segunda-feira, 4 de agosto de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0611 - O VALOR DA ORAÇÃO E A AJUDA DO ESPÍRITO

 


Porque estou certo de que, pela súplica de vocês e com a ajuda do Espírito de Jesus Cristo, isso resultará em minha libertação” (Fp 1.19).


Quando o apóstolo Paulo esteve em sua primeira prisão, ele escreveu as cartas aos Filipenses, Colossenses, Efésios e a Filemom. Nesta ocasião, ele pediu oração por ele a estas igrejas (Ef 6.19) e também a Filemom (Fm 22). Nota-se aqui que este homem de Deus carregava um espírito de humildade, ao mostrar para a igreja que, apesar de ser ele apóstolo, ainda era carente das orações de todos eles.

A confiança deste homem em Deus e Sua soberania não o impediu de solicitar à igreja que orasse em seu favor. Um entendimento errado acerca desta doutrina tem levado muitos crentes a ficarem relaxados em sua vida de oração, chegando muitos até mesmo a duvidar de sua eficácia e outros a ficarem indiferentes, alegando que, se Deus já decretou tudo, orar é uma prática inútil. Outros ainda criticam crentes mais fervorosos em suas orações, tachando-os muitas vezes de fanáticos.

Entretanto, não era assim a vida de nosso Senhor e Seus apóstolos. Eles eram homens de oração constante e viveram nessa prática de modo exemplar. Quando Pedro foi aprisionado, na ocasião em que Tiago foi morto pela espada de Herodes (At 12.2), a Bíblia diz que a igreja fazia incessante oração a Deus por ele (v. 5). O resultado dessa oração, nós já conhecemos: um dos maiores relatos de libertação registrados no NT.

Mas Paulo também fala aqui em Filipenses da ajuda do Espírito de Jesus Cristo. Certamente que o Espírito Santo está presente nas orações dos santos. Mas, além de estar ali com os filhos de Deus que oram, o Espírito também os conduz a orar. Os apóstolos diziam a frase “orando no Espírito”, o que significa orar direcionado pelo Espírito (Ef 6.18; Jd 20). Porém, acima disso ainda, o Espírito Santo, além de estar entre os santos em suas orações e os conduzir nelas, Ele também leva nossas orações a Deus (Rm 8.26,27).

A convicção de Paulo em sua libertação daquela prisão era promovida por estes dois fatores associados. A oração da igreja a seu favor e a ajuda do Espírito Santo. Essa é uma outra maneira de discernir a vontade de Deus. Não havia uma promessa clara de que Paulo fosse solto de sua prisão, no entanto, ele estava certificado (lit. “eu sei”) que era o que iria acontecer. De fato, foi o que aconteceu. Mas essa certeza, ele obteve pela confiança na oração e na ajuda do Espírito de Cristo.

Nós sabemos que, independentemente das nossas orações, o que prevalecerá sempre será a vontade do Senhor. No entanto, devemos executar nossas orações como parte do plano dEle em fazer com que Sua vontade prevaleça. Quem sabe, Deus determinou que justamente através de nossas orações é que Sua vontade milagrosa aconteça? Que o Espírito de Cristo nos ajude!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0610 - HOMENS CUJA GLÓRIA ERA DEUS

 


Em Deus está a minha salvação e a minha glória; a rocha da minha fortaleza e o meu refúgio estão em Deus” (Sl 62.7).


Depois da Queda, o coração do homem continuou sendo consumido por aquela proposta da serpente, de querer se parecer com Deus. Essa fissura não desapareceu da vontade humana, ao contrário, em todas as épocas, ela se revelou cada vez mais forte e desafiadora! Mesmo tendo ouvido do próprio Adão as consequências de sua escolha rebelde, sua geração não deixou de praticar o mal e desejar ser como Deus, roubando-Lhe a glória.

No entanto, houve também homens que não desejaram glória para si, antes, sua glória era o próprio Deus. Entre outros exemplos, temos Moisés, que disse: “Rogo-te que me mostres a tua glória” (Êx 33.18). Ele já havia passado 40 dias dentro da nuvem do Senhor na montanha do Sinai, já havia desfrutado de uma comunhão tão milagrosa com Deus, que conseguiu ficar todos esses dias sem comer e sem beber, apenas sustentado pela presença de Deus, mas queria muito mais!

Deus escondeu aquele homem numa fenda de uma rocha para que não fosse destruído pelo peso da glória divina (a palavra glória significa peso). Depois que a glória passou, então Deus tirou a mão e Moisés O viu pelas costas (Êx 33.22,23). Deus reservava Sua glória maravilhosa para outra ocasião, mas ainda a revelou na inauguração do tabernáculo, quando Sua glória ali encheu e Moisés não podia entrar por causa da nuvem da glória do Senhor (Êx 40.34,35).

Davi foi outro exemplo de um homem cuja glória era Deus. Ele disse: “Mas tu, Senhor, és um escudo para mim, a minha glória e o que exalta a minha cabeça” (Sl 3.3). Ele conseguia ver a glória do Senhor proclamada pela expansão celestial (Sl 19.1) e reconheceu que, apesar de ser um rei muito vitorioso, ao trazer a arca da aliança de volta para Jerusalém, não era ele o rei da glória e sim o Senhor (Sl 24.7-10)!

Um dia a glória de Deus veio à terra! Era Seu Filho Jesus Cristo! Muitos que viam Suas obras e ouviam Suas palavras, ainda assim, não aceitavam o Seu testemunho, pois, segundo o próprio Jesus, eles recebiam “glória uns dos outros e, contudo, não [procuravam] a glória que [vinha] do Deus único” (Jo 5.44).

Entretanto, o Filho de Deus não ficou sem testemunho. O Pai manifestou Sua glória a Ele e Seus discípulos creram nEle (Jo 2.11). O apóstolo João disse: “e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14). Pedro, que também testemunhou a glória do Filho de Deus, constatou: “Pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (2Pe 1.17).

Muitas igrejas copiaram o mundo em sua soberba e tentativa de usurpar a glória de Deus. Mas Ele disse que não divide Sua glória (Is 48.11). Ele revelará em nós Sua glória e nos tornará participantes dela (Rm 8.18), mas só aos que viveram aqui buscando a glória de Deus. Homens cuja glória era Deus!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 31 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0609 - O DIA EM QUE CRISTO NOS TROUXE O REINO DE DEUS

 


Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! E, dizendo isto, lhes mostrou as mãos e o lado. Alegraram-se, portanto, os discípulos ao verem o Senhor” (Jo 20.19,20).


Você consegue imaginar a tensão existente na imaginação dos discípulos entre a cena da crucificação, do sepultamento e de agora, de repente, a cena de Jesus ressurreto? Aquele que fora desfigurado, maltratado, açoitado, torturado e brutalmente assassinado, agora Se mostrava a Seus seguidores completamente renovado, ressuscitado, transformado e glorificado!

Portas e janelas trancadas, o medo dos judeus apavorando o coração daqueles homens, mesmo assim, nenhuma matéria pôde impedir a presença física de Cristo entre eles e nenhuma tensão psicológica conseguiu confundir o que eles estavam vendo – o próprio Senhor redivivo! Sim, era Ele mesmo! Não era uma alucinação, pois todos O contemplavam!

Eles todos ouviram a mesma voz: “Paz seja convosco”! Essa frase não era apenas uma forma de acalmar a perturbação emocional que lhes envolvia. Observe que, ao dizer essas palavras, Jesus também lhes mostra as mãos e o lado, isto é, os sinais de Sua crucificação. Com isso, é claro que toda a inquietação se esvai e aqueles homens se alegram, vendo o Senhor.

Porém, o que acontece ali já é a manifestação gloriosa do reino de Deus no coração daqueles discípulos. Paulo diz em Rm 14.17: “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”. Quando Jesus lhes mostra Suas marcas, Ele está mostrando a justiça, a obra que Ele realizou na cruz do Calvário para pagar os pecados daqueles que o Pai Lhe deu; esta é a primeira característica do reino de Deus.

Quando Jesus lhes diz “paz seja convosco” trata-se da segunda característica do reino dita por Paulo: justiça e paz! Isto significa que todo aquele que foi justificado pela fé em Cristo Jesus passa a ter paz com Deus (Rm 5.1). E a reação dos discípulos, ao verem as marcas da justiça e ouvirem as palavras de paz, é a alegria, a terceira característica do reino que Paulo citou!

Assim é que se dá a entrada do crente no reino de Deus – no encontro com o Jesus ressuscitado! Como aquela casa, nossos corações estavam de portas e janelas fechadas (Ef 2.12); como os discípulos, estávamos com medo da morte (Hb 2.15). Mas a luz raiou nas trevas de nossas mentes obscuras (2Co 4.6); Jesus Se revelou a nós como Aquele que assumiu nosso pecado para que nEle fôssemos feitos justiça (2Co 5.21); Ele nos deu a paz com Deus (Ef 2.14) e o resultado dessa obra maravilhosa é a alegria que invade nosso novo ser!

Você pode se lembrar do dia em que Jesus entrou em sua casa? Você pode rememorar as marcas nas mãos e nos pés do Mestre em seu lugar e que lhe fazem justo? Você ainda se lembra de Sua doce voz lhe trazendo a mais perfeita paz? Sabe que a alegria que você tem hoje foi por causa disso? Foi nesse dia que Ele trouxe o reino de Deus a você.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 29 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0608 - ELIMINE OS FILISTEUS ANTES QUE ELES O ELIMINEM

 


Porém os filhos de Israel não desapossaram os gesuritas, nem os maacatitas; antes, Gesur e Maacate permaneceram no meio de Israel até ao dia de hoje” (Js 13.13).


Na história da conquista da terra prometida é registrado que Israel não desapossou todas as nações exatamente como deveria. Em Dt 7, Moisés alertou ao povo que estava para entrar em Canaã que devia destruir totalmente aquelas nações. Não era para fazer aliança com elas, não era para seus filhos se casarem com suas filhas, não era para ter piedade delas, pois, qualquer manifestação de tolerância resultaria em contaminação moral e espiritual!

Apesar de Josué ter sido um exímio conquistador, o maior general de guerra dos tempos antigos, todavia, ele não conseguiu destruir todos os habitantes de Canaã; o v. 1 diz que ele já era velho e Deus disse que havia ainda muita terra para conquistar. Muitos desses povos foram dados às tribos de Israel para que elas mesmas os desapossassem e, assim, ficassem com a terra.

Entre os povos que Israel não conseguiu eliminar da terra prometida estavam os filisteus, como Deus mesmo testificou para Josué nos vs. 2-6. Em Juízes 3.1,3 lemos: “São estas as nações que o Senhor deixou para, por elas, provar a Israel, isto é, provar quantos em Israel não sabiam de todas as guerras de Canaã. Cinco príncipes dos filisteus, e todos os cananeus, e sidônios, e heveus que habitavam as montanhas do Líbano, desde o monte de Baal-Hermom até à entrada de Hamate”.

A desobediência de Israel em não destruir todas as nações que ali habitavam, levou o povo ao pecado de forma inevitável e, além disso, a guerras terríveis e inimigos persistentes. Os filisteus foram problema para Israel por longos anos. Conhecemos os problemas que a filisteia Dalila deu para Sansão (Jz 16); os problemas que os filisteus deram para o povo de Israel na época de Samuel, roubando a arca da aliança e matando os filhos de Eli (1Sm 4); problemas que o gigante Golias deu para Israel e Saul (1Sm 17); enfim, este foi um quadro grave que Israel teve que enfrentar por não ter obedecido a Deus na época da conquista. Só na época de Davi, 500 anos depois da conquista, após muitas e muitas guerras, é que os filisteus foram subjugados (2Sm 5).

Esse é o problema de transigir com o pecado das pessoas deste mundo. Esse é o problema de acharmos que estamos livres de influências. O povo de Deus, ao desconsiderar a ordem que lhes foi dada, teve de colher sérios desgastes com seus inimigos. Nós também temos inimigos sérios que precisam ser eliminados. Se não o fizermos, eles serão um incômodo por longos anos na nossa vida cristã!

Talvez você esteja hoje com um problema que lhe perturba há muito tempo. Talvez não estivesse, caso você o tivesse eliminado no passado. Há muitos inimigos espirituais em nossas vidas que só estão até hoje porque não os expulsamos no início de nossa vida cristã. Elimine esses filisteus de sua vida, antes que eles o eliminem!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 28 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0607 - O QUE LEVA ALGUÉM A SE ARREPENDER

 


Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?” (Rm 2.4).


O arrependimento diante de Deus é uma reação do homem, desencadeada por uma ação do Espírito Santo. Diante de Deus, ninguém pode se arrepender verdadeiramente se não houver um convencimento e uma transformação do Espírito sobre ele. Jesus disse que o Espírito, quando viesse, convenceria o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8).

Sobre o convencimento do Espírito há três classes: os que nunca ouviram o evangelho, portanto, não serão convencidos de nada, mesmo que sejam indesculpáveis mediante outras revelações de Deus; os que ouvem o evangelho, são convencidos de suas verdades, mas rejeitam sujeitar-se a elas; e os que ouvem o evangelho, são convencidos de suas verdades e se entregam a elas. Não existe aquela classe que não ouve o evangelho e se entrega, pois não há convencimento para quem não ouve a Palavra.

Ouvimos algumas pregações afirmando que o homem pode se arrepender se ele quiser. O erro desse tipo de fala são os verbos usados. Primeiro, o homem não pode se arrepender, embora ele deva se arrepender. Segundo, o querer do homem está sujeito ao querer de Deus. Seu arrependimento é uma reação à ação de Deus e não uma ação oriunda de si mesmo, à qual Deus reage, dando-lhe a salvação por isso. Se fosse assim, a salvação seria um pagamento e não graça. Deus estaria reconhecendo o esforço humano e, por isso, recompensando-o com a salvação. Jamais é esse o ensino bíblico.

A pergunta do apóstolo Paulo mostra que as pessoas que pensam assim, desprezam, isto é, têm baixa consideração sobre a riqueza da bondade de Deus (perceba o contraste entre “riqueza” e “desprezo”). Bondade aqui é a gentileza de Deus. Somadas a ela temos a tolerância, ou seja, a autocontenção de Deus (Ele não executa o juízo assim que alguém peca, ainda que este o mereça) e a longanimidade, a saber, a longa paciência com a qual Ele espera

Tais atributos divinos, diz Paulo, é que somam a riqueza da bondade de Deus, que leva o indivíduo ao arrependimento. Em outras palavras, jamais o homem pode arrepender-se por si mesmo de modo verdadeiro diante de Deus, pois em seu estado caído, lhe falta a soma destes favores.

Já aqueles sobre quem tais favores não são aplicados, Paulo diz: “Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus” (v. 5). Ou seja, enquanto aquele que vem ao arrependimento o faz segundo a riqueza da bondade de Deus, aquele que não vem, assim procede segundo a dureza e impenitência de seu próprio coração! Não existe arrependimento por conta própria. Ou o homem é trazido pela bondade de Deus, ou perecerá em sua própria impiedade!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 27 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0606 - DOEGUE E SUA LÍNGUA MALDITA

 


Você ama o mal mais do que o bem; prefere mentir a falar a verdade. Você ama todas as palavras devoradoras, ó língua fraudulenta! Também Deus o destruirá para sempre; ele o pegará e arrancará da tenda em que você habita e o extirpará da terra dos viventes” (Sl 52.3-5).


De acordo com o título deste salmo, ele foi composto por Davi, quando um homem edomita, chamado Doegue, foi contar ao rei Saul que Davi tinha ido à casa do sacerdote Aimeleque. Este episódio está relatado no 2º livro de Samuel 22. Como sabemos, Saul perseguia a Davi como a um cão desprezível. E, nessa ocasião, o sacerdote Aimeleque tinha ajudado Davi em sua fuga de Saul, dando-lhe pão, a espada de Golias para sua defesa e também havia consultado ao Senhor em favor de Davi.

O texto relata que Saul ficou indignado com estes sacerdotes que ajudaram Davi e ordenou que seus soldados os matassem. Porém, aqueles soldados temeram a Deus e se recusaram a obedecer a tal ordem insana. Entretanto, este mesmo Doegue, que não era israelita, mas trabalhava para Saul, matou, não só o sacerdote Aimeleque, como também 85 sacerdotes que trabalhavam naquela cidade e ainda matou seus moradores, tanto velhos, crianças, homens, mulheres, bois, jumentos e ovelhas (2Sm 22.18,19)!

Pessoas como Doegue são assim, se gloriam em sua maldade (Sl 52.1); sua língua afiada como navalha trama planos de destruição (v. 2); amam o mal mais que o bem e a mentira mais que a verdade (v. 3); e, com sua língua fraudulenta, amam as palavras devoradoras, ou seja, palavras de destruição (v. 4). Infelizmente, Doegue não é uma exceção entre os seres humanos!

Porém, este salmo de Davi serve como advertência a pessoas dessa classe maldita. Pessoas assim serão destruídas por Deus; o próprio Deus as arrancará de seu lugar de segurança e exterminará a sua raça (v. 5)! Pessoas assim se tornarão objeto de motejo e provérbio para os justos. Dir-se-á delas: “Eis o homem que não fazia de Deus a sua fortaleza, mas confiava na abundância dos seus próprios bens e se fortalecia na sua perversidade” (vs. 6,7).

E Davi encerra seu salmo mostrando o contraste entre si mesmo e este cruel inimigo. Enquanto Doegue era extirpado de suas moradas, Davi dizia: “Quanto a mim, porém, sou como a oliveira verde na Casa de Deus; confio na misericórdia de Deus para todo o sempre” (v. 8). Não era em si mesmo que Davi confiava. Não era em sua morada que ele se refugiava, aliás, nem tinha morada quando vivia empreendendo fuga de Saul pelas montanhas, cavernas e desertos. Seu refúgio estava na Casa de Deus!

Se você tem sido vítima da língua falsa e venenosa, não se incomode. Essas pessoas se gloriam na maldade, mas a bondade de Deus dura para sempre (v. 1)! Mas se você é uma dessas pessoas como Doegue, se não se arrepender, seu fim será de destruição eterna (v. 5). Se você confia em seus próprios recursos e na sua perversidade, um dia se tornará objeto de espanto e riso (v. 6). Deus será glorificado em sua maldade. As pessoas verão isso, temerão ao Senhor e rirão de você!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 24 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0605 - O CRENTE E A IRA

 


O homem que fica com raiva por qualquer coisa precisa ser castigado. E não adianta tentar tirar esse homem das dificuldades uma vez, porque vai ter de fazê-lo de novo” (Pv 19.19 – NBV).


Na Bíblia, a ira é considerada um pecado. Ela está relatada como uma das obras da carne em Gl 5.19-21. Todavia, a Bíblia também não nega que este sentimento seja uma reação natural a algum tipo de situação. Paulo, por exemplo, diz aos efésios: Quando estiverem irados, não pequem alimentando seu próprio rancor (Ef 4.26a – NBV). Ele admite que a ira pode ser inevitável, mas agir movido por ela é pecado.

Em geral, a ira nos sobrevém quando somos afrontados, desrespeitados, desafiados, provocados, enfim, há várias situações que podem provocar este sentimento de raiva em nós. Mas, na maioria das vezes, são situações que revelam nosso egoísmo. Queremos que as coisas sejam do nosso jeito e, se não são, ficamos com raiva.

Este sentimento precisa ser radicalmente controlado pelos cristãos, pois a ira pode, facilmente, conduzir ao homicídio. Jesus disse, no Sermão do Monte, que aquele que se irar contra seu irmão, já se torna réu de juízo e, até mesmo, réu do fogo do inferno (Mt 5.22)! E o apóstolo João disse que aquele que odeia a seu irmão já é assassino (1Jo 3.15)!

O texto que lemos, diz que o iracundo precisa sofrer o dano de suas crises de raiva. Se você o livrar de suas consequências novamente e novamente, você vai ter que livrá-lo ainda outra vez! Muitos cristãos alegam que têm uma natureza assim, colérica e, por isso, não conseguem se controlar. Pois bem, ou colocamos nossa nova natureza em ação contra essa velha criatura com o fruto da mansidão, ou então teremos que sofrer consequências imprevisíveis.

Há somente uma ira justa e esta é contra o pecado. Algumas vezes pode ser que venhamos a senti-la. Entretanto, somente Deus tem uma justa ira contra o pecado, pois Ele é santo. Paulo diz aos romanos: “Amados, nunca se vinguem. Deixem a ira com Deus, pois está escrito: Minha é a vingança; eu retribuirei” (Rm 12.19 – NBV). Nós desejamos vingança para satisfação do nosso ego, mas Deus vinga para satisfação da Sua justiça e santidade!

Como cristãos, o nosso dever com relação à ira, é sufocá-la pelo Espírito de Deus que habita em nós e nos habilita a um novo viver em Cristo, a fim de sermos conformes à Sua imagem. O exercício da humildade e da mansidão é fundamental para vencermos o sentimento da ira. Jesus disse que devemos aprender dEle, que é manso e humilde de coração (Mt 11.29). O manso é aquele que não ofende; o humilde é o que não se dá por ofendido! Sendo manso, você jamais ofenderá alguém (pelo menos intencionalmente) e, sendo humilde, você não levará em conta as ofensas que lhe forem feitas.

Em vindo a ira ao seu coração (pois é impossível que não venha), a reação correta é que não se deixe levar por ela nem tome nenhuma decisão baseado neste sentimento. E Paulo arremata: “Não deixem que o sol se ponha antes de resolverem as suas diferenças; não deem oportunidade para o diabo” (Ef 4.26b,27 – NBV).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 23 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0604 - PANTEÕES ELIMINADOS

 


Não seguireis outros deuses, os deuses dos povos que houver ao redor de vós” (Dt 6.14).


As nações antigas eram, em sua maioria, politeístas, isto é, adoravam vários deuses. Algumas delas respeitavam um deus acima de outros e entre esses outros havia uma certa hierarquia. Era o henoteísmo, ou seja, a adoração de um deus maior sem eliminar deuses abaixo dele.

Provavelmente, Melquisedeque era henoteísta, pela forma como ele chamou o Deus de Abrão – Deus Altíssimo (heb. El Elyon – Gn 14.19,20), talvez pensando que o Deus de Abrão fosse o maior entre outros deuses, por isso o nome “Altíssimo”. No v. 22, Abrão dá uma certa corrigida em Melquisedeque, chamando Deus pelo Seu nome Yahweh, mas não descarta o nome pelo qual Melquisedeque O havia chamado. Sem dúvida, Deus usa também este qualificativo para Se revelar a Seu povo (Sl 9.2; 47.2; etc.).

O próprio Jesus veio como “Filho do Altíssimo” (Lc 1.32), mostrando que outras religiões, por mais que desenhassem um filho para seu deus maior do panteão, jamais conheceriam verdadeiramente o Filho de Deus!

O Senhor nunca permitiu que Seu povo fosse como as outras nações. Eles nem poderiam ter vários deuses coiguais, como também não poderiam considerar outros deuses, mesmo que abaixo do verdadeiro Deus. O primeiro mandamento proíbe isso (Êx 20.3). Assim, temos Israel como a única nação no mundo que adorava um Deus somente!

O argumento de que Israel também adorou os deuses de outras nações não elimina a realidade do Deus único. A inclinação do coração do homem é má e o povo realmente não resistiu à tentação de ter outros deuses. Entretanto, o Deus verdadeiro que a eles Se revelou, também lhes deu leis com mandamentos, promessas e ameaças. Mandamentos obedecidos, promessas de bênçãos; mandamentos infringidos, ameaças de maldições. E foi exatamente o que aconteceu ao povo! Se Deus não existisse, o Seu povo não seria castigado, aliás, nem lei dada por Deus eles teriam.

Assim, a eliminação dos panteões no meio de Israel, é uma prova de que Deus existe e Se revelou realmente a esse povo. A tendência das nações era aumentar seus deuses. Israel, na contramão disso, só podia ter um! O desejo pecaminoso do povo era ter vários deuses, mas a realidade da existência e da revelação do único Deus verdadeiro a eles, os obrigou a servir apenas a um! Se Deus não existisse, Israel inventaria um panteão e o encheria de deuses, como as demais nações.

Um deus para cada coisa naquela época era moda e até supostamente vantajoso para as nações, entretanto, Deus Se revela a Seu povo com vários nomes, cada um deles mostrando que Deus atua soberanamente em todas as áreas da vida do ser humano! Israel não precisava de outro deus. Seu Deus era o Supridor de suas necessidades e o mantenedor de sua existência!

Hoje também, nossa geração é henoteísta, mas com deuses diferentes dos que haviam nos antigos povos. As pessoas adoram o dinheiro, a fama, a ciência, o poder, o sexo, a si mesmas, o Estado, as ideologias e assim por diante. Mas a mensagem do único Deus continua a mesma para nós: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás” (Mt 4.10). Você já eliminou seu panteão?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0603 - PROIBIÇÃO MISERICORDIOSA

 


Então o Senhor Deus disse: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal. É preciso impedir que estenda a mão, tome também da árvore da vida, coma e viva eternamente” (Gn 3.22).


A narrativa da Queda é bastante conhecida por nós e, de tal forma conhecida, que muitas vezes suas implicações passam despercebidas. Não podemos nos privar de obter algumas dessas implicações apresentadas por grandes homens de Deus, estudiosos da Escritura, que conseguem iluminar nossos olhos com uma luz maior sobre o mesmo texto que muitas vezes lemos.

Algumas dessas observações a serem destacadas aqui são feitas pelo teólogo John Frame, em sua análise da doutrina do pecado, em sua Teologia Sistemática. O pecado é subversivo, diz Frame. Ele inverte a ordem da Criação e afronta a Deus, não só em desobediência ao mandamento, como também na inversão dos valores, na inversão da autoridade.

Deus é autoridade sobre o homem e o constituiu autoridade sobre sua mulher; ambos são autoridade sobre os animais para dominá-los. Mas o pecado inverte tudo isso: a mulher se submete a um animal, à serpente, o homem se sujeita à sua mulher e ainda quer ser juiz da conduta de Deus (“a mulher que me deste para estar comigo” – v. 12).

Entretanto, ao proibi-los de retornarem e comerem da árvore da vida, Deus está sendo misericordioso. Este casal já tomou uma decisão autônoma, independente de Deus; já caminharam pela irracionalidade do pecado (irracional porque ninguém, em são juízo, preferiria o mal e sua desgraça ao paraíso); agora, Deus deixaria que mais uma vez eles voltassem e comessem daquela árvore que lhes proveria a eternidade? De modo nenhum.

Se Deus o permitisse, seria o mesmo que admitir que o homem pode fazer alguma coisa para retornar a Deus. E nós sabemos que não pode. Mesmo Deus, em Sua análise, diz sobre isso que se o homem comesse da árvore da vida, viveria eternamente, porém em pecado! Isso quer dizer que, mesmo se o homem tomasse uma iniciativa para alcançar a eternidade por si mesmo, essa iniciativa o levaria à morte eterna e não à vida eterna! Esse é o preço de se pensar fora da Palavra de Deus...

Assim, Deus, em Sua proibição misericordiosa, coloca “espada flamejante que se movia em todas as direções, para guardar o caminho da árvore da vida” (v. 24). O homem não deve voltar por conta própria, pois cometerá outra loucura! Deus reserva este caminho da volta para outra ocasião, na “plenitude do tempo” quando Ele enviará o Caminho para a humanidade.

Jesus haverá de encarar a espada flamejante, sofrer a punição debaixo dela, ser pendurado em um madeiro, ou seja, da árvore que simboliza vida, foi tirada a madeira que levou a maldição (Gl 3.13)! Então, lá na eternidade, nos encontraremos novamente com a árvore da vida (Ap 22.2), dela nos alimentaremos para sempre e nunca mais haverá qualquer maldição. Que misericordiosa proibição!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 21 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0602 - A FIGUEIRA SECA

 


E, avistando uma figueira à beira do caminho, dela se aproximou, e não encontrou nada, senão algumas folhas, e disse-lhe: Jamais cresça fruto em ti, para sempre! E a figueira murchou imediatamente” (Mt 21.19 - KJF).


O poder de Jesus demonstrado sobre aquela árvore infrutífera nos mostra que Ele tem domínio sobre Sua criação. Ela pertence a Ele e Ele faz dela o que quiser. Independente daquilo que julguemos que Jesus poderia ou não ter feito àquela figueira, fato é que não somos juízes dEle, muito pelo contrário, por Ele é que seremos julgados!

Entretanto, como era costume entre o povo de Deus, muitas mensagens divinas eram dadas através de ações, as quais davam vivacidade à mensagem, imprimindo-a nos olhos e nas mentes de seus destinatários.

Israel, algumas vezes, foi considerado como figueira de Deus (Jr 24.1-10; Os 9.10). Nos tempos de Salomão, assentar-se debaixo de sua videira ou figueira, simbolizava uma vida de paz e prosperidade (1Re 4.25). Mas, devido ao modo de vida pecaminoso do povo, Deus havia prometido que eles não seriam mais abençoados com essas regalias (Jr. 8.13; Jl 1.7).

Nos dias de Seu ministério, Jesus contou uma parábola na qual a figueira daquela estória era estéril (Lc 13.6-9). Perceba que três anos haviam se passado e ela não deu fruto. O dono da vinha então mandou arrancá-la! O ministério do nosso Senhor também foi cerca de três anos. No entanto, a figueira chamada Israel, não deu fruto, ao contrário, rejeitou completamente a oportunidade da sua visitação (Lc 19.44)!

Assim, quando Jesus amaldiçoa aquela figueira, Ele está criando uma cena visível e marcante aos olhos de Seus discípulos: assim como aquela figueira infrutífera se secou, Israel infrutífero também seria subjugado e destruído, o que de fato ocorreu no ano 70 d.C. Jerusalém, assim como aquela figueira que só tinha folhas, também ostentava apenas aparência, com seu templo suntuoso. Mas não havia fruto algum nesse povo. Triste foi sua ruína.

De acordo com várias parábolas de Jesus, Deus passou a responsabilidade para a igreja. Nós agora é que temos a responsabilidade de frutificarmos para a glória de Deus. Como está nossa frutificação no reino de Deus? Que palavras ouviremos de Jesus no último dia? Tem Ele estendido a mão sobre nós para nos fazer frutificar ou para nos secar até as raízes?

O apóstolo Pedro nos dá uma direção para nossa felicidade: “ E além disto, com toda a diligência, acrescentai virtude à vossa fé, e à virtude o conhecimento, e ao conhecimento a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade, e à piedade a gentileza fraternal, e à gentileza fraternal a caridade. Porque se em vós houver estas coisas, e com abundância, elas não vos deixarão estéreis e nem infrutíferos no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (2Pe 1.5-8 – KJF).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0601 - NÃO ACORDE O AMOR ATÉ A HORA CERTA

 


Filhas de Jerusalém, jurem pelas gazelas e pelas corças selvagens que vocês não acordarão nem despertarão o amor, até que este o queira” (Ct 2.7).


Nicolas Bourriaud, um curador francês e crítico de artes, denominou a era em que estamos vivendo de “altermodernidade”. Enquanto o modernismo era um tempo de certezas e de absolutos, a pós-modernidade enxergou isso como uma arrogância. Assim, destacou-se o relativismo, onde ninguém pode alegar ter certeza de nada. O resultado da certeza da ignorância levou ao caos. E a altermodernidade, segundo este curador, almeja transformar o caos em arte.

Juntamente com o pós-modernismo e seus pilares, nossa sociedade admitiu o endeusamento do sexo, o hedonismo, tornando o assunto exageradamente indiscriminado, de modo que até nossas crianças estão sendo erotizadas. Isso está escancarado em propagandas, em brinquedos, livros infantis e muitos outros meios pelos quais nossas crianças estão sendo bombardeadas com a ideia da livre sexualidade.

Este belo verso que lemos no início trata-se de um refrão que é repetido mais duas vezes além daqui, no livro de Cantares (3.5; 8.4). O conteúdo deste verso nos mostra que o amor e a erotização são algo natural e puro, criado por Deus. O dever de todos é não queimar etapas sobre isso nem forçar o momento da manifestação do amor e seus encantos. Tudo tem a hora certa. Não foi o mesmo Salomão que disse que há tempo para tudo (Ec 3.1-8)? Por que com o amor seria diferente?

Os adolescentes e jovens terão, natural e automaticamente, as sensações dos impulsos de seus desejos e deverão aprender a lidar com isso de modo que Deus seja glorificado e não de modo pecaminoso. Então por que antecipar essa questão, submetendo nossos púberes a serem vitimados pelas investidas sexuais sem o devido preparo?

Até mesmo os adultos precisam desse freio e também da direção para a qual o amor e seus desejos devem ser condicionados. Vemos muitos adultos se portando como se estivessem na puberdade, loucos, desvairados, à caça de parceiros ou até mesmo de casamentos precipitados, só para viverem a euforia de uma sexualidade mal resolvida.

Não, meus irmãos! Jurem com as filhas de Jerusalém que vocês não acordarão nem despertarão o amor, até que este o queira­. E nós sabemos como devem ser conduzidos este sentimento e estes impulsos – devem ser controlados com o temor de Deus e direcionados para o casamento, onde seu amor poderá ser desfrutado e compartilhado de forma digna e louvável, onde Deus é glorificado e Cristo representado!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 17 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0600 - SALVADOR DE SI MESMO

 


Então eu mesmo reconhecerei que você tem poder e justiça para salvar-se sozinho!” (Jó 40.14 – NBV).


No meio dos incrédulos há uma fala muito comum quando vamos evangelizá-los. Logicamente, é uma fala associada a desculpas para não se entregarem a Cristo. Eles dizem que não conseguem se libertar de algumas coisas, sejam vícios ou práticas pecaminosas e, assim, se sentem indignos de serem crentes. A desculpa é essa: “Quando eu parar de fumar, ou de beber, quando eu parar com as farras, então eu vou ser crente”.

Apesar de ser muito comum essa fala, os incrédulos não estão desculpados por pronunciá-la! Imagine no Dia do Juízo, alguém sendo questionado por Deus e dando essa desculpa... Assim como Deus jamais aceitou a desculpa de ninguém, essa muito menos. E assim como Deus, nós os crentes, ao pregarmos o evangelho a estes, devemos também rejeitar essa desculpa.

A verdade é que Deus enviou Seu Filho ao mundo para salvar os pecadores. Não para ficar de longe esperando que pecadores se corrijam para depois segui-lo! Aliás, pregações arminianas têm dado motivo para tais desculpas. Pregações que falam de livre-arbítrio, que o homem pode vir a Cristo quando quiser, que Jesus está esperando, essas coisas deixaram os homens com a sensação de que podem, na hora que quiserem, abandonar seu pecado e virem a Cristo.

Se Jesus veio ao mundo para salvar, logo Ele é o Salvador. Se você pode se libertar para depois vir a Cristo, então você não precisa dEle como Salvador. Por isso, se você não precisa de Cristo para começar a obra em você, então você não precisa dEle para completá-la! Você que começou a boa obra pode concluí-la!

Na verdade, isso é uma blasfêmia! Ninguém pode vencer o pecado por conta própria. Todos pecaram (Rm 3.23) e todos são escravos do pecado (Jo 8.34). Nós não conseguimos nos libertar do pecado por nosso esforço. Todo esforço que o ímpio faz, é motivado pelo pecado que habita seu coração! Veja o raio-X que Jesus tirou do coração do homem: “Ou fazei a árvore  boa e o seu fruto bom ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração. O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira coisas más” (Mt 12.33-35).

Em resumo, você não tem poder nem justiça para se salvar sozinho. Primeiro, Cristo deve libertar você para que você venha a Ele. Deixe aos cuidados do Salvador o papel de salvar. Quanto a você, entregue-se a Ele, pois somente Ele tem poder, sabedoria e vontade para exercer a salvação na vida do pecador. Ele trará você ainda com as amarras do pecado, mas duvido se deixará você com elas!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 16 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0599 - DEUS É GLORIFICADO EM NOSSAS PROVAÇÕES

 


As tentações em sua vida não são diferentes daquelas que outros enfrentaram. Deus é fiel, e ele não permitirá tentações maiores do que vocês podem suportar. Quando forem tentados, ele mostrará uma saída para que consigam resistir” (1Co 10.13 – NVT).


Se não houvesse a queda de Adão, certamente não haveria provações também. O único homem a ser provado antes da Queda foi o próprio Adão. A provação dele serviu como representação federal da humanidade. Se ele vencesse, não haveria mais provas para ninguém, pois ele teria vencido por nós. Como ele falhou, então nele nós falhamos. Entre outras coisas, esta representação federal de Adão sobre a humanidade mostra o que nós faríamos se estivéssemos em seu lugar. Ninguém se sairia melhor.

As provas e tribulações fazem parte do mundo caído, porém, como Deus jamais perde o controle de absolutamente nada, então, Ele usa as provações e dificuldades como meios de nos testar, nos disciplinar e nos abençoar. Obviamente Ele as usa também para punir e condenar os ímpios, mas com relação a Seu povo, Deus usa as provações para o seu crescimento.

Uma vez que nascemos de novo, poderia se esperar que não tivéssemos mais provações, pois, afinal, Jesus nos elevou da posição de caídos para redimidos. No entanto, por que ainda somos provados? Porque quando ganhamos uma nova natureza, nós não perdemos a antiga. Mesmo o crente nascendo de novo e se convertendo, o velho homem ainda estará nele até o dia de sua morte física, ou até o dia da vinda de Cristo. Então, as provações servem, neste caso, para testar e fortalecer a nova criatura que em nós foi implantada.

Sobre este aspecto, há dois tipos de situações. Há crentes que serão provados mais intensamente, sem pausa nas tribulações e há outros que serão menos provados, com mais tempo de bonança. Deus difere essa questão entre Seus filhos, porque somente Ele conhece a reação de cada um.

Deus sabe, por exemplo, que há crentes que, se forem menos provados, eles se afastarão da comunhão com Deus; por isso Deus usa muitas tribulações para aproximá-los de Si. Há outros crentes cujas provações são um meio de Deus envergonhar o diabo, como no caso de Jó que, sem saber, estava sendo acusado por Satanás de adorar a Deus por interesse. Deus permitiu a prova, Jó sofreu como poucos neste mundo, nunca soube o motivo, mas Deus foi glorificado em um plano cósmico.

Assim, muitos cristãos glorificam a Deus em sua fidelidade, mesmo que não entendam o porquê estão sendo agora atribulados! Pode ser que a fidelidade deles esteja agora mesmo envergonhando Satanás diante de Deus e, no mundo espiritual, sem nós sabermos de nada, Deus esteja sendo glorificado! Por isso, mesmo que você não fique sabendo os motivos nem os propósitos de sua provação, seja fiel, pois você não sabe como Deus está sendo exaltado nisso.

Talvez você esteja vendo crentes que sofrem menos do que você. Não se aflija com isso. Deus é quem sabe o grau de sofrimento que cada crente precisa exatamente para ser aperfeiçoado. Não reclame de suas provas nem inveje seu irmão que sofre menos. Ambos serão aperfeiçoados por meio do sofrimento e, com muita ou pouca provação, Deus será glorificado por meio da nossa fidelidade.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 15 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0598 - DISCIPULADO SEM DESCULPAS

 


E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá enterrar meu pai. Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu, vai e anuncia o Reino de Deus” (Lc 9.59,60).


Nós já conhecemos o significado desse episódio. Quando aquele homem disse a Jesus que o deixasse ir primeiro sepultar seu pai, não quer dizer que seu pai estivesse à beira da morte, doente, moribundo, ou coisa assim. O sujeito apenas queria dizer a Jesus que não podia se comprometer com o Mestre enquanto seu pai estivesse vivo.

Esse tipo de desculpa, embora carregado de senso de piedade e cuidado, era nada mais do que um legalismo disfarçado. Sob o pretexto de guardar o 5º mandamento, que é honrar o pai e a mãe, aquele homem desprezou Aquele que é mais importante do que o pai e a mãe. Jesus disse: “Quem quiser me acompanhar não pode ser meu seguidor se não me amar mais do que ama o seu pai, a sua mãe, a sua esposa, os seus filhos, os seus irmãos, as suas irmãs e até a si mesmo” (Lc 14.26 – NTLH).

As desculpas que as pessoas usam hoje são diferentes só porque elas são piores. As pessoas não dão desculpas para proteger algum dos 10 mandamentos. Elas dão desculpas para proteger a si mesmas, elas dão desculpas para sustentar seu modo de vida acomodado. As desculpas podem ser por causa da saúde, por causa do trabalho, por causa do tempo, por causa da distância, por causa da dificuldade e outras ainda por caprichos pessoais... São tantas coisas muito menos justificáveis do que a desculpa do 5º mandamento que aquele homem deu.

Mateus também relata esse episódio no seu Evangelho. E ele nos traz uma informação bem curiosa: este homem era um seguidor de Jesus! “E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, permite-me que, primeiramente, vá sepultar meu pai” (Mt 8.21). Que impressionante isso! Esse homem já seguia a Jesus de outras datas! Entretanto, era aquele discípulo do meio da multidão, aquele sem compromisso. Está explicada a razão de sua desculpa!

Por falar em Mateus, veja como foi a reação dele diante do mesmo chamado que aquele homem ouviu do Mestre: “E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na alfândega um homem chamado Mateus e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu” (Mt 9.9). Percebe a simplicidade da obediência? Ela não faz questionamentos ou sequer negociatas.

Ambos foram chamados pelo “segue-Me”, mas um deixou tudo, o outro não; ambos foram discípulos, mas um seguia de perto, o outro não; ambos foram discípulos, mas um amou mais a Jesus do que a alfândega em que ganhava muito dinheiro e tudo mais, o outro não; ambos foram discípulos, mas um se tornou apóstolo e o outro não. A diferença foi pequena: um deu desculpas, o outro não!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 14 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0597 - CASA DE DEUS EM RUÍNAS

 


Assim fala o Senhor dos Exércitos: Este povo diz: Não veio ainda o tempo, o tempo em que a Casa do Senhor deve ser edificada. Veio, pois, a palavra do Senhor, por intermédio do profeta Ageu, dizendo: Acaso, é tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas?” (Ag 1.2-4).


A volta do cativeiro babilônico não foi para todos os judeus um motivo de reconquista. Muitos preferiram ficar na Babilônia, pois já haviam feito por lá os seus negócios, já haviam prosperado em terra estranha, já haviam constituído família, casando-se com as arameias, enfim, até mesmo os que voltaram não estavam de todo empolgados e assim começaram a inverter os valores espirituais.

A inversão estava em priorizar a construção de suas casas, enquanto a Casa de Deus estava relegada ao esquecimento e abandono. O Senhor ficou irado e enviou mensageiros como Ageu e Zacarias (Malaquias também mais tarde) para alertar Seu povo de que as coisas têm uma certa ordem, não eram do jeito que eles pensavam. O resultado foi animador. Rapidamente, eles voltaram ao bom raciocínio e a segunda Casa foi levantada sob o comando de Zorobabel (v. 12).

Muitos crentes são reducionistas em seu entendimento bíblico e alegam que, por sermos nós hoje a Casa de Deus, não precisamos contribuir para o templo ou as congregações. Mas a percepção falha justamente nisso. O fato de sermos realmente a Casa de Deus hoje não justifica nossa avareza. A mesquinhez sempre foi pecado, independente da época em que a Casa de Deus era o Templo em Jerusalém, ou hoje, quando Deus habita em nós.

O fato de sermos a Casa de Deus não significa que as prioridades divinas podem ficar para depois. Ao contrário, o nosso Mestre explica o mesmo princípio no Sermão do Monte, quando diz: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).

O fato é o seguinte: nossos interesses nunca estarão em primeiro lugar! No reino de Deus funciona assim: primeiro Deus, depois o outro, depois nós. Não importa o que façamos, sempre Deus deve ser o objetivo primordial e total. Melhorando a lista, o correto é: primeiro Deus, depois Deus e o outro, depois Deus e nós. Deus deve estar em todos os lugares da nossa lista e não só no primeiro.

Na época de Ageu, Deus mexeu no bolso do povo: “Tendes semeado muito e recolhido pouco; comeis, mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá para saciar-vos; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para pô-lo num saquitel furado” (Ag 1.6). Embora hoje possa ser que não sejamos prejudicados financeiramente por causa de nosso relaxo, todavia, nossa vida espiritual sofre um declínio óbvio! Se não sentimos isso com pesar, pode ser que estejamos flertando com Mamom, ou seja, “desde que não mexa com meu dinheiro, minha vida espiritual pode naufragar”!

Se você é a Casa de Deus, a pergunta permanece: Acaso, é tempo de buscardes vós as ambições deste mundo, enquanto esta casa [que é você] permanece em ruínas?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 13 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0596 - PARDAIS E CABELOS

 


Portanto, não temais; mais valeis vós do que muitos pardais” (Mt 10.31).


Os dias atuais são de muita tensão e desconfiança. Por um lado, temos o que George Orwell chamou de “O Grande Irmão” (Big Brother), ou “O Irmão Mais Velho” em seu livro chamado 1984, o Estado, que nos vigia com câmeras para nossa suposta segurança, com vacinas para nossa suposta saúde, com a “Teletela” (telescreen) para nossa suposta informação e assim por diante. Por outro lado, temos pessoas como o personagem Winston, que não era manipulado como a massa da sociedade. Enquanto esta era robotizada e não se lembrava de nada por causa do jogo de manobra do Estado, Winston se lembrava de muita coisa, mas não podia falar porque todos o achariam louco.

Sem dúvida alguma, o espírito do anticristo já está atuando no mundo, inclusive desde os dias dos apóstolos (1Jo 2.18). O Estado, como plataforma antideus, já está servindo de palco e também preparando a plateia para a manifestação do anticristo escatológico, o homem da iniquidade. Há pessoas manipuladas, que conversam aquilo que a mídia programa, enquanto há outros que pensam fora da caixinha e são considerados teóricos da conspiração.

Tudo isso, porém, vai descambar na perseguição aos fiéis servos de Cristo, uma vez que eles não têm outro modo de pensar, exceto aquilo que diz a Palavra. Entra moda e sai moda, entra ideologia e sai ideologia, mas o pensamento do cristão sobre o mundo em que ele vive é o mesmo de Jesus, dos apóstolos, dos pais da igreja, dos pais contemplativos, dos pré-reformadores, dos reformadores, dos puritanos, enfim. O mundo passa, diz o apóstolo, mas o que faz a vontade de Deus permanece (1Jo 2.17).

Porém, Jesus diz que não devemos temer a perseguição. Estes homens maus do tempo do fim acharão os crentes uma pedra em seu sapato, um povo a ser eliminado, pois continua com sua crença inabalável na Escritura e não se curva aos desejos dos dominadores. Eles podem matar o seu corpo, disse Jesus (Mt 10.28), mas não podem matar a alma. E quando Jesus nos chama à confiança, Ele usa dois exemplos irrisórios: os pardais e os cabelos.

Os pardais são pássaros insignificantes e sem valor de mercado (v. 29). Mesmo assim, eles só caem por terra pelo consentimento do nosso Pai! Quanto aos fios de cabelo, ninguém jamais se preocupou em contá-los, embora haja tecnologia bastante para isso. A questão nem é que não se consegue contar, mas que parece banal fazer isso. No entanto, diz nosso Senhor, isso não é de pouca importância para o nosso Deus!

O que o nosso Mestre quer dizer é que, se o Pai cuida até da queda de pardais insignificantes, Ele mesmo cuidará dos Seus filhos, independente se eles vão morrer pela perseguição ou não. Se o Pai Celestial contou os fios de cabelo de nossa cabeça, será que não contou também os dias da nossa vida, de modo que não podemos dar um passo a mais do que isso? Não se preocupe com telas, câmeras, política, vacinas, doenças, nada absolutamente poderá abatê-lo como a um pardal nem diminuir os dias de sua vida como cabelos que caem sem ninguém contar, exceto se Deus assim o decretar!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 10 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0595 - PERDOAR NADA MAIS É DO QUE OBRIGAÇÃO CRISTÃ

 


Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer” (Lc 17.10).


O contexto em que este versículo está inserido é um contexto que fala de perdão. Primeiro, Jesus fala daquele que promove escândalo, isto é, tropeço para os pequeninos na caminhada cristã: “Disse Jesus a seus discípulos: É inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual eles vêm! Melhor fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse atirado no mar, do que fazer tropeçar a um destes pequeninos” (vs. 1,2).

No v. 3, lemos que os que promovem escândalos devem ser repreendidos: “Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe”. Entretanto, ele deve ser perdoado se se arrepender, ainda que seus erros sejam repetidos (v. 4)! Os discípulos, não acostumados a isso, e sim com a limitação de perdão imposta pelos doutores da lei, ficaram sobremodo espantados: “Então, disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé” (v. 5).

A resposta de Jesus no v. 6, mostra aos apóstolos que perdoar é um ato de fé: “Respondeu-lhes o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá”! Nesse versículo, a amoreira representa a falta do irmão que pecou e transplantá-la para o mar representa o exercício do perdão.

Agora Jesus lhes conta uma parábola. Ninguém que tem um servo, um empregado que, ao voltar de suas tarefas, o fará assentar-se à mesa logo de cara. Antes, ele dirá ao servo que prepare primeiro a mesa para seu patrão e depois é que poderá servir-se (vs. 7,8). E de modo algum aquele senhor ficará agradecendo a seu escravo por ter cumprido o que era sua obrigação (v. 9)! Assim devemos ser nós, ao perdoarmos aquele que foi achado em falta. Não devemos nos gloriar disso, nem achar que é algo de mais. Pelo contrário, Jesus diz que temos que nos chamar de “servos inúteis”, porque não fizemos mais que nossa obrigação!

O grande problema que existe na igreja de nossos dias é exatamente este! Muitos se acham inerrantes e são impiedosos quando surpreendem alguém em uma falta! Eles usam o perdão como uma “carta na manga” para ter sempre seu irmão na corrente, para mantê-lo refém, como se o perdão fosse uma dívida eterna entre eles! Outros não perdoam e usam a falta de perdão como uma arma secreta a ser usada na primeira oportunidade que tiverem de jogar alguma coisa na cara.

Para nossa humilhação, Jesus diz que não! O perdão nada mais é do que uma obrigação cristã. Ninguém pode deixar de concedê-lo, tampouco pode usá-lo como motivo de glória para si mesmo, tentando mostrar o quanto foi generoso em perdoar! Jesus diz o contrário. Você perdoou? Ótimo! Mas ainda é um servo inútil, porque só fez o que foi mandado! Será que teríamos algo a oferecer ao nosso irmão além do perdão?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 9 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0594 - A INCREDULIDADE MANCHA, MAS NÃO DESMANCHA A PROMESSA DIVINA

 


Por causa de Sarai, o faraó deu muitos presentes a Abrão: ovelhas, bois, jumentos e jumentas, servos e servas, e camelos” (Gn 12.16 – NVT).


Os servos de Deus espalhados pela Bíblia tiveram suas falhas claramente demonstradas aos leitores, sem nenhuma intenção de escondê-las, como faziam os historiadores de outras nações e religiões. Isto porque a história da Bíblia não é a história do homem em relação a Deus, como dizem os ateus, mas a história de Deus em relação ao homem.

No cap. 12 de Gênesis, a partir do v. 10, o episódio foi bem vergonhoso para o grande patriarca. Primeiro porque, sendo a terra de Canaã atingida pela fome, ele não confiou na provisão do Senhor e partiu para o Egito por conta própria (v. 10). Sabemos que mais tarde, já experiente com Deus, este servo não duvida de seu Senhor e Deus, obedecendo-O até às últimas consequências, que seria sacrificar seu próprio filho! Mas por agora, ele ainda estava em aprendizado.

Segundo, porque ele combinou com sua esposa (assim como, mais tarde, Ananias e Safira) mentir para o faraó, alegando que ela era sua irmã, pois, devido à sua beleza encantadora, o rei do Egito, ao desejá-la, poderia ordenar a morte de Abrão para tomá-la por esposa (vs. 11-13). Além de mentir, nosso “herói” aqui estava interessado mesmo em salvar sua pele, esquecendo-se da promessa que Deus lhe havia feito, que dele e de sua esposa haveria de se formar uma grande nação (v. 2).

Assim fizeram e, por ele ter deixado sua mulher ser exibida perante faraó, a qual foi levada até para o seu palácio, o rei do Egito deu a Abrão muitos presentes que o tornaram rico, inclusive servos e servas (v. 16). Aqui é que está o grande problema que a incredulidade trouxe a este homem: entre os servos e servas que faraó lhe deu, estava Hagar, que mais tarde viria a ser pivô de mais um ato de incredulidade do casal, de quem nasceria um filho que iria perseguir a descendência de Abraão, desde que Isaque nasceu (21.9,10) até os dias de hoje, pois os árabes são descendentes de Ismael e fazem guerra contra os descendentes de Abraão...

Mas sabemos o que aconteceu. Muito embora a incredulidade possa manchar, todavia ela não pode desmanchar a promessa de Deus, pois Deus não depende da nossa fé! Deus livrou Sarai das mãos do faraó, livrou Isaque das mãos de Ismael, livrou Israel das mãos dos inimigos, até que Seu Filho – para Quem Isaque apontava – fosse enviado para trazer mais filhos para Abraão, que são os que creem em Jesus! Deus também tem nos guardado dos faraós e dos inimigos da nossa alma até que, como disse Jesus em Mt 8.11: “Muitos virão de toda parte, do Leste e do Oeste, e se sentarão com Abraão, Isaque e Jacó no banquete do reino dos céus”. – NVT.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 8 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0593 - A IGNORÂNCIA DAS BOAS INTENÇÕES

 


Também Davi, meu pai, propusera em seu coração o edificar uma casa ao nome do Senhor, o Deus de Israel. Porém o Senhor disse a Davi, meu pai: Já que desejaste edificar uma casa ao meu nome, bem fizeste em o resolver em teu coração. Todavia, tu não edificarás a casa; porém teu filho, que descenderá de ti, ele a edificará ao meu nome” (2Cr 6.7-9).


Há um conceito popular no meio dos cristãos de nossa época que diz que Deus Se agrada daquilo que está em nosso coração. Costumamos dizer que “Deus olha para o coração”, usando as palavras de Deus para Samuel, quando foi ungir a Davi como rei. No entanto, o que Deus quer dizer com isto é que Ele olha para o coração, para ver se o coração do homem está de acordo com Sua vontade e não se o coração do homem tem boas intenções.

Davi desejou construir uma casa para Deus, visto que, até à sua época, o santuário era uma tenda e não uma casa. Como Davi já morava numa casa, num palácio, nada mais justo para o coração de um homem de Deus se preocupar em também fazer uma casa para Deus. Mas boas intenções para Deus não são suficientes para Lhe agradar.

Davi não compreendia, por exemplo, que o santuário tinha que ser mesmo uma tenda e não uma casa, pelo fato de que Deus, quando fosse enviar Seu Filho, não O enviaria para ficar na terra para sempre e sim temporariamente. Por isso é que João diz que o Verbo Se fez carne e Se tabernaculou entre nós (Jo 1.14). O corpo definitivo de Cristo é o corpo de Sua ressurreição e não de Sua carne. Claro que Davi não iria entender isso!

Davi também não poderia compreender que Deus quer mesmo é habitar no meio (ou dentro) do Seu povo e não em uma casa. Claro que Davi e Salomão sabiam que Deus não precisa de uma casa para habitar, pois Deus está além de tudo (1Re 8.27). Nem era por isso que Davi queria fazer uma casa para Deus, mas sim porque ele queria agradar a Deus. Pela sua fala em 2Sm 7.2, Davi pensava que Deus Se sentiria humilhado pelo fato do rei de Israel ter uma casa e Deus não.

Uma vez que Deus deseja habitar entre Seu povo, o que mais poderia estar de acordo com essa vontade era um tabernáculo e não um templo. Ou seja, assim como o tabernáculo era móvel e temporário, assim também a peregrinação do povo de Deus aqui na terra é temporária e móvel. Somente no futuro escatológico é que nós seremos o templo fixo de Deus. Enquanto estamos na terra, não estamos glorificados, embora Ele já habite em nós por Seu Espírito.

No fim das contas, Deus permitiu a construção do templo, mas não por Davi, cujas mãos estavam contaminadas do sangue da guerra (1Cr 28.3). Um homem de paz haveria de construí-lo (o nome Salomão vem de shalom, paz). Isto porque apontava para a casa final, onde não haverá mais guerra nem morte.

Mas o que é importante ver aqui é que nem sempre aquilo que está no nosso coração, por mais bem-intencionado que seja, significa que irá agradar a Deus. Ele Se agrada apenas daquilo que é Sua vontade, caso contrário, as boas intenções não servem de nada!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 7 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0592 - BELAS CIDADES QUE AFRONTAM A DEUS

 


Ló ergueu os olhos e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem-regada, como o jardim do Senhor, como a terra do Egito, até a região de Zoar. Isto foi antes de haver o Senhor destruído Sodoma e Gomorra” (Gn 13.10).


A cada leitura da Palavra de Deus, nossa mente se abre para mais coisas que não havíamos percebido antes. Uma leitura profundamente espiritual nos faz ver as cidades com olhos diferentes. Cidades são construções e desenvolvimento das sociedades dos homens. Parece que não há nada de errado com isso. No entanto, quanto mais você lê a Escritura, mais você nota que as grandes civilizações nada mais foram do que expressões de rebelião contra Deus e Seu governo.

Notamos isso no exílio de Caim. A princípio, temos a impressão de que ele foi o primeiro pecador. Mas é claro que não. Ele foi o primeiro homicida, o praticante de uma espécie de pecado, mas ele tinha muitos irmãos e irmãs pecadores! Quando ele sai errante pela terra, logo ele encontra uma civilização, uma cidade, a terra de Node (Gn 4.16)! Seus irmãos já haviam se espalhado e criado uma sociedade, onde Caim encontra uma mulher com quem se casa, provavelmente sua irmã, sobrinha ou sobrinha-neta.

Não há dúvida alguma de que foi em suas civilizações que os homens estenderam seus pecados contra o Senhor. Após o dilúvio, Ninrode se põe a construir não só uma torre, como imaginamos, mas várias cidades. “O princípio do seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar. Daquela terra ele foi para a Assíria e edificou Nínive, Reobote-Ir e Calá. E, entre Nínive e Calá, a grande cidade de Resém” (Gn 10.10-12). Nem precisamos dizer como foi sua rebelião contra Deus na construção da torre...

Não foi diferente com Ló que, embora não tenha construído cidade alguma, ficou encantado com a beleza daquela a qual seus olhos contemplaram! Parecia com o “jardim do Senhor”, diz o versículo que lemos. Mas também se parecia com o Egito – esta era Sodoma, esta era Gomorra! Os encantos das cidades que afrontam a Deus, muitas vezes suplantam o seu real estado de putrefação de pecado que nelas habita!

Não pense você que é diferente com as grandes cidades de hoje. Paris, Los Angeles, São Paulo, Pequim, Londres, enfim... todas as cidades são desafiadoras de Deus e Seu governo. Não importa se são grandes ou pequenas, todas as civilizações querem a beleza do jardim do Senhor, mas escravizam e matam como o Egito!

Por isso que o apóstolo João diz que as cidades que assassinam as testemunhas de Jesus são chamadas de “Sodoma e Egito” – elas também crucificaram o nosso Senhor (Ap 11.8). Não pense que isso se refere só a Jerusalém! Todas as mataram Jesus e ainda matam Seus discípulos. Não se iluda com este mundo. Ele parece belo, mas o centro de sua intenção é rebeldia e afronta contra Deus. O que Ló contemplou foi antes de haver o Senhor destruído Sodoma e Gomorra. O que você contempla hoje em todas as cidades também. É uma bela aparência antes que o Senhor destrua!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 6 de julho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0591 - OU MISERICÓRDIA OU NADA!

 


Por acaso o etíope pode mudar a cor da sua pele? Ou o leopardo pode tirar as manchas de seu pelo? É claro que não. Da mesma forma, vocês são incapazes de fazer o que é certo, porque já estão acostumados a fazer o mal” (Jr 13.23 – NBV)!


A doutrina da Depravação Total não é, como alguns acusam, uma invenção de Calvino ou dos calvinistas. Embora tenha esse nome, a doutrina é bíblica desde o AT. Claro que devemos procurar dar nomes às doutrinas de acordo com os nomes que já existem na Bíblia. Mas, mesmo havendo uma nomenclatura diferente, o que deve ser avaliado não é se o nome da doutrina está na Bíblia e sim se o seu conteúdo é bíblico. Um exemplo disso é a doutrina da Trindade, cujo nome não existe na Bíblia, mas seu conceito é inquestionavelmente bíblico.

A doutrina ensina que o homem já nasce em pecado, ensina também que cada faculdade do seu ser foi radicalmente afetada e contaminada pela Queda, ensina que não há nenhuma disposição na natureza humana sem Cristo em se interessar pelas coisas espirituais e que todo o bem que as pessoas fazem fora de Cristo é originado por motivações egoístas.

Agora, o que a doutrina não ensina é que o homem esteja absolutamente depravado, isto é, que ele seja tão mau quanto poderia ser, assim como os demônios o são. Ao contrário, o homem ainda é limitado pela graça restritiva de Deus, que não o deixa ser pior, pelo menos por enquanto. Ela afirma que todas as nossas faculdades foram afetadas pelo pecado, umas mais e outras menos, mas nenhuma delas deixou de ser.

Um exemplo disso é que antes do dilúvio, Deus disse que o Seu “Espírito não continuará com o homem, visto que ele é todo mau” (Gn 6.3 – NBV). E mesmo depois do dilúvio, Deus disse novamente: “Nunca mais voltarei a amaldiçoar a terra por causa dos seres humanos, ainda que a inclinação dos seus corações seja sempre para o mal desde a infância” (Gn 8.21 – NBV). No entanto, Deus também disse a Noé que Sua imagem estava no homem, mesmo este caído: “Quem derramar o sangue de um ser humano, pelo ser humano seu sangue será derramado, pois ele foi criado à imagem de Deus” (Gn 9.6 – NBV).

A implicação desta doutrina não é agradável para as pessoas. Até mesmo muitos crentes não gostam do resultado inevitável desta doutrina. Ou seja, que o homem não pode e nem quer sair de seus caminhos de pecado e voltar-se para Deus. Isso é tão óbvio e simples, dadas as informações bíblicas sobre esta doutrina e o que vemos dia a dia em nossa experiência, entretanto, nem ímpios nem muitos crentes aceitam essa decorrência.

Mas é o que Deus diz por Jeremias. O etíope não pode mudar a cor de sua pele nem o leopardo mudar suas manchas. Eles nasceram assim. Desta mesma forma, o homem não pode fazer nada para mudar a inclinação de seu coração, pois já nasceu mau! Ele nem pode e nem quer. O que sobra para os seres humanos? Apenas uma coisa: a misericórdia de Deus. Ou é isso ou não é nada!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson