quinta-feira, 28 de agosto de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0625 - O SILÊNCIO DO AMOR

 


E Pilatos o interrogou outra vez, dizendo: Nada respondes? Vê quantas coisas testificam contra ti. Mas Jesus nada mais respondeu, de maneira que Pilatos se maravilhava” (Mc 15.4,5).


Uma das coisas realmente mais admiráveis em nosso Salvador é que quando Ele foi levado aos tribunais judaico e romano, Ele manteve um silêncio intrigante. Para que o sumo sacerdote no Sinédrio pudesse obter dEle uma palavra, teve que conjurá-lo, isto é, colocar Jesus debaixo de um juramento perante Deus naquele tribunal (14.60,61). Então a frase de Jesus foi: “Eu o sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (v. 62).

De fato, Ele era o Filho de Deus sim, Ele era o Messias e não podia mentir. Na verdade, Ele preferia não dizer ali, mas conjurado como foi, não teve outra opção, a não ser dizer a verdade. Porém, como já sabia, a verdade em nada iria convencer aqueles juízes religiosos de Sua época, ao contrário, os levaria a ficar ainda mais furiosos (vs. 63-65).

O mesmo se deu diante de Pilatos. Ao ser questionado se era o rei dos judeus, Jesus disse: “Tu o dizes” (15.2). Não como se estivesse jogando a responsabilidade das palavras para Pilatos, como dizem alguns: “Olha, você quem está dizendo”. Não, mas esta era uma outra forma de dizer: “Sim, é como você está dizendo”. Lucas nos informa que Pilatos enviou Jesus a Herodes, ao saber que pertencia à sua região. Ali também, mais ainda, diante dele Jesus permaneceu em absoluto silêncio (Lc 23.7-9).

Qual a razão de tudo isso? Por que nosso Senhor não emitiu palavra alguma diante de Seus julgadores? Tudo isso já estava profetizado por Isaías: “Ele foi oprimido, mas não abriu a boca; como um cordeiro, foi levado ao matadouro e, como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (Is 53.7). Ele era o Verbo de Deus (Ap 19.13). Poderia muito bem abrir a boca em defesa própria e não haveria nenhum tribunal no mundo inteiro que pudesse resistir a Seus argumentos!

Mas não foi para isso que Ele veio! Ele não veio para Se defender da ira dos homens, mas para nos defender da ira de Deus! Ele ficou calado diante dos acusadores para poder calar nosso acusador! Ele Se calou perante o trono dos homens para poder falar perante o trono de Deus por nós! Ficou em silêncio na terra para ser nosso Intercessor no céu!

Hoje temos, como cristãos, o mesmo caminho. Paulo disse: “Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro” (Rm 8.36). Sim, nosso dever é ir pelo corredor da morte em silêncio, como também foi nosso Redentor! Na verdade, para quem já foi absolvido da condenação do inferno, ser julgado pelos tribunais humanos por amor a Cristo chega a ser uma honra incomparável!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0624 - O SENHOR QUE NÃO SE CANSA DE SERVIR!

 


Então Davi perguntou: Existe mais alguém da família de Saul para que eu use da bondade de Deus para com ele? Ziba respondeu: Ainda existe um filho de Jônatas, aleijado de ambos os pés”. (2Sm 9.3 – NAA).


Todos conhecemos a trajetória de Davi, como foi perseguido duramente pelo primeiro rei de Israel, visto que este já sabia que Davi seria seu sucessor escolhido por Deus. Sabemos também da amizade profunda de Davi com o príncipe Jônatas e o fim trágico que esses líderes de Israel tiveram na guerra contra os filisteus, onde Jônatas e seus irmãos pereceram sob a espada filisteia e Saul sob sua própria espada.

Depois de assumir o trono e consolidar seu reino sobre todo o Israel, Davi não se esqueceu da bondade do Senhor para com ele e quis demonstrá-la a algum herdeiro da família de Saul, especialmente a algum filho de seu amigo Jônatas. Encontrou Mefibosete, filho de Jônatas, aleijado de ambos os pés e o colocou à sua mesa para ser servido ali por todos os dias de sua vida! Restituiu também a ele as terras de seu avô, Saul, colocando os servos a seu encargo (vs. 9,10).

Anos antes, Davi também fora chamado à mesa de Saul (1Sm 16.19-22). A diferença, entretanto, é que Saul chamara Davi para receber seus serviços, enquanto Davi chamou Mefibosete para servi-lo! Atitude nobilíssima deste rei, muito à frente de sua época – agiu como deve agir um cristão!

Não era fácil para Davi agir dessa forma. Apesar de Mefibosete ser deficiente, tinha homens a seu serviço que poderiam trazer problemas para o rei mais tarde. Todavia, o rei de Israel olhou para a bondade de Deus, a qual ele recebera em toda sua vida. Foi esta bondade que Davi ofereceu também ao neto de seu inimigo.

Cristo nos ensinou a amar nossos inimigos (Mt 5.44). Paulo disse: “Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber; porque, fazendo isto, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele” (Rm 12.20 – NAA). Foi exatamente assim que agiu o rei de Israel. Grande exemplo, inclusive para o cristianismo!

Davi aponta para Cristo, o Rei dos reis. Com sua benevolência para com alguém que era indigno (como o próprio Mefibosete reconheceu, comparando-se a um cão morto – 2Sm 9.8), Davi é um tipo de Cristo. Nosso Senhor, quando veio à terra, os homens O tiveram por inimigo. No entanto, Ele nos amou, dando Sua vida por nós!

Como se não bastasse Seu sacrifício incomparável, nosso Salvador ainda diz: “Bem-aventurados aqueles servos a quem o senhor, quando vier, encontrar vigilantes. Em verdade lhes digo que ele há de cingir-se, dar-lhes lugar à mesa e, aproximando-se, os servirá” (Lc 12.37).

Que honra inigualável foi para Mefibosete estar à mesa do rei Davi até o fim de sua vida! Como não será maior honra estarmos nós assentados à mesa do Rei dos reis que, repetindo Seu gesto de humildade sem igual, Se colocará como Servo diante dos redimidos na refeição celestial? Ele é o Senhor que não Se cansa de servir!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 26 de agosto de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0623 - O ARREPENDIMENTO É UMA DAS PROVAS DE QUE TEMOS O ESPÍRITO SANTO

 


Quando Pedro subiu a Jerusalém, os que eram da circuncisão o arguiram, dizendo: Entraste em casa de homens incircuncisos e comeste com eles” (At 11.2,3).


O episódio de Pedro na casa de Cornélio é bem conhecido no início da história cristã. Cornélio era um centurião romano, “temente a Deus” (termo usado para gentios que simpatizavam com a sinagoga judaica) e que fazia algumas práticas judaicas de piedade, como esmolas, jejuns e orações, conforme lemos no cap. 10.1,2.

Entretanto, este homem não era salvo. No cap. 11.14, quando Pedro está explicando a situação para os crentes judeus, ele diz que Cornélio não era salvo. Quando Pedro retornou da casa de Cornélio, foi convocado pelos crentes judeus a se explicar, visto que se juntou a gentios, coisa totalmente descabida para os judeus.

Ninguém era mais rigoroso que Pedro para rejeitar se juntar a gentios. Observe que, mesmo depois disso, Pedro ainda evitava comer com gentios se houvesse judeus por perto (Gl 2.11-15). Mas, na casa de Cornélio, ao pregar o evangelho para aquela família, a Bíblia diz que o Espírito caiu sobre eles (10.44), a ponto de os crentes judeus que estavam com Pedro ficarem admirados (v. 45)!

Hoje, muitos dizem algo do tipo, “viu só, como Deus não faz acepção de pessoas”? Ou aquela frase, “ninguém é dono do Espírito Santo, Ele vem sobre quem quiser”. De fato, essas frases são verdade. Porém, embora o Espírito Santo realmente venha sobre quem Ele quer, todavia Ele não vem sobre pessoas que não se arrependem. Essas frases são usadas no sentido de defender que qualquer pessoa, por mais impenitente que seja, pode receber o Espírito Santo. Mas não é isso que a Bíblia diz.

O Espírito Santo vem sobre pecadores para salvá-los, mas antes disso, é preciso haver arrependimento! Não pense você que ímpios que gostam de viver em suas impiedades têm o Espírito Santo. Não têm mesmo! Jesus disse: “O Espírito da verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós” (Jo 14.17).

O Espírito Santo caiu sobre a família de Cornélio, porque Deus lhes deu o arrependimento para a vida (At 11.18). O Espírito não pode habitar em um coração não regenerado. Aliás, o fato de haver um coração novo foi exatamente o trabalho do Espírito pelo poder da Palavra, para transformar o coração de pedra em um coração regenerado para Ele habitar ali (Ez 36.26,27). Ele jamais habita em um pecador impenitente!

Realmente não somos donos do Espírito Santo, é claro. Ele é livre para soprar onde quiser (Jo 3.8). Mas quem nos garante que Ele não habita em ímpios é a Bíblia, a própria Palavra que Ele mesmo inspirou! Não estamos limitando Sua obra, não estamos sequer selecionando pessoas para Ele habitar. O que afirmamos é o que a Bíblia afirma. Ele só habita no coração regenerado.

Aliás, é justamente por causa desse discurso manso e politicamente correto, que as pessoas não convertidas pensam que são. Se todo crente pregasse o evangelho do arrependimento, esses fingidos saberiam que o Espírito não habita neles e que precisam se converter para ter certeza de que são morada de Deus.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0622 - EM TEMPOS DE PAZ, PREPARE-SE PARA A GUERRA!

 


Então ele disse ao povo de Judá: ‘Agora é o tempo para construir as cidades com muros, fortificadas com torres, portões e trancas. A terra é nossa, porque temos buscado o Senhor, o nosso Deus, e ele nos tem concedido paz’. E assim eles executaram esses projetos e tiveram sucesso” (2Cr 14.7).


O rei Asa foi bisneto de Salomão. Foi o terceiro sucessor do trono quando o reino foi dividido, na época de seu avô Roboão. Este rei fez o que era reto aos olhos do Senhor (v. 2), abolindo os altares dos deuses estranhos (v. 3), inclusive depondo sua própria mãe do cargo de rainha-mãe (15.16), visto que ela houvera levantado uma imagem abominável à deusa cananeia, Aserá (provavelmente uma imagem pornográfica).

Em vista de todo seu esforço para agradar a Deus, o Senhor lhe concedeu paz em seu reinado (v. 5). No entanto, o rei Asa não ficou acomodado por este fato. Ele não cruzou os braços por ter o Senhor lhe concedido paz e repouso. Pelo contrário, ele aproveitou o período de bonança para construir cidades fortificadas em Judá (v. 6), cercando-as de muros e torres, portas e ferrolhos, enquanto a cidade gozava de paz (v. 7).

Talvez qualquer um de nós diria que esse era o tempo de celebrar e festejar. Assim como o rei Belsazar que, confiante como estava de que o reino babilônio era indestrutível, fez um banquete exagerado, cheio de orgias, idolatria e sacrilégios, mal sabendo que naquela mesma noite ele seria morto e a Babilônia, o grande império, cairia sob as mãos de Ciro e Dario (Dn 5)!

Não é exatamente o que Paulo nos ensina em sua carta aos efésios? Ele diz que nossa luta contra as hostes do mal exige enorme resistência da nossa parte. Mas, depois de termos vencido tudo no dia mau, devemos permanecer inabaláveis (Ef 6.13)!

São admoestações bíblicas que não podemos desprezar. Nosso inimigo é incansável. Não é porque você venceu uma tentação ou um ataque maligno que ele vai bater em retirada para nunca mais voltar. Ele pode até sair, mas, como disse o evangelista Lucas sobre a vitória de Cristo no deserto: “Passadas que foram as tentações de toda sorte, apartou-se dele o diabo, até momento oportuno” (Lc 4.13), o inimigo se afastará, mas voltará com estratégias diferentes.

Tempos depois, o rei Asa foi surpreendido por um ataque dos etíopes, vindo contra ele um milhão de homens (2Cr 14.9)! Impressionante! Mesmo que ele já tivesse fortificado suas cidades e treinado seu exército de 580 mil homens (v. 8), o que era isso diante de um milhão de soldados? Mas, ele clamou ao Senhor e o Senhor feriu os etíopes diante do Seu povo (vs. 11,12)!

De fato, Deus livra Seu povo, mas muitas vezes deixa-o perecer para que aprenda a andar preparado! É isto que aprendemos deste rei de Judá. Que, apesar de termos um Deus que nos ouve quando clamamos por socorro, todavia, é nosso dever andar sempre em prontidão, preparando-nos para qualquer batalha, mesmo que os tempos sejam de paz.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0621 - O SAL E O FOGO

 


Porque cada um será salgado com fogo” (Mc 9.49).


Em todo o NT, esta é a fala de mais difícil interpretação que saiu dos lábios do nosso Senhor. Mais de 7 interpretações têm sido colocadas como opções para os estudiosos deste contexto, uma vez que este versículo vem logo após aquela fala de Jesus sobre o inferno eterno, dizendo que ali, o bicho não morre e o fogo nunca se apaga. Logo a seguir, Ele diz que cada um será salgado com fogo.

O contexto mostra uma disputa entre os discípulos para ver quem seria o maior no reino de Deus (vs. 33,34). Jesus os aconselha, usando uma criança como modelo, que era preciso para o servo de Cristo ser humilde, servir, em vez de querer ser servido. E mais, ao servir, não deveria olhar a posição daquele para quem está prestando o serviço cristão. Seja grande ou pequeno como aquela criança, eles, como seguidores de Cristo, deveriam prestar-lhe o mesmo serviço (vs. 35-37).

 

Jesus fala que se alguém colocar tropeço para um de Seus pequeninos “melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse lançado no mar” (v. 42). Diz também que nem para si mesmo o cristão pode servir de tropeço, antes, deve arrancar de si o que lhe faz pecar, a fim de não ser condenado ao inferno (vs. 43-48).

Agora é que vem essa frase enigmática, “cada um será salgado com fogo”. O contexto vinha falando do fogo do inferno, mas os discípulos verdadeiros de Jesus estão livres do inferno. Então, a que fogo está Se referindo nosso Mestre? Ele está evocando o texto de Lv 2.13, que diz: “Toda oferta dos teus manjares temperarás com sal; à tua oferta de manjares não deixarás faltar o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas aplicarás sal”.

De fato, o verdadeiro cristão não vai para o inferno, mas isso não quer dizer que sua vida não passe pelo fogo aqui na terra. Ele tem o sal da aliança em si mesmo. Se o sal for bom, ele passará pelo sacrifício aceitável diante de Deus, se humilhando, para que seu irmão seja maior, às vezes até sofrendo por ser cristão. Desse sacrifício Deus Se agrada e assim, o crente é salgado com fogo.

Já o ímpio, o fogo com o qual ele será salgado será o fogo do inferno. Seu sal aqui é insípido e não tem como restaurar-lhe o sabor (v. 50). O que lhe resta é ser salgado lá “onde o bicho não morre e o fogo nunca se apaga” (v. 48).

Por isso é que Jesus disse: “Tende sal em vós mesmos e paz uns com os outros” (v. 50), ou seja, em vez de brigarem por posições no reino, tenham sal, assim terão paz. De toda forma, todos terão que ser salgados com fogo. O crente com o fogo da provação e da abnegação; o ímpio com o fogo eterno da condenação. Com qual fogo seremos salgados?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0620 - O QUE PEDIMOS QUANDO ORAMOS UNS PELOS OUTROS?

 


Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual” (Cl 1.9).


Orar uns pelos outros é mandamento bíblico, faz parte de vários dos mandamentos de mutualidade na nova aliança. Os crentes precisam orar por seus irmãos em Cristo e muitos outros grupos de pessoas. Mas os pastores, em especial, precisam orar pelos crentes, a quem eles instruem, de um modo diferente.

É assim que Paulo ora pelos colossenses, pedindo a Deus algo muito importante para eles, a saber, que eles sejam transbordantes do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda sabedoria e entendimento espiritual. Muitos pastores oram para que seus liderados sejam prósperos para que sua igreja tenha mais entrada financeira. Muitos oram para que Deus preserve a família de seus membros para que tenha mais gente. Não há erro em orar pelo bem-estar dos crentes, mas o núcleo do bem-estar é o pleno conhecimento da vontade de Deus.

Vejamos o propósito de Paulo ao pedir isto. Ele queria que, uma vez que a igreja fosse cheia do conhecimento de Deus, ela pudesse viver de maneira digna do Senhor (v. 10). Muitos pastores piedosos oram para que sua igreja viva de maneira digna. Mas se esquecem do núcleo, o que é que realmente faz a igreja viver dessa maneira. E Paulo diz. A igreja viverá de maneira digna do Senhor quando ela estiver transbordando do conhecimento de Deus.

Mas o que é viver de maneira digna? Paulo diz ainda nos vs. 10-12: “frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus; sendo fortalecidos com todo o poder... dando graças ao Pai”. Temos aqui quatro verbos no gerúndio (gr. particípio), que indicam continuidade: frutificando em toda boa obra, isto é, o fruto do Espírito e obras cristãs; crescendo no pleno conhecimento de Deus, ou seja, relação íntima com Deus (conhecer é ter relação íntima); sendo fortalecidos com todo o poder, ou seja, vida cristã poderosa e dinâmica; e dando graças ao Pai, uma vida de reconhecimento e gratidão!

Estas coisas, diz Paulo, são um resumo de uma vida digna do Senhor (no grego, digno significa “apropriado, adequado”). Mas veja no v. 11 que estas coisas devem ser feitas em toda perseverança, longanimidade e alegria! Não é uma vida que começa assim na empolgação e depois vem a parar (os não perseverantes); nem mesmo uma vida que vincula tudo isso em um só dia (os não pacientes); tampouco é uma vida que tem essas virtudes de maneira forçada ou por obrigação (os não alegres), antes, todas elas procedem de uma natureza nova em Cristo Jesus.

Só podem ter estas virtudes aqueles que transbordam do conhecimento de Deus em toda sabedoria e entendimento espiritual. Era por isso que Paulo orava pelos colossenses. E nós, temos orado uns pelos outros para quê mesmo?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 19 de agosto de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0619 - UM VELHO SACERDOTE E UMA JOVEM NAZARENA

 


Porque para Deus nada é impossível (Lc 1.37).


No relato da Anunciação, encontramos a visita do anjo Gabriel a duas pessoas especiais: Zacarias, o sacerdote, e Maria, a jovem virgem. Eles tinham um certo parentesco, visto que a esposa de Zacarias, Isabel (ou Elizabeth) era prima de Maria (Lc 1.36 – ARC) ou, no mínimo, uma parente próxima.

Em ambas as visitas, Gabriel foi anunciar um mesmo assunto com semelhantes impossibilidades. O assunto era sobre a gravidez de Isabel e Maria; as impossibilidades eram, para Isabel, o fato de ser estéril e avançada em idade (v. 7), enquanto para Maria, o fato de ser virgem (v. 27).

Quando o anjo anuncia para o velho sacerdote que sua esposa ficaria grávida e que seu filho (que deveria ser chamado João) seria aquele que abriria o caminho para o Messias, Zacarias pergunta como poderia saber isto, uma vez que eram velhos e, mesmo desde novos, sua mulher jamais concebera por ser estéril (v. 18). A resposta de Gabriel foi que ele ficaria mudo, como sinal contra sua incredulidade até o dia que o menino nascesse (v. 19)! De fato, foi um golpe profundo naquele que tinha como chamado principal interceder pelo povo – já não podia mais falar...

Porém, quando o anjo anuncia para a moça virgem de Nazaré que ela teria um filho (que deveria ser chamado Jesus), que seria o Messias, o Salvador do mundo, o Filho de Deus, ela pergunta para o anjo como seria isto, uma vez que era virgem e não conhecia homem algum (v. 34). Bem, Maria não ficou muda como sinal, assim como Zacarias, pois não houve incredulidade de sua parte. Note que Zacarias perguntou “como saberia” enquanto a jovem perguntou “como seria”. Zacarias queria satisfações para seu conhecimento humano; Maria desejava apenas que se concretizasse a vontade de Deus!

Gabriel diz a ela que seria envolvida pelo Espírito de Deus e pela sombra do poder do Altíssimo (v. 35). Diz também que a prima dela já estava grávida havia 6 meses, como prova de que para Deus não há nada impossível (vs. 36,37). Tanto uma como outra palavra do anjo vieram de Deus. O dever do destinatário é crer. Como Deus fará, isso não importa. O que importa é que Suas palavras não falham e Ele não conhece limites!

E você, tem perguntado a Deus “como saberei”? Você tem cobrado explicações do Soberano Senhor? Que justificativas Ele nos deve? Diante de suas aflições, você tem cobrado de Deus uma postura? Diante das promessas dEle, você tem exigido esclarecimentos? Ou você tem perguntado humildemente ao Senhor “como será”? E, mesmo que Ele não explique, você sabe que acontecerá, pois Sua palavra é infalível! Você está na fileira de Zacarias, ou da jovem de Nazaré?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0618 - A PULGA ESCOLHIDA

 


Bem-aventurado aquele a quem tu escolhes e fazes chegar a ti, para que habite em teus átrios; nós seremos satisfeitos da bondade da tua casa e do teu santo templo” (Sl 65.4).


Por mais que a Bíblia esteja em nossas mãos, por mais que tenhamos aprendido das Escrituras, por mais que longas datas tenham se passado desde o início do cristianismo, por mais que grandes homens de Deus tenham lutado para salvaguardar a fé, mesmo assim ainda estamos rodeados de pessoas que pensam que são livres para se achegar a Deus.

A pobreza desse pensamento é derivada da falta de consciência da profundidade do pecado. Mas, observe bem, a ignorância da profundidade do pecado é resultado de um descaso para com a santidade de Deus. Você só começará a compreender a real profundidade da Queda a partir do momento em que você se paralisar diante da infinita santidade de Deus!

Este é o problema da humanidade. O ser humano caiu em Adão, cai todos os dias em seus próprios pecados e ainda acha que pode, assim, como num desejo simples, se levantar e se dirigir em direção a Deus para se achegar a Ele. Isso é ser muito raso na compreensão do pecado. A bem da verdade, nossa iniquidade nos levou para um abismo sem fundo, tanto quanto é uma altura sem fim a santidade de Deus! Enquanto o homem minimizar a santidade de Deus, ele também irá desconsiderar o nível profundo de sua queda.

Mas não era assim com Davi. Ele sabia que só podia achegar-se a Deus aquele a quem Deus escolhesse. Muitos dirão: “Ah, mas Deus escolheu porque já sabia que tal pessoa iria se achegar a Ele”. Bem, não é o que o autor inspirado deste salmo diz. Ao contrário, além de dizer que é Deus quem escolhe, Davi diz também que Deus faz com que tal pessoa venha (“e fazes chegar a ti”)! Não parece nada com “escolheu porque já sabia”. Parece mesmo é com o que Jesus disse mais tarde: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último Dia” (Jo 6.44).

Aqui no Salmo, Davi chama este escolhido de bem-aventurado. Mais um motivo para sabermos que não é por causa de si próprio que alguém é escolhido. Bem-aventurado significa aquele a quem Deus coloca por feliz. Embora muitas Bíblias traduzam por “felizes”, o significado pode ficar mal entendido. Feliz é o termo correto, mas não quer expressar o sentimento da pessoa e sim seu estado por ter sido imerecidamente contemplada por Deus.

Este escolhido, diz o salmista, viverá contente simplesmente pelo fato de ter sido trazido à presença de Deus. Nisso estará sua plenitude de satisfação. Usando as palavras do próprio Davi quando perseguido por Saul: “Após quem saiu o rei de Israel? A quem persegues? A um cão morto? A uma pulga?” (1Sm 24.14). Se Davi assim se considerava perante Saul, seríamos melhores do que isso diante de Deus?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 17 de agosto de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0617 - POR QUE NOS CANSAMOS DO DEUS QUE NOS AMA TANTO?

 

Povo meu, que te tenho feito? E com que te enfadei? Responde-me” (Mq 6.3).


Miqueias foi um profeta contemporâneo de Isaías, profetizou sobre Jerusalém e também acerca de Samaria. Em Jr 26.18-20, lemos um relato de Jeremias sobre Miqueias, dizendo que o rei Ezequias havia se arrependido diante de uma de suas profecias. Lembre-se que o profeta vigente na época de Ezequias era Isaías, portanto, eles devem ter se conhecido.

O conteúdo de sua profecia, pelo menos como está em seu livro era, basicamente, repreensão ao povo pelos pecados de injustiça cometidos na nação. Aqui, no cap. 6, Deus chama Seu povo, através de Miqueias, a um tribunal perante os montes (vs. 1,2).

Nessa controvérsia contra Seu povo, Deus faz uma pergunta carregada de decepção, como lemos no início (v. 3)! Deus relembra a Seu povo que o que Ele havia feito foram obras de livramento, como no Mar Vermelho e no caso de Balaão e o rei Balaque (vs. 4,5). Por que o povo estava cansado de seu Deus?

Curiosamente, o povo de Deus continua com o mesmo enfado. Até hoje Deus pergunta: “Povo meu, que te tenho feito? Se Ele for mostrar o que nos tem feito, coisa que não devíamos nos esquecer, ficaríamos surpresos ao contemplar Suas grandes maravilhas por nós.

Mas, infelizmente, somos ingratos. Questionamos coisas que dão errado para nós, nos esquecendo de qual era nosso destino eterno e de que Deus nos livrou! Se tão somente nos livrar do inferno fosse a única coisa que Ele tivesse feito por nós, não precisaria fazer mais nada para que fôssemos eternamente gratos! Mesmo assim, o povo anda cansado... Que tragédia! Será que temos o direito (para não dizer o atrevimento) de cobrar de Deus alguma coisa?

O profeta pergunta com que se apresentaria ao Senhor; com que se inclinaria diante de Deus. Seria com holocaustos ou bezerros de um ano? Deus Se agradaria de milhares de carneiros? Dez mil ribeiros de azeite seriam suficientes para chamar a atenção de Deus? Dar nosso primogênito como pagamento pelo pecado? Não, meus irmãos. Nada disso remiria o pecado da nossa alma (vs. 6,7). Por quê?

Porque o sacrifício seria preparado pelo próprio Deus! Não é sobre o que podemos ou devemos oferecer a Deus, mas sobre o que Ele tem para nos oferecer! Não é sobre nosso primogênito como pagamento do pecado, mas sobre o Primogênito de Deus pelo nosso pecado! Você já parou para pensar que o nosso pecado, em vez de custar algo de nós, custou do próprio Deus? Por que seria Ele a pagar, se fomos nós os devedores?

Foi por nos amar! Ele sabia que nós não O amaríamos jamais! Se tivéssemos algum sacrifício para dar a Ele seria mais para exibir nosso orgulho de poder fazer isso e não por desejarmos Sua companhia. Mas como foi Ele que nos amou primeiro, Ele deu Seu Filho como sacrifício para restaurar a comunhão perdida. É por isso que o profeta encerra seu livro assim: “Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança? Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar” (7.18a,19).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0616 - JERUSALÉM OU A NOVA JERUSALÉM?

 


Eis que o Senhor fez ouvir até às extremidades da terra: Dizei à filha de Sião: Eis que a tua salvação vem; eis que com ele vem o seu galardão, e a sua obra, diante dele” (Is 62.11).


O texto de Isaías 62 é um cântico de amor, do amor de Deus pela cidade de Jerusalém. Mas se engana quem pensa que Deus está expressando essa poesia à cidade literal, embora esta fosse uma representação da verdadeira Jerusalém, a Nova Jerusalém, que é a igreja, a noiva do Cordeiro.

No v. 1, Deus não Se calará até que saia a justiça e a salvação de Jerusalém como um brilho. Em Apocalipse 19.8, João vê a igreja vestida com as vestes de justiça. No v. 2, Deus diz que as nações e os reis veriam a justiça de Jerusalém e sua glória e a chamariam por um novo nome dado pelo Senhor. Em Apocalipse 21.24, as nações andarão à luz da Nova Jerusalém e lhe trarão a glória das nações no v. 26. Além disso, em Ap 2.17 está escrito que receberemos um novo nome; e em 3.12 diz que é o novo nome de Jesus em nós! Aqui em Isaías, Jerusalém é uma coroa de glória na mão do Senhor; em Apocalipse, a igreja é 7 castiçais na mão do Senhor Jesus (Ap 1.20).

No v. 4, Deus diz que Jerusalém não será jamais desamparada, em 1Pe 2.9, o apóstolo nos diz que somos propriedade exclusiva de Deus e, em Apocalipse, somos comprados por Cristo para Seu Deus e Pai e feitos reis e sacerdotes (Ap 5.9,10). No v. 5 de Isaías 62, temos a figura do casamento, a qual dispensa comentários em relação a Cristo e Sua igreja no NT. Em Isaías, guardas foram colocados sobre os muros para proclamarem o nome do Senhor (vs. 6,7); no NT somos convocados a pregar o evangelho a toda criatura (Mt 28.19; Mc 16.15).

No v. 10 de Isaías, a ordem é para que os caminhos sejam aplainados; no NT, João Batista preparou o caminho do Senhor, endireitando veredas ao nosso Deus (Mt 3.3). Em Isaías, Deus diz que a salvação da filha de Sião vem; no Apocalipse, João ouviu: “grande voz do céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo” (Ap 12.10). Isaías também diz que Ele vem com Seu galardão; em Apocalipse, Jesus disse: “E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.20).

Isaías finaliza, dizendo que Jerusalém será chamada de “povo santo” e “remidos do Senhor”. Sim. Este é o nome que carregamos por ter Cristo nos remido, nos perdoado de nossos pecados. Paulo disse que em Cristo “temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados” (Cl 1.14).

Com todas estas referências que encontramos no NT acerca da igreja de Jesus Cristo, alguém ainda ousaria pensar que Deus estava mesmo falando com Jerusalém? Não, meus queridos, não era sobre uma cidade, ou uma etnia que Deus estava interessado e sim sobre “uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos” (Ap 7.9).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

GRANDES TRUNFOS DAS TRIBULAÇÕES - PARTE 04/04 (A GLÓRIA FINAL)



E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5.5).


Paulo encerra os grandes êxitos que as tribulações nos trazem com uma frase de extremo consolo e encorajamento. Ele diz que a esperança não traz confusão. Mas a palavra “confusão” aqui não deve ser entendida no sentido de desordem, bagunça, tumulto ou agitação. Não. O termo grego significa “vergonha”. A esperança não envergonha. Nossas versões tradicionais usam o verbo confundir no sentido clássico, isto é, embaraço. Assim como disse Davi, no Salmo 34.5: “Olharam para ele, e foram iluminados; e os seus rostos não ficaram confundidos”. Confundidos aqui quer dizer envergonhados.

Alguém que passa por tribulações em sua caminhada cristã e persevera, é realmente experimentado e sua esperança só aumenta. Tal pessoa não sofrerá vexame. Ela não será decepcionada. É isto o que Paulo está dizendo. Ela não será turbada e nenhum de seus inimigos poderá zombar dela. Sua esperança não falhou!

Agora veja a razão pela qual sua esperança não o envergonha. Paulo diz que é porque o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado. Que maravilha tudo isso! O apóstolo está querendo dizer que as tribulações que passamos não são prova do abandono de Deus, muito pelo contrário, elas são prova do amor de Deus! Elas são a trilha que levam o crente da inexperiência para a maturidade! Elas são o forno que fazem do crente um metal de enorme valor!

Além disso, Paulo diz que o amor de Deus que foi derramado em nós tem o Espírito como selo. O crente que sofre não deve se angustiar; ele deve se alegrar! As lutas são apenas o caminho pelo qual Deus nos conduz para, no final, nos mostrar que Seu amor já estava em nós desde o início, por meio do Espírito que Ele nos deu! Foi o Espírito que te fez perseverar e não desistir; foi o Espírito que usou as provas para revelar o caráter de Cristo em você; foi o Espírito que abriu seus olhos para contemplar o que te aguarda na glória... Portanto, diz Paulo, o Espírito Santo que habita em você é a prova máxima do amor de Deus. Ele não te deixa envergonhado!

Que grandes trunfos nos trazem as tribulações... Comece a vê-las por meio dos olhos destes versículos inspirados. Persevere nelas, não reclame; deixe que Deus experimente você o quanto for necessário; sinta a esperança brotar em seus olhos e, assim como Davi, você também dirá: “Olharam para ele, e foram iluminados; e os seus rostos não ficaram confundidos”. O trunfo final de suas tribulações é a honra, é a exaltação, é o destino da glória de Deus!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 12 de agosto de 2025

GRANDES TRUNFOS DAS TRIBULAÇÕES - PARTE 03/04 (A ESPERANÇA)

 


E a experiência produz esperança” (Rm 5.4b).


O terceiro trunfo que as tribulações nos trazem, é a esperança. Em quase todas as passagens do NT, o termo esperança refere-se à fé escatológica. Alguém já disse sabiamente que a esperança é fé futura. Quando cremos nos assuntos escatológicos, como a volta de Cristo, a ressurreição dos mortos, o juízo final, a vida eterna, e por isso caminhamos perseverantes, então isso é o que significa ter esperança. Veja o v. 2, onde Paulo diz que esta esperança é a esperança da glória de Deus!

Realmente, a esperança é resultado das tribulações daqueles que perseveram e são experimentados. Pois, por que, de outro modo, alguém suportaria as angústias da vida cristã, se não cresse nas promessas vindouras? Que razão algum cristão teria para se subjugar interminavelmente diante do peso da aflição, ser experimentado em cada parte do seu caráter, se ele não visse a Luz no fim desse túnel de sofrimento que há nesta vida?

Mas ele crê, por isso persevera! E, ao ser experimentado, provado, passado pelo cadinho, pelo esmeril das provações, o cristão tem seus olhos cada vez mais claros para o futuro. A fé nos feitos passados de Deus leva o cristão a erguer seus olhos para a esperança em fé futura. Ele sabe que, como Deus prometia e fazia, assim também o que falta ainda será feito. Esta é uma grande base para a esperança. Deus prometeu aos nossos antepassados e cumpriu, como lemos nos registros bíblicos. Por que Ele não cumpriria Suas promessas feitas para atualmente ou para o futuro?

Os homens da antiga aliança ouviram as promessas de Deus e creram. Para eles era esperança, visto que o cumprimento de sua fé ainda não tinha acontecido. Muitas dessas promessas se cumpriram depois da morte deles, mas se cumpriram. Por isso eles morreram na fé futura (Hb 11.13). Esse texto diz que, embora eles não obtiveram as promessas, mas as contemplaram de longe. Assim também devemos ser nós. As promessas que ainda não se cumpriram, nós devemos saudá-las, mesmo que ainda de longe.

Crentes que não perseveram é porque perderam a esperança. Confiaram nas promessas por algum tempo. Mas devido à pressão das tribulações, não puderam continuar. Não foram experimentados e, se o foram, o resultado foi a reprovação! Olharam para a frente por algum tempo, mas nada viram, então sucumbiram à pressão.

Mas aqueles que perseveram honram a Deus. Eles dizem a Deus que, ainda que nada vejam, irão crer, porque quem falou foi Deus e Sua Palavra não pode falhar (Mc 13.31; Jo 10.35)! Eles dizem a Deus que pode experimentá-los sim, pois a cada contato no esmeril da experiência que eles têm, mais sua esperança aumenta, mais sua fé futura se fortalece.

Não vale a pena retroceder agora. Veja o que disse Paulo: “E digo isto a vocês que conhecem o tempo: já é hora de despertarem do sono, porque a nossa salvação está agora mais perto do que quando no princípio cremos” (Rm 13.11).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

GRANDES TRUNFOS DAS TRIBULAÇÕES - PARTE 02/04 (A EXPERIÊNCIA)

 


A perseverança produz experiência” (Rm 5.4a).


Temos visto para onde nos levam as nossas tribulações. Primeiramente, elas nos conduzem à perseverança, aquela qualidade de suportar insistentemente o peso nos ombros. Agora, o apóstolo Paulo diz que essa insistência em suportar, produz experiência. A palavra experiência aqui não tem o sentido figurado que conhecemos, como alguém que tem mais idade e, por isso, é considerado mais experiente que um jovem.

O sentido é a experiência de ter provado, de ter testado e obtido resultado. A palavra grega usada aqui, o verbo dokimazō, significa depurar um metal para tirar o seu melhor, extraindo suas impurezas e ficando apenas o que é valioso. Melhor que dizer que alguém é experiente, poderíamos dizer que esse alguém é experimentado e, consequentemente, aprovado no teste.

De fato, é isso que as tribulações proporcionam a nós. Elas nos obrigam a nos manter irredutíveis debaixo do peso que nos foi imposto e, por causa disso, somos experimentados, somos testados. Um cristão atribulado e que persevera, é um cristão experimentado. Ele sabe o que está falando quando vai tratar de assuntos concernentes a provações. Há pessoas que dizem que ninguém sabe o que elas estão passando, sendo isto uma forma de murmuração e autopiedade.

No entanto, os cristãos perseverantes em suas lutas, são experientes sim. Eles não querem que alguém fique com dó deles por estarem sofrendo. Essa característica é de quem se considera vítima. Quem deseja isso, em outras palavras, acusa Deus de sadismo e inflição. Por estar sofrendo, coloca a culpa em Deus e deseja piedade dos outros. Mas os cristãos dokimazō, os que foram experimentados com perseverança, deles é retirado o melhor, o caráter de Cristo que se revela em seus sofrimentos.

Nosso caráter é falho e já veio pecaminoso desde o nosso nascimento. Admitir isso não nos faz melhores, visto que a maioria realmente admite que tem pecado. Mas quando seu pecado é confrontado, ela não gosta! Por isso é preciso a tribulação. Ela nos leva pelas vias da autoanálise e, por causa disso, começamos a ver quem somos de fato. A perseverança, nesse caso, é parceira do convencimento do Espírito, ou seja, quanto mais somos convencidos do que nós somos, mais insistiremos resolutos debaixo das provações.

Então, a experiência vem para começar a retirar de nós as arestas, as sobras, as farpas, tudo que realmente precisa ser excluído de nosso caráter para que ele se torne semelhante ao de Cristo. Crentes que reclamam das provações, não podem dizer que estão perseverando corretamente, pois uma das qualidades da perseverança é suportar calado (pelo menos em relação às queixas).

Dessa forma, o processo dokimazō vai atingindo seu propósito. Ele vai nos experimentando, enquanto nós vamos reconhecendo o bem que as aflições estão nos fazendo. É isto que é um crente experiente, ou experimentado.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 10 de agosto de 2025

GRANDES TRUNFOS DAS TRIBULAÇÕES - PARTE 01/04 (A PERSEVERANÇA)

 


E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança” (Rm 5.3).


A igreja das últimas décadas tornou-se inimiga da palavra sofrimento. Acompanhando o raciocínio do mundo pós-moderno, os pregadores trouxeram para os púlpitos palavras de aconchego e bonança, com promessas de ausência das aflições.

Entretanto, para o apóstolo Paulo, passar pelas tribulações, era motivo de gloriar-se. Esta palavra, no grego, tem a raiz da palavra “pescoço”, que mantém a cabeça erguida, sendo usada figuradamente para crentes que vivem de cabeça erguida, ostentando suas tribulações e não suas posses ou seu sucesso. Paulo quer dizer que o crente se gaba daquilo de que o mundo tem vergonha e não daquilo que o mundo ambiciona.

A palavra usada aqui para tribulações tinha o significado primário de “pressão”, ou de “um lugar estreito” que fecha alguém, a pressão que sente alguém encurralado, sem escapatória. A Bíblia fala de várias situações que pressionam o crente: cerco de guerra (Mt 24.21), dificuldade das necessidades (2Co 8.13), angústia semelhante à de uma mulher no parto (Jo 16.21; Gl 4.19), ansiedade (2Co 2.4; Fp 1.16,17), etc. Todavia, Paulo diz que tudo isso deve ser para nós motivo de andar de cabeça erguida. Por quê?

O primeiro trunfo (ou vantagem) que as tribulações nos trazem, diz o apóstolo, é que elas produzem perseverança. De fato, as tribulações são exatamente o critério que define se uma pessoa vai até o fim ou se desistirá em meio ao caminho! Continuar a jornada sem pressão é fácil. Todos seriam aprovados. Contudo, não é dessa forma a caminhada cristã. Haverá provas, angústias e tribulações. Elas nos mostrarão se vamos ou não perseverar até o fim.

Jesus já havia falado sobre isso. Quando pregou aos discípulos o Seu Sermão Profético, Ele os avisou de que a perseguição viria fortemente. “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo”, disse o Senhor (Mt 24.12). É óbvio que a salvação aqui não se trata apenas do livramento da invasão ocorrida no ano 70 d.C., em Jerusalém, pelo general Tito. Outras provas e dificuldades virão para experimentar os crentes por todos os tempos e sua perseverança até o fim dirá se de fato são salvos.

A palavra grega para perseverança aqui significa “suportar por baixo”, indicando um grande peso que incide sobre as costas de alguém, assim como era representado pela imagem do titã grego Atlas que, na mitologia, foi condenado por Zeus a sustentar em suas costas para sempre o céu.

Este é o primeiro trunfo das tribulações. Elas fortalecem as nossas costas para sustentar até o fim tudo o que nos foi imposto, para que aprendamos a ser como o Filho de Deus, que sustentou todas as aflições sobre Seus ombros, inclusive a pior de todas, que foi o flagelo da ira de Deus em nosso lugar. A perseverança deve nos alegrar em nos fazer parecidos com Cristo.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0615 - CURIOSIDADES SATISFEITAS NA COMUNHÃO

 


Há tanta coisa que ainda quero lhes dizer, mas vocês não podem suportar agora” (Jo 16.12 – NVT).


O coração do ser humano é repleto de curiosidades. De fato, “Deus fez tudo apropriado para seu devido tempo. Ele colocou um senso de eternidade no coração humano, mas mesmo assim ninguém é capaz de entender toda a obra de Deus, do começo ao fim” (Ec 3.11). Esse senso de eternidade é que causa no homem o desejo de conhecer todas as coisas.

Quando a Bíblia fala em “conhecer”, ela está falando de algo mais do que apenas saber. Ela fala de um relacionamento íntimo, a ponto de alguns textos usarem este verbo, quando se trata de relação marital (Gn 4.1; Mt 1.25 – ARC). Sendo assim, conhecer a Deus é ter comunhão com Ele, uma íntima relação espiritual. Aliás, é assim que Jesus define “vida eterna” (Jo 17.3).

Não há pecado em desejar conhecer. Embora o homem hoje, no pecado, queira conhecer as coisas em primeiro lugar, o propósito de Deus é que o homem conheça a Deus primeiramente. É a Ele que o homem deve amar de todo coração, alma, entendimento e forças (Dt 6.5; Mc 12.30). Somente depois é que lhe será permitido conhecer as coisas – depois que o homem tiver seu conhecimento de Deus em andamento santo e pacífico.

O grande problema, como nós sabemos, foi que o homem quis tomar conhecimento das coisas sem Deus! A proposta do diabo foi essa no Éden: “E, como Deus, conhecerão o bem e o mal” (Gn 3.5). O diabo disse “como Deus”, mas omitiu que era “sem Deus”. E esse foi o grande problema!

Deus não tem problema algum em revelar Suas coisas para nós. Ele disse que não esconderia de Abraão o que estava para fazer com Sodoma (Gn 18.17); Ele disse que não faria qualquer coisa sem que antes revelasse a Seus servos, os profetas (Am 3.7); e aqui, Jesus disse que havia tanta coisa que queria dizer a Seus discípulos, mas eles não estavam preparados para suportar!

Mas se você andar com Jesus, isso não será problema. Ele prometeu: “Quando vier o Espírito da verdade, ele os conduzirá a toda a verdade” (Jo 16.13). E foi o que aconteceu. Os discípulos, obedientemente, esperaram pela promessa do alto lá em Jerusalém (Lc 24.49) e quando o Espírito veio sobre eles, realmente eles passaram a conhecer muito mais de Deus e do Seu glorioso plano.

A Paulo foi revelado o mistério que esteve oculto por séculos (1Co 2.7; Ef 3.3) e ele nos fez saber muito disso em suas cartas, como ele mesmo testificou: “Mas foi a nós que Deus revelou estas coisas por seu Espírito. Pois o Espírito sonda todas as coisas, até os segredos mais profundos de Deus” (1Co 2.10).

Deus não nos revelará mais nada que já não tenha revelado a Seus apóstolos. Novas revelações são falsas e blasfemas. Mas o Espírito já veio e habita em nós. Sendo assim, crescendo na comunhão e na íntima relação com Jesus Cristo, muito mais de Deus saberemos e, o que não pudermos ainda suportar, com o tempo Ele vai tirando nossa curiosidade, tanto aqui como lá na glória! O que não podemos, é perder a comunhão com Deus!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0614 - OS ATEUS E A MORTE DE "INOCENTES"

 


Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Dn 4.35).


Vez por outra, alguns cristãos são confrontados com indagações ateístas que lhes deixam perplexos e muitas vezes sem resposta. Uma delas é pergunta do tipo: “por que seu Deus matou crianças inocentes”? Como nosso tempo é uma era de abandono intelectual, uma era de elogio à ignorância, tanto ao elogio que promove o relativismo, como também ao orgulho do agnosticismo, o resultado é que, assim crentes como ateus, embarcam nessa mesma ignorância desconhecida de seu portador, tanto nas perguntas, como nas respostas sugeridas.

Deixando de lado as respostas escapatórias que muitos cristãos dão aos seus questionadores, devido ao curto espaço de nossas reflexões, comecemos por questionar os próprios críticos da Bíblia sobre o assunto. Que base moral e ética possuem os incrédulos para formularem seu juízo acerca de assuntos do bem ou mal? De onde eles extraíram esse conceito, uma vez que para eles, nós viemos da evolução bacteriana? Algum ser unicelular, de onde supostamente nós evoluímos, teria em seu DNA algum senso ético que distingue o que é certo e errado?

Adicionado a isso, o que os ateus sabem sobre inocência? Eles não creem em pecado, como podem contrastá-lo com inocência? A inocência é o oposto do pecado, mas como não creem em pecado, eles precisarão redefinir o conceito de inocência para então recolocar sua pergunta, logo, não somos obrigados a respondê-los, visto que tal reformulação foge da cosmovisão bíblica que eles querem atacar. Seríamos obrigados a responder, caso a cosmovisão bíblica entrasse em contradição consigo mesma e não com o novo conceito deles reformulado.

Sobre isso poderíamos argumentar que segundo a cosmovisão bíblica não há ninguém inocente. As crianças nascem em pecado, portanto não são inocentes diante de Deus. Ainda assim, a Palavra nos ensina que Deus é o autor da vida, portanto Ele pode tirar e dar a quem Ele quiser. Outra questão é o destino eterno, que é o que realmente importa no fim das contas. Os ateus podem se preocupar com morte de crianças (embora, contraditoriamente, a maioria não liga para o aborto), porque, na visão deles, as pessoas só têm essa vida aqui, mas a Bíblia diz que existe a eternidade do outro lado. E se Deus matou crianças para que elas estivessem com Ele na eternidade, o que importa o pouco tempo de vida aqui, ou mesmo que fosse longo?

A Bíblia, em sua cosmovisão, diz que tudo o que Deus faz é bom por natureza e necessidade. Ele é bom, portanto, Suas obras não podem divergir do Seu caráter. Quando Ele disse “não matarás” (lembrando que o mandamento é contra o assassinato e não contra pena de morte), Ele disse para nós, não Se incluiu. O mandamento não é “não mataremos”. Quando Ele ordenou que um exército matasse outro, isso era bom, porque foi Deus quem mandou. Ele estava ordenando a justiça e justiça é bom.

Finalmente, não há nenhuma lei à qual Deus esteja sujeito. Ao contrário, a lei sempre revelará a vontade de Deus, mas nunca será sua causa! Deus faz o que Ele quer e sempre o fará de acordo com Seu caráter, de modo que nunca erra. Não está sujeito às avaliações corrompidas dos homens!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 5 de agosto de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0613 - EXIGÊNCIAS PARA QUEM JÁ PROVOU A BONDADE DO SENHOR

 


Portanto, deixando toda maldade, todo engano, fingimento, inveja e toda difamação, desejai o puro leite espiritual, como bebês recém-nascidos, a fim de crescerdes por meio dele para a salvação, se é que já provastes que o Senhor é bom” (1Pe 2.1-3 – A21).


Há certas exigências no NT que precisam ser avaliadas sob a ótica da nova natureza. Não faz o menor sentido Pedro dizer isto que acabamos de ler para pessoas não convertidas. Seria o mesmo que exigir de moscas que não vão para o lixo. É da natureza delas desejar a imundície. Para que elas tivessem nojo daquilo, só seria possível se sua natureza fosse transformada.

É por isso que a exigência de Pedro para seus leitores termina com a frase “se é que já provastes que o Senhor é bom” (v. 3). Uma pessoa que prova e vê que o Senhor é bom, diz Davi no Salmo 34, acaba se tornando bem-aventurada, pois no Senhor ela confia (v. 8). Sabemos que a confiança no Senhor é evidência da salvação de alguém, por isso disse Pedro: “a fim de crescerdes por meio dele para a salvação” (v. 2b). Só se pode exigir crescimento de quem já nasceu.

De fato, Pedro demonstra estar consciente dessa exigência somente para os que nasceram de novo, pois ele diz na parte a do v. 2: “desejai o puro leite espiritual, como bebês recém-nascidos”. Ou seja, ele está falando para crentes e não para ímpios.  Mas o que é esse “leite espiritual”? Na versão KJF entendemos o que representa esse leite: “Como bebês recém-nascidos, desejai o leite genuíno da palavra”. Como sabemos, a velha natureza não tem apetite pelas coisas de Deus, portanto, Pedro está falando para pessoas que receberam a nova natureza.

Porém, a exigência de desejar o leite genuíno da Palavra, vem junto com o abandono do pecado. No v. 1, ele diz: “deixando toda maldade, todo engano, fingimento, inveja e toda difamação”. Na NBV está assim: “libertem-se dos seus sentimentos de maldade e de todo engano! Acabem com a falta de sinceridade e o ciúme, e parem de falar dos outros por trás”. Se você diz uma coisa dessas para quem não é convertido, ele não irá gostar. Embora possa até tentar deixar de fazer o mal, mas sua natureza jamais se inclinará para o bem espiritual. Ele pode até tentar deixar a maldade, o engano, etc., mas jamais poderá desejar “intensamente o puro leite espiritual” (NVT).

Mas se você é uma nova criatura em Cristo, tanto você pode cumprir a parte negativa desta exigência, que é deixar o pecado, como pode também desejar com intensidade a parte positiva, que é buscar o seu crescimento pela Palavra. E, certamente, você vai não só conseguir, como também desejar... Se, de fato, já provou que o Senhor é bom!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0612 - AMPUTAÇÃO ESPIRITUAL

 


E qualquer que escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma grande pedra de moinho e que fosse lançado no mar. E, se a tua mão te escandalizar, corta-a... E, se o teu pé te escandalizar, corta-o... E, se o teu olho te escandalizar, lança-o fora” (Mc 9.42,43,45,47).


A palavra grega que para nós é traduzida por “escândalo” significa “pedra de tropeço”, aquela pessoa que comete uma ação que leva outros a deslizarem em sua fé. O NT contém várias advertências sobre o perigo de tais ações. Jesus e os apóstolos alertaram várias vezes sobre isso.

Quando Jesus fala dos pequeninos, Ele não está Se referindo a crianças, e sim, aos crentes. Ele diz: “pequeninos que creem em mim”. Todos os crentes verdadeiros são considerados pequeninos de Jesus, mas aqui, em especial, os novos convertidos. Eles são mais suscetíveis a tropeços na sua fé por causa de crentes mais velhos. Claro que há crentes mais experientes que não se deixam esmorecer por causa dos erros alheios, mas existem também aqueles que, mesmo sendo já antigos na caminhada, sempre tropeçam ao verem as falhas de seus irmãos.

Fato é que Jesus considera grande perigo causarmos escândalos para Seus pequeninos. Isto deve nos levar a uma postura de preocupação e cuidado para com nossos irmãos mais novos na fé, vigiando em nossas atitudes, ações e palavras, a fim de não desestimulá-los por nossa causa. Por outro lado, devemos também procurar ser crentes mais maduros, para que não sejamos levados ao tropeço por causa das falhas de nossos irmãos.

Mas, além do dever que temos para não servirmos de tropeço para nossos irmãos mais novos na fé, ainda temos de olhar o nosso próprio lado. Jesus não fala apenas dos que causam tropeço aos outros, mas também dos que causam tropeço a si mesmos! Ele usa três membros do corpo como metáfora para exemplificar o modo pelo qual devemos nos livrar do tropeço que causamos a nós mesmos: a mão, o pé e o olho.

Em outro contexto, Jesus disse que o olho que faz tropeçar é quando permitimos que a cobiça e o adultério entrem em nossa mente pelos olhos (Mt 5.29). De acordo com o v. 28, o desejo impuro já é comparado ao próprio adultério, embora ainda seja um pecado do olhar. Já no v. 30, Jesus fala da mão que faz tropeçar, ou seja, metaforicamente, significa a prática em si. Em outras palavras, o olho representa o desejo, a mão representa a prática. Mas perceba que ambos fazem tropeçar.

O mesmo se diz do pé. Este é uma metáfora para o nosso comportamento, de que maneira nos conduzimos diante das pessoas. Jesus diz que todos estes membros precisam ser cortados, obviamente falando de modo simbólico. Isto quer dizer que devemos ser tão radicais e intolerantes com essas portas de entrada para o pecado em nossa vida, a ponto de amputarmos nossa relação com ele, como quem deceparia seus principais membros!

Portanto, nosso cuidado deve ser tanto para preservar os pequeninos de Jesus, não servindo de mau testemunho para eles, como também para nos resguardar de tropeçarmos em nós mesmos, amputando espiritualmente os principais membros da velha natureza.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0611 - O VALOR DA ORAÇÃO E A AJUDA DO ESPÍRITO

 


Porque estou certo de que, pela súplica de vocês e com a ajuda do Espírito de Jesus Cristo, isso resultará em minha libertação” (Fp 1.19).


Quando o apóstolo Paulo esteve em sua primeira prisão, ele escreveu as cartas aos Filipenses, Colossenses, Efésios e a Filemom. Nesta ocasião, ele pediu oração por ele a estas igrejas (Ef 6.19) e também a Filemom (Fm 22). Nota-se aqui que este homem de Deus carregava um espírito de humildade, ao mostrar para a igreja que, apesar de ser ele apóstolo, ainda era carente das orações de todos eles.

A confiança deste homem em Deus e Sua soberania não o impediu de solicitar à igreja que orasse em seu favor. Um entendimento errado acerca desta doutrina tem levado muitos crentes a ficarem relaxados em sua vida de oração, chegando muitos até mesmo a duvidar de sua eficácia e outros a ficarem indiferentes, alegando que, se Deus já decretou tudo, orar é uma prática inútil. Outros ainda criticam crentes mais fervorosos em suas orações, tachando-os muitas vezes de fanáticos.

Entretanto, não era assim a vida de nosso Senhor e Seus apóstolos. Eles eram homens de oração constante e viveram nessa prática de modo exemplar. Quando Pedro foi aprisionado, na ocasião em que Tiago foi morto pela espada de Herodes (At 12.2), a Bíblia diz que a igreja fazia incessante oração a Deus por ele (v. 5). O resultado dessa oração, nós já conhecemos: um dos maiores relatos de libertação registrados no NT.

Mas Paulo também fala aqui em Filipenses da ajuda do Espírito de Jesus Cristo. Certamente que o Espírito Santo está presente nas orações dos santos. Mas, além de estar ali com os filhos de Deus que oram, o Espírito também os conduz a orar. Os apóstolos diziam a frase “orando no Espírito”, o que significa orar direcionado pelo Espírito (Ef 6.18; Jd 20). Porém, acima disso ainda, o Espírito Santo, além de estar entre os santos em suas orações e os conduzir nelas, Ele também leva nossas orações a Deus (Rm 8.26,27).

A convicção de Paulo em sua libertação daquela prisão era promovida por estes dois fatores associados. A oração da igreja a seu favor e a ajuda do Espírito Santo. Essa é uma outra maneira de discernir a vontade de Deus. Não havia uma promessa clara de que Paulo fosse solto de sua prisão, no entanto, ele estava certificado (lit. “eu sei”) que era o que iria acontecer. De fato, foi o que aconteceu. Mas essa certeza, ele obteve pela confiança na oração e na ajuda do Espírito de Cristo.

Nós sabemos que, independentemente das nossas orações, o que prevalecerá sempre será a vontade do Senhor. No entanto, devemos executar nossas orações como parte do plano dEle em fazer com que Sua vontade prevaleça. Quem sabe, Deus determinou que justamente através de nossas orações é que Sua vontade milagrosa aconteça? Que o Espírito de Cristo nos ajude!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0610 - HOMENS CUJA GLÓRIA ERA DEUS

 


Em Deus está a minha salvação e a minha glória; a rocha da minha fortaleza e o meu refúgio estão em Deus” (Sl 62.7).


Depois da Queda, o coração do homem continuou sendo consumido por aquela proposta da serpente, de querer se parecer com Deus. Essa fissura não desapareceu da vontade humana, ao contrário, em todas as épocas, ela se revelou cada vez mais forte e desafiadora! Mesmo tendo ouvido do próprio Adão as consequências de sua escolha rebelde, sua geração não deixou de praticar o mal e desejar ser como Deus, roubando-Lhe a glória.

No entanto, houve também homens que não desejaram glória para si, antes, sua glória era o próprio Deus. Entre outros exemplos, temos Moisés, que disse: “Rogo-te que me mostres a tua glória” (Êx 33.18). Ele já havia passado 40 dias dentro da nuvem do Senhor na montanha do Sinai, já havia desfrutado de uma comunhão tão milagrosa com Deus, que conseguiu ficar todos esses dias sem comer e sem beber, apenas sustentado pela presença de Deus, mas queria muito mais!

Deus escondeu aquele homem numa fenda de uma rocha para que não fosse destruído pelo peso da glória divina (a palavra glória significa peso). Depois que a glória passou, então Deus tirou a mão e Moisés O viu pelas costas (Êx 33.22,23). Deus reservava Sua glória maravilhosa para outra ocasião, mas ainda a revelou na inauguração do tabernáculo, quando Sua glória ali encheu e Moisés não podia entrar por causa da nuvem da glória do Senhor (Êx 40.34,35).

Davi foi outro exemplo de um homem cuja glória era Deus. Ele disse: “Mas tu, Senhor, és um escudo para mim, a minha glória e o que exalta a minha cabeça” (Sl 3.3). Ele conseguia ver a glória do Senhor proclamada pela expansão celestial (Sl 19.1) e reconheceu que, apesar de ser um rei muito vitorioso, ao trazer a arca da aliança de volta para Jerusalém, não era ele o rei da glória e sim o Senhor (Sl 24.7-10)!

Um dia a glória de Deus veio à terra! Era Seu Filho Jesus Cristo! Muitos que viam Suas obras e ouviam Suas palavras, ainda assim, não aceitavam o Seu testemunho, pois, segundo o próprio Jesus, eles recebiam “glória uns dos outros e, contudo, não [procuravam] a glória que [vinha] do Deus único” (Jo 5.44).

Entretanto, o Filho de Deus não ficou sem testemunho. O Pai manifestou Sua glória a Ele e Seus discípulos creram nEle (Jo 2.11). O apóstolo João disse: “e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14). Pedro, que também testemunhou a glória do Filho de Deus, constatou: “Pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (2Pe 1.17).

Muitas igrejas copiaram o mundo em sua soberba e tentativa de usurpar a glória de Deus. Mas Ele disse que não divide Sua glória (Is 48.11). Ele revelará em nós Sua glória e nos tornará participantes dela (Rm 8.18), mas só aos que viveram aqui buscando a glória de Deus. Homens cuja glória era Deus!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson