Admirado por todas as religiões, o Sermão do Monte, que nosso Senhor proferiu é motivo para dar suporte a qualquer interpretação, não só no meio cristão, mas entre as religiões existentes. Enquanto no meio evangélico se discute o "quando" deste sermão (seu cumprimento e não sua proferição), a vertente católica o enxerga com olhos voltados para o "como", a justiça social, e espíritas o veem como o "por quê", o esforço para ganhar a salvação pelas obras. Até mesmo ateus ou sem religião admiram as palavras sábias do Mestre de Nazaré, embora não vejam nenhuma conotação espiritual na mensagem. Para eles, ela apenas mostra um ideal para o bem viver na sociedade e como Jesus era um "bom mestre". Lutero, inclusive, considerava o Sermão do Monte como legalista, um código temporário ou provisório, ou uma forma realçada da lei de Moisés, com o objetivo de induzir ao arrependimento...
O mais famoso sermão de nosso Senhor, todavia, deve ser reconhecido como dirigido aos discípulos e, através deles, à igreja hoje. Está recheado sim, de obras, mas não são elas o motivo da herança no "reino dos céus". Há muita coisa a fazer para se encaixar no perfil do que Jesus exigiu neste sermão, algumas delas até mesmo reconhecidamente improváveis de serem cumpridas por qualquer cristão (e isso nos conduz à graça de Deus). Mas se observarmos bem, o sermão começa com a dependência: "Bem-aventurados os pobres de espírito" (Mt 5.3). Os pobres de espírito são os que se reconhecem falidos espiritualmente; são aqueles que não têm a que se apegar; são destituídos que qualquer obra, de modo a precisarem desesperadamente da graça e da misericórdia do Senhor! E é exatamente por isso que eles choram: "Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados" (v. 4). O choro do arrependimento, o choro do quebrantamento, o choro do reconhecimento da incapacidade, o choro do desgosto consigo mesmo, o choro da súplica pelo imerecido perdão, o qual, uma vez alcançado pelo miserável, agora o torna disposto espiritualmente para praticar as obras ali descritas!
Não é a prática do Sermão do Monte que nos fará herdar o reino dos céus, mas é o reconhecimento da dependência divina que nos fará praticar os mandamentos do sermão. Somente quem reconhecer que nada é e que carece exclusivamente da graça é que pode alcançar o privilégio de cumprir os requisitos do Sermão do Monte.
Muita gente bem-intencionada poderá buscar colocar seus pés nas trilhas indicadas pelas palavras deste sermão, mas não é este o cerne da salvação. O cerne é: "O que você recebeu de Deus, que o faz praticar as palavras deste sermão"?! Você foi consolado devido ao choro do reconhecimento do pecado e da perdição? Você foi saciado da sua fome e sede de justiça? Você concedeu a misericórdia que você alcançou? Você entendeu que nenhum homem tem paz com Deus, a não ser que seja reconciliado pelo ministério da cruz, e por isso mesmo se tornou um apregoador deste ministério?
Se foi tudo isso que o motivou a andar nas instruções de Cristo contidas neste sermão, então é porque você foi alcançado pela graça de Deus! O Sermão do Monte não é um conjunto de regras a se cumprir para ser salvo, mas um viver diário natural daquele que foi salvo lá na primeira bem-aventurança!
Dia tes písteos.
Pr. Cleilson
que maravilha!!
ResponderExcluirA salvação precede as obras, de modo que aquele que nasceu denovo vai evidenciar externamente no seu viver aquilo que aconteceu no seu interior.
ResponderExcluirWesley Peronica