Recebi um e-mail de um amigo que me perguntava acerca da letra de uma música da Jozyanne "Herança".
Não sou fã dessas canções com cunho de Velho Testamento, porque na maioria das vezes, os compositores chegam a conclusões absurdas e as aplicam às tais canções. Se a música tiver uma aplicação correta, ainda vai. Mas geralmente se mistura teologia do AT com aplicações para a época da graça, numa mistureira tão braba que fica difícil engolir...
Não conheço essa música, nem essa cantora. Mas pela letra que vocês podem escutar, eu chego às mesmas conclusões. Pegam textos do AT e compõem canções com aplicações completamente estranhas ao sistema neotestamentário.
Muitas dessas pessoas querem gravar e cantar o que o povo gosta de ouvir e comprar. Pelo contexto da música, parece que ela quis dizer de bênçãos materiais, pois há muito tempo não ouço hinos que valorizam a vida eterna. Outra coisa, a vida eterna não se perde. Ou se tem, ou não se tem. Mas aposto que nem disso eles sabem (quem canta ou quem compôs a música)! Na verdade, eles misturam com versículos do NT pra dar a impressão de que vai fazer sentido, mas vira uma salada!
Que herança nós temos? Paulo diz que temos herança em Cristo, somos co-herdeiros (Rm 8.17).
Nossa herança é a salvação em Cristo. São as bênçãos da eleição, da santificação, da predestinação, da adoção, da redenção dos pecados e do selo da promessa (Ef 1.3-14). Pode ser que os defensores deste hino venham dizer que ela se refere à salvação, mas eu duvido. Só a 1ª frase da canção já descarta essa hipótese. "Deus, quero minha herança"??? Quem somos nós para exigir alguma coisa de Deus??? Se estivesse falando de salvação, não faria sentido, pois ninguém exige a salvação de Deus! Ao Senhor pertence a salvação, e Ele dá a quem Ele quer (Jo 5.21).
Se quer fazer como Calebe, então se desgaste na obra de Deus, evangelizando, vivendo a vida cristã com dignidade, santidade, seja servo submisso como foi Calebe, que apesar de ser um dos espias que não temeu, todavia não tentou usurpar a liderança de Josué. Nunca subiu à sua cabeça a hipótese de ser um vice de Josué. Agora, essa coisa de exigir de Deus é o fim da picada! Tá igual aquela canção "restitui... eu quero de volta o que é meu". Misericórdia! Quem somos nós pra dar ordens a Deus! E mais, restituir o quê? Se eu perdi é porque não era bênção! Então pra que vou desejar de volta?
Bem, essas coisas realmente não entram na minha ideia e não poderiam fazer parte da igreja de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo! Ele nos ensinou a amar as coisas humildes e não ficarmos bradando algum grito de guerra, ou de vitória. Pois até o anticristo vencerá (fisicamente) os santos de Deus (Ap 13.7). Nossa vitória é espiritual, é vitória de perseverança na fé, é vitória de suportar perseguições por amor ao verdadeiro evangelho, é tomar a cruz.
Amados, fico observando os crentes de hoje. São verdadeiros idólatras, produtores de deuses. Mal alguém sai do Olodum, por exemplo, já estão lá os crentes endeusando aquela pessoa, comprando seus novos álbuns evangélicos, porque agora fulano "se converteu", etc. Daí a pouco aquela pessoa que saiu de não sei de onde lá no mundo (talvez até por frustração de não ter feito o sucesso tão desejado), começa a gravar cd's e dvd's e usa o nome daquilo que é velho para começar o novo. "Ex-Olodum", "ex-pai-de-santo", "ex-trapalhão", ex-isso, ex-aquilo, e os crentes se alvoroçam em torno disso, como se, por não poderem adorar tal pessoa, ou tal banda, porque é do mundo, agora basta "se converter" que já vai todo mundo "descontar" o tempo perdido em que não podia idolatrar, para então praticar a idolatria gospel.
Mas não vemos esses "novos convertidos" famosos ficarem no banco da igreja, aprendendo, sendo discipulados, entrando na crise da mudança de identidade mundana para cristã. Enquanto eles não aprendem, transmitem para os "antigos" das igrejas o que não sabem. Por isso toda essa parafernalha nas letras musicais.
Que Deus tenha misericórdia de nós!
Dia tēs písteōs.
Pr. Cleilson
Dia tēs písteōs.
Pr. Cleilson
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