quinta-feira, 24 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 25 (RESTAURAÇÃO)

 



Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, o fruto que vocês colhem é para a santificação. E o fim, neste caso, é a vida eterna” (Rm 6.22).


A partir de hoje faremos uma série de meditações sobre a restauração na vida em família. Dentro da Cosmovisão Bíblica, sabemos que o casamento só pertence à Criação, Queda e Redenção. Ele não pertence à Consumação, pois ali, o único e verdadeiro casamento é o casamento de Cristo e Sua igreja. Todos os outros que existiram desde o casamento de Adão e Eva são apenas pálidas imagens e fracas representações do real casamento, as bodas do Cordeiro!

Se falamos que o casamento pertence à Criação, Queda e Redenção, logo surge a pergunta: em que ponto da Cosmovisão nós estamos? Na Criação não é, pois ali, o único casal que viveu antes do pecado foi Adão e Eva. Temos assim, uma longa história de Queda e Redenção. Ambas estão entrelaçadas nas páginas da Escritura e nos anais da história humana!

Às vezes, nossa vida cristã se confunde entre as ações da nova natureza e as ações da velha natureza. Os crentes já são redimidos, vivem na Redenção, no entanto, como ainda habita neles a velha criatura, vez por outra são surpreendidos com ações e reações da antiga vida. Este é um detalhe que cada crente precisa observar para tomar cuidado. Algum deslize próprio da velha vida nós teremos, mas absolutamente, jamais, devemos ser governados por ela!

Com nossas relações dentro de casa não é diferente. Não podemos viver uma vida na igreja de uma forma e de outra diferente dentro de casa. O que somos como crentes é redimidos; o aspecto da Cosmovisão em que vivemos é o aspecto da Redenção, embora exista uma tensão entre a Redenção e a Queda dentro de nós. Entretanto, devemos tender para a vida redimida e não para a vida caída, isto é, dando sempre lugar ao Espírito e não à carne.

A vida na Queda busca sempre sua própria razão, encontrando também todos os meios e argumentos que a justifiquem, independente de quão tola ela se mostra. A vida na Redenção busca a Palavra e a inteira submissão ao que ela diz. Sacrifica sim, a velha criatura, mas é assim que, como diz o apóstolo, vamos fazendo morrer nosso velho homem (Rm 6.6). Quando o outro tiver razão pela Palavra, nem eu devo me sentir humilhado por causa disso, nem ele deve se sentir vitorioso sobre mim por causa disso. Ambos devem buscar ajudar-se mutuamente para se assemelharem ao Filho de Deus por meio de Sua Palavra que nos foi dada para isso.

Uma família cristã que vive assim, certamente vive para a glória de Deus. Aliás, o que mais importa para ela é exatamente a glória de Deus e não a sua própria. Onde há discussões, brigas por ter a soberania da razão, coisas sendo feitas apenas do seu jeito, tudo isso é glória própria e usurpação da glória de Deus. Porém, onde se busca a glória de Deus prevalecerá sempre o que a Bíblia diz e não o que eu quero ou o que você quer.

O pensamento predominante do crente em todo o tempo e em todo lugar é o seguinte: “eu vivo em um mundo de Queda, de fato, mas de que forma devo me portar como redimido, para que a glória de Deus seja manifesta”? Somente assim revelaremos a nós e aos outros o que significa a Redenção em Cristo Jesus.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 23 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 24 (O DIVÓRCIO E OS FILHOS)

 


Porque ninguém jamais odiou o seu próprio corpo. Ao contrário, o alimenta e cuida dele, como também Cristo faz com a igreja” (Ef 5.29).


Uma das maiores provas de que o divórcio é resultado de corações que buscam sua própria glória e não a de Deus é a maneira como isso atinge os filhos. A busca da própria glória é caracterizada quando aquele que fica com a guarda dos filhos começa a falar mal do outro para jogar seus filhos contra, como se o motivo do casamento ter-se destruído foi o outro, nunca ele mesmo.

A autoglorificação é uma coisa tão diabólica, que o indivíduo pensa em sua reputação muito mais do que no emocional de seu próprio filho! Para ele pouco importa se seu filho irá sofrer com a separação, ter marcas indeléveis até o final da vida, o que ele ou ela quer é ter razão. Eis mais uma prova de que o sujeito não se arrependeu do pecado do divórcio. Quando se arrepende, assume sua culpa.

Casais que decretam o divórcio entre si não querem saber da felicidade de seus filhos, apenas da sua própria. Colocaram filhos no mundo apenas para depois mostrarem para eles que a vida a dois é uma desgraça e não vale a pena, quando no coração da criança está um amor incondicional pelos dois, o pai e a mãe! Oh! Se eles soubessem disso... seriam capazes de viver até mesmo sem amor um pelo outro, entretanto se respeitando, embora se sacrificando por amor aos filhos! Mas é óbvio que não vão pensar um no outro, se nem sequer pensam nos filhos... 

A figura de uma mãe rebelde e insubmissa ficará marcada na mente da criança e será reproduzida em sua vida adulta. Ou ela se mostrará rebelde como sua mãe e não se sujeitará a ninguém, ou será o oposto, totalmente passiva por medo de ser uma causadora de contendas, pois viu isso na mãe o tempo todo. Em geral, se for uma menina reproduzirá a mãe em sua obstinação; se for menino, a tendência é que seja passivo futuramente.

Por outro lado, um pai agressivo e ausente marcará também seu filho com o sentimento de abandono e medo. Alguns filhos podem partir para a fuga do compromisso, talvez se relacionando, mas nunca assumindo uma verdadeira aliança, enquanto outros filhos podem tornar-se como o pai, também estúpido e desinteressado. Não é regra, o coração humano é complexo e vasto, mas em geral temos estas reações.

Separação e divórcio por diversos motivos, como incompatibilidade, agressões, infidelidade, falta de amor e respeito, frieza, etc., trarão também sobre os filhos diversos traumas praticamente impossíveis de ser completamente superados, como medo da relação, falta de compromisso fiel, espírito iracundo e desrespeitoso, tendências promíscuas, egoísmo sentimental, entre outros complexos.

Casamentos sem filhos já trazem dor e grandes desabamentos quando se desfazem, imagina uma relação de onde já houve fruto geracional... tais desabamentos não só se efetuam no coração do casal divorciado, como se estendem impiedosamente para o coração dos filhos traumatizados!

O divórcio põe fim sim, ao casamento, mas sem dúvida alguma, põe fim a muitas outras coisas e pessoas...

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 22 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 23 (DIVÓRCIO E PERDÃO)

 


Você tem esposa? Não procure separar-se. Você está solteiro? Não procure esposa” (1Co 7.27).


Quando se trata de casais crentes, ambos devem viver seu casamento para a glória de Deus. Ambos devem colocar à frente de tudo sua nova criatura para agir, pensar e falar, e não sua velha criatura. Em nada a velha criatura glorifica a Deus, a nova, todavia, busca glorificá-lo em tudo! Toda desavença, infidelidade e qualquer outro motivo que leva ao divórcio, sempre foi porque ambos, ou pelo menos um dos dois, desejou sua própria glória antes que a de Deus.

Onde há a busca da glória de Deus, o casal pode até errar, mas haverá perdão. Ainda que no caso de infidelidade, onde o infiel morreu para aquele casamento, o perdão ainda é um dever do cônjuge vitimado. Mesmo que neste caso o divórcio seja um direito, quando se divorcia, se enterra o infiel, mas quando se perdoa e retoma, o ressuscita! Nem todos estarão colocando sua nova criatura à frente para agir assim. A maioria vai optar pela cláusula de exceção, que é o divórcio.

Há casais que se divorciam por causa de infidelidade, mas o cônjuge traído provocou todos os meios para que houvesse a traição. Claro que não justifica o ato de adultério, porém, houve participação e consentimento. Mulheres ou homens que não cumprem seu dever marital, que tratam mal seu cônjuge, que o desdenha ou o expõe à humilhação, cônjuges agredidos, seja verbal, física ou psicologicamente, tantos exemplos poderíamos multiplicar, porventura não estão empurrando seu consorte para uma possível traição e consequentemente o divórcio?

Portanto, tudo se resume em apenas uma coisa: se o casal vive realmente para a glória de Deus. Quando isso acontece, ambos procurarão obedecer à Palavra, cumprindo seus deveres um para com o outro, perdoando-se mutuamente quando um errar, buscando aconselhamento, reconciliação quando se ferirem, enfim, um casal que vive para a glória de Deus não fará aquilo que sua velha natureza deseja e, mesmo que algum dia isso aconteça, logo a nova natureza porá tudo em ordem novamente através da restauração mútua.

Se, em algum momento, aquela característica da velha natureza tomar a decisão crucial do divórcio (pois a tal característica da velha natureza é a dureza do coração), então, realmente o casamento se desfez e, por ter sido algo contrário à vontade preceptiva de Deus, o irmão ou a irmã precisam se arrepender diante de Deus e devem prosseguir sua vida. Se almejar um novo casamento, saiba que haverá restrições, mágoas, frustrações, traumas e medos que podem ser transferidos para esta nova relação e seu novo cônjuge precisa saber disso para se dispor a ajudar. Caso contrário, não envolva alguém em sua vida complicada.

Lembre-se de que no novo relacionamento surgirão praticamente as mesmas coisas que no primeiro e você pode amargar o pensamento de que poderia ter permanecido e resolvido, em vez de começar tudo de novo com outra pessoa, encarando os mesmos problemas. Se agora resolve encarar e corrigir, por que não fez isso antes? E se agora resolve fazer o mesmo erro do primeiro, por que se casou de novo?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 21 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 22 (DIVÓRCIO E REPÚDIO)

 


Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério” (Mt 5.32).


Nas línguas originais da Bíblia há uma diferença entre as palavras “repudiar” e “divorciar”. No hebraico, por exemplo, shalach é “repúdio, despedir, deixar”; enquanto que keritut quer dizer “divórcio, separação legal”. Assim também no grego, somente mudando a língua, mas o significado das palavras permanece, até porque o NT foi escrito em grego, mas os autores eram judeus. “Repudiar” é ­apolyō, enquanto “divórcio” é apostasion.

É interessante notar que quando Jesus trata da questão do divórcio, Ele não usa a palavra apostasion. Ele sempre condena apolyō, que é o abandono sem a carta. É óbvio, pelo diálogo de Jesus com os fariseus sobre isso em Mt 19.3-9, que Cristo não aprova o divórcio também, pois Ele não compactua com a Queda e tanto o repúdio quanto o divórcio pertencem à Queda, ao histórico de pecado dos homens. Em Sua resposta aos fariseus, Jesus remonta à Criação, onde homem e mulher deixam pai e mãe e se unem para ser uma só carne. Indiscutivelmente, este é o propósito original do casamento.

Mas quando questionado sobre a carta de divórcio, Jesus fala sobre a Queda. Ele diz que Moisés permitiu essa carta por causa da dureza do coração dos homens, mas Ele retorna à Criação, quando diz: “mas não foi assim desde o princípio” (Mt 19.8). Então, quando Ele dá Sua ordem, Ele diz que o homem não pode “repudiar” sua mulher, exceto em caso de ­­porneia. Esta palavra grega é muito abrangente e significa relações ilícitas de várias naturezas, não só infidelidade. Até mesmo casamento consanguíneo estava incluído em porneia.

Supondo que um cônjuge cometesse adultério, por exemplo, ele deveria ser apedrejado junto com o parceiro do adultério. Mas como Jesus veio não para sentenciar à morte, então Ele está dizendo que um adúltero já morreu para o casamento, mesmo não sendo executado. Assim, o cônjuge traído, na palavra de Jesus, nem mesmo do divórcio precisaria. Poderia repudiar e, ainda assim, ele seria livre de tal relação.

Porém, se repudiasse por outros motivos, então cometeria adultério se se casasse de novo, visto que não tinha “divorciado”, apenas “repudiado”. Não tinha um documento legal que comprovasse o rompimento de seu casamento. Por isso Jesus sempre condena o repúdio e não o divórcio. Reafirmando que Ele não aprovava também o divórcio, porém este era tolerável, pois embora não fosse a vontade preceptiva de Deus, entretanto, punha fim ao casamento por causa da dureza do coração do homem, porém não contaminava a mulher com adultério em uma segunda relação.

Lembrando que o divórcio é sim pecado, os divorciados devem se arrepender, devem perdoar seus ex-cônjuges, mas seu relacionamento acabou, não devem voltar mais um para o outro, exceto se apenas se “separaram” sem divórcio e não se juntaram a ninguém nesse período de separação (1Co 7.11), pois caso haja acontecido tal junção sem o divórcio, então houve adultério, houve o que Jesus condenou aqui.

Día tes pisteos.

Pr. Cleilson

domingo, 20 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 21 (O DIVÓRCIO - 02)

 


Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se... por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio... e a despedir de casa; e se ela... for e se casar com outro homem; e se este a aborrecer, e lhe lavrar termo de divórcio... e a despedir... ou se este... que a tomou para si... vier a morrer, então, seu primeiro marido... não poderá tornar a desposá-la para que seja sua mulher” (Dt 24.1-3).


Como estamos refletindo, na antiguidade, os homens faziam muito mal às suas mulheres. Claro que muitos ainda o fazem hoje e claro também que as mulheres têm a seu favor várias leis que as protegem. Entretanto, essas leis tiveram como modelo a lei de Moisés em Dt 24.1-4. A lei estabelecia que se um homem, depois de casado, achasse algo indecente em sua mulher, lhe daria carta de divórcio e ela estaria livre para se casar com outro. Ainda, se este outro também lhe desse carta de divórcio, ela estaria livre novamente, menos para se casar com seu primeiro marido.

Os motivos não são claros, mas com certeza não era infidelidade dela, pois a infidelidade, na época de Moisés, era punida com a morte! Não havia licença com carta de divórcio para liberar a mulher adúltera. O primeiro marido se divorciou por achar coisa indecente nela; o segundo, por sua vez, foi por aborrecê-la ou odiá-la. Observe que não há nada que se refira a traição, pois se assim fosse, ela deveria ir à pena capital.

O que acontecia era que os homens dispensavam suas mulheres sem documento de divórcio e se casavam com outra, enquanto sua primeira mulher, ou ficava em sua casa para a hora que ele a quisesse, ou, despedida sem a carta de divórcio, ficava à mercê do julgamento suspeito da sociedade. Quantos homens do AT fizeram isso com suas mulheres?... casavam-se com outras, mesmo tendo já sua mulher em casa. Não se utilizavam dessa lei para dar liberdade à sua mulher, enquanto praticavam livremente a bigamia ou poligamia! Deus aprovava a poligamia? Certo que não. Entretanto, ainda por causa da dureza do coração dos homens, Deus legislou sobre isso (Dt 21.15).

O próprio Moisés casou-se com uma mulher cuxita (ou etíope), não sabemos se sua esposa Zípora havia morrido ou se voltara para a casa de seu pai (Êx 18; Nm 12.1). Davi, quando viveu fugido de seu sogro, perdeu sua mulher Mical para outro homem, a quem o rei Saul a deu por mulher. Mas ao ascender ao trono, Davi mandou trazê-la de volta (2Sm 3.13-16). Se tivesse praticado a lei do divórcio, ele não poderia fazer isso, pois ela já havia pertencido a outro. De fato, sua ação já foi um erro, mesmo sem a carta do divórcio.

Vemos assim, que Deus, mesmo não aprovando o divórcio, legislou sobre isso, a fim de que o pecado não debandasse totalmente o bom viver social, assim como legislou também sobre a bigamia, ainda que não aprovasse essa prática, a fim de preservar a mulher menos amada. Numa sociedade em que o homem repudiava sua mulher por qualquer coisa, o mal menos grave seria dar a ela uma carta de divórcio, que a protegesse da injúria social e, ao mesmo tempo, a libertasse legalmente para se casar de novo.

É sobre isso que iremos falar na próxima reflexão. Sobre a diferença entre os termos “divórcio” e “repúdio”. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, estas palavras têm diferença e seu uso mostra o cuidado com o qual elas foram inseridas nos textos bíblicos, a fim de deixar bem claro seu significado.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

A VIDA EM FAMÍLIA ‐ PARTE 20 (O DIVÓRCIO)

 


Todavia, aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher se não aparte do marido... e que o marido não deixe a mulher” (1Co 7.10,11).


Existe rompimento também na relação conjugal. O seu clímax é o divórcio. É do agrado de Deus? Não. Pertence à Sua vontade preceptiva? Não. Ao contrário, o divórcio é algo que Ele odeia. Não por causa do divórcio em si, mas por causa daquilo que o provoca. E o que provoca o divórcio? Jesus disse que é a dureza dos nossos corações (Mt 19.8). E quem é que não tem coração duro? Não há ninguém que não tenha. Jesus disse “a dureza dos vossos corações”. Somente Ele não tem coração duro.

Não vamos entrar na questão de qual foi a permissão para o divórcio no NT, visto que todos já sabemos. No caso de relações ilícitas e abandono do cônjuge incrédulo. Digamos que essas duas razões são as que tornam um divórcio “legitimado”. Porém, o que vemos são casos de divórcios por vários motivos no meio dos crentes. Desde os mais banais até os mais assustadores. Há divórcios por incompatibilidade, como também há divórcios por agressões físicas, verbais e ameaças.

Não podemos deixar de frisar as afirmações bíblicas que não se discutem. Deus odeia o repúdio. Era o que os homens faziam a suas mulheres desde a antiguidade. Eles repudiavam (do grego “abandonar, largar”), mas não divorciavam. As mulheres abandonadas não tinham um documento que as protegessem da reputação de adúlteras perante a sociedade, ainda que não se tivessem provas disso. Por isso Deus permitiu e ordenou a Moisés que legislasse sobre o assunto do divórcio (Dt 24.1-4).

Com a carta de divórcio na mão, a mulher, na verdade era protegida! Incrível que diante da dureza do coração dos homens, Deus concede algo que não é Sua vontade preceptiva para proteger aquela que saía destruída de um casamento, no qual fora abandonada! Se qualquer injúria fosse levantada contra ela, tentando acusá-la de infidelidade, ela teria em suas mãos uma carta que lhe protegesse de tais infâmias! Em outras palavras, a carta de divórcio se tornou como um mal necessário, mas com vistas ao bem de proteger a honra das menos favorecidas.

O divórcio põe fim ao casamento, sim. Não é a vontade preceptiva de Deus, mas não se pode dizer que uma pessoa está presa a seu cônjuge, tendo ela em mãos uma carta de divórcio. Ela está ferida, está frustrada por se sentir impotente de sustentar seu casamento, mas aquele casamento acabou, não há como negar isso. Dizer que alguém divorciado ainda está preso ao cônjuge anterior é escravidão, é querer que alguém se case com um morto.

De fato, a forma de vida conjugal que deságua no divórcio, já é um estado mórbido de viuvez. O casamento já está morto. A carta de divórcio é a última pá de cal sobre o cadáver pálido e gélido do matrimônio falido. Pessoas que passaram por isso devem pedir perdão a Deus e prosseguirem suas vidas. Não devem ser escravas deste pecado, como de nenhum outro. O único pecado sem perdão é a blasfêmia contra o Espírito Santo. Todos os demais têm perdão mediante confissão sincera e o divórcio, por mais triste que seja, por mais que tenha apagado o brilho da glória de Deus no casamento, também tem perdão, o qual te liberta para continuar sua vida.

Día tēs písteōs.

Pr. Cleilson 

sábado, 19 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 19 (ROMPIMENTOS DE NAMORO E NOIVADO)

 


Enganosa é a graça, e vã é a formosura, mas a mulher que teme o Senhor, essa será louvada” (Pv 31.30).


A partir de hoje, faremos uma série de reflexões acerca dos relacionamentos destruídos. Iremos começar, como sempre, pelos solteiros, como já estamos cientes nesta série de devocionais. Lembrando de duas coisas: que não há possibilidade de abordar todas as facetas dos assuntos que propomos, visto que são muito amplos e nem mesmo em palestras ou reuniões de casais e famílias seria possível fazê-lo; e segundo, que estamos falando para pessoas cristãs e não mundanas, portanto, devemos aguentar o que a Palavra diz, ainda que fira nossos conceitos e consciências.

O cristão solteiro não leva muito a sério o rompimento de seu namoro ou noivado. Na época de Jesus, para se romper um noivado, era necessário o divórcio. Quando a Bíblia diz que Maria estava desposada de José, quer dizer que estava prometida a ele e a quebra dessa promessa seria feita com divórcio e não um simples “vamos terminar”.

Mas hoje não é assim. Os jovens se relacionam com várias pessoas antes de se casarem (não entrando no mérito de se tais relações são lícitas ou não), rompem suas intenções diante de qualquer desavença e, com isso, pensam que estão se preparando para o casamento. A verdade é a seguinte: ninguém está preparado para o casamento. O casamento é um preparo de duas pessoas enquanto elas viverem. É algo contínuo. Prova disso é que quem casa mais tarde na idade sofre com a inexperiência. E quem já teve experiência de um casamento anterior, torna-se mais exigente e arriscado em um segundo.

Os jovens solteiros devem pensar que o acúmulo de muitos namoros ou noivados rompidos não lhes prepara para o casamento, ao contrário, torna-os muito mais propícios a um rompimento posterior no matrimônio, visto que estão acostumados a se separar em casos de desavença. É o que ficou desenhado em seu psicológico. Porém, casamento não se trata com um “vamos terminar”. 

Algo a se pensar também é que se muitos namoros e noivados antes do casamento fossem validação para um casamento firme, os que mais namoraram seriam os mais intactos em seu casamento, mas a realidade é o oposto! Entretanto, os que namoram pouco não quer dizer que estarão isentos de crises no casamento que os levarão a desejar a separação. Isto prova mais uma vez que ninguém está preparado para o casamento.

O que os jovens cristãos deveriam fazer é serem prudentes ao escolherem seu cônjuge. De que forma? Simples: verifique se o rapaz ou a moça por quem você tem apreço afetivo glorifica a Deus em tudo o que faz. Se sim, então todos os demais trâmites podem prosseguir normalmente (lembrando que isso não garante que você se casará); porém, se tal rapaz ou moça faz tudo para sua própria glória, não será uma escolha ideal.

Mas se você perguntar: como é um jovem que vive em tudo para a glória de Deus? Então, sinto lhe dizer que você é que não deve ser escolhido (ou escolhida)! Pois se você vivesse para a glória de Deus, você saberia como é...

Día tēs písteōs

Pr. Cleilson 

sexta-feira, 18 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 18 (PAIS CRISTÃOS x FILHOS NÃO-CRISTÃOS)

Porque o desvio dos tolos os matará, e a prosperidade dos loucos os destruirá” (Pv 1.32).

Para os pais cristãos, a maior alegria é ver seus filhos andando na verdade por toda sua vida. Mas não é essa a realidade em todas as famílias cristãs. Infelizmente, há casos de pais que vêm a Cristo bem mais tarde, quando seus filhos já são grandes e, por si mesmos, não desejam o Salvador. Porém, há outros casos em que os filhos são criados na presença de Deus e, mais tarde, vêm a rejeitá-lo e se apostatar da fé, apesar do empenho de seus pais.

Para ambos os casos, uma coisa tem que ficar bem clara dentro de casa: os pais têm autoridade e esta não pode ser afrontada por filho nenhum, seja crente ou incrédulo. Os filhos têm o dever de honrar e obedecer a seus pais enquanto viverem sob o mesmo teto. Os pais cristãos não podem abrir mão de sua autoridade sobre seus filhos porque estes não concordam com sua religião. Antes, os filhos lhe devem sujeição e obediência, pois todas as religiões e até não religiões ensinam esse preceito bíblico por bom senso.

Enquanto os filhos são crianças, os pais devem levá-los pelo caminho de Cristo independente da vontade deles. Filhos crianças não podem determinar o que querem para seus pais. Mesmo que os pais venham a Cristo mais tarde, se seus filhos ainda forem crianças, devem trazê-los consigo. Após a idade legalmente responsável, sobre os filhos rebeldes contra Deus, não devem ser mais impostas as obrigações cristãs. Todavia, a autoridade de pai e mãe permanece intocável.

Isto quer dizer o seguinte: se o filho em idade responsável não deseja mais ser crente, os pais não devem obrigá-lo; essa fase já passou – a obrigação era cobrada em sua infância. Porém, enquanto ele estiver morando com seus pais cristãos, deve-lhes sujeição, obediência e honra. Por exemplo, não quer ir à igreja, mas tem hora de chegar em casa. Não quer orar ou ler a Bíblia, mas em casa não entram vícios nem música profana. Não quer a companhia de crentes, mas suas amizades em casa serão selecionadas e assim por diante.

Caso o filho viva em constante rebeldia contra a autoridade dos pais, ele não pode mais conviver na mesma casa. Ele não pode ser autoridade na casa de seus pais e, portanto, não deve também se opor a ela. Um filho rebelde, na antiga aliança, era punido com a morte, depois de várias tentativas de reconciliá-lo com os pais (Dt 21.18-21). Como não existe essa punição na nova aliança, os pais, após terem tentado de todas as formas levar seu filho pelo caminho de Cristo e não obtendo êxito, sendo ele já de maior idade, devem dar-lhe a única alternativa: ou se submete ou não more mais com os pais.

Há várias formas de filhos causarem tristeza em seus pais e, embora nenhuma delas justifique que sejam convidados a se retirarem de casa, exceto a rebelião contra a autoridade deles, os pais devem ficar alertas quanto às outras formas dessa rebelião. Como já dissemos anteriormente, não criamos filhos para o mundo e sim para Deus. No caso de filhos abertamente rebeldes, mantê-los acobertados desta forma é desonrar a Deus. Ainda que cause dor terrível no coração, colocá-los para fora é entregá-los a Deus, debaixo de oração, mas sabendo que Deus fará deles o que quiser.

Día tēs písteōs.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 16 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 17 (FILHOS CRISTÃOS x PAIS NÃO-CRISTÃOS)

 


Quem ama o seu pai ou a sua mãe mais do que a mim não é digno de mim” (Mt 10.37).


Em países intolerantes, filhos que se convertem ao Cristianismo encontram, não só resistência a essa sua decisão, como também a rejeição e, muitas vezes, até mesmo a denúncia às autoridades. Nós, que vivemos na “liberdade” ocidental, ainda não sabemos dimensionar o sofrimento que muitos filhos cristãos suportam da parte dos próprios pais, pelo fato de terem se convertido a Jesus. Acredito ser uma lição que envergonha muitos jovens de nossas igrejas...

Mas, de que maneira devem proceder os filhos cristãos, cujos pais não se converteram? Em primeiro lugar, o princípio de autoridade permanece. Os pais não são autoridade sobre os filhos porque são cristãos e sim porque são pais. Embora a Queda tenha atingido seriamente a percepção dos pais sobre sua responsabilidade para com os filhos, ainda assim, mesmo maculando, não excluiu essa autoridade. É bom que filhos entendam isso, para não caírem naquele erro de achar que só devem obedecer a seus pais se estes forem perfeitos...

Em segundo lugar, o mandamento da honra e obediência aos pais permanece, visto que o jovem crente está submisso à Palavra de Deus e é nela que encontramos este mandamento. Nenhuma concessão é feita nas cartas do NT que abra precedente para que algum filho desonre ou desobedeça a seus pais. E olha que os apóstolos presenciaram esta realidade em sua época. Timóteo, por exemplo, era filho de mãe judia crente e pai grego (At 16.1). Na carta aos coríntios, Paulo fala de casais cujo cônjuge não era crente (1Co 7.12-16).

Como exemplo dessa obediência, podemos citar o que muito acontece. Pais incrédulos que proíbem seus filhos crentes de congregarem. O filho não deve enfrentar essa proibição logo de início. Ele deve tentar ganhar seus pais por meio do princípio bíblico da obediência e da honra. Em geral, os pais cedem e seus filhos acabam conquistando essa liberdade de participar das atividades da igreja. Mas precisam ser sábios, cumprir seus deveres, seus horários de chegar em casa, etc., para com isso ganharem não somente a liberdade de cultuar, como ganharem também seus pais para Cristo.

Nos casos extremos, onde os pais chegam a expulsar seus filhos de casa por serem crentes (quero abrir parênteses aqui para dizer que desde que os filhos não provoquem isso com sua malcriação), então os filhos, por amor a Cristo e ao evangelho, devem aceitar a expulsão. Seu amor por seu pai ou sua mãe não pode ser maior do que seu amor por Cristo. Lembre-se do que nosso Senhor disse: “Quem ama o seu pai ou a sua mãe mais do que a mim não é digno de mim” (Mt 10.37)!

Quando isto ocorre, a igreja onde esse jovem congrega deve assumi-lo como filho e sustentá-lo como se faz em uma família normal. Jesus disse a Pedro que “todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna” (Mt 19.29). O que seria receber muitas vezes mais, senão ter uma igreja que o acolhe como filho? Mas lembre-se de que sua sabedoria silenciosa em obediência pode ganhar seus pais muito mais do que uma fé barulhenta.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 15 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 16 (MARIDO CRISTÃO x ESPOSA NÃO-CRISTÃ)

 


Uma esposa fiel e dedicada é a coroa do seu marido, mas uma esposa leviana é como uma doença nos ossos” (Pv 12.4 – NBV).


A tarefa do homem crente cuja mulher é incrédula é terrivelmente árdua. O mundo em que vivemos, como todos sabemos, é um mundo em que os valores foram profundamente invertidos. O mundo já vinha desde a Queda com o pensamento machista, totalmente deplorável e mau para com as mulheres. A reação a este pecado foi outro pecado, a saber, o feminismo, especialmente o da segunda onda. Raríssimas são as mulheres que não são adeptas deste movimento, mesmo que somente em pensamento.

Como o mundo vai modificando sua forma de pensar, lembrando que todas elas sempre são contra Deus, as pessoas também vão variando seus caminhos, mas também sempre para mais longe de Deus. O que elas pensavam há alguns anos, hoje, já é motivo de piada para elas mesmas; o que elas irão pensar daqui a alguns anos transformará o que elas pensam hoje em outra piada e assim por diante.

Eis o desafio para o homem cristão, caso sua mulher seja uma incrédula que anda pela mente desse mundo atual, feminista, anarquista e desordeiro! Todavia, o NT não dá nenhum respaldo para que este irmão abandone sua esposa. Ao contrário, deve continuar amando-a como Cristo amou a igreja, deve continuar sendo a influência santificadora sobre a vida dela, deve coabitar com ela, como vaso mais frágil, da mesma forma como se ela fosse crente.

O maior desafio é se sua mulher realmente não respeita nem reverencia sua autoridade, pois, como ela não é crente, nada do que a Bíblia diz lhe interessa. Muitas vezes, o cristão terá de suportar ver sua autoridade sendo minada e desdenhada. E embora, às vezes, ele tenha de conversar a respeito, nem sempre ele vai ter bons resultados. Sua convivência com isso revelará sua sabedoria a tal ponto que possivelmente ela venha a Cristo por causa do amor do seu marido.

O homem cristão deve se lembrar de que o objetivo aqui não é defender sua honra, sua autoridade nem sua masculinidade. O objetivo aqui foi, é e sempre será a glória de Deus. A pergunta que ele deve fazer a si mesmo é: de que forma minha reação a determinadas práticas da minha esposa revelará melhor a glória de Deus?

Acabe foi o pior exemplo de um homem, rei do povo de Deus, que começou sua vida totalmente errado. Casou-se com uma princesa sidônia, pagã, serva de Baal, foi frágil e pusilânime diante dela todos os dias de sua vida. Os jovens solteiros devem pensar sobre isso antes de se casarem, como já vimos. Mas os que vieram a Cristo depois de casados e suas esposas não, estes devem agir com esta sabedoria, isto é, a sabedoria da obediência à Palavra de Deus. Continuar amando sua esposa, mostrá-las que existe um amor maior do que o amor eros e filos. Existe o amor agapē que cobre multidão de pecados!

Se ele deve amar sua esposa como Cristo amou a igreja, então se sua esposa não é crente, de que deve se lembrar o marido crente? “Deus, no entanto, mostrou seu grande amor por nós, enviando Cristo para morrer por nós enquanto ainda éramos pecadores” (Rm 5.8 – NBV). Cristo não morreu por nós porque já éramos crentes, mas enquanto éramos ainda pecadores. Eis aí como os maridos crentes devem amar sua esposa não crente.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 14 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 15 (MULHER CRISTÃ x MARIDO NÃO-CRISTÃO)

 


A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata a derruba com as próprias mãos” (Pv 14.1)


No contexto de uma vida a dois, onde a mulher é crente e o marido não é, temos a recomendação bíblica do apóstolo Pedro, onde ele diz que o dever da submissão continua normalmente, ainda que seu marido não seja crente (1Pe 3.1). Ou seja, o dever cristão de glorificar a Deus não muda por causa de uma mudança na aparência familiar. Não se ordena que as irmãs sejam submissas a seu marido somente se ele for crente, antes, como o objetivo da submissão é a glória de Deus, elas devem exercer isso independentemente da condição espiritual de seu marido.

O raciocínio é o seguinte: Deus instituiu a autoridade. Esse é um fato indiscutível na Escritura. Toda autoridade, por mais fiel que ela seja, sempre incorrerá em erros, o que mostra que há somente uma autoridade perfeita, que é a do próprio Deus. As autoridades infiéis não deixam de ser autoridade porque são infiéis. Elas continuam sendo autoridade. Rebelar-se contra ela é pecado contra o Deus que a instituiu (Rm 13.1,2). Somente quando ela entra em choque com a autoridade máxima é que estamos isentos de obedecê-la.

Assim também com o marido. Ele foi instituído como autoridade e, mesmo que ele não seja crente, a esposa cristã deve-lhe submissão, pois a questão da autoridade dele não é condicionada ao fato de ele ser crente e sim ao fato de ele ser marido. Enquanto ele estiver sendo marido, ele é autoridade, e a irmã, só não lhe deve mais submissão, estritamente naquele aspecto em que sua autoridade entra em choque com a autoridade divina, caso contrário, ela deve proceder em respeito e sujeição à autoridade dele. Exemplo de choque de autoridade é quando uma autoridade nossa nos ordena a pecar. Logo, não estamos mais obrigados a essa sujeição.

Por aqui percebemos a sabedoria com a qual a mulher edifica sua casa. A sabedoria é obedecer à Palavra de Deus. Certamente não se diz “casa” aqui como se referindo às paredes e ao teto, e sim ao lar, à união familiar que, no que depender da mulher cristã, ela agirá com a sabedoria do que a Bíblia diz, a fim de que seu lar não seja destruído. Não é exatamente isso que Pedro diz? Que seu marido observará o comportamento honesto e cheio de temor de sua mulher e, possivelmente, virá a Cristo, sem que ela use palavra alguma (1Pe 3.2)?

Assim procede a mulher crente que tem marido incrédulo. O objetivo dela é a glória de Deus, como é o objetivo de todo crente. E, quando a glória de Deus é refletida por ela, sua casa é edificada e não destruída, seu marido é influenciado por sua santificação, seus filhos são guardados pela graça de Deus que está sobre ela e, quem sabe, ela consiga trazer toda sua casa aos pés de Cristo?

Quando o objetivo não é a glória de Deus, há dois erros: ou ela insiste insensatamente para que ele se converta e torna a vida do homem um fardo, ou ela busca pretextos para se separar. Em ambos os casos ela está sendo tola, e o fim é o que diz o provérbio: “mas a que não tem juízo o destrói com as próprias mãos” (NTLH).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 13 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 14 (CRENTE CASADO COM DESCRENTE)

 


Irmãos, cada um permaneça diante de Deus na condição em que foi chamado” (1Co 7.24).


Os casados cristãos também incorrem em situações de relacionamento com incrédulos. Uma parte da 1ª carta de Paulo aos coríntios trata disso. Está no cap. 7 a partir do v. 12. Ali, quando Paulo escreve “digo eu, não o Senhor”, não significa que seja uma palavra opcional. Ele não está dizendo que isso é uma opinião particular. Apenas diz que o Senhor Jesus não falou nada a respeito desse assunto enquanto esteve no Seu ministério terreno. Todavia, a escrita de Paulo é inspirada e tem valor doutrinário.

Se um crente solteiro não deve se casar com uma pessoa incrédula, conforme já estudamos, os que desobedecem a esta ordem da Palavra, além de desonrarem a glória de Deus, colherão sérias consequências e devem se submeter a elas enquanto estiverem casados. Mas existem aqueles que vêm a Cristo depois de casados e seu cônjuge não vem. É para estes que o apóstolo Paulo está falando.

Se você veio a Cristo e seu cônjuge não veio, você não deve se separar por causa disso, caso seu cônjuge concorde em viver com você. Você era escravo do pecado e não tinha conhecimento sobre a relação conjugal e a glória de Deus. Você tinha apenas o conceito mundano sobre casamento. Agora que você veio a Cristo, a glória de Deus é revelada justamente no fato de você permanecer casado com seu cônjuge incrédulo.

Paulo explica isso, dizendo que o cônjuge incrédulo é santificado no convívio com o crente (v. 14). Isto não quer dizer que seu cônjuge será salvo por tabela. Isso não existe na Bíblia. O que o apóstolo está dizendo é que a influência santificadora do cônjuge cristão é mais poderosa do que a influência maligna do incrédulo, isto é, que você, como crente, acaba abençoando sua casa porque você é crente, enquanto seu cônjuge incrédulo não tem poder para amaldiçoar seu lar.

No v. 16, ele faz uma pergunta de retórica: “Pois você, ó mulher, como sabe se salvará o seu marido? Ou você, ó marido, como sabe se salvará a sua mulher?”. O apóstolo está dizendo que na sua influência cristã, você não sabe se poderá salvar seu cônjuge. Mas todo esforço cristão deve ser empenhado para isso.

Porém, se seu marido ou esposa, por ser alguém incrédulo, desejar se separar de você porque você é crente, então, diz Paulo, você não está sujeito à servidão desse tipo de casamento, pois o que agora refletirá a glória de Deus é seu amor por Deus mais do que pelo seu cônjuge. O próprio Jesus disse que até mesmo a família deve ser subtraída em favor do amor ao reino de Deus (Lc 18.29,30). Claro que não é um pretexto para alguns que querem se separar e usam o reino de Deus como desculpa, mas um fato concreto de uma família rejeitar um dos seus por ser um crente fiel. Neste caso, se seu amor pelos seus for maior que o amor por Jesus, você não é digno dEle (Mt 10.37)!

Portanto, se você, sendo crente, se casou com um descrente, mantenha-se casado, aguente as consequências e peça perdão por desprezar a glória de Deus. Mas se você veio do mundo para Cristo e seu cônjuge não veio, mantenha-se casado e deixe a glória de Deus resplandecer no seu lar para que, porventura, seu cônjuge seja salvo!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sábado, 12 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 13 (CRISTÃO NÃO SE CASA COM NÃO-CRISTÃO)

 


Não estejais unidos em jugo desigual com incrédulos, pois que companheirismo tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que harmonia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o crente com o infiel? E que acordo tem o templo de Deus com os ídolos?” (2Co 6.14-16 – KJF 1611).


A partir do devocional de hoje iremos começar algumas meditações a respeito do relacionamento do crente com o incrédulo em sua vida ou pretensão à vida familiar. Começaremos, como sempre, pela vida da pessoa solteira, lembrando que estamos nos referindo a pessoas crentes.

Algumas pessoas pensam que estes versículos nada têm a ver com casamento. Posso lhe dizer que eles não têm a ver só com casamento, mas, certamente, inclui este relacionamento aqui nas palavras de Paulo. Observe que o jugo desigual aqui nada tem a ver com questões materiais, temperamentais ou preferenciais; o jugo é desigual apenas e somente por questões espirituais.

Quando o crente solteiro, ou a cristã solteira busca alguém para se relacionar, deve pensar em primeiríssimo lugar sobre o compromisso que aquela pessoa tem com Deus. Um grave erro dos solteiros é se apaixonar por alguém descrente, firmar um relacionamento e depois esperar que tal pessoa venha a Cristo por sua causa. Pode até ser que venha, mas a regra é que depois ela saia, além de arrastar consigo o crente infiel.

Outro erro é pensar que a proibição de Paulo se dá por razões religiosas, como se Paulo estivesse preocupado com o que vem depois: olha, não case com alguém não crente, porque depois de casado, seu cônjuge vai querer ir para o mundo e você para a igreja; vai querer iniciar ou paganizar seu filho e você não vai aceitar; vai levar amigos ímpios para sua casa e você não vai gostar; vai ensinar seu filho o erro e você não vai querer; etc. Não, meus queridos irmãos solteiros! Não é isto! Apenas uma coisa preocupava o apóstolo Paulo: a glória de Deus!

Veja o que ele diz – você é justo e o incrédulo não é; você é luz, ele é trevas; você é de Cristo, ele é de Belial (do maligno); você é crente, ele é infiel; você é templo de Deus, ele é templo dos ídolos! Percebe a gravidade desse tipo de relação? Em quê, exatamente, a glória de Deus está sendo revelada? Ao contrário, ela está sendo ofendida, desprezada, aviltada, vituperada, ridicularizada e escarnecida! É claro que, no futuro, isso será um terrível impedimento à sua vida cristã, a qual você, voluntariamente, escravizou. Mas não é com isso que Paulo se preocupa e sim com a glória de Deus, a qual você envergonha!

Ao se casar com alguém que também é crente, você certamente terá problemas no casamento, mas não é porque ao se casar com um descrente os problemas serão maiores, e sim porque você buscou atender suas paixões antes do que a glória de Deus. Você, ao desejar se casar, deveria desejar que seu ou sua pretendente refletisse a glória de Deus, pois a glória de Deus é o que você ama acima de todas as outras coisas.

Problemas no relacionamento pouco terão importância, mas se a glória de Deus for o alvo principal, então ambos procurarão exaltar esta glória. Mas se você buscou um ímpio para se casar, não espere que ele revele a glória de Deus, uma vez que você mesmo a desprezou.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 11 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 12 (ERROS DOS PAIS PARA COM SEUS FILHOS)

 


Filho meu, guarda o mandamento de teu pai e não deixes a lei de tua mãe” (Pv 6.20).


Quando se trata do dever dos pais para com seus filhos encontramos basicamente três perigos nesta relação. O excesso disciplinar, a falta e o individualismo. Como o livro de Provérbios trata de muitos assuntos, inclusive de família também, devemos nos atentar para as colocações do autor sagrado neste ponto. Ele diz sobre “o mandamento do pai”, mas também ressalta a “lei da mãe”. Com isto, o que ele quer dizer? Que pai e mãe têm a mesma autoridade sobre os filhos.

Este é o erro do individualismo, quando o pai ou a mãe querem tratar da educação, da disciplina e até mesmo do amor a seus filhos sem a parceria do seu cônjuge. Isso é a destruição da família. Quando o pai ou a mãe são individualistas no trato para com seus filhos, eles os arrebanham para si, criando na mente dos filhos um enorme desvalor do outro! Filhos arrebanhados pela mãe passam a desprezar, desmerecer e até odiar o pai e vice-versa.

No individualismo, se um deseja corrigir o filho, o outro entra e retira sua autoridade; no individualismo, o pai ou a mãe mantém segredinhos com seu filho com o desconhecimento do cônjuge! Alguns até de propósito! Mas não sabem o quão maligno é isto para a completa ruína de sua casa! Jamais faça isso, pai! Jamais faça isso, mãe! Jamais! Repito: Nunca mesmo! Tenha parceria com seu cônjuge sobre a criação de seu filho. Vocês são autoridade igualmente sobre os filhos, exatamente por isso, precisam estar combinados acerca de tudo, absolutamente tudo o que devem tratar sobre eles.

Outro perigo é o da falta de disciplina. Pais que veem seus filhos se desencaminharem, mais tarde poderão testemunhar sobre o imenso arrependimento que terão por não terem aplicado a vara da correção sobre seus filhos desde sua tenra idade! De fato, a Bíblia caminha na contramão do pensamento humano decaído. Enquanto o pai e a mãe acham que estão amando o filho e por isso deixam de corrigi-lo, a Escritura diz exatamente o contrário: “O que retém a vara odeia o seu filho; quem o ama, este o disciplina desde cedo” (Pv 13.24 – NAA).

Ao dizer isto, porém, os pais não devem tomar tal versículo como uma licença para agredirem seus filhos, seja verbal, física ou psicologicamente. A Escritura diz: “Corrija o seu filho, enquanto há esperança, mas não se exceda a ponto de matá-lo” (Pv 19.18). Embora saibamos que há pais ímpios que matam seus filhos, todavia, como falamos para crentes, então o sentido aqui é que haja serenidade e não excesso. Enquanto a falta de disciplina faz o filho morrer pelos de fora, o excesso os mata pelos de dentro de casa.

Portanto, os pais precisam compreender que acima de tudo que se relaciona a respeito de seus filhos, eles devem falar a mesma linguagem, seja para concessões ou para proibições. Nenhum manda nos filhos mais que o outro. Ambos, pai e mãe, sobre os filhos, possuem a mesma autoridade, porém, para que esta reflita a glória de Deus, precisa soar em uníssono, jamais em dissonância! Pais que vivem em discórdia jamais mostrarão a glória de Deus e em pouco tempo verão o sombrio extermínio de seu lar.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 11 (ERRO DOS FILHOS - DESOBEDIÊNCIA)

 


Ouça! A obediência é melhor que o sacrifício, e a submissão é melhor que ofertas de gordura de carneiros” (1Sm 15.22 – NVT).


Não há dúvida nenhuma de que o perigo que mais cerca a vida dos filhos é o perigo claro da desobediência. Este pecado é antigo, quase o primeiro a ser cometido no jardim. Só perdeu para o pecado da cobiça e da incredulidade. Aliás, é isto que é a desobediência, fruto do orgulho, de alguém que acha que não precisa de nada nem ninguém, e da incredulidade, de alguém que acha que não precisa do conselho de ninguém. Eis o risco que assedia os filhos.

O caminho para a desobediência dos filhos em uma família não é difícil de encontrar. Ele pode vir através de vários fatores, como o mau exemplo dos pais, que falam muito, mas não fazem; a falta de autoridade, quando os pais deixam os filhos fazerem, dizerem e determinarem o que querem; a falta ou o excesso de correção; a ausência disciplinar da Palavra de Deus na mente dos filhos, uma vez que falamos aqui de famílias cristãs; a crise da idade adolescente; enfim, são muitas placas que indicam o caminho da desobediência para os filhos; não dá para enumerar.

O fim para onde leva este caminho é sempre o da tristeza, decepção, visto que os pais esperavam outra coisa de seus filhos, é o fim da perdição e, muitas vezes da morte. Há filhos que, mesmo depois que se casam, mantêm em seus corações mágoas contra seus pais e, além disso, lhes negam a devida honra.

Só se pode vencer o caminho da desobediência através de uma compreensão consciente dos valores cristãos. Falarei apenas dos dois valores que se opõem aos dois pecados que geram a desobediência. São estes valores a humildade (que se opõe ao orgulho) e a confiança (que se opõe à incredulidade).

Os filhos precisam raciocinar que não sabem tudo. O fato de serem mais jovens e viverem em um mundo diferente do mundo de seus pais não os torna mais inteligentes ou experientes, pois, embora o mundo mude, o ser humano é sempre o mesmo. O orgulho dos filhos, sua desconfiança para com os pais, sua rebeldia da idade crítica, tudo isso seus pais já passaram e sabem onde isso vai dar. Muitos filhos acham que descobriram o fogo ou inventaram a roda quando pensam que sabem mais que seus pais.

Mas como filhos cristãos, eles precisam admitir que estes pecados contra os pais, que os levam à desobediência, são pecados contra Deus, que os colocou nessa família desde que nasceram. Será que Deus errou ao colocar você, filho, nessa família que você está? Deus te fez nascer no ambiente errado? Se Ele tem um plano em sua vida, que plano é este que já começou errado, ao colocar você em uma família errada? Que Deus é esse? Soube construir o universo e não soube onde colocar você? Não, meu filho, não peque contra Deus!

Incline-se para as palavras do profeta: “A rebeldia é um pecado tão grave quanto a feitiçaria, e persistir no erro é um mal tão grave quanto adorar ídolos” (1Sm 15.23 – NVT). Nunca vi a rebelião levar alguém para um destino agradável. Portanto, acredite: a obediência vem da confiança e da humildade. E ela vale muito a pena!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 10 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 10 (TENTAÇÃO MASCULINA)

 


Ela o seduziu com as suas muitas palavras... E, num instante, ele a seguiu, como um boi que vai para o matadouro... até que uma flecha lhe atravesse o coração. Ele era como a ave que corre para dentro do alçapão” (Pv 7.21-23).


Não temos focado em todas as circunstâncias que ameaçam a vida em família, pois fazê-lo seria uma tarefa imensa, descabida para pequenas reflexões, por isso, preferimos colocar nossa lente em ameaças mais específicas, ainda que, talvez, não sejam as principais, porém, inegavelmente são importantes para as partes observarem sobre si mesmas. Nosso objetivo não é destruir a imagem, seja do solteiro, da mulher casada nem do seu marido, tampouco de filhos ou de homens e mulheres como pais e mães. Antes é alertar a cada parte, ainda que não de tudo, mas de situações que podem servir de lições para nossa segurança.

Quanto ao homem casado, entre tantos desafios que o cercam, dos quais poderíamos falar, iremos enfatizar aqui uma fraqueza geral, a fraqueza para o encanto feminino fora do seu lar. Se soubessem os solteiros que essa tentação não se acaba quando se casa, eles não levariam isso como justificativa primordial para se casarem. Você, rapaz, não é tentado nessa área porque não é casado. Você será tentado mesmo após se casar. A questão não está na falta de uma mulher ao lado nem na existência das outras lá fora, mas dentro de cada um de nós, tanto homens quanto mulheres, mas hoje, especificamente, falando de homens.

Salomão advertiu a “seu filho” (figuradamente, a todo que lesse seus provérbios) que bebesse “a água da sua própria cisterna e das correntes do seu poço. Por que você derramaria as suas fontes lá fora, e os seus ribeiros de água pelas praças?” (Pv 5.15,16). A figura aqui quer dizer que sua esposa é sua cisterna e seu poço, da qual você desfruta de seus prazeres com ela, que são as correntes das águas. Lá fora, pelas praças, há outras nas quais muitos vão lá derramar suas fontes, mas por que você faria isso? diz o sábio. Há muitos porquês, há muitas razões que homens casados inventariam para responder ao rei, mas... veja a razão que ele dá para você não fazer isso – “os caminhos do homem estão diante dos olhos do Senhor, e ele considera todas as suas veredas” (v. 21).

A questão não é porque você é casado, não é porque alguém pode descobrir, a razão é que estamos filmados na câmera dos olhos do Senhor por dentro e por fora! Não é por causa de homens, mas por causa do Senhor! Se estamos falando para cristãos, então a resposta não está nos embaraços humanos que isso pode trazer, mas em como fomos covardes em ferir a santidade do Deus que dizemos servir.

A única forma de ser livre desse mal que nos cerca é dito pelo sábio: “Meu filho, guarde o mandamento de seu pai... Tenha-os sempre amarrados ao seu coração... Quando você andar, essa instrução o guiará; quando você se deitar, ela o guardará; quando acordar, falará com você... Eles o protegerão da mulher perversa e das lisonjas da mulher estranha” (Pv 6.20-22,24). Encha sua mente e seu coração com a Palavra e fuja de caminhos tais como estes tanto na mente como na prática!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 8 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 09 (TENTAÇÃO FEMININA)

 


Levantei-me para abrir-lhe a porta... Eu abri, mas o meu amado se fora; o meu amado já havia partido. Eu quase desmaiei de tristeza! Procurei-o, mas não o encontrei. Eu o chamei, mas ele não respondeu” (Ct 5.5,6).


Há muita coisa para ser dita sobre os perigos que cercam homens e mulheres casados. Não podemos entrar em todos os detalhes, devido ao quase infinito número de casos distintos e situações peculiares de cada casal. Portanto, ao falar sobre os riscos que envolvem as mulheres, iremos nos deter em algo mais subjetivo, a saber, a sua sensibilidade emocional.

Há muitos perigos externos que envolvem as mulheres, como já dissemos, como abusos, agressões, separações, contendas, abandono de marido e filhos, etc. Mas vamos falar sobre o perigo emocional, pois este é bem característico e está bem presente nas pessoas de nossa geração, principalmente nas esposas.

No geral, as mulheres têm a sensibilidade mais aguçada e isso as faz guardarem mais as mágoas e rancores em seu coração. Este perigo subjetivo é muito mais arriscado do que alguns riscos externos, pois o ressentimento destrói a pessoa por dentro, até que ela seja completamente exterminada pela amargura.

A mulher cristã precisa entender que todas as mágoas que lhes foram desferidas não podem ser depositadas num canto do seu coração, pois elas apodrecerão e serão usadas no fim contra ela mesma. Como já disse alguém, a falta de perdão é um veneno que você toma, esperando que o outro morra. Libertar-se do ressentimento é algo urgente que a mulher cristã precisa para lavar sua alma.

Sem dúvida alguma, as esposas são muito mais atingidas por palavras do que os maridos. Claro que não há licença para ninguém se ferir, mas elas são mais afetadas. Algo ruim que é dito a elas é guardado por meses e até por anos, até que um belo dia, ela joga na cara! Se aquilo tivesse sido conversado e perdoado desde que aconteceu, não teria necessidade de exumar o cadáver do mau trato e espalhar seus ossos fétidos sobre a mesa da relação.

O tratamento para isso chama-se perdão. Não há outro remédio. A palavra grega usada na Bíblia para “perdão” tem a mesma raiz da palavra “libertar”. Sim, quem não perdoa, mantém o outro preso a si, ainda que o outro não saiba. Talvez a pessoa acorde, se levante, se arrume, vá trabalhar e volte sem saber de nada por longo tempo, enquanto a pessoa magoada dorme pensando sobre o assunto, pensa nisso em primeiro lugar quando acorda, envolve-se com tarefas, mas a cada folga, aquilo lhe volta ao coração, enfim, essa pessoa não tem paz!

Portanto, a palavra é “perdoar”, “libertar” esse alguém de você mesma! Deixe-a ir livremente, para que você também não carregue o peso desnecessário de um assunto que nem mesmo passa na mente do seu cônjuge! Fale sobre isso se necessário, mas siga um princípio bíblico: mesmo que ele não venha lhe pedir perdão, mantenha seu coração aberto para isso. Quando isso acontecer, você verá que não está presa nem o mantendo preso.

O perdão, para a Bíblia, deve ser administrado sem prazo de vencimento. Se cada mágoa você guarda como troféu para depois jogar na cara, na verdade, você se torna um depósito de lixo, onde quem morre é você mesma. Experimente abrir a porta de seu coração antes que seu amor se vá!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 7 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 08 (PROBLEMAS ENTRE CASADOS)

 


Disse ele à mulher: ...o teu desejo será para teu marido, e ele te dominará” (Gn 3.16).


Quando o primeiro casal trouxe o pecado para o planeta, Deus, antes mesmo de anunciar as consequências drásticas e terríveis, anunciou à serpente o evangelho, porém como derrota do diabo para o Descendente da mulher (v. 15). A seguir, Ele anuncia as consequências.

Autoridades no hebraico dizem que este v. 16 tem o sentido, no original, de disputa de poder. Não que a mulher iria ficar desejando o marido e ele a trataria mal. O sentido aqui é: a mulher não aceitaria sua posição de adjutora e uma guerra seria travada contra seu marido. Em outras palavras, ela desejaria ter o seu poder e o marido não deixaria. Enfim, é exatamente esse o grande perigo que cerca os casados.

Quero lembrar que estamos falando para casais cristãos, portanto, estes estão indesculpáveis de viver como o mundo, casais disputando o poder. Teólogos liberais, que defendem aborto, feminismo, essas pautas do mundo, dizem que Paulo, quando escreveu que a mulher deveria ser submissa, ainda era um homem novo e inexperiente, mas depois, ele, mais maduro, escreve que, em Cristo, não há homem nem mulher (Gl 3.28). Porém, é anacrônico esse erro, pois Paulo escreveu Gálatas antes que qualquer outra carta!

Mas o que é o feminismo, senão uma reação ao domínio machista e pecaminoso com o qual o homem subjugou a mulher durante milênios? É claro que não justifica, mas o mundo é assim, reage contra um erro utilizando-se de outro. Mas não os cristãos. Estes se submetem voluntariamente aos preceitos da nova aliança por causa de sua nova natureza. Então, o que temos entre os casais, nada mais é do que uma repetição do que ocorre entre casais mundanos, uma disputa de poder.

Talvez outros pecados menores não fossem tão prejudiciais ao casamento; e talvez outros mais aberrantes não sejam tão praticados. Mas, no geral, o perigo que mais derrota casais é exatamente esse, a disputa pelo poder. Porque ele é sutil, ele mexe com o ego de ambos. Geralmente, quando a mulher exerce seu dever de submissão e o marido não corresponde, ela diz: “Por que sempre eu tenho que ceder”? Então, um dia, ela resolve dar o troco.

Mas observe que o cristão regenerado, por sua nova natureza, faz naturalmente as coisas de Deus. Claro que há uma batalha da nova contra a velha natureza, mas quando alguém reclama de que está sempre fazendo sua parte e o outro não, então, essa parte que está sendo feita não está sendo feita para a glória de Deus e sim para o reconhecimento do outro. Se fosse para a glória de Deus não reclamaria.

Claro que isso não isenta a parte que não cumpre. Ao contrário, pesa mais ainda sobre ela. A Palavra diz que Deus pedirá conta de tudo absolutamente e o casamento não ficará de fora da nossa prestação de contas diante de Deus. Quando Ele perguntar: “Por que você não agiu conforme a Minha Palavra”? A tendência é responder como falamos hoje: “Porque ele ou ela não fez a dele ou dela”. E Deus devolverá: “Mas a Minha Palavra dizia para fazer se o outro fizesse”? O que nós responderemos?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 6 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 07 (PERIGOS PARA SOLTEIROS)

 


No entanto, aqueles que se casarem em tempos como os atuais terão de enfrentar dificuldades, e minha intenção é poupá-los disso” (1Co 7.28b – NVT).


A partir de hoje iremos falar sobre os perigos que cercam a vida em família, perigos estes que, se não forem tratados a tempo, tornam-se em pecado e, consequentemente, podem destruir uma família por completo. Voltemo-nos então para os solteiros, com os quais começamos as meditações da vida em família. Lembrando que falaremos de cristãos e não de mundanos, pois estes não têm aliança com a Palavra de Deus, ainda que alguns deles vivam até melhor, moralmente falando, do que muitos crentes.

Há vários perigos que cercam o solteiro cristão. O mais conhecido e falado é o perigo sexual. O solteiro tem seus desejos como ser humano e, visto que o desejo em si não é pecado, antes é um desfrute que Deus concedeu aos que se casam, quem não é casado deve se privar de suprir estes desejos sem o casamento. Isso é uma grande e terrível luta. Paulo mesmo diz aos solteiros, reconhecendo tal dificuldade: “Mas, se não conseguirem se controlar, devem se casar. É melhor se casar que arder em desejo” (1Co 7.9 – NVT).

Há solteiros que conseguem se controlar e para os quais o desejo carnal é pouco incômodo. Em geral, pessoas assim, foram chamadas para o celibato. Não devem cair na “pilha” do mundo e pensar que, se são assim, há algum problema de disfunção, essas coisas. De forma alguma. A diminuição da libido em solteiros cristãos pode ser um chamado de Deus para o não casamento e os conceitos e críticas do mundo ou até mesmo de outros crentes não devem incomodar.

Todo tipo de busca por prazer sexual fora do casamento é pecado, de acordo com a Bíblia. Seja ele hétero, homo, incestos, e outras aberrações que não valem a pena ser citadas. Mas não são apenas esse tipo de perigo que cerca os solteiros. Muitos, por já se acostumarem a viver sozinhos, sentem-se independentes e carregam isso para suas demais relações. Tornam-se independentes de amizades, da fraternidade cristã, da ajuda mútua, até preferem ajudar, mas não gostam de ser ajudados; em outras vezes são descontrolados nas finanças, gastam mais do que conseguem assumir, manchando assim o nome de cristão; muitos se esquecem de honrar os pais por morarem longe deles; outros envolvem-se em vícios virtuais, como jogos, vídeos, etc. e por aí vai. Não dá para enumerar.

O cristão solteiro não deve se esquecer de que sua vida é para a glória de Deus. Ele tem seu tempo disponível para o reino de Deus mais do que um casado o tem. Ele não deveria sequestrar seu tempo com tantos afazeres que se tornem desculpa para que o reino de Deus seja sacrificado. Ao contrário, suas atividades devem ser organizadas a fim de que o reino de Deus tenha prioridade.

É muito triste ver cristãos solteiros afundados em tantas distrações, a ponto de não darem seu tempo e sua vida para o Senhor. Há muitas coisas lícitas e de fato necessárias para a vida humana, mas nenhuma delas pode superar a importância do reino de Deus. Se você é uma pessoa solteira ordene sua vida de maneira que Deus seja prioridade e totalmente glorificado!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 06 (O TRATO COM OS FILHOS)

 


E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6.4).


Os pais cristãos precisam saber que não são donos de seus filhos. Deus somente é dono absoluto de todas as coisas, embora tenha nos concedido a honra de administrar certas coisas de Sua maravilhosa criação. No caso dos filhos, apesar de os pais terem o dever de protegê-los, inclusive do sequestro do Estado, quando este diz que o filho de qualquer família pertence a si e que este é que é encarregado de sua educação, mesmo os pais tendo o dever de proteger seus filhos de tal absurdo e doutrinação, ainda assim, devem saber que seus filhos não lhes pertencem.


Quando Paulo ordena que os pais não devem provocar a ira dos filhos, ele está dizendo que os pais, que já passaram pelas fases da vida, devem respeitar seus filhos que ainda estão neste caminho. Devem alimentá-los, diz o apóstolo (no original, criar, quer dizer alimentar), e não os provocar. E criá-los na admoestação do Senhor, ou seja, seus filhos são para a glória de Deus e não para a sua própria.


Pais irritam seus filhos quando os corrigem, mas não dão exemplo; pais irritam filhos quando os corrigem, mas não os ouvem, não lhes dão a oportunidade de falar sobre o fato; pais irritam filhos quando os corrigem com excesso, com ira, como nem mesmo se faz com um animal, quando os espancam, quando brigam com eles como se fossem inimigos de fora; pais irritam filhos quando lhes exigem mais do que são capazes, quando não os elogiam, quando os tratam como estranhos; pais irritam filhos quando não veem seu crescimento, quando os tratam sempre como crianças, quando não acompanham sua maturidade e assim por diante. Não dá para enumerar.


Como pais, nós devemos estar presentes na vida de nossos filhos, conduzindo-os para a glória de Deus, disciplinando, não como o mundo faz, mas na admoestação do Senhor, isto é, assim como a Bíblia diz que tem que ser. Nossos filhos não devem ser deixados à solta em suas tendências, pois todos nascem no pecado e sua tendência natural é distanciar-se de Deus. A Palavra inculcada neles desde sua tenra infância, fará com que estejam mais atrelados a ela quando crescerem.


Pais não devem ser amigos de seus filhos. Devem ser pais. Foi para isso que Deus os chamou. Quando você exercer sua função de pai e mãe, seu filho irá confiar em você e lhe relatará tudo, não como amigo, mas como filho mesmo, pois para ele, você será melhor que um amigo. Você será o que tem que ser, um pai, uma mãe em quem ele confia mais do que em seus próprios amigos.


Hoje os pais cristãos estão mais preocupados em formar seus filhos para o mundo do que prepará-los para enfrentar o tribunal de Cristo! Cristãos dizem o mesmo ditado de lá de fora: “Não criamos filhos para nós, criamos para o mundo”. Não! O cristão cria seus filhos para Deus! Eles são como flechas nas mãos do valente (Sl 127.4). Devem ser atirados para dentro do reino de Deus e não para as parvoíces deste mundo! Que o Senhor conceda pais de verdade para seus filhos.


Día tēs písteōs.


Pr. Cleilson