E os outros judeus também dissimulavam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação (Gl 2.13).
Por: Mário Gardini
A máscara é um disfarce. É uma arte de enganar e iludir aqueles que nos veem.
"Mascarar" é apresentar uma face para esconder o que realmente somos.
Estamos em tempo de carnaval (fevereiro de 2013) e vemos muitas máscaras nos clubes e nas passarelas luxuosas e animadoras das ruas de carnaval.
Mas em dias comuns, usamos muitas máscaras que disfarçam o nosso ser e nosso verdadeiro caráter.
A "máscara" está ligada à nossa personalidade. Personare – é "o som que emitimos por trás da máscara".
No palco da vida, somos especialistas em viver muitos "papéis" aceitos pelas convenções da sociedade.
Fingimos quase o tempo todo para convencer as pessoas que nos olham que somos "amáveis", "justos", "bondosos", "temperantes", "corteses", "santos", etc. Jamais vi alguém tentar convencer os outros de que é "mau" e "fingido".
Analisemos quatro máscaras, comumente usadas por nós.
A máscara do "amável" – palavras e gestos de amor são apresentados aos "milhões" todos os dias. O sinal do "amor" é um bom início de namoro, de uma grande amizade e a marca numa comunidade que prega o amor.
Externamos o nosso amor a Deus e aos homens, mas a desfaçatez de nossas palavras e gestos não dura muito. Logo, desistimos de Deus, da amizade e quando o namoro deságua no casamento, queremos o divórcio. Paulo, o pequeno, ensina: "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria" (1Co 13.1-3).
A máscara do “bondoso” – ninguém almeja o epitáfio de "ruim", "maldoso" ou "mau". Mas se nos chamam de "bons", "caridosos", isso nos conforta e eleva o nosso ego.
Bem, se "ser" bom eleva o nosso ego, há algo de muito errado no nosso conceito de bondade e revela o que queremos a todo o custo: as placas de reconhecimento pela nossa "bondade". A Bíblia afirma: "Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca" (Mt 12.34).
Numa Praça no Rio de Janeiro, havia muitos pombos. Todo o dia aparecia um bondoso cidadão para jogar milho às aves que povoavam aquele lugar com a "intenção" de alimentá-los. Os pombos começaram a sumir e isso despertou a curiosidade de algumas pessoas. Descobriu-se que o homem que tratava dos pombos, carregava um "embornal", e quando os pombos vinham para se alimentar dos milhos jogados pelo "bondoso" cidadão, tinham suas cabeças torcidas e o pescoço degolado. Eram o almoço e a janta do "bondoso" cidadão.
A máscara do humilde – concordo com Vieira, padre católico: "o humano é o pó que se alevantou; o humilde é o humano que se tornou pó", pois humildade vem de "humus" (barro) e lembra do que fomos feitos e em que nos tornaremos um dia. Jesus ensinou: "Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas" (Mt 11.29).
Já ouvi alguns dizerem que "se orgulham da humildade que têm". O humilde não sabe que é "humilde". O humilde falso quando apresenta sua falsa humildade, quer uma troca: o abano para o seu ato heroico de "ser humilde".
A máscara do santo – o “santo” quer nos impressionar pelos seus atos: jejua, ora, lê a Bíblia, frequenta a igreja, fala de sua devoção, etc., contrariando o Senhor que diz: "E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão" (Mt 6.5,16). O genuíno amor, a verdadeira bondade, a real humildade e o autêntico santo são produzidos no Evangelho de Cristo que "morreu e nos fez morrer com Ele na cruz". Ensina a Palavra Eterna: "Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado" (Rm 6.6).
Sem a obra de Deus, a nossa intenção, quando fazemos algo, visa a nossa promoção e que toquem trombetas quando passamos.
Mário Gardini é escritor e
novo colaborador
novo colaborador
de artigos no Teolatria.
Muito boa palavra..Gardini é riquissimo em conhecimento biblico mesmo. Ouvia muita gnt comentar suas aulas no Seteban.Com certeza vai somar no blog.
ResponderExcluirO verdadeiro cristão deve viver uma vida transparente, pois reflete a glória e o amor de Deus ao mundo!
ResponderExcluirWesley Peronica
Graça e paz,
ResponderExcluirPalavra forte. Gosto muito desse ensinamento de máscaras. Por anos fui um mascarado, ou seja, um hipócrita dentro da igreja.
O melhor dia da minha vida foi quando o Senhor quebrou minhas máscaras e me deixou nu e envergonhado diante de irmãos (Igreja) e da família (esposa, mãe,...).
Phobeumenos Thon Theon
Obrigado, irmão Mário Gardini, por sua contribuição em nosso espaço. Estaremos publicando seus artigos de grande valor para nossos leitores e seguidores.
ResponderExcluirGrande abraço.