“Então os homens de
Israel disseram a Gideão: Domine sobre nós, tanto você como o seu filho e o
filho de seu filho, porque você nos livrou do poder dos midianitas. Porém
Gideão lhes disse: Não dominarei sobre vocês, nem tampouco meu filho dominará
sobre vocês. O Senhor Deus dominará sobre vocês” (Jz 8.22,23).
Uma das mais famosas histórias da Bíblia é a vitória de Gideão com seus 300 homens sobre os midianitas, inimigos ferozes do povo de Israel na época dos juízes. A história é tão empolgante que nos esquecemos que começou com um homem medroso, que se tornou confiante e terminou orgulhoso.
Depois de ter-se consolidado como um verdadeiro libertador de Israel da opressão midianita, Gideão foi solicitado pelos israelitas a ser seu rei. Esse desejo de ter um homem que os governasse já vinha se desenhando no coração do povo de Deus. Mas a resposta dele foi como lemos: nem eu nem meu filho e sim o Senhor Deus será o vosso rei.
Mas veja o que ele fez logo após ter dito tais palavras. Pediu as argolas e os pendentes que os israelitas saquearam dos midianitas na guerra. Essa prática era comum a reis. Eles eram quem costumavam receber a seus pés os despojos de guerra, para serem reconhecidos como heróis. O peso desse material chegou a aproximadamente 20 quilos de ouro, afora os ornamentos, os pendentes, as demais vestimentas caras e os enfeites que vinham aos pescoços dos camelos!
O resultado dessa “doação” espontânea e generosa foi assim relatado pelo autor do livro dos Juízes: “Disso Gideão fez uma estola sacerdotal e a pôs na sua cidade, em Ofra. E todo o Israel se prostituiu ali, adorando essa estola” (v. 27). Como sabemos, em geral, o autor do livro não faz juízo de opinião. Mas nesse caso ele não deixou barato. Ele escreveu: “E isso veio a ser um tropeço para Gideão e toda a sua casa”.
Não somente isso. Gideão também quebrou o mandamento de Dt 17.17, que dizia para não multiplicar para si esposas. Não sabemos quantas ele teve, mas gerou delas 70 filhos, todos tendo ele mesmo como pai (v. 30)! Ainda outra coisa, Gideão deu um nome a um de seus filhos de Abimeleque que, em hebraico, significa “meu pai é rei”. O que ele queria dizer com isso?
Esse é o grande problema da hipocrisia. Às vezes dizemos atribuir a glória para Deus, mas logo estamos ali, às voltas, para roubá-la dEle. Falamos que Ele é que tem que ser reconhecido, mas estamos pedindo que as pessoas depositem diante de nós algumas ofertas de reconhecimento do nosso trabalho, da nossa oração, essas coisas...
No fim das contas, estaremos rodeados de idólatras adorando
nossa estola, isto é, nossas vestes sacerdotais. E, quer saber? Não vamos nos
importar com isso... inclusive usaremos um nome para alguma coisa em nossa
homenagem, como Gideão fez, dando a seu filho um nome que indicava que o pai do
garoto, ou seja, o próprio Gideão, se considerava realmente rei. Que Deus nos
livre da hipocrisia, da falsa humildade, do orgulho escondido!
Día tes písteos.
Pr. Cleilson
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