Teolatria

No Teolatria você encontra diversos estudos bíblicos em slides (power point) para baixar, além de muitas pregações, sermões expositivos, textuais, temáticos em mp3, dos pregadores da IMVC - Vilhena/RO: Pr. Cleilson, Pb. João, Pb. Alex, Pb. Wesllen Ferreira, irmã Clair Ivete e pregadores convidados.

sábado, 30 de julho de 2011

JOHN STOTT MORRE EM LONDRES


Aos 90 anos líder escreveu 40 livros, alguns publicados no Brasil.

Por: Redação Creio

Faleceu na tarde desta quarta-feira, 27, o líder e evangelista londrino John Stott. Segundo informações do presidente do ministério que carrega o nome do líder, Benjamin Homam, a morte aconteceu às 3:15 (horário de Londres) por complicações relacionadas à sua idade avançada - Stott tinha 90 anos. Nas últimas semanas, Stott já não vinha se sentindo bem.

Família e amigos haviam se reunido recentemente com Stott. Homam frisou ainda que o ministério já se preparava para o pior. “Stott deixou um exemplo impecável para lideres de ministérios em todo o mundo. Deixou para muitos um amor pela igreja global, e uma paixão pela fidelidade bíblica e amor pelo Salvador”.

Considerado uma das mais expressivas vozes da Igreja Evangélica contemporânea, o inglês John Stott nasceu em 27 de abril de 1921. Foi um agnóstico até 1939, quando ouviu uma mensagem do reverendo Eric Nash e se converteu ao cristianismo evangélico.

Estudou Línguas Modernas na Faculdade Trinity, de Cambridge. Foi ordenado pela Igreja Anglicana em 1945, e iniciou suas atividades como sacerdote na Igreja All Souls, em Langham Place. Lá continuou até se tornar pastor emérito, em 1975. Foi capelão da coroa britânica de 1959 a 1991.

Stott tornou-se ainda mais conhecido depois do Congresso de Lausanne, em 1974, quando se destacou na defesa do conceito de Evangelho Integral – uma abordagem cristã mais ampla, abrangendo a promoção do Reino de Deus não apenas na dimensão espiritual, mas também na transformação da sociedade a partir da ética e dos valores cristãos.

Em 1982, fundou o London Institute for Contemporary Christianity, do qual hoje é presidente honorário. Escreveu cerca de 40 livros, entre os quais Ouça o Espírito, ouça o mundo (ABU), A cruz de Cristo (Vida) e Por que sou cristão (Ultimato).

Recado Teolatria:

Li o último livro escrito por esse homem de Deus: "O discípulo radical". Ali John Stott já faz sua despedida no post-scriptum do livro, incentivando os leitores a lerem, pois, segundo Stott, "esse é um meio de graça muito negligenciado". 

Na introdução do 2º capítulo deste livro, ele compartilha o que tem feito, segundo ele, sua "mente descansar ao me aproximar do fim de minha peregrinação pela terra. É o seguinte: Deus quer que o Seu povo se torne como Cristo, pois semelhança com Cristo é a vontade de Deus para o povo de Deus".

Não resta dúvida de que John Stott foi um dos mais respeitados cristãos do mundo, tanto pela sua piedade notória a todos, quanto pela sua contribuição em seus escritos profundos e simples de entender, que correram pelo mundo afora, tornando-se acessíveis a quem quisesse desfrutar de uma boa leitura.

Expresso minha admiração por ele e digo a Deus que o receba na Sua glória com muita alegria, porque aqui ficamos tristes, mas em breve estaremos juntos de novo.

Dia tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 27 de julho de 2011

DE QUÊ DEUS TEM NOS CHAMADO?


Apesar de, na sua época, Sodoma e Gomorra já terem sido destruídas há quase 1 milênio e meio, Isaías dirige-se ao povo de Deus chamando-os de Sodoma e Gomorra: "Ouvi a palavra do Senhor, vós, príncipes de Sodoma; prestai ouvidos à lei do nosso Deus, vós, povo de Gomorra" (Isaías 1.10). É óbvio pelo contexto e pelo tom de ironia que Isaías está se referindo a Jerusalém, uma vez que no v. 8 ele a chama de "filha de Sião". Também nos versículos seguintes encontramos citações de rituais associados à Lei que Deus deu a Seu povo. Isso deixa claro que era com o povo de Deus que ele estava falando.

Ao meditar nesse texto fiquei um tanto envergonhado. A pergunta que veio à minha mente foi a seguinte: de quê Deus tem me chamado? Nas marés dos nossos dias é comum ouvir que Deus nos chama de filhos, que somos vencedores, que somos povo de Deus, aliás é isso que gostamos de ouvir, mas afinal, Jerusalém também não era tudo isso? Sim, eles eram o povo escolhido de Deus, eram vencedores, herdaram a terra prometida, mas (sempre tem um mas na história da nossa vida)... algumas coisas aconteceram para que Deus ficasse aborrecido com eles. Vejamos:

1 - Deus os criou, mas eles se revoltaram (v. 2);
2 - Eles perderam o conhecimento de Deus (v. 3);
3 - Tornaram-se pecaminosos, cheios de iniquidade, semente maligna, filhos corruptores, abandonaram ao Senhor, blasfemaram, apostataram... (v. 4);
4 - Sua rebeldia impedia que Deus lhes castigasse mais, estavam por completo sem cura, estavam podres por dentro, nem mesmo a terra foi poupada, estava assolada, consumida pelo fogo, sua lavoura era devorada por estranhos, estava o povo de Deus totalmente arrasado (vv. 5-9)!

Mesmo assim, eles ainda tentavam preservar uma fachada de adoração! Pensavam que Deus ficaria mais acalmado com suas oferendas e sacrifícios... ledo engano! Deus não era (nem é) como os seus príncipes, companheiros de ladrões, que amavam o suborno e corriam atrás de recompensas (v. 23)! Não! Nosso Deus não é assim! Os líderes corrompidos podem ser levados por ofertas, mas Deus não! Para Deus, nossa vida santa deve ser acompanhada de mãos limpas (vv. 15,16). E além de ser nosso dever nos manter incontaminado do mundo (Tg 1.27), isto ainda deve ser reproduzido na linha horizontal, em relação ao nosso próximo: "Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas" (v. 17).

Eu não acredito que Isaías fosse querido pelo povo. Até porque o povo não gosta de ouvir a realidade. Se o profeta lhes falasse palavras de engano, eles o amariam, mas com palavras de repreensão, o mínimo que poderia acontecer seria o desprezo pela sua palavra; o máximo foi o que, segundo a tradição, de fato aconteceu: foi martirizado, serrado ao meio por ordem do rei Manassés! Bem que Jesus falou para os de Sua época: "Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas" (Lc 6.26).

Ficam algumas perguntas para nossa reflexão: de quê temos sido chamados? Depois de analisarmos bem nossa vida espiritual, podemos ter certeza de que Deus aceita o nosso culto? Ou estamos Lhe oferecendo liturgias vazias? Temos nos interessado pelas causas dos necessitados? Ficamos irritados quando os verdadeiros profetas nos chamam de Sodoma e Gomorra?

Dia tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 25 de julho de 2011

ESBOÇO DE SERMÃO TEXTUAL POR INFERÊNCIA EM 2CO 3.1-11

A SUPERIORIDADE DA NOVA ALIANÇA (2CO 3.1-11)

INT.: Devido o homem ter se afundado no pecado desde Adão (apenas alguns poucos se preocupavam em agradar a Deus), e com isso ficar mais e mais distante de Seu Criador, a situação do homem para conhecer Deus foi se tornando cada vez mais crítica. Deus, sabedor de que o homem jamais iria por si mesmo voltar-se para Ele, já havia providenciado Jesus como solução para essa dificuldade. Entretanto, até que Jesus viesse, Deus trataria a humanidade de modo preparatório para a chegada de Seu Filho ao mundo. E esse modo incluiu alguns símbolos, algumas sombras que representassem Cristo. Alguns exemplos disso podem ser vistos no decorrer da história pelo agir de Deus. Escolheu Israel, como único povo exclusivo dEle, assim como mais tarde escolheria a Igreja como povo exclusivo. Regulamentou sacrifícios de animais que simbolizavam a morte de Seu Filho pelo Seu povo. Deu a lei escrita em pedras para orientação de Sua vontade a Seu povo, assim como no futuro escreveria em seus corações Sua vontade e lhes daria Seu Espírito a fim de que Sua Igreja pudesse cumprir essa vontade e assim por diante.

S. T.: É sobre isso que vamos falar. Como a lei escrita nos corações torna-se tão superior à lei escrita em pedras. Esta era uma sombra, aquela a realidade.

I – A NOVA ALIANÇA FORMA CARTAS VIVAS (v. 1-3)

1. A velha aliança, escrita em pedras era para que as pessoas lessem, guardassem e, cumprindo as ensinasse a seus filhos (Dt 6.1,2)

2. No entanto essa lei funcionava de fora para dentro. Era ler, ouvir, para guardar.

3. A nova aliança foi escrita de dentro para fora. Foi no coração para externar o que existe lá dentro – o Espírito que nos foi dado
    a) Deus já tinha prometido tal progresso (Jr 31.31-33; Ez 36.26,27)

4. Alegre-se, meu irmão, você é uma carta viva que pode externar o Espírito de Deus que em você habita!

II – A NOVA ALIANÇA GERA OUSADIA DEPENDENTE (v. 4-5,12)

1. Paulo tinha muita confiança em Deus por causa dessa revelação (v. 4,12)

2. No entanto, ele reconhecia que essa capacidade não vinha dele, mas de Deus (v. 5)
    a) O homem por si mesmo nada é (Sl 8.4)

3. Nós crentes devemos ser intrépidos, mas humildes, ousados, mas dependentes
    a) A ousadia faz parte da convicção
    b) A dependência a Deus faz parte da humildade (Tg 4.6)

III – A NOVA ALIANÇA GERA VIDA (v. 6)

1. Paulo foi habilitado a ser ministro de uma nova aliança, não da letra, pois desta Moisés foi ministro

2. A antiga aliança ministrada por Moisés (a letra) mata, mas a nova aliança, ministrada por Paulo (espiritual) vivifica
    a) Ela vivifica porque além de ter sido escrita no interior dos crentes, ainda foi dada juntamente com o Espírito Santo a fim de capacitá-los a fazer a vontade de Deus
    b) A antiga mata porque exigia obediência, mas não capacitava ninguém para isso

3. Todos os que querem viver pela lei buscam a morte, mas os que querem viver pelo Espírito alcançam a vida (Rm 7.5; 8.6)

IV – A NOVA ALIANÇA PRODUZ MAIOR GLÓRIA (v. 7-11)

1. Paulo reconhece que a antiga aliança produziu glória, pois o rosto de Moisés brilhou, apesar dessa glória ser desvanecente (Êx 34.29,30)
    a) Mesmo assim, Paulo chama a antiga aliança de “ministério da morte” (v. 7), “da condenação” (v. 9) e “o que desvanecia” (v. 11), mostrando a transitoriedade da lei, ou seja, Deus a usou como aio para chegar até o fim específico que é Cristo (Gl 3.24)

2. Já a nova aliança produzirá maior glória, pois não somente Paulo, mas todos os crentes são transformados de glória em glória até chegarem à imagem de Cristo (v. 18)
    a) Paulo chama a nova aliança de “ministério do Espírito” (v. 8), “ministério da justiça” (v. 9) e “permanente” (v. 11)

3. Nós, os crentes, devemos viver com esta aliança gravada no coração, pois esta glória que ela produz nos tornará semelhantes a Cristo, cumprindo assim o propósito de Deus (Rm 8.29)

CONC.: Vimos as características que provam que a nova aliança feita em Cristo é superior em vários aspectos à antiga, pois ela nos faz cartas vivas, gera ousadia e humildade, nos traz vida espiritual e produz maior glória do que a de Moisés, pois nos transforma à imagem de Cristo.

terça-feira, 19 de julho de 2011

A ALEGRIA DE TER UM FILHO SÁBIO (PV 23.24)


Ficamos a imaginar a alegria dos pais de pessoas como Rui Barbosa, o orgulho que devem ter tido os pais de Blaise Pascal, Einsten, entre outros gênios que viveram e ainda vivem entre nós. Mentes brilhantes, homens e mulheres extraordinários, que causavam o maior gabo a seus pais, parentes e amigos...

Há muitos homens e mulheres que, apesar de viverem no anonimato, também são gênios. São honestos, trabalhadores, fiéis em tudo, inteligentes, humildes, amigos e muitas outras características que poderiam ser multiplicadas para explicar a intensa alegria que tais pessoas causam a seus pais.

A princípio, para se ter um filho sábio é preciso aplicar nele a disciplina, o ensinamento correto, o incentivo na hora certa, o exemplo dentro de casa, as privações, o castigo, a amizade e outras coisas essenciais à boa criação.

Mas nem todos os gênios tiveram que dar somente alegria. Sabe-se que o gênio das artes plásticas, Van Gogh, era dependente do álcool. Dizem que Freud foi um pai omisso, um brigão capaz de romper amizades com cooperadores e pesquisadores que o contradiziam. Não é porque tiveram seu nome na galeria dos extraordinários, que significa que eram pessoas dignas.

Em parte, ter filhos sábios vai depender dos pais. É preciso fazer deles o que a Bíblia ensina no meio do lar cristão. Aconselhá-los, fazê-los gostar da sabedoria, orientá-los sobre a loucura da vida desregrada. Por outro lado, ser um filho sábio para alegrar seus pais vai depender deles mesmos, dos filhos. Eles devem ouvir os conselhos paternos, devem entregar seu coração aos caminhos do bom conselho, devem querer fazer seus pais felizes, devem entender o quanto é importante para seus pais que eles se apliquem ao bom caminho, ao invés de ficarem pensando em vingança por causa de um ou dois erros que seus pais cometeram na tentativa de colocá-los nas veredas da vida... esse fator que depende do filho é de maior importância, pois ao seguir o caminho da sabedoria, o filho vai contribuir para que seus pais, ao descerem à sepultura, o façam com o senso de dever cumprido, mesmo errando (quem não erra?).

Filhos que machucam o coração de seus pais são tolos, insensatos. Pensam que se vingarão ao se debandar pelo mundo hostil das drogas, prostituição, roubo. São filhos ridículos, pois além de fazer com que seus pais morram de desgosto, ainda não terão mais oportunidade de reconciliar-se com eles depois que morrerem. Carregarão por toda a vida o peso de ter negado a felicidade a alguém, e não é qualquer alguém, foi a seus próprios pais, que fizeram o máximo para que eles mesmos fossem felizes.

Se pararmos pra pensar, nós erramos com nossos filhos da mesma forma que nossos pais erraram conosco. Ao invés de naquilo em que eles erraram, nós nos corrigirmos, nós repetimos seus erros em nossos filhos e ainda praticamos outros erros injustificáveis. Portanto, cabe aos filhos a responsabilidade de submeter-se aos ensinos de seus pais para que possam dar-lhes a alegria de terem um filho sábio. Talvez não famoso, mas sábio.

Dia tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 15 de julho de 2011

JESUS PODERIA PECAR?


De duas coisas todos os cristãos estão certos:

1) Jesus foi tentado;
2) Jesus nunca pecou.

Entretanto, por aqui terminam as semelhanças. A divergência vem da seguinte pergunta: Jesus "PODERIA" ter pecado? Em outras palavras, seria possível para Jesus pecar? Os grupos se dividiram em dois: os que acham que sim, era possível que Jesus pecasse e os que acham que não era possível que Jesus pecasse.

Vou logo direto ao assunto. Eu sou da turma que defende que Jesus NÃO poderia ter pecado. Não seria possível Jesus pecar. É claro que surgem alguns questionamentos. Se Ele não pudesse pecar, então Suas tentações não foram reais, ou seja, se Ele não sentiu vontade de pecar, então não foi difícil para Ele resistir às tentações e, consequentemente não pode nos entender quando desejamos pecar...

Esse argumento é inconsistente, por dois principais motivos:

1) Para as tentações serem reais não precisa necessariamente existir a possibilidade de se cair nela; por exemplo, eu não sou nenhuma ameaça para um lutador profissional de vale-tudo, no entanto, a luta não seria irreal por causa disso (argumento do Pr. Marcelo Berti);
2) Jesus não precisava ter vontade de pecar para que nos entendesse em nossa fraqueza. Afinal, no AT Deus também socorreu muitos que foram tentados, mesmo sem  ter sido Ele tentado.

Além destas respostas ao argumento anterior, ainda temos de considerar o seguinte: somente os herdeiros da natureza caída de Adão é que têm propensão ao pecado. Jesus não nasceu com essa natureza.

Agostinho observou bem: "antes da queda Adão tinha a habilidade de pecar (posse peccare) ou não pecar (posse non peccare). Mas depois da queda, não temos tal possibilidade (non posse non peccare). Nós agimos de acordo com nossa natureza moral. Fazemos coisas corruptas porque somos pessoas corruptas. Esta é a essência da queda". Entretanto isso não se aplica a Jesus. Ele não nasceu com a natureza corrompida, nem sequer veio na condição de Adão, com habilidade de pecar. Jesus simplesmente não poderia pecar (non posse peccare), como também só era possível que Ele não pecasse (posse non peccare).

A tentação abarca pelo menos dois aspectos:

1) Uma oferta de um caminho "mais fácil" do que aquele que Deus estabeleceu (atalho);
2) Um desejo forte de pecar dentro do coração, que precisa ser vigiado e rejeitado.

No primeiro caso temos a tentação no aspecto exterior - quando alguém é tentado de fora para dentro. No segundo caso, a tentação procede de dentro para fora, como disse Tiago em sua carta: "Mas cada um é tentado quando atraído e engodado por sua própria concupiscência" (Tg 1.14). Vemos, portanto, que Jesus foi tentado no primeiro aspecto, a aceitar um atalho para ficar mais fácil seguir Sua vida. Mas em nenhum momento vemos Jesus cobiçando, ou sequer cogitando a possibilidade de fazer isto, ou pecar.

Os que argumentam que Jesus no jardim do Getsêmani passou pela tentação de não fazer a vontade do Pai, não entendem o que significa sentir o pavor da ira de Deus vindo sobre si e confundem isso com a tentação de abandonar o propósito. Jamais!

De fato, Jesus expressou Sua vontade (gr. thelo), mas disse a Deus para que fizesse a dEle (gr. bulomai). Há diferença entre esses dois vocábulos. Thelo expressa uma vontade submissa, como "eu gostaria", por exemplo, enquanto bulomai denota uma vontade imposta, como "eu quero assim" (encontramos assim no Evangelho de Lucas 22.42). Em outras palavras, Jesus teria dito ao Pai: "Como eu gostaria de passar sem este cálice, contudo seja feito assim como o Senhor quer". Isso mostra que Jesus não tinha medo da morte, pois sabia de Sua ressurreição, afinal já tinha avisado isso a Seus discípulos algumas vezes, mas Ele tinha medo da ira de Deus, a qual estava reservada para nós, a ser sentida no inferno! E Jesus sabia o que isso significava: era o inferno na cruz! Isso ainda me leva a concluir (embora não seja o assunto em questão) que Cristo morreu somente pelos eleitos de Deus! Pois jamais Ele seria obrigado a sofrer a ira de Deus pelo mundo todo e depois de todo aquele padecer, ainda haver pessoas que sofrerão a mesma ira de Deus no inferno! É incompatível com o caráter santo e justo do Pai fazer o Filho pagar pelos pecados do mundo todo e depois condenar o mundo por pecados que já foram pagos...

Então, a conclusão é que Jesus, além de não ter pecado, de fato não poderia sequer pecar. Não fazia parte de Sua natureza (nunca fez) a inclinação para isso. Não era participante da natureza adâmica caída, portanto Suas inclinações não eram como as nossas. Foi tentado realmente, mas além de não pecar, não poderia também. Satanás, quando O tentou, não estava fazendo teatro, estava fazendo seu papel, o de tentador. Mas é bem provável que soubesse que Jesus não pecaria, embora tenha usado suas melhores armas na área da tentação, pois tentar alguém é estimular o que tem dentro da pessoa para induzi-la ao erro. Como Jesus nada tinha para o erro, então Satanás O tentou para estimular o que havia no coração de Jesus, de forma que Ele viesse errar. E o que havia no coração de Jesus? Qual era Sua cobiça?

Era fazer a vontade do Pai! Foi nisso que o diabo O tentou. Fazer com que a vontade do Pai fosse descumprida, ou distorcida. No entanto, Jesus prosseguiu firme, pois jamais passou em Seu coração descumprir ou distorcer a vontade que Ele tanto amava fazer!

Dia tes písteos.


Pr. Cleilson

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A VINHA VIZINHA



O rei Acabe cobiçou a vinha do seu vizinho Nabote, e lhe ofereceu certa quantia por ela. A resposta foi não, e ele ficou insatisfeito, sem dormir, sem comer. Sua esposa, a rainha Jezabel, ao saber do ocorrido, lhe garantiu que ele teria a vinha. Difamou Nabote, acusando-o de blasfemo, e ele acabou morto por apedrejamento. Deus então enviou o profeta Elias, que confrontou o rei em sua maldade. Ele até se arrependeu, embora tarde, pois seu vizinho já havia sido eliminado...

Estes personagens refletem alguns pastores de nossos dias.

1- Acabe: Pastores cobiçosos, que desejam o que pertence a outrem, fazem proposta, subornam. Ficam de olho na congregação que rende mais, no membro que tem o dízimo maior, no empresário que é disputado para vir para sua igreja, nas tetas gordas dos políticos, onde mamam, e aliviam assim sua cobiça insaciável.

2- Nabote: São poucos os pastores como Nabote, que não vendem sua herança. Muitos nem precisam de Jezabel para difamar. Dão motivo para isso em sua própria conduta. Vendem sua vocação, trocam o cajado por maletas, exploram o rebanho, como disse alguém: “o pastor quer o bem das ovelhas; o lobo quer os bens da ovelha”. Mas existem os Nabotes, que zelam de sua vinha, protegem sua herança até à morte, imitam a Cristo, dando a vida pelas ovelhas.

3- Jezabel: Pastores difamadores, mentirosos, abusam do poder de que foram investidos. Usam o nome de Deus, mas não são usados por Deus. Assim como essa mulher, que acusou seu vizinho de blasfemar contra Deus, enquanto ela mesma não servia a Deus. Era uma escrava de Baal. Muitos são assim, falam de Deus, mas são escravos de Mamom. Até se parecem com os honestos, mas são impostores. Estão entre o trigo, mas são joio. Falam de Deus e de Mamom como se ambos vivessem em acordo. Misturam a mentira com um pouco da verdade, a fim de serem aceitos.

4- Elias: São os que denunciam, encaram os que abusam da autoridade, seja ela civil, política ou eclesiástica. A eles vem a palavra do Senhor, e eles a pronunciam com autoridade. Não têm rabo preso com ninguém, portanto não têm medo de dizer a verdade. Chamam os Acabes ao arrependimento e não ficam massageando o ego deles só porque estão no trono.

Pastores e líderes, com quem nos identificamos entre esses personagens? Como estamos olhando para a vinha vizinha?

Dia tes písteos.

Pr. Cleilson 

(publicado também no jornal Folha Cidade Gospel de Vilhena/RO).

sexta-feira, 8 de julho de 2011

OUTRO TE CINGIRÁ (JOÃO 21.19)


Não é fácil deixar que outros venham nos cingir. É virar a outra face, é deixar a capa além da túnica, é caminhar a segunda milha, é dar e emprestar sem virar as costas (Mt 5.39-42). Tudo isso acontece somente com os crentes maduros. Jesus disse a Pedro que quando ele era "mais moço" as coisas eram diferentes. Somente crentes mais "velhos" poderão permitir ser cingidos por outros e ir para lugares onde não querem.

O Pedro mais novo era impetuoso, andava por onde queria, agia por impulso, sem pesar as consequências. O Pedro mais novo é como o crente que até ama mesmo a Jesus, mas não sabe que a expressão desse amor procede de um coração submisso e resoluto. Ama ser cristão, mas reage muitas vezes como um não cristão. O crente "mais moço" é defensor de Jesus, mas com as armas erradas: ele chega a cortar as orelhas dos seus perseguidores...

Jesus tinha dito a Pedro que haveria um tempo em que ele seria convertido (Lc 22.32). Nesse tempo, ele deveria fortalecer seus irmãos. O crente mais novo não se preocupa com isso, ele quer ser confortado, mas não conforta ninguém. Jesus havia rogado por Pedro para que sua fé não desvanecesse, mas Pedro era intercessor de quem? Ele foi um dos que ficaram com raiva por causa do pedido de Tiago e João, de se assentarem à direita e à esquerda de Jesus no Seu reino (Mt 20.22-24).

Crentes mais novos não acham que seu sofrimento sirva para alguma coisa. Mas os crentes maduros chegam a morrer para a glória de Deus (Jo 20.19), pois sabem que seu sofrimento e até a morte desenham o perfil de um seguidor genuíno de Cristo, o seu Senhor. O Pedro mais velho tanto aprendeu, como ensinou isso. Aprendeu de tal forma, que em Atos 12 foi conduzido à prisão, sendo livrado milagrosamente pelo anjo do Senhor. E ensinou de tal forma, que na sua primeira epístola, ele falou de sofrimento em todos os capítulos!

Crentes mais velhos é que sabem o valor de se parecer com o Cordeiro de Deus, pois eles são ovelhas também levadas para o matadouro (Rm 8.36)! Crentes mais velhos não fazem o que querem, mas o que Deus quer, sujeitando-se a muitas coisas para que o nome de Deus não seja blasfemado. Crentes mais velhos não gritam em sua defesa, mas proclamam o reino de Deus!

Crentes mais velhos seguem a Jesus: a tradição nos conta que Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, pois, no momento de sua crucificação, ele mesmo pediu isso, porque não se achava digno de morrer como seu Mestre! Jesus havia dito a ele: "segue-me" e ele O seguiu! Foi o mesmo tipo de morte! Pedro morreu como crente mais velho!

Amadurece teus filhos, Senhor!

Hoje somos encorajados a defendermos nossos direitos e nos esquecemos de que nossos verdadeiros direitos são intocáveis, eles estão garantidos para nós pelo sangue vicário do Filho de Deus! Ninguém poderá retirar o que Deus nos deu! Não nos encaixemos nesse tipo de crente "mais novo" que briga por tudo, que choraminga por tudo, tem coragem de revidar contra quem lhe persegue, mas não tem coragem de "seguir" a Jesus em Sua morte! Fujamos do estilo do crente "mais novo", que até se esforça pelo reino de Deus, mas quer introduzi-lo ao modo imperialista, na base da espada, da força, do grito, dos direitos, etc. Sejamos cristãos mais velhos capazes de olhar para nossa pátria celestial, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo (Fp 3.20).

Dia tes písteos.


Pr. Cleilson

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O DEUS DE AMOR E O DEUS DE IRA


O versículo mais conhecido do Novo Testamento é João 3.16: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê, não pereça, mas tenha a vida eterna". Esse versículo reflete o amor de Deus, amor inexplicável, a ponto de entregar Seu próprio Filho, único Filho como substituto do pecador na morte. Só que muita gente não consegue enxergar o outro lado da moeda. Se Jesus estava morrendo, tinha um motivo para isso. E esse motivo era o pecado, não dEle, pois foi o Cordeiro Perfeito. O pecado era do homem e alguém teve que morrer por isso. É muito bom ficar com o lado da moeda que mostra o amor de Deus por nós, mas o outro lado da moeda mostra que Jesus estava resolvendo um problema insolúvel. Enquanto desfrutamos de perdão, Ele sofreu a ira de Deus! Deus em Sua ira contra o pecado, foi implacável. Não tinha outra forma, tinha que ser com a morte. Esse é o salário do pecado, foi assim que a justiça inerrante de Deus determinou.

Agora imagina, se Jesus não assume isso por nós, quem teria de pagar por isso a Deus? Não se iluda pensando que Ele passaria por cima de tudo para nos levar ao Seu céu, pois isso não pode ser verdade. Ele não poupou ao Seu próprio Filho, pouparia a qualquer um de nós? Esse é o lado da moeda que grande parte dos crentes não consegue ver. Tem gente que acha que Deus morre de amores por ela, mas não consegue raciocinar o óbvio: Seu próprio Filho foi punido por nossos pecados, imagina se isso então não tivesse acontecido? Deus tem amor sim, por nós, prova tal é que assumiu nossa dívida. Entretanto, isso não se aplica aos que rejeitam o Filho de Deus, pois um outro versículo, não tão conhecido declara: "Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece" (Jo 3.36). O que mais me chama a atenção neste versículo é que Deus não precisa criar pessoas para a condenação, para a ira. Todos nós já nascemos assim, debaixo da ira de Deus. Paulo diz em Efésios 2.3 que nós éramos filhos da ira "por natureza". Já nascemos condenados. O que deve nos surpreender é o fato de Deus ter nos amado (v. 4,5)! A palavra de João 3.36 é interessante. Quem não crê no Filho não vai ficar debaixo da ira de Deus. Preste atenção: a ira de Deus sobre ele permanece! Não é que esse incrédulo que rejeitou o Filho de Deus vai passar a ficar debaixo da ira de Deus, não! Ele já estava sob a ira de Deus, só que por ter rejeitado o Filho de Deus, então ele não alcança a graça de ser retirado de debaixo da ira de Deus, ela permanece sobre ele. Se permanece, é porque já estava!

Quando se fala do amor de Deus, pode-se até deixar de falar de Sua ira e deixar isso para outra ocasião, mas quando se fala do Deus de amor, não se pode deixar de falar do Deus de ira, pois o mesmo Deus que nos ama é o mesmo Deus que tem justa ira contra o pecado. E Ele não punirá o pecado senão no pecador. Se Ele puniu Cristo, que carregou nossos pecados, imagina se Ele não vai punir o pecado nas costas do pecador que O rejeita hoje...

Dia tes písteos.


Pr. Cleilson