quinta-feira, 6 de março de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0536 - DERROTADOS PELO SONO DA TRISTEZA

 


Levantando-se da oração, Jesus foi até onde os discípulos estavam, e os encontrou dormindo de tristeza” (Lc 22.45 – NAA).


Lucas é o único evangelista que fala que os discípulos estavam dormindo no jardim do Getsêmani por tristeza. Mateus e Marcos dizem que era porque seus olhos estavam pesados (Mt 26. 43; Mc 14.40). Esta é a maneira que expressamos, nós que não somos médicos. Lucas, entretanto, era médico e ele sabia que havia algo mais naqueles discípulos que os levara ao sono profundo. E era a tristeza.

Ao lermos o Evangelho de João, descobrimos por que eles ficaram tristes. Desde o cap. 13, quando Jesus lavou os pés de Seus discípulos, Ele passa a lhes dar um grande sermão, um sermão pessoal, que inclui a promessa do Espírito Santo como o outro Consolador, a alegoria da Videira verdadeira e suas últimas palavras de despedida antes de, no cap. 17, fazer a maravilhosa oração sacerdotal.

No cap. 16 de João, ao fazer o discurso de despedida, Jesus diz a Seus discípulos que eles ficariam tristes sim, pelo fato de Jesus ter-lhes dito que iria de volta para o lugar e para a Pessoa de onde viera. Ele diz: “Pelo contrário, porque eu lhes disse essas coisas, a tristeza encheu o coração de vocês” (Jo 16.6). Eles não compreendiam totalmente “e diziam: Que vem a ser esse um pouco? Não compreendemos o que ele está dizendo” (Jo 16.18 – NAA).

Apesar de Jesus lhes garantir que sua tristeza seria transformada em alegria (vs. 20,22), eles foram tristes para o jardim da oração. Eles viram a angústia do seu Mestre (Mt 26.37,38; Jo 13.21). Eles nada podiam fazer. Estavam alheios à verdadeira situação e, mesmo que soubessem a fundo, estavam também impotentes para ajudar no que quer que fosse! A tristeza os abateu de tal forma que dormiram.

A psicologia tem diagnosticado casos de depressão que causa sono em excesso, a hipersonia. O momento de tensão que os discípulos viram em seu Senhor, ao invés de tirar-lhes o sono naquela sombria madrugada, causou-lhes sono, sono de tristeza!

Você já parou para se perguntar se sua vida espiritual está em queda livre? Talvez, a princípio você não perceba, mas quando for muito tarde verá que está dormindo espiritualmente, completamente alheio às coisas espirituais, letárgico e indiferente aos seus deveres da fé e num terrível sono. Sabe o que é? Nada mais do que o sono da tristeza, da depressão espiritual, de sua declinação imperceptível e perigosa.

Esteja atento para as situações que exigem total vigilância de sua parte. O momento é de tensão e você não pode dormir. Ainda que haja tristezas e severas depressões espirituais, alerte-se, acorde! Vele com Cristo por umas horas! A hora das trevas está chegando e nós não dormimos como aqueles que pertencem à noite, somos filhos do dia.

Levante-se, resplandeça, porque já vem a sua luz, e a glória do Senhor está raiando sobre você” (Is 60.1 – NAA). “Por isso é que se diz: Desperte, você que está dormindo, levante-se dentre os mortos, e Cristo o iluminará” (Ef 5.14 – NAA).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 5 de março de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0535 - ERA JÓ O ALVO DA IRA DE DEUS?

 


Eu estava tranquilo, mas ele me quebrou em partes; ele também tomou-me pelo pescoço, e me sacudiu em pedaços, e me pôs por seu alvo” (Jó 16.12 – KJF 1611).


A gente fica imaginando um homem do gabarito de Jó. Como o início do livro testemunha, homem “perfeito e íntegro, e alguém que temia a Deus, e afastava-se do mal” (1.1). Como pôde ser possível que ele passasse tudo aquilo? Perdeu bens, filhos, prestígio e a saúde… Para o leitor do livro deste patriarca, não há razão alguma que justifique o que esse homem sofreu, embora muitos erroneamente têm tentado achar um motivo de falha nele, assim como seus amigos naquela época já o faziam.

Ao ler a fala do próprio Jó, ficamos também desconsolados com ele. E chegamos a concordar. Ele estava realmente tranquilo. Deus chegou e o quebrou em partes! Ainda que tenha sido Satanás, sabemos que foi Deus quem lhe deu essa permissão. Não era um homem que blasfemava de Deus. Nem mesmo em seu coração. Vemos no cap. 1.5 que os sacrifícios que ele apresentava a Deus em favor de seus filhos era por medo de que eles tivessem “amaldiçoado a Deus em seus corações”. Os pais de hoje mal se preocupam com o que seus filhos fazem e falam, Jó se preocupava com o que eles pensavam

De fato, Deus parecia um gigante que pegou Jó pela gola da roupa e lhe sacudiu até cair seus pedaços! Ele ficou desfilhado! Isso é arrancar o coração de um pai, de uma mãe… Quando se perde um filho, a angústia é indizível, imagine o que é perder todos (ele tinha dez)… e não um por ano, mas todos de uma só vez! Deus despedaçou Jó, seu moral ficou totalmente sem crédito diante da sociedade na qual ele era como um sábio conselheiro! Realmente, Deus colocou Jó como seu alvo e o atingiu com Suas flechas!

Jó nos lembra o próprio Filho de Deus! Ele foi também quebrado em partes por Deus. Ele foi sacudido em pedaços na cruz! Sabemos que Jó, depois de tudo aquilo, recebeu em dobro e mais que isso, passou a conhecer a Deus não só de ouvir, mas de uma intimidade tal, que era como se seus olhos O vissem (42.5)! Mas Jesus não passou por tudo aquilo para conhecer a Deus, ao contrário, Ele já conhecia a Deus desde a eternidade! O que Ele não conhecia era o pecado (2Co 5.21)! Na cruz, Cristo foi o alvo de Deus, da Sua ira em nosso lugar! Todas as setas inflamadas de Deus que eram para recair sobre nós foram atiradas em Cristo como um alvo!

Nós hoje, somos como aqueles filhos do patriarca, cujo pai intercedia por eles. Cristo ressuscitou e intercede por nós diante do Pai (Rm 8.34). Ele sabe que em nossos corações muitas vezes pecamos e blasfemamos contra Deus. Mas Ele já ofereceu um sacrifício, não muitos, mas um só; não de animais, mas o Seu próprio, para que fôssemos perdoados. Ele conheceu nosso pecado para que nós viéssemos a conhecer a Deus! Hoje Ele nos apresenta diante de Deus e diz: “Contemple a mim e aos filhos que Deus me deu” (Hb 2.13).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 4 de março de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0534 - CONHECENDO O VERDADEIRO EVANGELHO (FÉ EM CRISTO)

 


E rogo não somente por estes, mas também por aqueles que virão a crer em mim pela palavra deles” (Jo 17.20 – A21).


No entendimento popular, inclusive entre cristãos, há um erro fatal sobre o que significa crer em Cristo para a salvação. A maioria esmagadora pensa que é acreditar que Deus existe. Outros pensam que é crer que Jesus existiu, veio à terra, viveu sem pecado, morreu e ressuscitou ao terceiro dia, etc. Claro que isso deve ser crido também, porém, esse tipo de fé é apenas um credo, é acreditar no relato bíblico sobre Cristo. A diferença é crer ­­em Cristo e não somente no que é dito sobre Ele.

Quando se diz que sem crer em Cristo não se pode ser salvo, isto significa que o indivíduo precisa admitir que sem a obra que Cristo realizou é impossível que ele seja salvo, mesmo que creia em Deus e tudo mais. Em outras palavras, a fé que salva é o reconhecimento profundo da dependência exclusiva de Cristo, que sem Ele e, somente Ele, a salvação de qualquer um é simplesmente impossível!

Nossa geração é a geração “sabe-tudo”. Todo mundo tem um conceito do que é fé, de quem é Deus, de quem é Cristo, do que é religião, e ainda acha que seu conceito é o correto e infalível, porém, tudo isso é inútil para a salvação. Jogue todos, não somente alguns nem muitos, mas todos os seus conceitos pessoais fora! Eles não servem para absolutamente nada diante de Deus. O que vale é apenas o que Deus diz em Sua Palavra.

Mas como vem a fé? Em primeiro lugar, ela vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus (Rm 10.17). Tudo que alguém ouve, que não for a verdadeira Palavra, não pode produzir fé, pelo menos não a verdadeira fé. Em segundo lugar, o ouvinte tem que concordar com aquilo que ouviu. Isso é o convencimento que o Espírito Santo faz em seu coração sobre as palavras do evangelho (Jo 16.8-11). Mas, mesmo que alguém seja convencido, ou concorde com as palavras do evangelho, não quer dizer que já creu em Cristo.

Terceiro, o ouvinte tem que se entregar irrestritamente à Palavra que está ouvindo. Os ouvintes de Pedro, no dia de Pentecostes, perguntaram comovidos: “Que faremos, varões irmãos?” (At 2.37). Não basta ser convencido de que o evangelho é a verdade; é preciso se decidir por ele. Como se dissesse: Agora que entendi, então eu quero isto. Assim, já começa a dar evidências de que realmente creu em Jesus. Mas não é a evidência completa.

Para ter certeza de que realmente creu, é preciso permanecer nesta Palavra. Os gálatas, por exemplo, começaram pelo Espírito e estavam querendo continuar pela carne, ou seja, começaram pelo evangelho e queriam se aperfeiçoar pela lei. Paulo os reprova severamente (Gl 3.3-5). Veja, não era como os gálatas pensavam ou queriam. Era como Paulo os tinha ensinado. Não há espaço para o que “eu acho”, mas somente para o que a Bíblia diz!

Portanto, se o indivíduo reconhece sua falência espiritual por causa do seu pecado e, além disso, reconhece humildemente que só e somente Cristo é sua saída do caminho da destruição, então ele se arrependeu e creu de fato. Se você não diz para alguém que ele deve se arrepender e crer, então você não pregou o evangelho, ainda que tenha falado muito sobre Deus e sobre você mesmo.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 3 de março de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0533 - CONHECENDO O VERDADEIRO EVANGELHO (ARREPENDIMENTO)

 

Daí em diante, Jesus começou a pregar, dizendo: Arrependei-vos, porque o reino do céu chegou” (Mt 4.17 – A21).


Em meio a tanto tipo de pregação que se passa por evangelho, torna-se urgente que o povo de Deus saiba exatamente o que é o verdadeiro e com ele tenha muita profundidade, a fim de saber separá-lo do falso. O príncipe do engano descobriu uma ótima forma de arrebentar com o verdadeiro evangelho, a saber, acrescentando muita coisa que não pertence a ele, bem como retirando o que é próprio do evangelho.

Para começar, o evangelho fala de arrependimento de pecado. Por que isto? Porque o homem já nasceu no pecado e, dessa forma, se não nascer de novo não pode entrar no reino de Deus (Jo 3.3,5). Em outras palavras, o homem não tem que se arrepender somente dos pecados (plural) que ele comete; ele tem que se arrepender de ter nascido! É porque ele nasceu no pecado (singular), que ele comete pecados (plural).

Se o homem não se arrepende disso e diz que se arrepende só dos pecados que ele cometeu, isso não é o que o verdadeiro evangelho exige. Seria como você tentar matar uma árvore cortando só os galhos. O verdadeiro evangelho vai na raiz da árvore! Se os frutos são ruins (plural) é porque a árvore é ruim desde a raiz (singular). Assim o homem: ele comete pecados (plural) porque nasceu no pecado (singular). É aí que o arrependimento tem que entrar.

Mas o que é o arrependimento? Em primeiro lugar, ele é o reconhecimento dessa situação de pecado que estamos falando. Se o indivíduo não reconhece tal situação de falência espiritual, ele jamais pode se arrepender. Esse é o fator racional. Para haver reconhecimento, tem que haver humildade e isso é uma qualidade que não temos visto mais ultimamente. Numa sociedade de banca, o que mais as pessoas querem é mostrar o que não são. Então, se não se reconhecerem pecadoras, nada feito.

Em segundo lugar, arrependimento é sentir o peso amargo na consciência. Esse é o fator emocional. Veja, não é a pessoa sentir apenas o peso de ter brigado com a mãe; a tristeza de ter mentido para um amigo; o desapontamento de ter traído o cônjuge; é muito mais que isso – é sentir a profunda tristeza de ter nascido em oposição a Deus, que é santo, enquanto nós nascemos pecadores. Devemos raciocinar sobre nossa condição a esse ponto!

Terceiro, o arrependimento deve nos levar humilhados Àquele a quem ofendemos, ou seja, a Deus. Aqui fala da decisão. Devemos nos rastejar sim diante dEle e Lhe suplicar Seu perdão! E mais que isso, devemos reconhecer que não o merecemos! Ele vai dar por causa de Sua graça, mas não merecemos ser perdoados jamais. Mesmo assim, aproxime-se dEle em nome do Filho dEle e peça o perdão da raiz maldita do pecado da qual nascemos.

Por último, para sabermos se nos arrependemos, devemos nos afastar das antigas práticas. Elas nos denunciavam como pecadores. Agora perdoados, devemos ter outras práticas que nos revelem modificados perante o mundo. Mas existe outra coisa que nos mostra o que é o verdadeiro evangelho – a fé em Cristo. Sobre isso, falaremos na próxima parte.

Día tes písteos

Pr. Cleilson