paulo chama os judeus de ismaelitas. E chama os gentios de verdadeiros judeus! Se você acha que Israel é povo de Deus porque é uma nação que veio de Abraão, então você não entendeu a revelação da nova aliança. Judeu não vai ser salvo porque é judeu. Nem é considerado descendente de Abraão por causa disso. Para Deus, filho de Abraão é quem crê em Cristo. O próprio Jesus disse isso aos judeus de Seus dias. Se eles fossem realmente filhos de Abraão, creriam em Jesus, pois Abraão viu o dia de Cristo e se alegrou. Uma vez que os judeus não creem em Jesus, logo não são filhos de Abraão coisa nenhuma. Os filhos de Abraão somos nós, os cristãos verdadeiros, que cremos em Cristo Jesus.

Nessas guerras que acontecem entre Israel e seus inimigos, as igrejas prontamente se curvam para interceder por Israel, como se isso estivesse mexendo com os sentimentos de Deus. Deixem-me informar-lhes que Deus não está tocado com isso. O povo de Deus é Sua igreja. Se você tem que orar, ore pela igreja do Senhor, seja de gente de Israel ou não. Você ora pelos palestinos? De que forma você ora por eles? Você ora por Israel diferentemente da forma que ora pelos árabes? Se sim, então você é um idólatra sionista. Israel é que tem que se tornar igreja para ser salvo e não a igreja que tem que se tornar judia para agradar a Deus. Israel não tem privilégio mais. Já teve. Por meio desta nação veio a revelação de Deus. Isso não foi mérito, mas graça. Por meio dela veio Jesus, o Salvador da humanidade. Não foi obras, mas promessa. Mas agora, isso não existe mais. Depois da construção pronta (igreja), a maquete perde seu propósito (Israel). Quer orar por Israel? Ore, mas não por achar que é povo de Deus, ou porque tem que vencer alguma guerra. Claro que Deus tem um povo dentro de Israel, mas Ele também o tem dentro de todas as nações. Ore por elas igualmente. Por que você quereria uma vitória de Israel em uma guerra geopolítica? Você ainda espera um messias do meio deles? Que papel você acha que Israel tem nesse mundo? Você não sabia que o papel foi destinado à igreja? Indo, fazei discípulos de todas as nações, inclusive dos palestinos. Eles também precisam ter paz com Deus.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0209 - AS COISAS ENCOBERTAS E AS COISAS REVELADAS

 


“As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt 29.29).


Diante de uma nova geração de israelitas que estava prestes a entrar na terra prometida, Moisés se coloca como porta-voz de Deus e emite uma mensagem de alerta da parte do Senhor para aquelas pessoas.

Moisés os relembra dos grandes feitos do Senhor por eles, enquanto peregrinavam no deserto (vs. 2-8). Do v. 9-15, Moisés os convoca a obedecerem à aliança do Senhor para que sejam abençoados. Nos vs. 16,17, ele cita o Egito e as demais nações como exemplo de perversidade e idolatria que Israel deveria evitar. Nos vs. 18,19, ele diz o que Israel não deve fazer. Nos vs. 20,21, ele mostra o castigo de Deus sobre os que desobedecerem e do 22-28, ele avisa que essa punição se tornará provérbio para as gerações futuras.

Somente no v. 29 é que ele pronuncia o famoso e conhecido recado: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei”.

Geralmente usamos este versículo para nos esquivarmos de perguntas difíceis que as pessoas nos fazem. Quando se lança uma pergunta que não sabemos a resposta, então devolvemos para a pessoa Dt 29.29, como se aquilo que a pessoa perguntou fosse um mistério e não tivesse resposta.

Mas não é isso que Moisés está dizendo. Na verdade, ele diz que há muita coisa revelada. E tais coisas são para que as cumpramos! O fato de não sabermos muita coisa não nos desculpa da responsabilidade de cumprir o que sabemos! Ele está dizendo à nova geração de israelitas que não serão desculpados de seus pecados, pois ali estava a revelação de Deus e eles eram responsáveis por obedecê-la!

Nossa atual geração tem a mania de dizer que não tem qualquer responsabilidade, se for verdade que Deus é soberano e já determinou todas as coisas. No entanto, o texto está dizendo para você deixar as coisas ocultas com Deus. As reveladas é que são para você! Não tente se esconder atrás das coisas ocultas para se eximir das reveladas.

Tanto que ele diz no v. 19: “Ninguém que, ouvindo as palavras desta maldição, se abençoe no seu íntimo, dizendo: Terei paz, ainda que ande na perversidade do meu coração, para acrescentar à sede a bebedice”. Ou seja, o indivíduo sabe que está contradizendo a vontade de Deus, mas apesar disso, ele quer se abençoar, ele quer reverter a maldição de Deus em bênção, através de um “faz-de-conta que não sei”, ou já que Deus determinou, eu não sou responsável, apenas para acrescentar à sede a bebedice, ou no nosso ditado brasileiro, querendo juntar a fome com a vontade de comer.

De fato, há muita coisa encoberta, mas não significa que só porque não sabemos responder algumas coisas, que elas estejam realmente encobertas. Muitas delas estão reveladas na Escritura e não são mistério coisa alguma. Estão patentes a nós e torna-se nossa obrigação e de nossos filhos cumpri-las para sempre. Para Deus, dizer que não sabemos é apenas uma desculpa para fazermos o que queremos.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 8 de outubro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0208 - OS LADRÕES E O BOM PASTOR

 


“O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10.10).


Geralmente, esse versículo, em sua parte inicial, tem sido atribuído ao diabo. Muitos já até substituíram o termo “ladrão” por “diabo”, recitando assim o versículo: “O diabo veio para roubar, matar e destruir”. Mas se observarmos o contexto de João 10, Jesus explica que o ladrão, ou os ladrões, são todos aqueles que vieram antes dEle e não passaram pela porta (vs. 1,8). O ladrão também é chamado de “o estranho” no v. 5.

Todavia, as ovelhas do verdadeiro Pastor não seguem esse sujeito (v. 4,5). Então, o ladrão, ou o estranho é uma pessoa que se passa por um pastor, que tenta enganar as ovelhas com sua voz. Porém, as ovelhas não lhe seguem, porque não reconhecem esta voz.

Segue-se que estes ladrões são nada menos do que todos os que se passaram por falsos cristos (v. 8). Muitos vieram antes de Jesus, dizendo-se messias, salvadores de Israel, provocadores de rebeliões e motins, constantemente abafados pelo desmanche romano. Algumas centúrias romanas vinham e matavam aquele falso messias com sua turba, dissipando assim, qualquer ameaça ao trono do imperador.

Mas havia também os falsos líderes religiosos. Os fariseus e saduceus eram um exemplo de líderes falsos que Israel costumou ter desde antes da chegada de Jesus Cristo. Eles também eram ladrões, pois não entravam pela porta. Mais à frente, Jesus os critica severamente, dizendo que eles não entravam no reino e ficavam à porta impedindo que outros entrassem (Mt 23.13).

Jesus é a Porta (v. 9). Como os líderes religiosos judeus não O reconheceram nem entraram por Ele, então eles eram também ladrões e salteadores, a quem as ovelhas de Jesus não deveriam dar ouvidos. De fato, quem tem ouvidos, deve ouvir o que o Espírito diz e não o que os falsos dizem.

Embora não seja o diabo, os ladrões a que Jesus Se refere são os falsos mestres, falsos profetas e todo tipo de falsa liderança que tem continuado no meio da igreja, parceiros do diabo. Eles não entram pela Porta que é Jesus, gritam com suas vozes encantadoras e arrebatam muitos após si. Mas não podem fazer isso com as verdadeiras ovelhas de Jesus. Elas não seguem outra voz, senão a de seu Senhor, seu Pastor!

Você tem sido uma ovelha que conhece a voz do seu único Pastor, ou tem se debandado de um lado para outro, atrás de todo vento de doutrina que surge dos gritos dos ladrões que querem roubar o que você tem? Eles estão aí para matar e exterminar sua vida espiritual, até prometendo falsamente aquilo que só o verdadeiro Pastor pode dar.

Os ladrões gritam que têm vida abundante pra você! Agora preste atenção: pergunte a um deles o que significa a vida em abundância que prometem. Se disserem sobre coisas e bens materiais, vida próspera e afins, então fuja, porque são os ladrões tentando usurpar a promessa do verdadeiro Pastor para destruir sua vida. A verdadeira vida abundante que só Jesus pode dar, fala de conceitos eternos que os salvos começam a desfrutar desde agora e continuarão para sempre.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0207 - PRISIONEIRO DAS PALAVRAS

 


“Ora, tendo chegado o dia natalício de Herodes, dançou a filha de Herodias diante de todos e agradou a Herodes. Pelo que prometeu, com juramento, dar-lhe o que pedisse. Então, ela, instigada por sua mãe, disse: Dá-me, aqui, num prato, a cabeça de João Batista. Entristeceu-se o rei, mas, por causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa, determinou que lha dessem; e deu ordens e decapitou a João no cárcere. Foi trazida a cabeça num prato e dada à jovem, que a levou a sua mãe” (Mt 14.6-11).


No relato dos evangelistas sobre a morte de João Batista, lemos a história de dois homens: um que morreu por causa de suas palavras e outro que matou por causa de suas palavras.

João Batista dizia que não era lícito a Herodes possuir a mulher de seu irmão (vs. 3,4). Na verdade, o casamento desse pessoal era uma verdadeira desordem! Herodias era sobrinha desse novo marido (Herodes Antipas) e logicamente, sobrinha também do seu primeiro marido (que era Herodes Filipe, irmão de Antipas).

Do primeiro casamento, ela teve uma filha chamada Salomé. Mas separou-se de Herodes Filipe para casar-se com Herodes Antipas, que era casado com Fasélia, filha do rei Aretas IV. Ao divorciar-se de Fasélia para se casar com sua sobrinha-cunhada, Herodes Antipas foi condenado pelo discurso de João Batista! Isso fez com que João fosse preso e Herodes Antipas tinha a intenção de matá-lo (v. 5).

Enquanto João Batista é preso no cárcere por suas palavras de verdade contra o pecado, Herodes Antipas, cheio de vinho e atiçado pela dança de sua sobrinha-neta, agora enteada, torna-se preso por suas palavras de orgulho, ditas movidas pela embriaguez e excitação dos olhos! Promete a ela na presença de todos os convivas que lhe daria qualquer coisa que pedisse (Marcos registra que Herodes lhe prometeu até a metade do reino – Mc 6.23)!

Não podemos fugir! Somos escravos do que falamos! Seja da voz profética que levantamos contra o sistema mundano em que vivemos, seja da voz patética que proferimos quando estamos movidos pela nossa cobiça!

Certamente nossa voz profética pode nos levar a morrer por amor de Cristo, mas nossa voz patética pode nos levar a destruir outras vidas. Mais ainda, isso é uma questão de consciência. Se formos perseguidos por causa do que falamos em nome da Palavra de Deus, ainda assim nossa consciência estará livre; mas se destruirmos outros pelo que falamos em nome de nossos desejos, nossa consciência estará presa.

Herodes, o homem do poder que, por abuso, condenou João à morte, na verdade não passava de um prisioneiro de palavras irrefletidas. Enquanto João, o prisioneiro condenado à morte por causa de suas palavras, provou que de fato era livre. Nem sempre quem tem a palavra profética vai ter tranquilidade e vida longa, como mentem os romancistas da prosperidade.

De que lado nós estamos? Somos prisioneiros de nossas palavras fanfarronas e, para disfarçar, condenamos à morte os que nos ouvem, ou somos livres para falarmos as palavras de Deus, ainda que nos custe a pena capital?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0206 - OS TRÊS ORGULHOS DO CRISTÃO

 


“...e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus... E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações... e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.2,3,11).


Em Romanos 5.1-11, encontramos três vezes a palavra “gloriamo-nos”. Paulo nos mostra três substantivos em que nos orgulhamos. A palavra “gloriar-se” aqui tem o sentido de “alegrar-se, orgulhar-se, jactar-se, gabar-se de algo”. Não no sentido de vanglória, mas de exultação. Então, o apóstolo classifica em três, os aspectos do bom orgulho do cristão.

A primeira coisa em que o crente se orgulha é na esperança da glória de Deus (v. 2). Foi-nos prometido que participaremos da glória de Deus na consumação de todas as coisas. Todo verdadeiro cristão tem essa esperança. No geral, todas as vezes que a palavra “esperança” aparece nos escritos apostólicos, refere-se a essa expectativa que o crente tem, de que na vinda de Cristo, ele será levado para a glória eterna. Porém, enquanto vive aqui na esperança, o crente deve refletir essa glória em todo seu proceder perante as pessoas.

O segundo elemento em que o cristão se gloria são as tribulações (v. 3). Mas por que teríamos que ser considerados aos olhos mundanos como masoquistas? Que razão alguém teria para se orgulhar nos sofrimentos? Paulo diz que é porque a tribulação produz perseverança. A palavra “perseverança” aqui tem o sentido de “resistência”, como na mitologia o deus grego Atlas suporta firmemente o planeta nas costas. Se temos expectativa quanto à glória de Deus, devemos suportar a jornada atribulada até o fim.

Também essa resistência produz experiência. A palavra usada aqui lembra quando o ouro é passado pelo processo depurador, a ponto de toda impureza ser retirada dele, ficando apenas o que é precioso! Paulo diz que a tribulação produz no crente uma resistência tal, que ele é depurado e suas impurezas vão saindo, até se extrair o melhor dele. É essa experiência, diz o apóstolo, que produz a esperança na qual nos gloriamos, que ele havia dito no v. 2.

Depois de concluir que essa esperança não confunde (v. 5), porque o amor de Deus por nós foi derramado em nossos corações pelo Espírito, Paulo mostra que não somente o Espírito derramado é prova do amor de Deus por nós, mas a própria morte do Seu Filho, mesmo sendo nós ainda pecadores (vs. 8,9). Não há maior prova de amor do que essa!

Assim, ele cita o terceiro Ser em quem nos orgulhamos, isto é, no próprio Deus (v. 11)! Mas ele diz que nos gloriamos em Deus “através” do Senhor nosso, Jesus Cristo! Pois foi por meio dEle que recebemos a reconciliação! Ninguém pode gloriar-se em Deus, sendo seu inimigo! E é apenas por meio de Cristo que alguém pode ser reconciliado, isto é, tornar-se amigo de Deus novamente! Sem Cristo, é impossível alguém alegrar-se em Deus, pois está debaixo de Sua santa ira!

Glorie-se, meu irmão, com toda humildade, nesses três elementos de sua jornada. Na esperança de um dia participar da glória de Deus, nas tribulações como meio de aperfeiçoamento de sua vida espiritual e no próprio Deus, mas apenas por meio de Cristo, pois sem Ele não haveria reconciliação entre você e Deus!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0205 - ESTÔMAGO CHEIO, CORAÇÃO VAZIO

 

“O justo tem o bastante para satisfazer o seu apetite, mas o estômago dos perversos passa fome” (Pv 13.25).


No texto hebraico, a ideia deste provérbio é que o justo come para satisfazer sua alma, mas o estômago dos perversos continua querendo. O recado que temos aqui é o contentamento, a satisfação, um desejo saciado e dominado.

Desde que surgiu o ensino sobre a prosperidade, há um debate incansável sobre a questão se é realmente pecado querer ter mais. Floreando o desejo insaciável pelo ter, com roupa de piedade, os propagadores da prosperidade conseguiram fazer com que a maioria dos cristãos olhasse para esse ensino de modo atraente.

Mas, observando não só este provérbio que lemos, como também toda a Bíblia, essencialmente o NT, percebemos que o problema central sobre esse assunto é exatamente a insatisfação, a insaciabilidade. Quando se refere ao apetite, estômago, comida, fome, essas coisas, na verdade é uma metáfora para as grandes ambições da vida.

Não necessariamente que o justo tenha o bastante para satisfazer seu apetite, mas sim que aquilo que ele tem lhe basta. A questão não é o estômago do justo e sim seu coração. O justo tem seu coração satisfeito, de modo que nem mesmo a necessidade mais básica, que é comer, lhe fará pecar na ambição do querer mais.

Por outro lado, não que o perverso passe realmente fome, mas sim que tudo o que ele tem jamais lhe satisfaz! A questão não é o estômago do ímpio e sim seu coração. O ímpio tem seu coração tão vazio, que nem mesmo os melhores manjares em seu estômago poderão tornar seu coração grato por aquilo que já recebeu! Isto é, por mais que ele tenha, sempre irá julgar que algo está lhe faltando.

Ao retrocedermos, buscando uma razão para isso, encontramos, na base de tudo, o pecado da incredulidade. O justo confia no Senhor para suas provisões, o ímpio, por sua vez, confia na força do seu braço. Daí dizer o Senhor por meio do profeta: “Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do SENHOR” (Jr 17.5)! Mas quanto ao justo diz: “Bendito o homem que confia no SENHOR e cuja esperança é o SENHOR” (v. 7).

Tudo é uma questão de confiança. Quem crê que Deus lhe provê as necessidades, torna-se grato e satisfeito. Quem duvida da provisão de Deus, automaticamente caminha pelas trilhas da insaciabilidade, o que resulta na ingratidão.

Quem come para satisfação da alma e não da carne, glorifica a Deus. Quem come para encher o vazio do coração, nunca será satisfeito!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 3 de outubro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0204 - EXPERIÊNCIA QUE DESTRÓI PRECONCEITO

 

“Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível. Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar-se, temendo os da circuncisão” (Gl 2.11,12).


Um tempo antes de Paulo escrever estas coisas sobre Pedro (que é Cefas), Pedro teve uma de suas melhores experiências com Deus. Uma experiência que lhe ensinou várias coisas sobre seu povo, os judeus, sobre os gentios e sobre o próprio Deus. Esta experiência está registrada em At 10 – 11.

Pedro estava orando e teve uma visão, na qual descia do céu um lençol cheio de todo tipo de animal (At 10.11,12). Uma voz dizia a Pedro que matasse e comesse aqueles animais (v. 13). Mas como Pedro era um judeu que desde a infância guardava a lei, então ele respondeu que jamais comeria da carne daqueles animais considerados impuros pela lei (v. 14). A visão então replicava a Pedro: “Ao que Deus purificou não consideres comum” (v. 15).

Como já conhecemos a história, Pedro só veio entender o sentido desta visão, quando alguns homens lhe chamaram para ir à casa de um centurião chamado Cornélio, que morava em Cesareia (v. 24). Como judeu, Pedro jamais se ajuntaria na casa de gentios para comer com eles! Mas agora ele entendia que Deus não faz acepção de pessoas (v. 34). O povo de Deus não é somente judeu, mas é composto de todos os que creem no nome de Jesus Cristo!

No cap. 11 de Atos, Pedro sofre uma imensa pressão, pois os demais apóstolos e muitos irmãos judeus o questionaram a razão de ter ele comido na casa de um gentio (At 11.2,3)! Pedro então dá o testemunho de como o Espírito Santo desceu sobre eles e como houve salvação ali naquela casa! Os irmãos se alegraram e toda contenda cessou (v. 18).

O que Pedro não contava é que mesmo tendo conseguido dominar o colégio apostólico com seu testemunho e sua experiência com Deus, todavia, não conseguiu dominar a si mesmo, pois como Paulo nos relata em Gálatas, Pedro continuou com essa prática de não se juntar aos gentios quando estava na presença de judeus (Gl 2.12). Paulo teve que repreendê-lo por tal atitude hipócrita (v. 14). Como pode uma experiência daquela de Atos 10 não ter transformado a mentalidade de Pedro?

Grande parte das vezes nosso coração também está tão dominado por nossos pressupostos, que mesmo as mais profundas experiências com Deus não nos curam deste mal! Comportamo-nos como denominacionalistas, defensores de certas doutrinas teológicas, portadores da última visão de Deus para a igreja, de tal modo que nos esquecemos que Deus é multiformemente gracioso. Graças a Deus, Pedro aprendeu isso. Ele disse: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pe 4.10).

Vamos aprender isso também! Nossas experiências com Deus devem nos livrar de nossos preconceitos e não nos fazer achar que somos donos dEle e O repartimos com quem desejarmos!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

ADÃO TINHA LIVRE-ARBÍTRIO?

 


Muita gente pergunta se Adão tinha livre-arbítrio. Isso depende do que você entende que é livre-arbítrio. Se for a livre escolha sem a influência do pecado, então sim. Mas se for a livre escolha libertária, livre de qualquer influência, então não. Adão realmente não estava sob a influência do pecado, assim como todos nós já nascemos. Neste aspecto, ele era mais livre do que nós. Afinal, era nosso representante. Não deveria mesmo estar influenciado pelo pecado. Entretanto, Adão não era livre completamente. Adão não era livre de tudo absolutamente. Embora livre do pecado, ele não era livre de Deus. Ele não era livre dos decretos de Deus. Adão não foi impulsionado por uma natureza pecaminosa como nós, porque ele não tinha essa natureza. Mas ele foi impulsionado pelos decretos eternos de Deus e disso ele não tinha como fugir.

A escolha de Adão foi voluntária, mas foi escrita por Deus desde a eternidade. A escolha de Adão foi voluntária porque não havia ninguém o coagindo a fazer o que fez. Mas ele fez voluntariamente aquilo que Deus havia soberanamente preordenado. Isso é assim porque todas as coisas acontecem pelo fato de Deus tê-las designado de antemão. Deus não sabe só o que ocorrerá no futuro, mas o futuro ocorrerá porque Deus o ordenou antecipadamente. Os que querem limitar a soberania em prol da onisciência, isto é, quem acha que Deus só sabe o futuro, mas que não o decretou, então tem que responder à pergunta: na eternidade havia futuro? Se o futuro, tal como o passado e o presente, só existe no tempo (e na eternidade o tempo ainda não havia sido criado), segue-se que o futuro só vem à existência a partir do instante em que Deus cria o tempo. Quando Deus cria o tempo, Ele não cria um cronômetro e deixa as coisas rolarem. Isso, além de ser deísmo, ainda desconsidera que o tempo completo não é só o presente. Ele é composto de passado e futuro também! Se Deus criasse um relógio para Sua criação e deixasse o tempo correr, Ele não teria conhecimento do que aconteceria depois. Deus criou o passado, presente e futuro quando criou o tempo, portanto, Deus conhece o futuro porque foi Ele quem o criou.

Adão era preso a este decreto, portanto, não era livre totalmente. Ele não era livre de Deus! A pergunta que as pessoas fazem é confusa. Elas perguntam: se Deus decretou, então Ele não é o responsável pelo pecado? Também depende do que você quer dizer com “responsável”. Se por “responsável” você está dizendo que Deus é o provocador, o criador, o que trouxe à existência, então sim. Ele é o que trouxe todas as coisas à existência, inclusive o mal. Mas se por “responsável” você está insinuando que, se for assim, Deus é mau e pecador, responsabilizado diante de alguém para prestar esclarecimentos e ser julgado, então não. Agora você está sendo panteísta. Está misturando Deus com Sua criação. Deus é distinto daquilo que Ele criou. Deus criou uma árvore, mas Ele não é uma árvore. Deus criou um jumento, mas Ele não é um jumento. Deus criou o mal, mas Ele não é mau. Deus é autor de tudo, mas não é servo de Sua criação nem julgado por ninguém. Para Deus ser levado a qualquer tribunal, primeiramente deveria existir alguém maior do que Ele para que Ele viesse lhe prestar contas. Em segundo lugar, para Deus ser responsabilizado por quebrar alguma lei, deveria haver alguma lei O proibindo de fazer algo e então Ele fizesse. Visto que não há nenhuma lei que proíba Deus de fazer o que quer que seja (nem feita por alguém, pois esse alguém seria superior a Ele e, portanto, não existe, ou feita por Ele mesmo – e Deus jamais fez alguma lei proibindo a Si mesmo de qualquer coisa), então tudo o que Deus faz é bom por natureza, visto que quem faz é Deus e tudo o que Ele faz é bom, sendo bom porque Ele determina que é bom, visto que a bondade é inerente a Deus. Para nosso exemplo, se Deus tivesse feito alguma lei proibindo a Si mesmo de criar o mal e então Ele a quebrasse, criando o mal, então Deus estaria Se contradizendo, o que O declararia como falso e infiel. Mas não há tal lei. Portanto, tudo o que Deus faz é aprovado por Ele mesmo e, consequentemente, bom. Deus criar o mal é diferente de Deus praticar o mal. Praticar o mal é impossível para Deus, uma vez que tudo o que Ele faz é sempre bom.

Já a criatura, quando ela peca contra Deus, ela está quebrando um mandamento e, portanto, é responsável pelo seu pecado. É a responsabilidade moral do ser criado. Responsabilidade moral da criatura não deve ser confundida com decreto soberano do Criador. No decreto de Deus, Ele estabeleceu que o homem iria pecar e que o homem seria responsável por isso, deveria responder diante dEle. Então, Ele criou o homem e Lhe deu Seu mandamento. A partir do momento em que um mandamento é dado a um subordinado, ele já se torna responsável diante de sua autoridade. Isso não pode ser questionado sob o pretexto dos decretos, visto que o homem não é convidado por Deus para participar de Seus planos. Deus o coloca em Seus planos e lhe dá uma lei. É debaixo desta lei que o homem está obrigado diante de Deus a responder por desobediência. Quando alguém contesta sobre isso, dizendo que o homem não pode fazer algo diferente do que foi decretado, isso não tem ligação com sua responsabilidade. Se ele pode ou não pode, isso é irrelevante. Ele é responsável porque Deus decretou que ele fosse responsável e que o homem tem que responder diante dEle. Responsabilidade tem a ver com autoridade e não com liberdade. Eu poderia também perguntar, se fosse o caso, para os libertarianos: por que o homem veio à existência sem pedir para vir? Por que Deus daria algum livre-arbítrio para o homem, sendo que o homem sequer pediu para existir e ainda ter que escolher alguma coisa? Por que Deus trouxe o homem à existência sem seu consentimento e ainda lhe deu regras e caso ele não as cumpra, terá que sofrer castigo por uma coisa que ele nem pediu? Por que Deus não interfere na vontade humana, sabendo que o homem só escolherá o que é ruim? Se Deus trouxe à existência o homem sem pedir permissão ou sem contar com o livre-arbítrio deste, por que seria obrigado a depender do livre-arbítrio dele depois de criado? Essas perguntas não têm resposta do ponto de vista do livre-arbítrio. A resposta para isso só se encontra na soberania de Deus! Deus trouxe o homem à existência porque Ele quis. Deus torna o homem responsável diante de Suas leis e, caso ele não as obedeça, terá que responder diante de Deus, porque Deus o responsabilizou. Deus fez alguns homens para neles manifestar a Sua glória e outros para neles revelar Sua ira. É o que a Bíblia diz. E se Deus fez isso (e a Bíblia diz que fez), então é isso que é bom, não importa o que as pessoas pensem. Quando Deus mandou Abraão matar Isaque, isso era o certo a se fazer e seria pecado se Abraão tentasse burlar este mandamento. E sua ação de matar seu filho não seria assassinato nem pecado, visto que quem mandou foi Deus, portanto, isso se torna lei, obrigação, dever, e pecado é não cumprir. Abraão sabia disso e foi lá executar o jovem. Porém, no momento da execução, Deus interfere e diz que não é mais para matá-lo. Pronto! Agora será pecado se ele o matar! Ele se torna obrigado a não matar seu filho e se ele continuasse, seria um assassino e teria que responder por isso diante de Deus, pois a lei agora foi mudada pelo próprio legislador, que diz para não matar! Deus é soberano e o que Ele diz é que é o certo a se fazer.

Adão foi proibido comer do fruto daquela árvore do conhecimento do bem e do mal pelo preceito de Deus. Mas se Deus o ordenasse em qualquer ponto de sua vida a comer, então ele poderia comer, que não seria mais pecado. Mas enquanto a proibição estiver de pé, então é proibido. Será pecado quebrar esta proibição. O homem está responsabilizado pela ordem de Deus e não deve apelar para a soberania de Deus para justificar seu pecado. O decreto de Deus é uma coisa, o preceito de Deus é outra. No decreto, Ele já estabeleceu o que Ele quis, inclusive nossos erros e a condenação de muitos. Nos preceitos, Deus revela nosso dever moral diante dEle e é por este dever que estamos responsabilizados. Tudo vai acontecer conforme Seus decretos, mas isso é irrelevante para o homem e não pode usar os decretos como pretexto de justificação de seus pecados, visto que Deus o responsabilizou, revelando a ele Sua vontade, portanto, ele já está responsabilizado. Adão era livre de uma natureza pecaminosa, mas não era livre dos decretos de Deus, mesmo assim, isso não tira sua responsabilidade, porque Deus o responsabilizou. Se Deus responsabilizou Adão, isso é o que ele é – responsável por suas ações. Deus decretou que ele iria cair voluntariamente e também decretou que seria responsabilizado por desobedecê-lo. Deus deu a Adão seu preceito, então Adão desobedeceu por vontade própria e foi responsabilizado por Deus.

Mas Deus também predestinou a Cristo para ser o Cordeiro morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8)! Como Deus já havia decretado a Queda e também já havia decretado que Seus eleitos seriam resgatados, então, Cristo foi decretado como Aquele que nos representaria diante de Deus em justiça. Adão não podia não pecar. Ele era nosso representante na Queda e não na justiça. Cristo é nosso representante na justiça, por isso, Ele teria que vir, não cair e nos resgatar de nossos pecados, que recebemos no legado de Adão. Assim como Adão não podia não pecar, Cristo não podia pecar! Se Adão pudesse não pecar, ele poderia ser nosso representante na justiça, então Cristo não precisaria vir. E se Cristo pudesse pecar, então não precisaríamos dEle como nosso representante, visto que já tínhamos um em pecado. Mas Cristo tinha que vir sem pecado, logo, Adão tinha que pecar. Ele não era livre e ao mesmo tempo era responsável. Responsabilidade não presume liberdade. Responsabilidade presume autoridade. Deus era autoridade sobre Adão e este era responsável diante de Deus. O Criador decretou a queda do homem, mas não o coagiu a cair. O homem caiu por sua própria vontade, quebrando o preceito de Deus e isso porque nada pode fugir dos decretos do Criador. Assim, o homem é responsável e Deus é soberano!

Soli Deo gloria.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0203 - A DISCIPLINA ECLESIÁSTICA

 


“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20).


Jesus pronunciou estas palavras num contexto em que falava sobre o assunto de disciplina eclesiástica. Na verdade, este versículo é a conclusão de um ensinamento que Jesus dá sobre o assunto, que começa no v. 15. O processo disciplinar começa com uma repreensão feita em particular (v. 15). Com a recusa do faltoso, a repreensão é feita na presença de uma ou duas testemunhas, que mais tarde serão os presbíteros da igreja (v. 16). Por fim, na insistência da falta, o indivíduo é notificado perante a igreja e excluído da comunhão com ela (v. 17).

Frequentemente, nós usamos este versículo de forma isolada deste contexto para dizer que não importa o número de pessoas que esteja presente num local, desde que se reúnam no nome de Jesus, Ele estará ali. Sem dúvida isso também é verdade, mas não pode ser provado por esse texto.

Aqui Jesus está falando claramente de disciplina eclesiástica, de afastar o faltoso impenitente da comunhão da igreja. Esse termo “dois ou três” está se referindo ao que chamou a atenção do faltoso e às testemunhas presentes. Jesus está também presente como que aprovando a decisão de disciplinar o irreverente.

Obviamente a questão vai muito além. Vemos, por exemplo, no v. 21 que Pedro pergunta: “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes”? Mas Jesus diz que não até sete, senão que setenta vezes sete (v. 22). Ou seja, a intenção da disciplina é sempre o perdão, a restauração do faltoso, claro, desde que venha arrependido (Lc 17.4).

Outra questão que está trazendo um prejuízo para a ordem da igreja do Senhor é a banalização da doutrina da disciplina eclesiástica. Algumas igrejas já nem mesmo usam a aplicação da disciplina no sentido corretivo, ficando apenas na instrução (quando têm); outras punem seus membros por motivos banais e sem razão bíblica para isso; muitos membros já não se submetem mais à liderança eclesiástica e consequentemente à disciplina.

João Calvino afirmava que as características da igreja verdadeira são: a pregação da Palavra, a administração dos sacramentos e a disciplina eclesiástica (obviamente de forma verdadeira). O que vemos hoje, todavia, é que há muito tempo a Palavra não é mais pregada nos púlpitos, os sacramentos estão sendo banalizados e extintos e a disciplina eclesiástica é motivo de zombaria e deboche entre os cristãos.

Não é de se espantar que Jesus esteja do lado de fora da igreja, batendo e dizendo: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei e ele comigo” (Ap 3.20). Tais igrejas que baniram esta doutrina de sua prática, certamente dizem para Jesus que Ele não é bem-vindo entre os dois ou três que estão ali reunidos, pois não estão no nome dEle!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0202 - O SOLDADO, O ATLETA E O MORDOMO

 


“Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé” (2Tm 4.7).


Uma das coisas mais belas na história de um cristão é quando ele chega às portas da morte tendo a consciência fielmente recomendada diante de Deus e dos homens. Aproximando o fim de sua existência terrena, o crente marcha resoluto em direção à glória eterna, confiante de que realizou a vontade do Senhor!

Diante daquilo que o apóstolo Paulo realizou pelo evangelho do nosso Senhor, ficamos envergonhados com o pouco que fazemos, com a contribuição tão mirrada que entregamos Àquele que deu Sua vida por nossos pecados!

De fato, este apóstolo de Jesus chegou ao final de sua vida comparando seu cristianismo de aproximadamente 30 anos nessas 3 figuras básicas: como um soldado, como um atleta e como um despenseiro.

Como um soldado cristão, Paulo combateu o bom combate! Ele ensinou muito às igrejas acerca do combate espiritual. A carta aos Efésios é a mais conhecida sobre este assunto, embora ele tenha falado sobre isso em outras epístolas.

Paulo chama o combate de “bom”. Muitos de nós murmuramos acerca da nossa batalha espiritual. Não achamos que seja uma coisa boa. Mas tem que ser. É através de nossa luta contra o mundo, o diabo e a carne que fortalecemos nossos músculos espirituais e nos aperfeiçoamos como maduros em Cristo.

Paulo também se compara com um atleta. E com relação à carreira cristã, ele diz que a completou. Próximo da morte, nem todo cristão poderá dizer que trilhou essa jornada com louvor. Muitos deixaram várias etapas para trás, outros pegaram vários atalhos e outros nem mesmo concluíram. Paulo usa aqui o mesmo verbo que Jesus usou na cruz (está consumado), dizendo que concluiu a carreira que Deus propôs para ele.

Como despenseiro, Paulo diz que guardou a fé. Este é o “bom depósito” de que tanto ele fala a seu filho na fé, Timóteo, recomendando-o que o guarde fielmente (1Tm 6.20; 2Tm 1.14)! O despenseiro é aquele que cuida dos bens de seu senhor, ele mesmo não é o dono. A fé não é nossa, é dom de Deus, mas nós temos o dever de guardá-la até o fim. Perder a fé é apostatar-se. Perder a fé é ser infiel, descuidado e irresponsável com o que nos foi confiado.

Nessas três áreas temos correspondido às exigências que nos são feitas? Como soldados, temos lutado, ou temos fugido? Como atletas, temos percorrido a estrada da salvação, ou temos feito nossas próprias regras? Como mordomos, temos guardado o que Deus nos deu, ou temos perdido o valor disso diante das ofertas deste século?

Volte para o campo de batalha e lute pela causa do Senhor! Volte para a pista de corrida e avance prosseguindo para o alvo da soberana vocação! Volte para casa e passe a vassoura até encontrar o tesouro da fé que foi perdido e guarde-o até o fim!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 1 de outubro de 2023

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0201 - QUANDO CESSA O MANÁ

 


“No dia imediato, depois que comeram do produto da terra, cessou o maná, e não o tiveram mais os filhos de Israel; mas, naquele ano, comeram das novidades da terra de Canaã” (Js 5.12).

A história do maná de Deus para o povo de Israel é um misto de provisão, ingratidão e incredulidade. Provisão, porque Deus supria a necessidade de Seu povo; ingratidão, porque o povo murmurava dessa provisão; e incredulidade, porque eles não obedeciam a forma certa da colheita do maná.

Aquela geração incrédula morreu toda no deserto e essa nova geração estava assumindo as promessas de Deus. Mas agora que eles chegam à terra prometida, cessa o maná! O pão fabricado na padaria celestial agora só fará parte da história de Israel...

Embora em situações diferentes, este caso relembra o Éden. Adão e Eva recebiam tudo de modo simples e pronto, ainda que tivessem que lavrar o jardim, mas uma vez expulsos, agora teriam que alcançar seu alimento com enorme esforço!

Este caso também relembra a transição dos juízes para os reis. O povo deixou o governo de Deus para submeter-se ao jugo humano.

Todavia, o que mais claramente se percebe, é que nós fazemos certa confusão entre nossos dias de provações e os dias de abundância. Geralmente pensamos que nas aflições estamos sozinhos e que Deus Se manifesta muito mais na fartura da nossa mesa. Ledo engano.

No deserto, Deus providenciou pão do céu e água da rocha para Seu povo. Já na terra prometida, eles teriam que plantar, trabalhar para comer. Embora Deus esteja presente com Seu povo em ambos os casos, entretanto, percebemos que Sua mão milagrosa é mais patente e notável no ambiente da dificuldade.

A explicação para essa confusão que fazemos é porque quando estamos passando pelo momento da tribulação, nossos olhos não conseguem captar a verdadeira imagem e nem nossa mente consegue distinguir o cuidado de Deus, pois o medo e a incredulidade turvam os nossos olhos e embaçam a nossa razão. De fato, não é fácil exercer confiança nesse momento.

Talvez, como os filhos de Israel, você também esteja com medo do deserto. Mas saiba que é ali que os seus olhos vão contemplar os maiores milagres e providência divinos. Observe que o cuidado milagroso de Deus aconteceu mais na sua vida nos momentos das maiores dificuldades. Onde mana leite e mel, os milagres são mais raros e você tem que trabalhar mais.

Mas saiba que em ambos os casos é sempre o Senhor que lhe sustenta. Um dia também entraremos na Jerusalém celestial. E toda provisão que o Senhor nos fez aqui, dela não mais precisaremos. O Verdadeiro Maná, o Pão da Vida, estará diante de nós a nos satisfazer por toda eternidade!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson