Teolatria

No Teolatria você encontra diversos estudos bíblicos em slides (power point) para baixar, além de muitas pregações, sermões expositivos, textuais, temáticos em mp3, dos pregadores da IMVC - Vilhena/RO: Pr. Cleilson, Pb. João, Pb. Alex, Pb. Wesllen Ferreira, irmã Clair Ivete e pregadores convidados.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O ANO ACEITÁVEL DO SENHOR E O DIA DA VINGANÇA DO NOSSO DEUS


É digno de nota que quando Jesus leu o texto de Isaías 61 a Seu respeito, Ele fechou o livro antes de terminar de completar a ideia do versículo. Em Lucas 4.18,19 Ele lê assim: "O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor". No v. 20, Lucas diz que Ele fechou o livro... mas faltou ler o final do que Isaías escreveu nesse trecho. Em Isaías 61, depois da frase "a anunciar o ano aceitável do Senhor", há um complemento: "e o dia da vingança do nosso Deus" (v.2). Mas Jesus não completou com essa frase. Ele fechou o livro antes de ler este pedaço... Por quê?

Os profetas do AT quando vaticinavam alguma palavra de Deus, especialmente se fosse futurística, geralmente eles falavam sem compreender a ordem dos eventos. Isto porque viam de longe, então não conseguiam discernir qual a distância entre "uma montanha e outra", digamos assim, em outras palavras, não conseguiam definir quando uma profecia seria cumprida e se havia um espaço de tempo entre duas profecias. Os estudiosos veem isso como efeito perspectiva. De longe, quando olhamos as montanhas, elas parecem estar juntas, entretanto, ao chegar em uma delas, percebemos que a outra está a uma distância tão grande quanto a que estávamos antes de chegar ali. Isso quer dizer que os profetas do AT não percebiam que suas profecias geralmente tinham uma distância entre o cumprimento de uma e de outra. Joel, por exemplo, quando profetizou acerca do derramamento do Espírito Santo, já incluiu juntamente com essa, uma outra profecia que fala das catástrofes que sucederão na 2ª vinda de Cristo (Jl 2.28-30). Na mente dele, ambas as coisas aconteceriam juntas, mas nós (que já chegamos e até passamos da 1ª montanha) sabemos que há um espaço de tempo até que se chegue ao cumprimento da 2ª profecia.

Pois bem, assim sucedeu com Jesus. Em Nazaré, quando leu o rolo do profeta Isaías, Jesus o fechou antes que lesse a última parte daquele trecho, porque só "a 1ª montanha havia chegado". Por isso Jesus diz em Lc 4.21: "Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos". Jesus queria dizer que Ele preenchia os requisitos daquela profecia naquele momento, no Seu ministério terreno. De fato, Ele foi ungido com o Espírito Santo (At 10.38), Ele evangelizou os pobres (Lc 6.20), Ele curou os quebrantados de coração (Lc 5.20), Ele apregoou liberdade aos cativos (Lc 4.35), Ele abriu a vista dos cegos (Lc 18.42), colocou em liberdade os oprimidos, mas na Sua 1ª vinda Ele não veio para anunciar o "dia da vingança do nosso Deus". Ele veio apenas para anunciar o "ano aceitável do Senhor".

Observe a diferença entre as palavras:
"Ano" e "dia" => o ano é mais longo, o dia é repentino;
"Aceitável" e "da vingança" => o ano é para aceitação (Evangelho), o dia é para vingança (Juízo);
"do Senhor" e "do nosso Deus" => Jesus é chamado de Senhor (Kyrios) no NT e Deus aqui se refere ao Pai, o Juiz de todos.

Portanto, como Jesus estava na Sua 1ª vinda, Ele não veio para fazer juízo (Jo 3.17; 12.47). Ele veio para anunciar o ano aceitável, ou seja o longo prazo que Ele dá para a salvação. Pedro diz na sua 2ª carta 3.9: "O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se".

Por isso é que Jesus fechou o livro. O dia da vingança do nosso Deus será na Sua 2ª vinda. Veja o que Paulo diz em 2Ts 1.7,8: "E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder,como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo".

Isaías estava certo, mas não sabia a diferença entre as montanhas. E Jesus, consciente de Seu ministério aqui na terra deixou isso bem claro, por isso fechou o livro antes de ler todo o texto.

Hoje ainda estamos no "ano aceitável". Ainda há tempo para arrependimento, para confissão, para entregar-se a Cristo e professá-lO como Senhor de nossas vidas. Mas haverá um dia, "o dia da vingança", em que não teremos tempo mais para nada. Como nos dias de Noé, ninguém teve tempo quando "o dia" chegou, assim também quando terminar "o ano" e chegar "o dia" não haverá tempo para estas coisas, arrependimento e conversão. Isso é para agora, porque o "dia da vingança do nosso Deus" é dia, não é ano. É rápido, não tem longanimidade. Aproveitemos a paciência de Deus que nos espera para estarmos "em pé naquele dia", como disse Jesus em Lucas 21.34-36: "E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia. Porque virá como um laço sobre todos os que habitam na face de toda a terra. Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do homem" (grifo meu).

Dia tēs písteōs.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

JESUS É DEUS!


Embora os testemunhas-de-jeová não admitam a realidade da divindade de Cristo, não podem contudo negar que o próprio apóstolo Paulo declarou que Cristo é Deus quando dava seu discurso aos presbíteros de Éfeso em Atos 20. É exatamente no v. 28 que Paulo faz essa surpreendente declaração. O estranho é que nem mesmo muitos estudiosos nos apresentam este versículo como uma prova da divindade de Cristo, portanto, eu o farei aqui.

Vejamos o que Paulo disse neste versículo na versão Atualizada (ARA): "Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual Ele comprou com o Seu próprio sangue". Observe: Deus comprou a igreja dEle com Seu próprio sangue! Que todos sabemos é que foi o Filho e não o Pai que derramou o sangue, mas se aqui Paulo diz que Deus comprou Sua igreja com Seu sangue, e foi o Filho (Jesus) Quem derramou o sangue, então o Filho é Deus! É uma conclusão lógica, a partir de premissas verdadeiras.

Premissa 1: Jesus derramou Seu sangue - verdade bíblica (1Pe 1.18,19)
Premissa 2: Deus comprou Sua igreja com Seu próprio sangue - verdade bíblica (At 20.28)
Conclusão: Jesus é Deus!

É somente com muito esforço que os testemunhas-de-jeová procuram livrar-se deste "problema". O que se constitui um problema para eles (admitir que Jesus é Deus) é motivo de glória para Cristo e para o próprio cristianismo. Os tj's tiveram que adulterar a tradução do texto grego e com isso, ao tentarem se livrar do embaraço, trapos de suas roupas ficaram nas farpas dos arames pelos quais tentaram escapar. Observe como eles traduziram o versículo (TNM - Tradução do Novo Mundo): "Prestai atenção a vós mesmos e a todo o rebanho, entre o qual o espírito santo vos designou superintendentes para pastorear a congregação de Deus, que ele comprou com o sangue do seu próprio [Filho]".

Logo eles, que tanto dizem prezar pela tradução correta do grego... logo eles que excluem os versículos ou parte dos versículos que não constam de vários manuscritos... que vergonha, tj's! Se vocês excluem os versículos (ou parte deles) que estão entre colchetes na versão Atualizada, então por que vocês acrescentaram essa palavra "Filho", que não existe no original grego, e ainda a colocaram entre colchetes? Façam-me o favor!

Vejamos como reza este versículo nos manuscritos disponíveis do grego.

προσέχετε ἑαυτοῖς καὶ παντὶ τῷ ποιμνίῳ ἐν ᾧ ὑμᾶς τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον ἔθετο ἐπισκόπους ποιμαίνειν τὴν ἐκκλησίαν τοῦ θεοῦ, ἣν περιεποιήσατο διὰ τοῦ αἵματος τοῦ ἰδίου. ("Olhai por vós e todo o rebanho que entre vós o Espírito Santo vos fez bispos para pastoreardes a igreja de Deus, que Ele adquiriu através do sangue, do Seu próprio" - Westcott).

Para ser menos extenso, vou colocar apenas a parte final do versículo no grego e também traduzido, que nos interessa.

ποιμαίνειν τὴν ἐκκλησίαν τοῦ Κυρίου καὶ Θεοῦ, ἣν περιεποιήσατο διὰ τοῦ ἰδίου αἵματος. ("Para pastoreardes a igreja do Senhor e Deus, que Ele adquiriu através do Seu próprio sangue" - Igreja Ortodoxa Grega).

ποιμαίνειν τὴν ἐκκλησίαν τοῦ κυρίου, ἣν περιεποιήσατο διὰ τοῦ αἵματος τοῦ ἰδίου. ("Para pastoreardes a igreja do Senhor, que ele adquiriu através do sangue seu próprio" - Códice Sinaítico - Tischendorf 8ª ed.).

ποιμαίνειν τὴν ἐκκλησίαν τοῦ θεοῦ ἣν περιεποιήσατο διὰ τοῦ αἵματος ἰδίου. ("Para pastoreardes a igreja de Deus que Ele adquiriu através do sangue seu próprio" - Textus Receptus de 1550).

ποιμαινειν την εκκλησιαν του κυριου και θεου ην περιεποιησατο δια του αιματος ιδιου. ("Para pastoreardes a igreja do Senhor e Deus que Ele adquiriu através do sangue Seu próprio" - Bizantino Texto Majoritário).

ποιμαινειν την εκκλησιαν του θεου ην περιεποιησατο δια του αιματος ιδιου. ("Para pastoreardes a igreja de Deus que ele adquiriu através do sangue Seu próprio" - Textus Receptus de 1894).

Como podemos observar, apenas o manuscrito de Tischendorf omite a palavra Theou (Deus) e deixa a palavra Kyriou (Senhor), sendo este o manuscrito preferido dos tj's. E os manuscritos do Texto Majoritário e da Igreja Grega usam ambos os termos. Nos demais manuscritos temos apenas o vocábulo Theou (Deus).

Desde Lutero, os reformadores têm preferido o Textus Receptus (TR). Atualmente Nestlé-Aland têm sido preferido entre os eruditos.

O que mais chama a atenção é o fato de que em nenhum dos manuscritos encontramos a palavra "Filho", que os tj's incluíram na tradução de At 20.28. Certamente quem derramou o sangue foi o Filho, porém, no texto em análise, Paulo não cita o Filho, mas diz que Deus comprou (adquiriu) Sua igreja através do Seu próprio sangue. Então, pelo silogismo já feito acima, não temos dúvida de que Paulo se referia a Cristo como Deus, gostem os tj's ou não! E será preciso muito mais que uma torção no texto para escapar desta verdade bíblica!

Outros versículos que provam a divindade de Cristo (Is 9.6; Jo 1.1,18; 10.30; 20.28; Rm 9.5; Cl 2.9; Tt 2.13; Hb 1.8; 1Jo 5.20). Há outras evidências sobre a divindade de Cristo, tais como Ele ter recebido adoração (Mt 14.33), mesmo depois de ter dito ao diabo que somente ao Senhor Deus devemos adorar (Mt 4.10). Neste ponto, os tj's são tão desonestos com os textos bíblicos, que a mesma palavra grega que ocorre nestes dois versículos que citei, eles traduzem de maneira diferente! Observe:

κυριον τον θεον σου προσκυνησεις και αυτω μονω λατρευσεις - "O Senhor, o Deus teu adorarás e a Ele apenas prestarás serviço de culto" (Mt 4.10) - Sublinhei a palavra adorar no grego (proskynēseis). Veja como os tj's traduziram este versículo: "Jesus disse-lhe então: “Vai-te, Satanás! Pois está escrito: ‘É a Jeová, teu Deus, que tens de adorar e é somente a ele que tens de prestar serviço sagrado.’”. Sublinhei também a palavra adorar, que aqui, eles traduziram corretamente. Jesus disse a Satanás que somente Deus deve ser adorado, certo? Pois é, só que lá na frente, Ele mesmo Se permite ser adorado pelos discípulos.

Veja a palavra grega para "adorar" sendo repetida em Mt 14.33.

οι δε εν τω πλοιω ελθοντες προσεκυνησαν αυτω λεγοντες αληθως θεου υιος ει - "Mas os que estavam no barco adoraram a Ele dizendo: Verdadeiramente és o Filho de Deus". (Mt 14.33). Observem que eu sublinhei novamente a palavra grega pra vocês verem que é a mesma de Mt 4.10! Aqui Jesus recebe a adoração dos discípulos depois de ter acalmado a tempestade e livrado Pedro de um afogamento. Mesmo se você não souber ler o grego, verá que a palavra sublinhada tem a mesma raiz tanto aqui como em Mt 4.10. Mas vejam como os tj's traduziram a mesma palavra em Mt 14.33: "Os que estavam no barco prestaram-lhe então homenagem, dizendo: “Tu és realmente o Filho de Deus.” É de fazer rir tamanha estupidez! Querem enganar a si mesmos, mas os farrapos do arame do qual pretendem fugir marcam suas roupas.

Num texto que não "lhes compromete", traduzem proskyneō por "adorar". No outro texto, onde a mesma palavra está grafada, traduzem por "prestar homenagem" com medo de admitir que Jesus é Deus e, por isso mesmo recebeu adoração. É de "rachar o bico", como diz a gíria popular!

Esse jesus dos testemunhas-de-jeová é muito hipócrita! Diz a Satanás que não vai adorá-lo porque Satanás não é Deus e, mais à frente recebe adoração dos discípulos, sendo que ele mesmo não é Deus... realmente, esse jesus não merece ser adorado!

Mas o Jesus da Bíblia, o Filho de Deus, sendo Ele mesmo Deus Filho, Esse sim, merece ser adorado e crido como o Deus verdadeiro!

Só pra finalizar, os tj's esqueceram de torcer o versículo de 1Jo 5.20! É de dar risada também! Fuçaram a Bíblia de todo jeito para corromper os textos que provam que Jesus é Deus, como João 8.24, por exemplo, onde Jesus diz que se não "crerdes que EU SOU (o nome de Deus em Êx 3.14) morrereis nos vossos pecados". Eles verteram o versículo assim: "pois, se não acreditardes que sou eu, morrereis nos vossos pecados". Olha, me desculpe, leitor do Teolatria, mas vou dar uma gargalhada aqui (ahahahahah). "Se não acreditardes que sou eu..." Quem, em são juízo, não iria acreditar que aquele era ele? Meu Deus, isso é um insulto à inteligência do ser humano! Mas vamos finalizar com 1Jo 5.20 na versão deles mesmos, pois esqueceram de corromper também este versículo (o que me faz rir muito)!

"E nós estamos em união com o verdadeiro, por meio do seu Filho Jesus Cristo. Esse é o verdadeiro Deus e a vida eterna". Quem apenas traduz, nunca corre o risco de se contradizer, pois não há contradições na Bíblia; mas quem procura fazer contorcionismo com a Bíblia, em um dado momento se mostrará contraditório!

JESUS É DEUS!

Dia tēs písteōs

Pr. Cleilson

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

REACENDENDO A CHAMA DO DOM QUE DEUS NOS DEU


O apóstolo Paulo, ao escrever sua segunda carta a seu filho na fé Timóteo (1.2), menciona tanto sua própria dedicação a Deus desde seus antepassados (1.3), como também confessa a Timóteo que suas lágrimas muito lhe alegravam (1.4). Elogia sua fé, que era fruto de um discipulado familiar, pois, como apóstolo que era, conseguia discernir uma fé verdadeira da falsa (1.5).

Por causa disso, Paulo lhe lembrava a "despertar" (ARC, A21) o dom de Deus que existia nele, quando recebeu imposição das mãos de Paulo juntamente com o presbitério da igreja (provavelmente de Éfeso). Esse dom foi dado a Timóteo não somente com a imposição das mãos do presbitério, mas também das mãos do apóstolo e de alguns profetas, pelo que se depreende do texto de 1Tm 4.14 (houve profecia no dia da imposição de mãos sobre Timóteo). A ARA traduz por "reavivar" o dom; a NVI diz para "manter viva a chama" do dom, a NTLH diz para "conservar vivo" o dom.

Paulo usou um verbo decorrente de um substantivo zōpyron, uma espécie de fole que se usava para assoprar o borralho (quando as brasas precisavam ser reacendidas). Uma tradução mais literal, portanto, do v. 6 seria: "Reacendas o dom", mas não no sentido de uma ordem. O verbo "reacender" (ou "despertar", ou "reavivar", ou "manter viva a chama", ou "conservar vivo") não está no imperativo. Está no modo infinitivo do tempo presente. Este modo refere-se a uma ação continuada ou repetida, sem indicar nada sobre o momento da ação (Bíblia de Estudo Palavras-Chave). Significa que Paulo apenas está lembrando a Timóteo que isso deve ser feito. Não que Timóteo tenha se esfriado. Já ouvi pregadores dizerem que Timóteo tinha deixado seu dom esfriar; mas isso não é verdade observando-se o modo e o tempo do verbo no grego. É como se Paulo dissesse ao jovem: "Eu te lembro que vivas reacendendo a chama do dom de Deus que está em ti".

Paulo explica o porquê disso. Como se dissesse: "Olha, Timóteo, lembre-se de manter acesa a chama do dom que Deus lhe deu, porque Ele mesmo não nos deu o espírito de temor (gr. deilía, e não phobos)". O vocábulo significa timidez, reticência, falta de coragem. O espírito que Deus nos deu foi de poder, fortaleza (gr. dynamis). O crente tem que ter vigor, explosão, dinâmica naquilo em que foi chamado por Deus (dom) a fazer. Por outro lado, o crente recebeu também o espírito de amor (gr. agápē). Aqui é gerado o equilíbrio entre a força e a timidez. O amor juntamente com o poder nos leva à próxima virtude que Paulo diz no v. 7: à moderação (gr. sōphronismós), disciplina, autocontrole, lucidez. Há crentes medrosos e covardes, enquanto há crentes que, de tão "poderosos", são insanos. O amor equilibra o crente. O amor nos ajuda a não sermos passivos com tudo e, ao mesmo tempo, não sermos excessivos com tudo!

É por isso que precisamos constantemente de manter acesa a chama do dom que Deus nos deu. Esta palavra de Paulo para Timóteo se aplica a nós. O mesmo espírito foi dado a nós, o espírito de força, amor e sensatez. Não recebemos o espírito do medo, do acanhamento. Quanto mais aceso eu mantenho meu chamado, mais força, amor e discernimento eu terei para o exercício do meu ministério! Qual a conclusão disso tudo? Paulo responde no v. 8. É surpreendente a conclusão de Paulo sobre a necessidade de manter acesa a chama do nosso dom. Vai contra o que alguns pregam hoje em dia. Veja isso.

Paulo diz que mantendo acesa a chama do dom que Deus deu a Timóteo, ele estaria ao invés de se escondendo atrás da timidez, se enchendo da força, do amor e do equilíbrio e, além disso: estaria pronto para participar das aflições do evangelho, segundo o poder de Deus e não se envergonhando disso! Lá no cap. 2.3, Paulo o convida a sofrer com ele as aflições como bom soldado de Jesus Cristo. Não é realmente diferente do que ouvimos hoje?

Não sei vocês, mas eu já ouvi mais ou menos nos seguintes termos: "Se você, meu irmão, avivar o dom de Deus na sua vida, você vai ser vitorioso, Deus vai lhe tirar do anonimato e lhe colocar em lugar de honra, Deus vai fazer de você cabeça e não cauda..." e por aí vai, é ou não é?

Não resta dúvidas de que seremos extremamente abençoados se em nossa vida mantermos a chama do dom acesa. Porém, a questão é: o que consideramos ser abençoados? Honrarias humanas? Sucesso e reconhecimento? Dinheiro, status e fama? Para Paulo, o ser abençoado era participar das aflições do evangelho! E ele ainda diz que estas aflições são segundo o poder de Deus (v. 8)! A mesma palavra que Paulo usou para dizer que Deus nos deu o espírito de "poder" no v. 7. Ou seja, Aquele que nos deu o espírito de poder, nos deu para que pudéssemos participar das aflições do evangelho pelo Seu próprio poder! Ele nos deu o Seu poder para que não voltássemos atrás nos momentos de aflição.

Que possamos voltar à essência do evangelho do nosso Senhor. Procuremos reavivar sim, esta chama do dom, do chárisma de Deus que nos foi dado. Não deixemos que isso se apague. Mas ao reacendermos a chama deste dom, lembremo-nos de que não é para nossa autopromoção, mas para a glória de Deus, inclusive nos sofrimentos que nos advêm de se viver o verdadeiro evangelho!

Dia tēs písteōs.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

LIÇÕES DA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES PARA NOSSA PROSPERIDADE (JOÃO 6.1-14)


Sermão Textual por Inferência pregado pelo Pr. Cleilson na IMVC Vilhena/RO dia 22/09/11.

A pregação fala sobre 5 lições que a multiplicação dos pães nos dá sobre a prosperidade do cristão, sob uma perspectiva bíblica, centralizada no verdadeiro cristianismo e contrária ao estilo das pregações atuais sobre prosperidade.

Clique no link a seguir e faça download desta mensagem em mp3:

http://www.mediafire.com/?0h1yd3f7qc1szbn

Dia tes písteos.

Pr. Cleilson

COMPREENDENDO A GRAÇA DA ORAÇÃO


Por: Pr. Wellington Miguel

“Se Deus já sabe, por que orar?”. Esse é o título de uma reflexão do Dr. Ricardo Barbosa, pastor da Igreja Presbiteriana de Brasília. “Janelas para a vida” é o livro onde se lê sobre essa reflexão. Esse livro é um daqueles que modificam nossos paradigmas e redirecionam nossa teologia e prática cristãs.

Nunca compreendi a oração pelo prisma que o Rev. Ricardo Barbosa refletiu e traduziu nesse livro. Quero aqui, compartilhar essa reflexão e o que ela modificou na minha prática de oração.

A oração em nossa sociedade moderna e pós-moderna foi totalmente descaracterizada do seu propósito. Hoje a oração tem uma face que traz as marcas do seu tempo. Numa sociedade imediatista, consumista, materialista e irreverente, a oração tornou-se um instrumento utilitarista, triunfalista e de conquistas meramente egoístas.

Antes a oração, que era o lugar de conhecer o propósito de Deus, agora é um lugar onde orientamos e determinamos para Deus o que deve ser feito. Tornamo-nos seu conselheiro, embora “quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Quem foi seu conselheiro?” Rm 11.34. Bom, numa sociedade marcada pelo antropocentrismo, o homem como centro, “Deus tem que Se sujeitar”.

Admiro a coragem, se é que posso chamar isso de coragem, daqueles que entregam suas ofertas e dízimos e julgam ter o direito de exigir de Deus “em suas orações” o que Lhe pedem. Nos dizeres do apóstolo Pedro: “que pereçam eles com seu dinheiro, pois julgam adquirir, por meio dele, as dádivas de Deus.” – At 8.20

Mas não é assim desde o princípio. Alguns podem argumentar que a oração é de fato o lugar das petições. De fato, ela é o lugar para as nossas petições e ainda apresento referências, por exemplo: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças” - Fp 4.6. No entanto, continua o apóstolo: “E a paz de Deus que excede todo entendimento guardará a vossa mente em Cristo” – Fp 4.7. A proposta da oração é promover paz e guardar o coração em Cristo. É desprender o coração da solicitude dos nossos tempos, da paranoia do consumismo e da cobiça, da ostentação dos bens e das concupiscências da carne.

O propósito da oração é de manter nossos pensamentos nas coisas lá do alto, não nas que são da terra. A oração é o lugar de aquietar o coração, pois, é na quietude do coração que o Senhor fala.

Quando o Senhor ensina Seus discípulos a orar, Ele diz: “venha o Teu Reino, e seja feita a tua vontade”. Embora a oração seja o lugar da expressão do nosso coração, onde falamos dos nossos sonhos, manifestamos nossas vontades e apresentamos nossos planos, a oração é o lugar de conformar o nosso coração. Conformar o coração à vontade Deus. É lugar de conhecer a vontade de Deus e de submeter a ela o nosso coração, nossos sonhos, nossos desejos. Embora pareça desconfortável, a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável. O próprio Filho, Jesus Cristo, não somente ensinou conformar o coração a vontade de Deus, como Ele mesmo o fez no Getsêmani: “Não seja como Eu quero, mas como Tu queres”.

Além do mais, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim os caminhos e os pensamentos do Pai são mais altos do que os nossos – Is 55.8,9. Compreendo que o que se propõe aqui, é como nadar contra a correnteza dos nossos tempos. No entanto, olhar para a oração como caminho de comunhão e conhecimento do coração do Pai através do Filho, e do Filho através do Pai, mediante o Espírito Santo, nos levará ao conhecimento de nós mesmos, à compreensão de que a graça nos basta, de que a plenitude do Espírito satisfaz a alma e de que a prioridade do Reino em nossas vidas acrescentará as demais coisas. Conheça a graça da oração!

Soli Deo Gloria

Pr. Wellington Miguel

Pr. Wellington Miguel é pastor
na IMVC da cidade de Esmeraldas/MG
e pós-graduado em Teologia na área
de Aconselhamento

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

JOVEM, ONDE ESTÁ SEU CORAÇÃO?


Por: Wesley A. Peronica

No mundo em que vivemos há dois tipos de pessoas, aqueles que têm uma perspectiva eterna e aqueles que só pensam nas coisas terrenas. A pergunta é: em qual grupo você, jovem se encontra? Em sua carta à igreja de Colossos no capítulo 3 versículos 1 e 2, Paulo escreve: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra”.

É evidente que o apóstolo Paulo não estava ensinando que os cristãos não deveriam se importar com suas vidas terrenas e como consequência abandonar tudo o que está relacionado com esse mundo, como seu trabalho, sua família ou seus estudos. Esse não era o pensamento do apóstolo. Na verdade ele queria que os crentes em Jesus não colocassem o seu coração nas coisas terrenas,ou seja, que não ficassem presos e amarrados nas coisas que são efêmeras e transitórias.

O pregador Batista do século XIX, Charles H.Spurgeon disse certa vez: "Que vivamos aqui como peregrinos e não façamos do mundo um lar, mas uma hospedaria, na qual nos alimentamos e moramos, esperando estar de partida amanhã". Devemos sim, cuidar de nossas necessidades, cuidar de nossa família, estudar e procurar um bom emprego, mas essas coisas não devem nos tirar do foco, do nosso maior e mais importante objetivo que é a presença de Deus.

E com relação ao jovem cristão, isso é muito sério, pois muitos estão tão preocupados com seu futuro que se esquecem de buscar a Deus e acabam sufocando sua vida espiritual, e quando a vida espiritual é deixada de lado, as consequências são terríveis, a pessoa fica vulnerável às armadilhas de Satanás, e bem sabemos que ele é astuto e sabe como enganar as pessoas, sobretudo os mais novos, para com isso contaminar essa geração e encher a sociedade de adultos divorciados da palavra de Deus.

Jovem! Onde está o seu coração? Se analisarmos é somente uma questão de prioridade, qual o seu maior objetivo na vida? A glória de Deus ou sua própria glória? Fazer a vontade de Deus ou realizar seus desejos que muitas vezes podem ser contrários à vontade do Senhor? Coloque sua vida no altar de Deus, coloque seus planos, seus sonhos e seus projetos em Suas mãos, busque em primeiro lugar o Seu reino e Sua justiça e Deus suprirá todas as suas necessidades. Minha oração é para que o seu coração esteja nas coisas eternas e que você, jovem, viva para a glória de Deus em todos os aspectos de sua vida. Um grande abraço e que Deus abençoe a todos!

Wesley Alves Peronica.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

QUEM É O MEU PRÓXIMO? DE QUEM EU DEVO SER O PRÓXIMO? QUAL A PERGUNTA CERTA?


Uma excelente observação foi feita pelo teólogo batista norte-americano Warren Wendel Wiersbe acerca da pergunta do mestre e intérprete da lei feita para Jesus acerca do que fazer para herdar a vida eterna. Jesus lhe devolvera a pergunta, querendo saber como ele interpretava o que estava escrito na lei. Sabiamente, o homem respondeu o duplo resumo da lei: o amor a Deus (compromisso vertical) e o amor ao próximo (compromisso horizontal). Jesus lhe parabeniza pela resposta e tenta concluir: "Faze isto e viverás" (Lc 10.28). Entretanto, o homem prossegue a discussão na tentativa de justificar-se, dizendo: "Quem é o meu próximo?" Então Jesus lhe conta uma parábola, a do bom samaritano.

Wiersbe observa bem que aquele homem, que se achava sábio fez a pergunta errada. Ele perguntou "quem é o meu próximo?" e na pergunta-resposta de Jesus em Lc 10.36, Ele diz "quem foi o próximo do que estava caído?" Jesus não está preocupado em quem deve ser nosso próximo, mas para quem nós devemos ser o próximo?

É possível que na mente daquele mestre da lei estivesse o seguinte pensamento: "Quem é o meu próximo para que eu o ame como a mim mesmo?" É até um bom pensamento, mas não o completo suficiente para preencher o verdadeiro requisito da lei. Na mente de Jesus, portanto, estava o seguinte pensamento: "O meu próximo não é aquele a quem eu tenho que amar, mas aquele que pratica o amor por mim é que é o meu próximo"! Assim fica claro então que eu é que tenho que ser o próximo de alguém e não ter alguém como meu próximo. Aqui está a virada de mesa de Jesus: se eu penso em alguém como meu próximo, posso até estar com boas intenções, mas na opinião de Jesus, quando eu penso assim, no fundo eu estou querendo que esse alguém faça algo por mim, quando, na verdade, eu é que tenho que fazer algo por ele, sendo assim o próximo dele!

Na visão de Jesus, o próximo é o que faz, não aquele para quem se faz; o próximo é o personagem ativo, não o agente receptivo; é o que "faz aos outros aquilo que quer que os outros lhe façam" (Lc 6.31), antes mesmo que alguém lhe faça o que ele gostaria! É o que ama, não o amado! É o benfeitor, não o beneficiado! É o que leva o remédio, não o doente! É o tratador, não o tratado!

Temos essa tendência de perguntar quem é o nosso próximo porque é natural de nós fazermos acepção de pessoas. É muito fácil neste caso ser o próximo do meu amigo. Por isso, nem sempre tenho coragem de perguntar quem é o meu próximo, porque tenho medo de que a resposta seja um mendigo, uma criança abandonada, um viciado, um marginal. Na verdade, eles não são o meu próximo! Eu é que tenho que ser o próximo deles! Tomar a iniciativa é uma virtude da qual a igreja padece grande necessidade! Aprendemos muito facilmente receber, mas Jesus disse: "Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber" (At 20.35). Temos para dar, mas não queremos. Dar exige abrir mão e estamos acostumados a reter o que temos. Somos ótimos receptores e péssimos entregadores!

Agora, antes de perguntar quem é o meu próximo, vou olhar com uma visão diferente. Vou viver para ser o próximo de alguém!

Dia tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

JACÓ E O FACEBOOK


Por: Pr. João A. de Souza Filho

O título deste artigo se deve a um pequeno comentário postado no Facebook que dizia assim: “Jacó era trapaceiro, Pedro genioso, Davi foi infiel, Noé se embriagou, Jonas fugiu de Deus, Paulo era um assassino, Gideão estava inseguro, Marta estava angustiada, Tomé era incrédulo, Sara impaciente, Elias estava deprimido, Moisés gaguejava, Zaqueu era pequeno, Abraão era velho e Lázaro estava morto… Deus não chama os qualificados, ele qualifica os chamados… Publique em seu mural se você não é perfeito, porém sabe que Deus está agindo em sua vida!!”.

Até que concordo com a frase “Deus não chama os qualificados, ele qualifica os chamados”, no entanto, algumas coisas desta mensagem estão totalmente erradas em relação ao que a Bíblia fala. Alguém pode me provar que Paulo era assassino? Suspeita-se disso, mas existem provas para tal afirmativa? O que se lê é que ele “dava seu voto” para que fossem mortos, o que não faz dele um assassino, mas um cumpridor da lei mosaica.

Mas, quero me referir a Jacó que é chamado de trapaceiro, mentiroso, enganador e usurpador.

Estudei atentamente a vida de Jacó – como dos demais personagens bíblicos para escrever a série “Dramas das Famílias da Bíblia”, dez livros que serão editados pela Editora Mensagem Para Todos. Dois livros já saíram do prelo: A Casa de Efraim, e a Casa de Eli e de Ana.

Comecei escrevendo sobre Jacó tentando vesti-lo com o que de mais depreciativo se pode achar na língua portuguesa, mas à medida em que escrevia e estudava a sua vida mudei de opinião. Eu que durante 47 anos preguei que Jacó era usurpador e enganador, mudei de ideia!

A começar por seu nome, Jacó. Alguns comentaristas falam que seu nome significa enganador e usurpador. Então, passei a me questionar por que os judeus ao longo da história continuam dando o nome Jacó aos seus filhos. Ora, nenhum judeu dá nomes negativos aos filhos, especialmente nomes que signifiquem enganador, trapaceiro e mentiroso. É que o nome Jacó tem outro sentido. Quer dizer suplantador, alguém que domina, que quer vencer e que luta para conquistar seus objetivos.

Existe uma grande diferença entre suplantador e enganador, porque um suplantador não precisa, necessariamente ser um mentiroso nem enganador para alcançar seus propósitos. Se bem que alguns mentem e enganam para suplantar os demais!

Jacó queria vencer desde o ventre materno. Ao nascer agarrando o calcanhar de seu irmão Esaú, Jacó estava mostrando sua disposição de ser o primeiro e não o último.

Ele não enganou a Esaú roubando-lhe o direito de primogenitura, bem ao contrário, ele adquiriu o direito comprando-o pelo preço de um prato de comida. Se Esaú se sentiu enganado é outra história – como ele afirma ao seu pai que Jacó o enganara duas vezes. Jacó não o enganou. Jacó comprou o direito de posse, aproveitando-se da fome de seu irmão. A Bíblia afirma que Esaú desprezou o seu direito de primogenitura; portanto, não foi enganado. Esaú decidiu vender seu direito de filho primogênito em troca da comida. O texto de Hebreus 12.16-17 mostra esta realidade: “… nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura. Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado”.

Ao mentir para Isaque que era Esaú ele o fez induzido por sua mãe, Rebeca, porque ele mesmo não queria se passar por Esaú. Sua mãe o vestiu de peles para se parecer a Esaú. Obediente à mãe, mentiu ao pai. Chamar Jacó de trapaceiro é desconhecer a vida do patriarca, e era nesta direção que eu estava escrevendo o livro sobre a vida dele, quando me deparei com a verdade!

Quando fugia de seu sogro Labão – porque este o explorava e queria ficar com as mulheres e os filhos – Jacó lhe disse: “Qual é a minha transgressão? Qual o meu pecado, que tão furiosamente me tens perseguido? (…) Vinte anos eu estive contigo, as tuas ovelhas e as tuas cabras nunca perderam as crias, e não comi os carneiros de teu rebanho. Nem te apresentei o que era despedaçado pelas feras; sofri o dano; da minha mão o requerias, tanto o furtado de dia como de noite. De maneira que eu andava, de dia consumido pelo calor, de noite, pela geada; e o meu sono me fugia dos olhos. Vinte anos permaneci em tua casa; catorze anos te servi por tuas duas filhas e seis anos por teu rebanho; dez vezes me mudaste o salário. Se não fora o Deus de meu pai, o Deus de Abraão e o Temor de Isaque, por certo me despedirias agora de mãos vazias. Deus me atendeu ao sofrimento e ao trabalho das minhas mãos e te repreendeu ontem à noite” (Gn 31.36-42).

O que se depreende deste texto? Enganos ou fidelidade? Responsabilidade ou desprezo? O que se vê é um homem responsável e trabalhador! Jacó se revelou um homem honestíssimo em tudo o que fazia, a ponto de sofrer o prejuízo.

Hoje, pode-se ver pelo Facebook que as pessoas querem se esconder atrás de supostas fraquezas de alguns homens de Deus para encobrir as suas próprias, com a desculpa de que Deus as escolheu assim mesmo.

A desculpa mais comum é que os homens de Deus do passado eram falhos – o que implica afirmar que sou falho e mesmo assim Deus me usa! Sim, concordo que nossos heróis da fé eram falhos, mas não se esconderam atrás de suas fraquezas alegando que a graça e a misericórdia de Deus os alcançaram assim mesmo – o que leva as pessoas alegarem que são falhas, e mesmo assim Deus as usa! Ora, confessar que não se é perfeito é uma coisa, mas continuar na imperfeição é outra. O que diz o apóstolo?

Paulo confessa que não havia alcançado a perfeição, e no mesmo contexto afirma: “Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento” (Fp 3.13 e 15). O que Paulo está afirmando? Que os perfeitos admitem sua imperfeição! Ele não está sugerindo que você e eu afirmemos nossa imperfeição, ao contrário, admitindo a perfeição!

Sobre o texto de Hebreus 11, o apóstolo recomenda que temos de prosseguir – deixando pra trás esses personagens – olhando firmemente para Cristo. Por isso, o autor aos Hebreus quando termina a homenagem aos heróis da fé – e veja que nenhum deles foi honrado neste texto porque eram fracos, mas pela fé que tiveram – afirma que a grande nuvem de testemunhas ou heróis da fé deve servir-nos de exemplo, não olhando para trás, para esses heróis, nem para seus defeitos, mas para frente, tendo Jesus como alvo porque Jesus é “o Autor e Consumador da fé” (Hb 12.2).

Não me é possível fazer uma análise aqui dos heróis de Hebreus 11, mas lá no AT o texto afirma que Sara riu de incredulidade, aqui em Hebreus ela é condecorada por sua fé, não por duvidar da promessa divina, “pois teve por fiel aquele que lhe havia feito a promessa” (Hb 11.11). Por isso o NT complementa o que o AT omite.

Então amigos do Facebook e das demais redes sociais: Antes de postar um texto que parece ser verdadeiro, examine-o à luz da verdade das Escrituras! Não publique sofismas!

Site do Pr. João A. de Souza Filho (utilizado com permissão direta).

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O “POR QUÊ?”


Por: Pb. Alex Santos

Nascer, crescer, multiplicar, deixar de existir. Afinal, qual o propósito disso tudo? É inexplicável o processo da vida! Refiro-me ao homem de uma forma genérica, ou melhor, natural. Também da busca frenética e desenfreada por algo que após alcançarmos nos leva à conclusão de que não era aquilo que queríamos. Traçamos metas, planos, projetos, etc., que mesmo que nos tragam algum beneficio, são sem fundamentos. Por quê?

Os poetas trazem respostas formuladas em momentos de reflexão (quase sempre de solidão), os filósofos geram muito mais perguntas, os cientistas estudam a genética, argumentando que talvez seja uma nova evolução, uma adaptação ao meio em que vivemos, talvez seja comportamental, ou mental, ou moral, ou social, menos espiritual.

Há quem defenda todas as teorias, as respostas são diversas, cada uma parte de um pressuposto pessoal e insólido, que na maioria das vezes causa uma enorme confusão, pois são argumentos não muito convincentes nem mesmo para o próprio autor. Por um lado é o relativismo tomando conta do coletivo, dissipando e exterminando aquilo que deveria ser sinônimo de unidade, de um propósito único; por outro é o egoísmo cauterizando a mente, maculando o caráter, dissolvendo a família. Por quê?

Cada um tenta resolver o problema à sua maneira que, apesar de ser de ordem pessoal, acaba de certa forma atingindo a maioria. Por quê?

Certa propaganda na televisão diz “o que move o mundo são as perguntas!”, porém, fazendo uma análise da condição do homem hoje diante de si mesmo, cheguei à conclusão de que as perguntas apenas têm causado perturbação à mente vazia do homem, uma vez que rejeitam a única resposta óbvia para todas as coisas. Não é necessário ir muito longe para obtê-la. Esta resposta foi revelada há mais de 2000 anos e traz clareza não somente para as coisas simples da vida, mas também para as mais complexas.

A meditação nela nos mostra primeiro que o problema é “espiritual”, resposta essa negligenciada por muitos, pois não condiz com a visão pós-moderna, onde tudo é visível e palpável, e falar de “espiritual” parece ser coisa de outra dimensão ou, sei lá... Ainda que existam grupos que busquem evoluir até atingir este estágio, não passam de desocupados e não trazem respostas concretas. Dependendo do grupo concordo!

Uma vez que o homem se distanciou de Deus, foi tomado por um vazio imensurável e por isso, mesmo que alcançando seus objetivos, jamais irá preenchê-lo, mesmo desenvolvendo métodos para colocar ordem no caos, jamais conseguirá e ainda que viva em função de si próprio, jamais terá vida, pelo contrário sucumbirá. Sabe por quê?

Porque o homem foi criado para o louvor da glória de Deus, e só sentirá paz nEle, só terá vida nEle, só será completo nEle, a ordem vem através dEle, porque além de ser a fonte de todas as coisas, nEle estão todas as respostas. Negar a esta afirmativa é se entregar a um deserto de questionamentos infindáveis, é negar a verdade e se entregar às dúvidas.

Pb. Alex Santos
Pb. Alex Santos é presbítero
na IMVC em Vilhena/RO e
leciona no IBITEO a matéria 
de Angelologia

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

EDIR MACEDO RASGA O VERBO CONTRA OS PENTECOSTAIS E ANA PAULA VALADÃO

Edir Macedo dá “banana” a quem não concorda que Ana Paula Valadão é endemoniada e “manifestações do Espírito Santo” são do diabo

O bispo Edir Macedo continuou seu ataque a doutrina de igrejas pentencostais, como a Assembleia de Deus. Para o líder da Igreja Universal do Reino de Deus, a forma como os frequentadores dessas igrejas recebem o Espírito Santo, não vem de Deus, mas sim do diabo.

Na manhã desta quarta-feira, 14 de setembro, em seu programa no canal online da denominação, Macedo falou mais uma vez abertamente sobre o tema atacando veementemente de diversas novas formas. O bispo levou para o programa especial um cacho de bananas que ficou sobre a mesa e foi exibido durante todo o programa sobre o marketing de que “daqui a pouco eu vou dizer o que vou fazer com essas bananas”. Um dia antes Edir Macedo havia começado uma campanha em seu twitter dando “bananas” para todos os críticos e evangélicos que não gostaram de suas últimas declarações, como quando afirmou que a cantora e pastora Ana Paula Valadão seria uma endemoniada: “Olha, eu nem vou conseguir dormir de tão preocupado que estou com a opinião alheia! #BananaPraEles”

No programa, Macedo ligou veementemente a doutrina das igrejas pentencostais ao diabo e à bruxaria, além disso, disse que faz isso não para se promover, pois já é famoso, mas sim “para mostrar a verdade”. Sobre as fortes críticas por anexar a imagem do Pastor Marco Feliciano e da cantora e pastora Ana Paula Valadão a suas pregações, o bispo falou sem citar nomes que “nós estamos colocando esses fatos e coisas terriveis, não é para criticar ou julgar a, b, ou c, estamos mostrando a verdade. Se as pessoas não gostarem, paciência”, afirma.

Também foram lidos diversos testemunhos de fiéis da Igreja Universal que teriam sido frequentadores das igrejas pentecostais. Nos textos, todos os fiéis que acreditavam nessa doutrina tinham “vida destruida, desgraçada” e apesar de pecarem cometendo traição, sexo com diversas pessoas diferentes, serem alcoólatras e fumarem, ainda iam para a igreja, cantavam, tocavam no louvor e “falavam em linguas, caíam e rodopiavam”, como disse Edir Macedo.

O bispo primaz da Igreja Universal ainda disse que só pode ajudar “quem quer ser ajudado”, porque segundo ele “tem gente que quer viver na vida desgraçada com mordomias e vantagens com o diabo”.

Ao final do programa Edir Macedo pegou o cacho de bananas e disse que a fruta é muito boa porque contém muito potássio e ofereceu a todos os presentes no estúdio.

Fonte: Gospel +

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O ESPÍRITO DA PROFECIA (AP 19.10)

Sra. Ellen Gould White: de acordo
com os adventistas, seus escritos
possuem o mesmo grau de inspiração
dos escritos bíblicos...

Tendo enganado seus seguidores durante muito tempo, Ellen G. White, a profetisa do adventismo do 7º dia é considerada até hoje, mesmo depois de morta, como sendo "o espírito da profecia" de Ap 19.10. Pois, segundo os adventistas, suas palavras têm o mesmo grau de inspiração da Bíblia. O periódico da Igreja, A Revista Adventista, declara sem nenhum peso de consciência: “Negamos que a qualidade ou grau de inspiração dos escritos de Ellen White sejam diferentes dos encontrados nas Escrituras Sagradas” ( Revista Adventista, fevereiro de 1984; Ed. Casa Publicadora; Tatuí – SP. - pág. 37).

Interpretam o cap. 12.17 dizendo que eles são o "restante" da descendência da mulher, pois são os únicos que "guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus". Dizem que "mandamentos de Deus" são os 10 mandamentos (que só eles observam, incluindo a guarda do sábado), e o "testemunho de Jesus" é a orientação que Jesus deu no NT. Com isso acusam as demais igrejas cristãs de serem aliadas do "dragão" e da "besta" do Apocalipse e que, no fim dos tempos todas as demais igrejas vão persegui-los, pois trocamos a guarda do sábado para o domingo e ficamos irados com eles, pois ainda guardam o sábado (que razão forte para perseguir alguém...)! Sem contar as várias profecias falsas desta mulher, por exemplo, sobre a hora da volta de Jesus, sobre a guerra civil americana, sobre a chuva de meteoros em 1833 e outras gafes mais. É inadmissível que quem se julga o "espírito da profecia" erre tanto... a não ser que esse "espírito" seja outro...

Então não podemos, em sã consciência, admitir que ela tenha razão ao arrogar para si o título de "espírito da profecia", nem ainda conseguimos entender como os adventistas até hoje tentam colar com cuspe essa fraude.

Pois bem, o que vem a ser então o significado de Ap 19.10? William Hendriksen, em seu livro "Mais que Vencedores", em que comenta o Apocalipse, diz a respeito deste versículo: "O espírito é o conteúdo de toda profecia verdadeira - isto é, a Bíblia inteira - é o testemunho de Jesus, o testemunho que Ele nos revelou. A revelação que Ele nos deu impede-nos de adorar qualquer coisa além de Deus (Mt 4.10)". David Stern, judeu messiânico, diz no seu Comentário Judaico do NT: "Penso que o autor está explicando por que foi instruído a não adorar o anjo... Yochanan [João] e seus irmãos têm em si mesmos o testemunho, ou evidência de Yeshua [Jesus], ou seja, o que Yeshua disse a respeito de Si mesmo... Essa evidência que os crentes têm em si mesmos é o espírito da profecia (em grego, prophēteia, 'propagar' em nome de Deus), isto é, o Espírito Santo propaga a verdade de Deus sempre que os crentes levam uma vida devota, messiânica e transmitem aos outros as boas-novas". O mesmo diz Adolf Pohl em seu comentário sobre Apocalipse: "Esse anjo da taça está transmitindo justamente visões da vitória de Deus e do Cordeiro, encontrando-se, por isso, no serviço profético. Agora, porém, ele traça a linha de ligação com João e seus irmãos. Também eles, que testemunham a Jesus, são profetas, pois Jesus é a profecia em pessoa... Falar dEle é falar de um novo mundo e uma nova humanidade, incluindo juízos sobre a história e o futuro. Todas as verdadeiras testemunhas de Jesus são, por isso, profetas no verdadeiro sentido da palavra. Essa equação impactante também pode ser invertida: todos os verdadeiros profetas são testemunhas de Jesus. Isso vale para os profetas do AT (Jo 5.39), como também para o próprio João e para cada testemunha que afirma hoje verdades substanciais sobre a conjuntura e a evolução da realidade. Sempre estará proferindo o que foi dado com Jesus, e faz brilhar o que ainda está oculto em Jesus (Jo 16.13,14). O próprio livro do Ap constitui um modelo básico de profecia cristocêntrica e como tal é parte integrante do cânon".

Bem, o que entendemos aqui é que nenhum dos comentaristas exegetas, por mais fraquinho que seja, irá concordar com a loucura adventista, de entender que este versículo se refere a eles e à personagem central deles, Ellen G. White. Nem torcendo o texto alguém poderia chegar a essa conclusão! Isso é viver além do "Fantástico Mundo de Bobby".


O espírito da profecia é o testemunho de Jesus. Tanto pode ser o testemunho que Jesus recebeu do Pai e o trouxe à terra, como pode ser o testemunho acerca de Jesus, que os apóstolos foram encarregados de transmitir, o que dá na mesma, pois o que Ele recebeu do Pai, assim transmitiu a Seus discípulos, os quais por intermédio do Espírito Santo nos anunciaram (Jo 16.13-15). O Espírito Santo é o espírito da profecia, e o testemunho de Jesus é o que Ele nos ensina a falar (não de nós mesmos, como a sra. White fez, mas daquilo que recebeu do Pai).


No fim das contas, o resumo é: nós, como crentes em Cristo Jesus e testemunhas (martyr) dEle, devemos proclamar o Evangelho de boas-novas, através daquilo que recebemos dos apóstolos do Senhor. O mesmo Espírito que desceu sobre eles, também age em nossos dias, nos capacitando a sermos testemunhas fiéis do Senhor Jesus Cristo. E vamos nos lembrar: nada de perseguir os adventistas porque eles guardam o sábado, viu?


Dia tes písteos.


Pr. Cleilson

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A TRILHA DA AMARGURA


Parece que a amargura é o último passo de uma trilha que começou na ira. Ao nos irarmos contra alguém, a Bíblia nos recomenda que não pequemos (Ef 4.26,27). Isto porque, de acordo com o apóstolo Paulo, pecamos quando agimos com base em nossa ira e isso nos faz dar lugar ao diabo. Ao contrário, não devemos permitir que o "sol se ponha" sobre a nossa ira, que sem metáforas, quer dizer que não devemos permitir que o dia termine sem que tenhamos resolvido o problema com quem nos causou a ira.

Entretanto, não é exatamente o que acontece. Somos levados pela nossa suposta honra ao erro de pensar que, ou aquela pessoa venha a nós arrependida e suplicando nosso perdão e não será perdoada sem antes ouvir umas poucas e boas, ou então, para salvaguardar a minha reputação, não a perdoarei. Bem, isso estou falando na melhor das hipóteses, porque alguns chegam a executar a vingança, quando guardam sua ira.

Aí está marcada a trilha da amargura. A ira, quando debaixo de vários pores-do-sol, redunda em mágoa. É a ferida não tratada. E a mágoa guardada torna-se amargura.

A dor de uma decepção, provocação, traição e outras quedas emocionais geralmente ocorrem numa forma de surpresa. Por confiarmos em alguém, de certo modo nos esquecemos de que esse alguém é humano e, por isso pode errar, inclusive errar conosco. Assim como também o inverso é verdadeiro: nós podemos errar com ele. Mas a confiança emocional nos faz desconsiderar este fator e é até justificável, pois, de certa forma, confiança que desconfia não é confiança. Então, quando sofremos o que não esperávamos, o resultado é a dor, é a inflamação de um coração que foi pego de surpresa. Tá na hora de passar o remédio!

O perdão é o remédio. Não vai parar de doer quando perdoamos, nem vai cicatrizar na mesma hora em que decidimos liberar perdão. Assim como uma ferida no corpo causada por um arranhão, mesmo sendo tratada imediatamente não se cicatriza na hora e nem para de doer, assim também o perdão não retira de imediato a dor de um coração decepcionado. Leva tempo.

É comum ouvirmos os feridos de alma dizerem que só vão perdoar depois que a dor da mágoa passar. Isto é trilhar para a amargura. O perdão é o remédio que se passa no coração ferido, a fim de que ele não se inflame. Assim como passamos remédio na ferida do corpo várias vezes até que ela sare, assim também devemos confirmar e reconfirmar nosso perdão ao próximo quando formos feridos no nosso emocional, até que vejamos nosso íntimo sendo cicatrizado.

Dependendo da profundidade da ferida haverá marcas mesmo depois de sarado. Isso quer dizer que mesmo liberando perdão você não esquecerá o que aconteceu. Até se lembrará, mas sem dor. Essa é uma das vantagens do perdão. Ao contrário de quem preserva a mágoa e trilha para a amargura. Faz de tudo para não se lembrar do que lhe magoou e cada vez que se lembra, aquilo sempre volta a doer! Não teve remédio.

Em resumo, ira não resolvida leva à mágoa; mágoa guardada leva à amargura. Uma pessoa que sempre se permitiu ser ferida pelas decepções e não passa o remédio do perdão está fadada a viver uma vida depressiva cheia de amargura, rancor, ódio e desesperança.

Se você quer saber se está trilhando o caminho da amargura é fácil. Lembre-se do que lhe feriu e veja se dói. Se sim, então, dependendo do tempo, você não perdoou. O significado da palavra perdoar é "doar para". Outro sentido é "deixar ir livremente". Libere quem te machucou para caminhar livre através do perdão e você verá que até você também seguirá em liberdade. Saia da trilha da amargura!

Dia tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

UM LOUVOR BONITO DA BOCA PRA FORA (OS 5.13 - 7.16)


Por mais conhecido e citado que seja o versículo 3 de Oseias 6, devíamos entender pelo contexto imediato que Israel (chamado ali de Efraim) e Judá não estavam falando sério quando disseram: "Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor".

Deus os conhecia e sabia que naquilo não havia nada de sinceridade. Quando se viram enfermos buscaram recursos humanos (5.13). Suas chagas incuráveis eram consequências de sua corrida atrás do "nada" (normalmente a palavra vaidade, que significa qualidade do que é vão, tem a mesma raiz para a palavra "ídolos" no hebraico, mas aqui Deus usa outra palavra que tem a mesma raiz da palavra "sujeira"). As coisas que a nação de Deus havia feito eram pecados de idolatria, injustiça social e homicídios, entre outros (6.8,9). Deus chega a dizer que via "uma coisa horrenda" na casa de Israel (6.10). No original, dá a ideia de "arrepiar os cabelos"! Deus havia dito que o proceder de Israel não lhe permitia voltar para Ele (5.4). Então Deus mesmo Lhes seria como traça e podridão (5.12) e como o leão e o leãozinho (5.14), para que eles compreendessem de onde provinha sua destruição.

Deus previu que Israel e Judá fariam uma bela oração (5.15), oração esta que se fosse sincera seria uma das mais belas expressões de confiança na restauração de Deus. (6.1-3). Entretanto, a decepção de Deus estava justamente no desvanecimento da oração do Seu povo (v. 4). Seu amor para com Deus era como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada, que logo passavam...

Deus não os deixa às cegas. Diz a eles o que Ele quer: "Misericórdia quero, e não sacrifício; e o conhecimento de Deus mais do que holocaustos" (6.6). E quando Deus, na Sua misericórdia Se dispunha a mudar a sorte do Seu povo, então se descobria mais e mais iniquidade e maldade (7.1)!

Vivemos em dias de muita euforia em torno dos grupos de louvor das igrejas, badalações acerca da adoração (sempre confundindo com música), congressos e mais congressos sobre ministração de louvor, sobre adoradores (hoje os adoradores são apenas os que tocam ou cantam) e, infelizmente, juntamente com isso vemos as feridas, as chagas da igreja, uma igreja despedaçada, corroída e apodrecida!

É de se questionar o "avivamento" que o louvor tem produzido no nosso país. Nas nossas cidades aumentam o número de templos com denominações diferentes se espalhando, afirmando salvação de almas, igrejas que proclamam seu crescimento em 400%, e outras cifras mais, pastores que se tornam apóstolos e outros títulos mais, igrejinhas que se tornam megaigrejas, enquanto que ao mesmo tempo cresce a violência em nossas cidades, aumenta-se o número de bares e casas de prostituição, famílias continuam sendo destruídas, inclusive dentro das próprias igrejas, onde se ouve falar de traições, adultérios, divórcios, tudo em larga escala, na mesma proporção em que ocorre lá fora, escândalos financeiros dentro das igrejas, a partir de um discurso excelente, em oratória enganadora, que leva os fiéis a arrancarem tudo o que têm no bolso e darem (até o que não têm) como um ato de fé para que lhes sobrevenha a famigerada prosperidade, o que, via de regra não acontece, pessoas se decepcionando com o Evangelho por causa dos testemunhos dos próprios evangélicos e exemplos mil que eu não tenho espaço para multiplicar, mas que todos nós conhecemos!

Uma coisa quer o Senhor, e duas Ele nos recomenda: que pratiquemos a misericórdia e que busquemos, de fato, conhecer a Deus (6.6). Não estamos clamando a Deus de coração, estamos dando uivos em nossas reuniões de louvor para o trigo e para o vinho (7.14)! Estamos confundindo a adoração a Deus com o culto a Mamom! Rituais religiosos não convencem o nosso Deus! Ele sabe quando misturamos o que era pra ser puro!

Coloquemos em nossos lábios e principalmente em nossos corações um louvor verdadeiro, que convide ao arrependimento, à conversão: "Vinde, e tornemos para o Senhor" (6.1).

Dia tes písteos.

Pr. Cleilson

sábado, 3 de setembro de 2011

O MISTÉRIO DO AMOR AO PRÓXIMO


“... todo aquele que ama o Pai ama também o que dEle foi gerado.”

Por: Pr. Wellington Miguel

Assim escreveu um dos discípulos mais íntimos do Senhor Jesus, João, o apóstolo.

Como todos os demais escritores das Sagradas Escrituras, João foi inspirado pela Pessoa do Espírito Santo. E assim, junto dessa inspiração, João escreveu o que viu com os seus olhos, o que contemplou e o que suas mãos apalparam, Jesus, o Verbo da Vida – 1Jo 1.1

Percebemos em seus textos, que João foi impactado. Ele era um “filho do trovão”, agora é um filho do amor. João é um dos escritores que mais enfatiza esse tema: o amor. Ele diz: “Amados, visto que Deus assim nos amou, nós devemos amar uns aos outros” – 1Jo 4.11.

Deus leva isso muito em consideração. É o ápice do discipulado. O próprio Senhor Jesus disse: “Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” – Jo 13.35. Porém, muitos discípulos “encontram razões” para não amar determinado irmão. De fato, existem pessoas que dificultam a caminhada de um relacionamento. Que fazer? Como transpor a dificuldade? Como superá-las em nome da comunhão, em nome da unidade? Qual é o mistério do amor ao próximo?

João revela-nos o mistério: “... todo aquele que ama o Pai ama também o que dEle foi gerado” – 1Jo 5.1. Sem uma experiência de amor primeiramente com o Pai, dificilmente amar-se-á os que dEle são gerados: os filhos (nossos irmãos). De onde João pode ter desvendado este mistério? Na verdade, ele o ouviu do próprio Senhor: “Ame o Senhor teu Deus de todo o seu coração... este é o primeiro mandamento. E o segundo é este: ame o seu próximo...” – Mt 22.37-39.

A possibilidade de amar o irmão está, em primeiro lugar, em vivenciarmos a experiência de amor com o Pai, e assim, inevitavelmente amar o irmão. Ao vivenciar a experiência de ser amado pelo Pai, compreenderemos que somos aceitos como somos, embora o Pai não nos deixe como estamos. Na linguagem paulina, é um amor constrangedor. Como ouso não amar alguém por diversas razões que considero, se fui amado pelo Senhor apesar das diversas razões que Ele tinha para não me amar?

Mas quando esse amor é derramado em nossos corações por meio do Espírito que Ele nos deu, somos desarmados, ficamos extasiados, sentimo-nos indignos, o que de fato somos. Mas o Senhor não nos abandona nesse sentimento depressivo, logo Ele nos diz: “Tu és meu, meu filho amado”. Paulo, compreendendo isso escreve: “Como povo de Deus, santos e amados, revistam-se de profunda compaixão” – Cl 3.12. A capacidade de se colocar no lugar do outro para compreendê-lo, aceitá-lo e amá-lo foi concedida pelo Senhor. Agora é um filho amado, experiente e experimentado no amor do Pai.

Dessa forma, amar o irmão não será um mandamento penoso – 1Jo 5.3. Olharemos para o nosso irmão e não o consideraremos do ponto de vista humano, ou seja, não o olharemos com opiniões mundanas, mas como nova criação de Deus em Cristo Jesus, como nascido do Espírito, como filho de Deus, como membros uns dos outros. Eis o mistério do amor ao próximo...

Soli Deo Gloria

Pr. Wellington Miguel

Pr. Wellington Miguel é pastor
na IMVC da cidade de Esmeraldas/MG
e pós-graduado em Teologia na área
de Aconselhamento