Estamos
à beira das eleições para definir os governantes de nossa cidade pelos próximos
4 anos. Será neste domingo. Entretanto, não posso deixar de falar sobre
algumas questões importantes para nós como igreja, uma vez que não nos
comportamos como o mundo e nem a ele pertencemos (Jo 17.16). Mas ainda estamos
no mundo (Jo 17.11) e precisamos saber, ou pelo menos nos lembrar de que
maneira reage o filho de Deus que ainda habita neste mundo (Fp 2.15).
As
considerações que farei a seguir usam a Palavra de Deus como norte para
procedermos com prudência diante da nossa responsabilidade como cidadãos.
Todavia, quero ressaltar que estamos num mundo caído e, consequentemente, toda
forma de governo humano é falha e corrompida, pois quem está no poder é o homem e este corrupto. Mas Deus permitiu essa gama de sistemas de governo, uma vez que na
forma teocrática (Deus como governante) o povo não conseguia preencher os
requisitos santos e perfeitos de Deus. Surgiram então a monarquia, a república,
o parlamentarismo, presidencialismo, democracia, regimes ditadores, com
variados sistemas econômicos como socialismo, capitalismo, comunismo, etc. Bem,
não importa qual seja o sistema de governo ou econômico de um país, todos eles
são marcados pela corrupção e pela mancha enorme de pecado que existe no
coração humano. Então vou me limitar ao nosso sistema que é o democrático
presidencialista capitalista, e mostrar como deve ser a participação de um
cristão verdadeiro na sua atividade sociopolítica, porque, querendo ou não, o
cristão é um ser social e político.
A PRÁTICA DA ORAÇÃO PELOS
GOVERNANTES NÃO ESGOTA NOSSO EXERCÍCIO DE CIDADANIA (1Tm 2.1-3)
Que
devemos orar pelos nossos governantes todos nós já sabemos. O problema é que
nem sempre nos atentamos para o fato de que só orar não basta. Nós vivemos num
país democrático e todos temos o direito de exercer a nossa cidadania. Quando
Paulo escreveu esse texto a Timóteo, eles viviam num regime monárquico, onde,
mesmo com a presença do senado romano, o domínio era realmente do imperador. Em
outras palavras, não havia muito o que o cristão fazer em termos de exercício
de cidadania. Paulo tinha cidadania romana, mas isso não era privilégio da
maioria dos cristãos, portanto, o que podiam fazer mesmo era orar.
Porém
hoje, nós vivemos num país de livre expressão. Nossa cidadania pode ser
exercida com liberdade. Podemos fazer algumas coisas além de orar. Paulo, por
exemplo, exerceu sua cidadania romana na cidade de Filipos (At 16.36-39).
Na
época de Paulo, eles não podiam eleger seus governantes. Os reis assumiam o
trono de seu pai, ou algumas vezes havia conspirações para colocar outra
família no trono. Com isso nasciam tramas, traições e muitos assassinatos. Em
nossa época é tudo diferente. Nós podemos escolher nossos governantes para nos
representar; nós podemos cobrar dos nossos representantes, caso não estejam
cumprindo seu dever para com a sociedade. Continuamos sendo cidadãos, mas somos
mais que isso, somos cristãos, somos representantes do Rei dos reis, o Qual
governa com justiça e equidade. E é isso que devemos exigir dos nossos
representantes no governo. Sabemos que ninguém tem condições humanas para reger
com justiça, mas não podemos negar que ainda existe um pouco da imagem de Deus
na humanidade e é isso que temos que exigir que seja demonstrado. O que não
podemos fazer é pecar. Protestar e ser voz profética podemos e devemos.
Engraçado
é que ouço muitos cristãos falarem que crente não se envolve com essas coisas,
alguns até com ares de santidade, mas por trás vendem seu voto a troco de
migalhas, de favores banais e ficam de rabo preso com corruptos, participando
de sua corrupção. Ainda pensam que são eternos devedores por causa de um favor
pessoal que recebeu daquele político imoral. Mas quero falar sobre outra coisa
intimamente ligada a essa.
O VOTO É UMA BÊNÇÃO DE DEUS
Há
praticamente três desencontros que algumas pessoas cometem com seu voto: uns jogam-no fora (anulam ou votam em branco), alegando que não têm ninguém em quem votar, ou que
não se importam com a cidadania, outros dizem que vão votar em qualquer um (não
têm critério) e outros negociam seu voto como já falamos. O voto é uma
conquista de um povo que lutou pelo banimento da ditadura militar e colocou na
mão do povo o direito de escolher quem ele quer que seja seu governante. E isto
veio com a permissão de Deus. Há países que não podem exercer o direito de
mostrar quem o povo gostaria que fosse seu governante. É claro que estamos
longe de termos um representante que seja realmente confiável, como já vimos as
razões para isso. Mas não devemos desperdiçar a chance de praticar a mais
simples expressão de liberdade de cidadania que se pode ter: votar.
Os
apóstolos, antes da descida do Espírito Santo, propuseram lançar sortes para
escolher um dentre dois candidatos que preenchessem os requisitos do ministério
apostólico (At 1.15-26). Em At 6.3,5 a igreja escolheu 7 homens para preencher
as vagas de diáconos. E em At 14.21-23 foi feita uma eleição de presbíteros nas
igrejas de Listra, Icônio e Antioquia.
Observe
que para fazer a candidatura, os pretendentes deveriam preencher certas
qualidades antes mesmo de serem colocados à escolha. Então eram escolhidos os
melhores entre os que já preenchiam as exigências. Claro que estamos falando de
governo eclesiástico, mas como já disse, a Bíblia nos dá um norte para
praticarmos nossos direitos e deveres.
Antes
de votarmos, e até mesmo antes de analisar os candidatos, deveríamos conhecer
quais são os requisitos que eles devem preencher. Só então podemos analisar os
que forem os melhores para que sejam dignos do nosso voto.
Quando
anulamos ou votamos em branco (o que é um direito), estamos dizendo duas
coisas: ou que nós não temos opções, ou que nós não nos importamos. Mas, entre
os homens caídos, há alguns que ainda manifestam um pouco mais da imagem de
Deus do que outros; ainda há aqueles que preenchem mais do que outros os
requisitos para o cargo que pretendem ocupar. Esses merecem nosso voto.
Sobre
a questão de vender o voto, ou trocá-lo por algum benefício, nós aprendemos com
Daniel, que rejeitou os presentes, as propostas e as glórias do reino de
Belsazar (Dn 5.16,17). O crente não vende nem troca seu voto. Ele não é
egoísta, que olha só pro seu umbigo; ele olha para a cidade, para todos, ele
ora e busca a paz na cidade e não benefícios pessoais (Jr 29.7). O homem é um
ser comunitário, então é óbvio que nossa busca pelo bem deveria ser um bem
comum a todos. A Bíblia diz que devemos nossas obrigações para com o Estado (Rm
13.7). Então, na hora de requerer, devemos requerer com vistas ao bem comum e
não pessoal. Alguns dizem: “Mas todo mundo faz isso”... E a Bíblia diz: “Deixa
aos mortos o sepultar os seus próprios mortos” (Lc 9.60).
UM REPRESENTANTE QUE PROJETE
NOSSA CONCEPÇÃO DE MORALIDADE
Essa
é nossa primeira eleição onde já passa a valer a lei da ficha limpa. Mas pelo
visto, parece que essa lei não está fazendo quase nenhum efeito nem por parte
da justiça nem tampouco do povo. Por parte da justiça, os candidatos sujos
acabam sendo julgados com decisão favorável; e por parte do povo, as pessoas
continuam votando no indivíduo corrupto.
Mas
não para nós cristãos. Os cristãos devem colocar no poder aqueles candidatos
que melhor projetem a nossa concepção de moralidade. Não se pode admitir que um
cristão vote numa pessoa cujo passado político é comprovadamente imoral. Os
crimes eleitorais passam desde a compra de votos até o enriquecimento ilícito
com o erário público, muitos desses crimes são denunciados, investigados e
comprovados e, por incrível que pareça, muitos crentes continuam dando sua
parcela de contribuição para que a corrupção continue. Só pode ser por algum
motivo, ou muito ingênuo ou muito corrupto para que cristãos façam isso. Ou se
está ganhando algum benefício pessoal ou eclesiástico com isso (uma vez que
muitos pastores também se vendem e vendem seu rebanho a troco de favores para
sua igreja), ou é porque está sendo ludibriado pelo carisma do candidato, que
sabe falar bem, abraça o povo, chora nos palcos de comícios, dá tapinha nas
costas e promete um paraíso. Infelizmente há pessoas que votam em um candidato
porque receberam dele um abraço ou um sorriso...
Em 1Tm 2.2 diz no final do versículo que o objetivo de
orarmos pelos políticos é “para que vivamos uma vida tranquila e mansa, com
toda piedade e respeito”. Essa última palavra pode significar “seriedade moral”
tanto da nossa parte como da dos governantes. A pergunta é: que concepção de
moralidade nós temos quando votamos num ser corrupto sob as máscaras de
bonzinho? Até quando vamos ter a ilusão de que político gosta da gente? Podemos
dizer que a minoria dos políticos trabalha realmente pelo povo. A esmagadora
maioria está ali para fazer seu “pé-de-meia”.
Pesquise
se o seu candidato está com a ficha limpa ou não. Não faz sentido se você diz
que tem moral e vota num imoral, porque afinal essa é sua concepção de
moralidade. Infelizmente a Lei ainda permite campanhas destes.
CONCLUSÃO
Vamos
resumir o que propusemos aqui nesta mensagem:
Devemos orar
pelos nossos governantes, mas precisamos agir com o exercício da cidadania
porque temos liberdade para isso.
Não devemos
jogar fora nosso voto, nem votar sem critério, antes, devemos escolher aqueles
que preenchem os requisitos para o cargo a que concorrem.
Crente que
vende seu voto é egoísta e inconsequente; só pensa em si mesmo e não se importa
com as consequências de um governo corrupto.
Devemos votar
naquele candidato que mais reflete nossa ideia de moralidade.
Candidatos
simpáticos e alegres não devem nos enganar, pois não olhamos a aparência e sim
a conduta anterior, se têm ou não problemas com a justiça.
Dia tes písteos.
Pr. Cleilson
Pr Cleilson, o senhor não mencionou os candidatos ao argo de vereador... estes são os que criam as leis municipais! dentre os muitos candidatos, há aqueles que foram eleitos e nada fizeram para o povo... há os que serão eleitos e nada farão pelo povo... e há os que dizem fazer algo pelo povo... na verdade, acho que o crente deve exerer, sim, o seu direito de cidadania; só não gosto da ideia do crente se envolver na política, defendendo este ou aquele candidato... acho que devemos votar e acolher a decidão da maioria, orando em todo tempo, para vivermos em paz com todos, se possível.......... abraços...
ResponderExcluirO texto procurou ser o mais generalizado possível, ou seja, as aplicações podem ser feitas a todos os cargos concorridos. Quando o texto diz "devemos escolher aqueles que preenchem os requisitos para o cargo a que concorrem", mostra que a população muitas vezes vota sem saber necessariamente qual o papel de um vereador, ou prefeito, ou deputado, etc. O cristão deveria estar por dentro disso e alertar uns aos outros, claro sem influenciar para este ou aquele candidato, mas mostrar as consequências de se escolher um que não preenche as qualidades necessárias.
Excluiragora entendi... e concordo plenamente.........
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