segunda-feira, 30 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0587 - DEUS É UM

 


Porque, ainda que existam alguns que são chamados de deuses, quer no céu ou sobre a terra — como há muitos ‘deuses’ e muitos ‘senhores’ —, para nós, porém, há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos” (1Co 8.5,6a).


Quando se diz que Deus é um, o significado disso é que Ele é singular, isto é, não há outro que concorra a Seu nível, não há outro que Lhe seja superior, nem há outro que Lhe seja inferior. A pluralidade de deuses crida em outras religiões é fruto da imaginação do homem pecador. O plural de Deus deveria ser uma contradição; entretanto, existe por causa do pecado no coração da humanidade.

Só pode existir um ser divino, pois dEle se derivam todos os demais seres e todas as demais coisas. Por ser único, Deus é o ser necessário, isto é, autoexistente. Ele existe por necessidade, pois sem Ele nada poderia existir e Ele mesmo não poderia não existir. Os demais seres são contingentes, ou seja, podem ou não existir. Já parou para pensar que você poderia nunca ter existido? Ou talvez que, se você não existisse, alguém poderia existir em seu lugar, ou não existir ninguém em seu lugar? Pois é, isto é a contingência dos seres derivados. Deus não tem isso. Se Ele não existisse, não haveria a menor hipótese de alguém poder pensar em não existir, pois não existiria nada.

Muitas religiões orientais, como o zoroastrismo, por exemplo, ensinam o dualismo, a saber, a coexistência do mal e do bem desde sempre, cada elemento destes derivando de um deus diferente. Entretanto, isso é ilógico, pois se assim fosse, nenhum de nós desejaria que o bem vencesse, ou ficaria angustiado quando o mal se sobrepusesse ao bem, como tanto vemos em nosso mundo. Se desejamos que o bem vença o mal, isto quer dizer que o mal não é bem-vindo, portanto, não é eterno.

A unidade de Deus é uma doutrina que exclui o politeísmo (muitos deuses), o henoteísmo (um deus acima de vários), o ateísmo (nenhum deus) e a idolatria (pessoas ou coisas que concorrem com Deus na adoração). Ao dar a lei máxima para Israel, Deus disse o seguinte sobre Sua unidade: “Escute, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt 6.4). Então, por causa disso, porque Deus é um só, Ele prossegue dizendo: “Portanto, ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e com toda a sua força” (v. 5). Se houvesse outro deus, então você poderia dividir seu coração, sua alma, mas como só há um, então todo seu coração e toda sua alma devem se inclinar em amor diante dEle.

A unidade de Deus não exclui, porém, Sua pluralidade de Pessoas. E esta pluralidade de Pessoas na essência de Deus não divide Sua divindade. Não há três deuses – há um só Deus! A divindade não é “composta” de Pai, Filho e Espírito Santo. Antes, estas três divinas Pessoas são intrínsecas ao ser divino.

Finalmente, Deus ser um preserva Sua glória! Ela não pode ser dividida! Quando você adora a Deus, você não divide um pouco de adoração para cada Pessoa da Trindade, como alguns quiseram dizer, que o Espírito Santo fica com ciúmes quando você adora só ao Pai e ao Filho... isto é aberração! Quando você adora a Deus, você O adora em Sua unidade, em Sua indivisibilidade e em Sua singularidade!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 29 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0586 - DEUS É ESPÍRITO

 


Deus é Espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.24).


Quando ouvimos sobre este versículo, geralmente a exposição é para explicar o que significa adorar a Deus em espírito e em verdade. Mas raramente se ouve uma explanação sobre a primeira frase, a saber, que Deus é Espírito.

Essa declaração de Jesus acerca de Seu Pai deve ser distinguida de forma clara na Trindade. Deus ser Espírito não quer dizer que Deus Pai é o Deus Espírito Santo ou vice-versa. Logicamente o Espírito Santo é Deus, mas não é o Pai. Por outro lado, Deus Pai é Espírito, mas não é a Pessoa do Espírito Santo. Em outras palavras, o Espírito Santo é Deus porque é divino, mas não é o Pai porque é outra Pessoa.

Então o que quer dizer que Deus é Espírito, mas não é a Pessoa do Espírito Santo? Isso significa que Deus é um ser espiritual, isto é, Ele não tem corpo ou características físicas. Para nós vermos que a essência do ser não precisa de forma! Esta lição do ser espiritual de Deus, Sua invisibilidade, nos ensina algo mais.

Deus não pode ser adorado em figura ou imagem, pois isso seria diminuir o ser de Deus para uma determinada aparência. Por isso a proibição do 2º mandamento, a saber, não fazermos para nós imagens de escultura a fim de tentarmos ver Deus nelas. O mesmo serve para os que adoram a criação, a natureza, bem como para os que adoram uma imaginação sobre Deus. Tudo isso é um atentado contra a grandeza única de Deus, uma tentativa de rebaixá-lo à condição do que Ele criou, o que é uma afronta absurda!

Deus ser Espírito nos ensina que a adoração só pode ser verdadeira se for feita em espírito mesmo, ou seja, não ligada a nada que surja da nossa imaginação. Qualquer adoração que alguém diga prestar a Deus, mas que envolva algum tipo de imagem, seja na mente ou diante de si, tal adoração é repudiada, pois não passa de idolatria.

Deus ser Espírito está, na verdade, nos preservando da idolatria. Quando nós idolatramos, não podemos alcançar a bem-aventurança da existência, pois esta consiste na adoração verdadeira. A idolatria é apenas uma caricatura da adoração, uma busca do pecador por suprir uma necessidade que veio da Criação. Por isso que nenhum idólatra é feliz. Aliás, no fim, ele será condenado (Ap 21.8).

Porém, quem adora a Deus em espírito, este sim, é bem-aventurado, pois adora a Deus em Sua essência, pensando em Seus atributos revelados na Escritura e se regozija nisso e não em uma imagem. O homem foi criado para adorar a Deus e nisso encontrar sua felicidade. E Deus existe desde sempre para ser adorado, por isso, quanto mais espiritualmente O adoramos, mais felizes somos e mais engrandecido Ele é.

Portanto, ao adorar a Deus em suas orações, se você não consegue se encantar fabulosamente com os atributos dEle, sua imaginação sobre a forma dEle é que não vai lhe encantar! Admire-se, espante-se, surpreenda-se, maravilhe-se com os atributos de Deus e isto será adorá-lo em espírito e em verdade!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 26 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0585 - DEUS É LUZ

 


Esta é a mensagem que dele ouvimos e transmitimos a vocês: Deus é luz; nele não há treva alguma” (1Jo 1.5 – NVI).


A doutrina da santidade de Deus está explícita na Escritura desde Gênesis até Apocalipse! Quando se diz que Deus criou a luz, ainda que não seja a luz do sol (que só foi criado no 4º dia), também não é a luz espiritual, pois esta já existia com Deus, uma vez que, como lemos agora, Deus é luz! Ele não Se tornou luz. A luz criada em Gn 1.3 não existia e veio a existir mediante o comando de Deus, conhecido em latim como fiat lux! Se Deus é luz e é eterno, então a luz de Deus existe desde sempre com Ele.

Dizer que Deus é luz é dizer que Ele é santo, bom, verdadeiro, justo, fiel, sábio, tem a vida, essas qualidades relacionadas à figura da luz. É o oposto das trevas, da escuridão, da ignorância, do pecado, da teimosia, das obras malignas e da morte.

O salmista declarou com exatidão quando disse: “Pois em ti está a fonte da vida; graças à tua luz, vemos a luz” (Sl 36.9 – NVI). Ele está dizendo que o homem não pode possuir luz de si mesmo. Toda luz que o homem tem, seja em que área for da sua vida, essa luz vem de Deus – somente na luz dEle é que temos alguma luz aqui.

Deus poderia ser luz tranquilamente sem ter que revelá-la a qualquer um de nós. Isto de modo algum diminuiria a Sua luz ou qualquer de Seus santos atributos que ela representa. Entretanto, Ele quis trazer esta luz ao mundo sombrio dos pecadores. E isto Ele fez de duas formas, uma geral e outra especial.

De forma geral, Ele Se revela em duas áreas: na criação e na consciência. Os céus declaram a glória de Deus, disse Davi no Salmo 19 e Paulo diz que nós, muitas vezes, pela consciência fazemos coisas equivalentes à lei de Deus, mesmo sem tê-la conhecido (Rm 2.14,15). De forma especial, Deus enviou Sua luz pela lei e depois por Cristo. Paulo disse que a lei teve sua glória, seu brilho, mas era desvanecente. O brilho, porém, do evangelho por meio de Cristo é inapagável!

Porém, a teologia joanina (como em toda Bíblia) não é só conhecimento intelectual. Ela também deve resultar em vida e experiência. Após ter dito que Deus é luz, ele joga uma grande responsabilidade sobre nós acerca dessa teologia. Ele diz: “Se afirmarmos que temos comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade” (v. 6).

É uma coisa óbvia, pois a luz não caminha com as trevas (2Co 6.14). Entretanto, não parece óbvio para muitos crentes. Dizem que têm comunhão com Deus, mas sua conduta não é semelhante ao que a luz representa. Não é conduta clara, verdadeira, honesta, santa; antes é conduta semelhante a trevas, cheia de engano, orgulho, vergonha e desonra.

Já o crente que anda na luz é diferente. Ele tem comunhão com os demais crentes e o sangue do Filho de Deus lhe purifica de todo pecado (v. 7). Observe que mesmo aquele que anda na luz peca. Entretanto, ele não se esconde, ele não vai para as sombras, ao contrário, vem para a luz para que suas obras sejam manifestas, pois são feitas em Deus (Jo 3.21).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 25 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0584 - A ÚLTIMA CASA TEM A GLÓRIA MAIOR

 


A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos” (Ag 2.9).


Quando o rei babilônio, Nabucodonosor, destruiu a cidade de Jerusalém, ele também destruiu o templo de Salomão, a casa que o filho do rei Davi edificara para a habitação de Deus. O povo de Jerusalém ficou nesse cativeiro durante 70 anos, conforme profetizara Jeremias (Jr 25.11,12; 29.10). A contagem é feita regressivamente, pois a invasão aconteceu antes de Cristo. O templo foi destruído em 586 a.C. e teve concluída sua reedificação em 516 a.C., exatamente 70 anos depois.

Eram os dias dos profetas Ageu e Zacarias, os quais reanimaram o povo ao trabalho da casa de Deus e o repreendiam quando este se acomodava. O profeta Ageu foi tão poderosamente usado por Deus, que ele falou de forma muito superior à profecia do momento. Embora ele estivesse falando da reconstrução que foi feita por Zorobabel, o Espírito de Deus apontava para uma habitação superior.

Ao contrário do que muito ouvimos, Ageu não diz que a glória da segunda casa será maior e sim a glória desta última casa! Apesar de ser uma profecia para o segundo templo, que foi bem mais humilde que o de Salomão, o Espírito Santo falava por meio de Ageu apontando para cumprimentos posteriores.

Ele disse no v. 7 que viria o Desejado de todas as nações. Esse Desejado é considerado como sendo o ouro, a prata e todo material necessário que Deus enviaria para concluir a reconstrução, como diz o v. 8: “Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos”. Todavia, a palavra é muito forte e vai além disso!

Dentro de 500 anos nasceria o verdadeiro Desejado das nações na cidade de Belém da Judeia! Sim, Ele seria aquela Casa na qual a glória de Deus resplandeceria, como testemunharam os 3 apóstolos no monte da transfiguração. João disse: “E vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). Pedro também disse: “nós mesmos vimos a sua majestade, porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido” (2Pe 1.16,17).

Quando Jesus fez a purificação do templo, os judeus Lhe questionaram a autoridade e Ele respondeu: “Derribai este templo, e em três dias o levantarei” (Jo 2.19). Porém, Ele falava do Seu corpo, o verdadeiro templo de Deus (v. 21)!

Mas é tão poderosa a profecia de Ageu, que ela vai parar em Apocalipse! Ela perpassa o segundo templo, manifesta-se em Jesus e então repousa sobre a igreja! Paulo entendeu isso e disse que somos o templo de Deus (1Co 3.16; 6.19; 2Co 6.16)! João, no Apocalipse, vê a igreja como sendo essa última e eterna casa de Deus, cuja glória é incomparavelmente maior que a primeira! Ao contemplar a visão da Nova Jerusalém, João ouve a seguinte voz: “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21.3)!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 24 de junho de 2025

MEDITAÇÕES MISSIONÁRIAS (PARTE 03/03) - MEMBROS-GRÃOS: A SEMENTE MISSIONÁRIA DA IGREJA

 


Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará” (Jo 12.26).

 Por: Pr. Héber Simey

O discipulado é o caminho necessário na vida do cristão e este é um caminho de autonegação por causa do nome de Cristo, isso não há quem negue. Jesus mesmo mencionou que aquele que quisesse segui-lo deveria negar-se a si mesmo e diariamente tomar a sua cruz (Lc 9.23). Todavia, a semente missionária precisa ser vista como algo maior do que olhar para si, precisa ser encarada como uma essência da nova vida cristã, em virtude da natureza com que ela foi gerada. A passagem em questão nos mostra Jesus dizendo qual é o local da semente: no mesmo local onde está a sua origem.

Recentemente, ouvi dizer sobre uma raça suína chamada Mangalitsa, um porco com pelos semelhantes aos da ovelha, que, inclusive, é tosquiado uma vez por ano e tem aproveitamento na fabricação de lãs, vulgarmente é chamado de “porco-ovelha”. Mesmo diante de todas as semelhanças entre as duas raças, a distinção principal está na natureza de cada espécie. Eles podem até ser colocados juntos, ser criados juntos, ter seus pelos lavados juntos, mas na hora que são colocados diante de uma bela poça de lama, as naturezas se manifestam, como a frase atribuída a Spurgeon: “Ovelhas podem até cair na lama, mas só os porcos rolam nela”. Neste sentido, pode haver pessoas em nosso meio que querem imitar o Mestre, que podem estar onde Ele esteve, mas ser uma semente pronta para morrer, somente os que possuem a Sua natureza.

Na igreja podemos destacar dois tipos de grãos, aproveitando o comparativo. Primeiro, os grãos que foram destinados ao plantio. Esses são os missionários lançados ao campo, semeados na terra. São entregues para morrer e espalhar a vida de Cristo sobre outros povos e nações. A esses, Deus designou que saíssem levando a Palavra do evangelho para despertar os eleitos que ainda estão entre os mortos. O fato é que esses grãos precisam estar prontos para seguir o Mestre aonde for, mesmo que isso lhes custe a vida. Esses também precisam entender que o propósito de sua existência não é outro, senão ser lançados à terra. Daí para frente, cabe ao Senhor o desígnio de sua “morte”. Esses não amaram a sua vida, por isso a perderam, por causa do nome de Cristo e Jesus disse que o Pai os honrará.

O segundo tipo de grão é o alimento. Esses são os que foram chamados por Deus para o abastecimento espiritual e cuidados com a tarefa missionária. Temos que destacar que aqui também o grão precisa “morrer” para espalhar a vida de Cristo que reside em si. Ele irá esmiuçar o conteúdo das Escrituras e se desgastar em favor do evangelho, como fez o Mestre, considerando a necessidade do Reino como prioritária, não a sua. A igreja precisa oferecer seus membros-grãos, sua semente missionária, para Cristo.

Qual tipo de grão você é? Seja o de semear ou o de alimentar, todos fomos chamados para estarmos onde o Senhor está: considerando a missão maior que o missionário!

segunda-feira, 23 de junho de 2025

MEDITAÇÕES MISSIONÁRIAS (PARTE 02/03) - IGREJA, A SEMENTE MISSIONÁRIA DE CRISTO

 


Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo irá preservá-la para a vida eterna” (Jo 12.25).

 Por: Pr. Héber Simey

Quando se trata do assunto missionário e o papel que a igreja de Cristo possui neste cenário, vários equívocos são evidenciados, deixando de lado o verdadeiro sentido e significado da missão do povo de Deus nesta terra. Não vamos aqui tratar dos equívocos, mas sim do que realmente Jesus disse nesse texto para nos mostrar que existe uma realidade vigente na missão do Seu povo enquanto estiver na labuta desta vida.

Primeiro, que a natureza da igreja é a mesma de Cristo. Cristo deixou isso claro ao Se comparar com o grão de trigo dizendo que, ao morrer, produz muito fruto. O fruto do penoso trabalho do nosso Senhor é gerar a vida nos eleitos. E que vida é esta? A vida que possui a mesma natureza dAquele que Se entregou! Se a igreja não possui a mesma natureza do seu Senhor, é porque sua vida não vem de Cristo. Como igreja, devemos olhar para dentro de nós, a fim de percebermos a natureza de onde fomos gerados. É a esta que pertencemos.

Segundo é que a igreja já se tornou o ingrediente fundamental para a salvação do mundo. Quando reconhecemos a igreja como semente da missão de Cristo, entendemos que ela já possui o elemento fundamental para a salvação dos eleitos que ainda dormem em seus pecados: o evangelho (Rm 1.16).

Terceiro é que a igreja precisa se lançar à terra, para produzir frutos. Lançar-se à terra pode ter aqui o sentido de não considerar sua vida preciosa demais para si mesmo e sim preciosa para cumprir seu propósito. Quem tem uma semente para plantar, não espera que ela seja conservada intacta, bela, preciosa aos olhos, ou até mesmo que sirva de troféu por possuir uma bela natureza em si. Esta bela natureza só será virtuosa se a semente ou o grão for novamente lançado à terra para que morra e, morrendo, produza novos grãos com a mesma natureza.

Muitos de nós temos considerado a beleza da semente apenas na sua essência, mas a igreja não foi chamada para ser vista como bela em si e sim bela em sua natureza de ser igual a Cristo. Lançada ao solo, à terra, para morrer e assim produzir novos grãos, com a mesma natureza dAquele que a chamou, e Deus sendo glorificado nisso.

Não considere sua vida preciosa demais a ponto de preservá-la, mas deixe-a seguir o seu curso natural de morrer para este mundo e produzir frutos para a vida eterna.

domingo, 22 de junho de 2025

MEDITAÇÕES MISSIONÁRIAS (PARTE 01/03) - CRISTO, A SEMENTE MISSIONÁRIA DE DEUS

 


Em verdade, em verdade lhes digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto” (Jo 12.24).

 Por: Pr. Héber Simey

Este momento relatado no texto de João possui um cenário importante no modo como o ministério de Jesus é apresentado pelo apóstolo amado. A fama de Jesus já percorria o mundo de tal forma, que o conhecimento de Seus milagres havia ultrapassado os limites do território judaico de Seu tempo e agora, em meio a uma festa, alguns gentios (gregos) procuram os discípulos de Jesus, a fim de conhecer o Mestre que, por Sua vez, reconhece que era chegado o momento de Sua entrega.

Para explicitar o propósito para o qual tinha descido a este mundo (v. 27), Jesus faz uso da ilustração de como uma semente é lançada à terra para produção, em comparação com Seu propósito nesta terra. Algumas coisas devemos observar:

Primeiro, Jesus tinha clareza de Seu propósito. Em meio ao momento considerado áureo do Seu ministério terreno, do ponto de vista humano, Jesus sabia que era a hora de morrer. Jesus estava em alta com as pessoas, havia acabado de ressuscitar Lázaro, Seu amigo, e Sua fama percorria por diversos lugares. Talvez fosse esta a hora de aproveitar um pouco mais dos benefícios ministeriais daquele momento, mas não! Jesus compreendia que Seu propósito estava exatamente em ser um grão vistoso para Deus e não para os homens.

Em segundo lugar, Jesus sabia que Sua vida seria espalhada através de Sua morte. Ao subir na cruz do Calvário, Jesus tinha plena consciência de que estava assumindo a culpa do homem e recebendo sobre Si a ira de Deus! Era morrendo que o preço do pecado seria pago. Portanto, o Senhor permitiu que todo o Seu sangue fosse derramado sobre a terra, para que a purificação se tornasse completa. A vida completa se esvai da semente, para que essa vida possa produzir muitos grãos com o mesmo DNA, para a glória do Pai.

Terceiro, a atividade missionária de Jesus consistia em salvar aqueles que o Pai O havia dado. Quando uma semente é lançada à terra espera-se que a entrega dela seja em favor de um benefício maior, ou seja, ela morre para que outros grãos, em grande quantidade, apareçam. Na atividade missionária de Jesus, Ele recebeu a incumbência do Pai de Se entregar pelos Seus (Ef 5.25) e que nenhum deles se perdesse (Jo 6.39,40).

Estes ensinos nos trazem uma real ideia do que significa a atividade missionária executada pelo nosso Senhor. Ele foi lançado ao campo com um propósito claro e definido: permitir que Sua vida se esvaísse, a fim de que muitas outras novas sementes (muito fruto) brotassem com a mesma identidade missionária em si.

quinta-feira, 19 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0583 - NÃO RECLAME DOS INGRATOS

 


Então José disse: Esta é a interpretação do sonho: ... Dentro de três dias, Faraó vai reabilitar você e reintegrá-lo no seu cargo... Porém lembre-se de mim, quando tudo lhe correr bem. Porém o copeiro-chefe não se lembrou de José; esqueceu-se dele” (Gn 40.12-14,23).


Quantos de nós lemos a história de José na prisão, de como injustamente foi parar naquele lugar e, mesmo tendo o Senhor estado com ele naquele lugar de desprezo e crime, não ficamos indignados com aquele copeiro que havia sido preso por um desentendimento com Faraó? Quanto não nos enraivece a ingratidão daquele serviçal do rei que, depois de ter recebido a interpretação do seu sonho por José, tendo ouvido sua súplica para rogar por ele diante de Faraó para tirá-lo dali, simplesmente se esqueceu depois que tudo se cumpriu?

Realmente, ficamos um tanto enfurecidos com gente como essa! Quando tudo vai mal nos procuram, pedem oração, que interpretemos sonhos, mas quando os sonhos se cumprem, as coisas vão bem, simplesmente se esquecem! De acordo com o próximo capítulo, aquele funcionário de Faraó se esqueceu de José por dois anos inteiros (41.1)!

As pessoas podem realmente se esquecer de nós, mas não Deus! Aqueles dois anos que achamos que José ficou “a mais” na prisão, não foram “a mais”. Era o tempo de Deus! Se José saísse por ter o copeiro se lembrado dele no mesmo dia em que voltou a servir Faraó, o que teria sido de José? Teria que perambular pelo Egito e, talvez, com grande probabilidade, seria escravo de outro senhor.

No entanto, foi depois de dois anos que Deus deu dois sonhos a Faraó, que o perturbaram muito! Sete vacas gordas e bonitas pastavam junto ao rio Nilo em seu sonho. Depois disso, sete vacas magras se puseram diante delas e as devoraram (41.2-4). Dormindo outra vez, Faraó sonhou a mesma coisa, desta vez com espigas. Sete espigas mirradas devoraram as sete espigas cheias e boas, mas permaneciam mirradas (vs. 5-7).

Ninguém podendo interpretar, aí sim, o copeiro se lembrou de José! Faraó mandou chamá-lo do cárcere, José interpretou os sonhos do rei, falando dos sete anos de fartura que se seguiriam e também dos próximos sete anos de fome; ainda o aconselhou a economizar 20% de toda colheita dos 7 anos para se preservarem nos anos de fome! Já sabemos como se encerra essa história!

Foi justamente por causa do esquecimento do ingrato copeiro e dos dois anos seguintes que José pôde chegar ao trono do Egito! Este foi o tempo certo de Deus para cumprir Seu plano! José, condecorado primeiro-ministro do Egito, administrou de forma competente, de tal modo que somente no Egito houve comida nos 7 anos de fome! E com isto, além de sustentar a terra do Egito, preservou também seus irmãos que o venderam como escravo! E aquele copeiro? Ninguém se lembrou mais dele.

Foi por causa do esquecimento do ingrato copeiro e dos dois anos seguintes que os irmãos de José não morreram de fome, dentre eles, um chamado Judá, de quem, mais tarde, veio o Salvador do mundo, Jesus, o Leão da tribo de Judá! Não reclame dos ingratos, não fique indignado com os que se esquecem dos seus favores! Deus está preservando você para algo muito mais sublime!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 18 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0582 - A HIPOCRISIA DE GIDEÃO

 


Então os homens de Israel disseram a Gideão: Domine sobre nós, tanto você como o seu filho e o filho de seu filho, porque você nos livrou do poder dos midianitas. Porém Gideão lhes disse: Não dominarei sobre vocês, nem tampouco meu filho dominará sobre vocês. O Senhor Deus dominará sobre vocês” (Jz 8.22,23).


Uma das mais famosas histórias da Bíblia é a vitória de Gideão com seus 300 homens sobre os midianitas, inimigos ferozes do povo de Israel na época dos juízes. A história é tão empolgante que nos esquecemos que começou com um homem medroso, que se tornou confiante e terminou orgulhoso.

Depois de ter-se consolidado como um verdadeiro libertador de Israel da opressão midianita, Gideão foi solicitado pelos israelitas a ser seu rei. Esse desejo de ter um homem que os governasse já vinha se desenhando no coração do povo de Deus. Mas a resposta dele foi como lemos: nem eu nem meu filho e sim o Senhor Deus será o vosso rei.

Mas veja o que ele fez logo após ter dito tais palavras. Pediu as argolas e os pendentes que os israelitas saquearam dos midianitas na guerra. Essa prática era comum a reis. Eles eram quem costumavam receber a seus pés os despojos de guerra, para serem reconhecidos como heróis. O peso desse material chegou a aproximadamente 20 quilos de ouro, afora os ornamentos, os pendentes, as demais vestimentas caras e os enfeites que vinham aos pescoços dos camelos!

O resultado dessa “doação” espontânea e generosa foi assim relatado pelo autor do livro dos Juízes: “Disso Gideão fez uma estola sacerdotal e a pôs na sua cidade, em Ofra. E todo o Israel se prostituiu ali, adorando essa estola” (v. 27). Como sabemos, em geral, o autor do livro não faz juízo de opinião. Mas nesse caso ele não deixou barato. Ele escreveu: “E isso veio a ser um tropeço para Gideão e toda a sua casa”.

Não somente isso. Gideão também quebrou o mandamento de Dt 17.17, que dizia para não multiplicar para si esposas. Não sabemos quantas ele teve, mas gerou delas 70 filhos, todos tendo ele mesmo como pai (v. 30)! Ainda outra coisa, Gideão deu um nome a um de seus filhos de Abimeleque que, em hebraico, significa “meu pai é rei”. O que ele queria dizer com isso?

Esse é o grande problema da hipocrisia. Às vezes dizemos atribuir a glória para Deus, mas logo estamos ali, às voltas, para roubá-la dEle. Falamos que Ele é que tem que ser reconhecido, mas estamos pedindo que as pessoas depositem diante de nós algumas ofertas de reconhecimento do nosso trabalho, da nossa oração, essas coisas...

No fim das contas, estaremos rodeados de idólatras adorando nossa estola, isto é, nossas vestes sacerdotais. E, quer saber? Não vamos nos importar com isso... inclusive usaremos um nome para alguma coisa em nossa homenagem, como Gideão fez, dando a seu filho um nome que indicava que o pai do garoto, ou seja, o próprio Gideão, se considerava realmente rei. Que Deus nos livre da hipocrisia, da falsa humildade, do orgulho escondido!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 17 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0581 - O PECADO E A ESPIRITUAL CADEIRA DE RODAS

 


Alguns escribas estavam sentados ali e pensavam em seu coração: Como ele se atreve a falar assim? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, a não ser um, que é Deus?” (Mc 2.6,7).


A história do paralítico que foi descido pelo telhado por seus amigos para ser curado por Jesus é muito conhecida de todos nós, porém, muitas vezes escapam de nós as grandiosas lições que os evangelistas tinham em mente ao narrar o ocorrido. Claro que é maravilhoso o milagre, de fato ele nos espanta! Mas há algo por trás dele a que precisamos nos atentar.

O v. anterior diz que Jesus, ao ver-lhes a fé, disse ao homem: “Filho, os seus pecados estão perdoados” (v. 5). De acordo com o ensino bíblico, o homem só pode ser perdoado, justificado mediante a fé (Rm 5.1). De fato, houve fé aqui neste episódio, afinal, Jesus viu-lhes a fé. Mas a fé que traz o perdão dos pecados não é a fé miraculosa, aquela que crê que Jesus vai operar um certo milagre!

A fé que Jesus viu nestes homens não foi a fé que cria ser Jesus poderoso para curá-lo. Claro que isso também, mas a fé que Jesus viu neles foi a fé salvadora, aquela que crê ­­em Jesus, naquilo que Ele diz e na Pessoa que Ele é. Observe que o v. 2 diz (na parte b) que “Jesus anunciava-lhes a palavra”! Estes homens creram na Palavra de Jesus, naquilo que Ele pregava! Por isso é que Jesus anunciou àquele paralítico o perdão de seus pecados.

Jesus também demonstra ser Deus, quando perdoa os pecados daquele homem. Os escribas que ali estavam, murmuraram em seus corações: “Que atrevimento! Que blasfêmia! Somente Deus pode perdoar pecados”! E eles estavam certos. Eles só erraram na identificação, pois quem estava ali era o próprio Deus! Exatamente por isso é que Jesus deu o perdão para aquele novo crente!

Outra coisa que precisamos lembrar é que o pecado é invisível, mas suas funestas consequências não são! Elas são bem visíveis e dolorosas. O pecado trouxe as doenças ao mundo, as mazelas, as catástrofes, os terrores, enfim, tudo de mal que testemunhamos. E o pecado deixou uma de suas marcas naquele homem, a saber, a paralisia.

Tem sido assim de Adão para cá. Talvez você não se deu conta de que seu pecado te paralisou. Talvez porque você anda normalmente, dirige, pratica esportes, domina seus movimentos físicos. Mas você não percebeu que diante de Deus você é um paralítico espiritual. Um tetraplégico! Você não pode ir até Cristo! Precisa ser levado a El

Ouça a voz do Espírito ainda hoje pelo evangelho. O próprio Deus te conduzirá a Jesus, como disse o nosso Senhor: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer” (Jo 6.44a). Ao ouvir o evangelho, você será despertado pelo Espírito Santo, será conduzido a Jesus e então, crendo nEle, seus pecados também serão perdoados! E como prova disso, você se levantará de sua espiritual cadeira de rodas e andará no caminho dos salvos para sempre!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 16 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0580 - O QUE OS VERDADEIROS PASTORES DESEJAM PARA SEUS MEMBROS

 


Peço a Deus que, segundo a riqueza da sua glória, conceda a vocês... que vocês fiquem cheios de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.16a,19b).


À igreja vão diversos tipos de pessoas com diversos tipos de interesse. Até mesmo entre os crentes, membros responsáveis dentro das igrejas, há diferença na importância dada à congregação. Muitos vão porque querem que Deus lhes resolva um problema familiar, financeiro, profissional; outros vão porque desejam formar uma família, buscam um casamento; outros vão apenas no intuito de adorar a Deus, sem se preocuparem com a comunhão horizontal, com outros irmãos, e assim por diante.

E qual é do desejo dos pastores para com as pessoas que vão à igreja? Alguns alimentam os interesses pessoais dos que a frequentam; outros induzem estas pessoas a desejarem riquezas e usarem dos mais variados métodos de barganha para alcançá-las; mas somente os verdadeiros pastores desejarão que estes membros, visitantes e frequentadores sejam “cheios de toda a plenitude de Deus” (v. 19)!

Este era o desejo de Paulo para com os efésios. Mas por que os verdadeiros pastores irão querer que os crentes tenham essa experiência com Deus? Primeiro, porque os amam. No v. 1, Paulo diz que era prisioneiro de Cristo (veja bem, não de Roma) por amor aos gentios (a quem ele levava o evangelho, entre os quais, os efésios). Os verdadeiros líderes espirituais amam os que Deus colocou sob seus cuidados. Por isso desejam que eles conheçam a Deus e sejam cheios de Sua plenitude!

Segundo, porque já passaram por essa experiência. Do v. 2 ao 13, Paulo testemunha como o mistério que esteve oculto em Deus desde os tempos eternos, e que também ficou desconhecido dos filhos dos homens até seus dias, foi revelado a ele e os demais apóstolos em seus dias! Paulo revela esse mistério para os efésios no v. 6: “O mistério é que os gentios são coerdeiros, membros do mesmo corpo e coparticipantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho”.

Imagine a alegria dos efésios ao saberem disso! Ficaram como aqueles gentios de Antioquia da Pisídia que, ao saberem que Paulo e Barnabé agora levariam o evangelho para eles, visto que os judeus o rejeitaram, regozijaram-se e deram glória a Deus (At 13.48)! É justamente na carta aos efésios que Paulo mostra que não são só judeus o povo da aliança. Os gentios também o são e este é o mistério que esteve oculto e agora foi revelado por Paulo.

Será que hoje, nós, gentios, também nos alegramos com isto? Não seria por falta de conhecer este mistério que muitos crentes têm ido à igreja buscar coisas insignificantes? Não seria por desconhecer este segredo revelado por Paulo que muitos pastores têm incentivado os crentes a barganharem com Deus, ao invés de desejarem ardentemente que eles sejam cheios de toda a plenitude de Deus? Somente ao conhecerem e experimentarem isto profundamente é que os pastores irão desejar isto para os membros de suas igrejas.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 15 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0579 - É O PASTOR QUEM DEFENDE A OVELHA

 


A moça perguntou a Pedro: ‘Você não é um dos discípulos daquele homem’? ‘Não’, respondeu ele. ‘Não sou’” (Jo 18.17 – NVT).


Com toda certeza, o maior tropeço da vida do apóstolo Pedro foi sua vergonhosa negação do Senhor de sua vida! Isso ficou registrado nos quatro Evangelhos, foi lembrado por todos os séculos de existência da igreja, tornou-se em muitos sermões, reflexões, críticas, debates, enfim, a Bíblia realmente não esconde o fracasso de seus personagens, como sempre fizeram as religiões pagãs.

Desejo, porém, destacar neste episódio, um contraste gritante entre a ovelha e o pastor. Pedro é a ovelha que teimou em dizer que defenderia seu Pastor em qualquer que fosse a circunstância, mas que, na hora mesmo, retrocedeu. Jesus é o Pastor que havia dito que não perderia Suas ovelhas (17.12) e logo as defenderia, dizendo aos soldados que O prenderam: “uma vez que é a mim que vocês procuram, deixem estes outros irem embora” (v. 8).

O contraste está na postura, em primeiro lugar. Enquanto Pedro foi abordado por uma “moça que tomava conta do portão” (v. 16), Jesus adiantou-Se diante dos soldados no horto. O v. 4 diz que “Jesus, sabendo tudo que ia lhe acontecer, foi ao encontro deles”. Essa é a postura de quem defende outrem. Ele se adianta e se interpõe para proteger. Pedro, ao contrário, recuou diante da moça que veio até ele.

O segundo contraste está nas palavras. Enquanto Pedro respondeu “não sou” para aquela menina (vs. 17,25), Jesus respondeu “Sou Eu” diante dos soldados (v. 5)! Obviamente Jesus não dependia de Pedro naquele momento crítico de Sua vida terrena! Se dependesse... imagine... A grande verdade é que Jesus é Deus e, como tal, Ele respondeu àqueles homens ­“Eu Sou” – o nome de Deus (Êx 3.14)! Ao responder assim, diz o evangelista, aqueles homens caíram para trás, no chão (v. 6)! Pedro podia confiar neste Deus, mas Jesus não podia confiar em Pedro!

A lição que fica para nós diante destes contrastes entre o Pastor e Sua pobre ovelha é que não podemos confiar em nós mesmos e não podemos achar que Deus deva confiar em nossas promessas que fazemos diariamente a Ele! Nós sim, podemos e devemos confiar nEle. Mas Ele, diz o salmista, “sabe como somos fracos; lembra que não passamos de pó” (Sl 103.14 – NVT).

Quando Pedro prometeu defender seu Pastor, ele havia esquecido que este maravilhoso Pastor tinha dito: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor sacrifica sua vida pelas ovelhas” (10.11 – NVT). Não somos nós que defendemos nosso Pastor. Somos Suas ovelhas e não Seus protetores. Hoje, se nós podemos dar nossa vida por amor a Ele, é só porque um dia Ele deu a Sua por nós.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 12 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0578 - COMO NOSSA FRAQUEZA TESTEMUNHA DE CRISTO


“Pelo contrário, Deus escolheu as coisas absurdas do mundo para envergonhar os sábios; e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes” (1Co 1.27 – A21).

Há inúmeros tipos de fraqueza no ser humano, entre as quais, fraqueza física, fraqueza espiritual, fraqueza emocional, fraqueza psicológica, fraqueza de caráter, fraqueza neurológica ou mental, são muitas as áreas em que a fraqueza atingiu a humanidade.

O mundo em que vivemos procura fingir que a fraqueza não existe. Como exemplo disso, conhecemos pessoas extremamente “fortes” no facebook e fracas de presença; conhecemos pessoas “fortes” na mídia, seja profissional, amadora, social, mas que pessoalmente são completamente derrotadas; há pessoas “fortes” em sua profissão, seja na música, nas artes cênicas, na cadeira docente de uma universidade, no socorro hospitalar, enfim, mas que são inteiramente vazias no seu particular.

Porém, na hora de se expor, tais pessoas querem se mostrar poderosas e capazes. Essa não aceitação da fraqueza é mais uma fraqueza – a da hipocrisia e da reputação. O que as pessoas dirão se souberem que eu sou fraco na realidade? Esta preocupação com o que outros vão dizer, uma vez que eles também vivem do fingimento, faz com que a maioria das pessoas viva sob uma maquiagem (uma cera) irretocável.

Porém, a fraqueza, seja em qual área for, deve ser vista pelo crente com outros olhos. De que maneira tal fraqueza me faz depender de Deus. Esta é a única lente pela qual devemos olhar a fraqueza que nos atinge. Se minha fraqueza me leva à dependência de Deus, então meu testemunho perante o mundo será de alguém verdadeiro, sincero (sem cera), ao mostrar minha fragilidade e, ao mesmo tempo, um testemunho do poder de Deus, visto que dependo dEle e, por isso, sou alegre.

Paulo disse que se alegraria em suas fraquezas: “Por isso, de muito boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que o poder de Cristo repouse sobre mim” (2Co 12.9 – A21). Esse é o maravilhoso testemunho, a saber, demonstrar o poder de Cristo e não nossas vitórias fingidas. É disto que o mundo precisa – conhecer o poder de Cristo. Basta de uma multidão hipócrita, tentando ser o que não é para impressionar quem não conhece!

Lá no cantinho, a sós com você, alguém que parece ser tão “forte” diante dos outros, pode se abrir e dizer que não é nada daquilo! Sim, alguém pode fazer isso, caso veja em você sua fraqueza que não lhe incomoda, enquanto você descansa alegremente nos braços do Cristo que tudo pode!

Não é isso mesmo que é vida? Os “fortes” deste mundo estampam um sorriso caricato para dizer que são alegres. Quando se mostram fracos como são de fato, sua maquiagem é desfeita pelas lágrimas de autodecepção! Mas o que eles diriam, ao olhar para você, fraco, porém alegre? O que você lhes poderia dizer? “Deus escolheu as coisas absurdas do mundo para envergonhar os sábios; e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes... para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus” (1Co 1.27,29 – A21).

Día tes písteos

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0577 - POR QUE DEUS NOS DARÁ O CÉU?

“Saibam, pois, que não é por causa da justiça de vocês que o Senhor, seu Deus, lhes dá esta boa terra para que tomem posse dela, pois vocês são um povo teimoso” (Dt 9.6).


É inadmissível que o ser humano, como pecador que é, tente arrogar para si o mérito de herdar o céu. Aliás, essa arrogância é justamente a prova de que o homem é pecador e é exatamente o pecado que o faz desejar, na melhor das hipóteses, dividir essa glória com Deus. Uma pessoa com um mínimo de consciência cristã de humildade, jamais diria que alcançou a salvação por sua própria justiça, por seus atos de bondade ou qualquer outra caridade que pense ter feito.

Moisés deixa isso claro para o povo de Israel, mas não parece claro o bastante para muitos crentes hoje. Ele diz no v. 2, que na terra que Israel iria possuir, havia gigantes, filhos dos anaquins, de quem eles já tinham ouvido dizer: “Quem poderá resistir aos filhos de Anaque”? No v. 3, Moisés explica para eles que era Deus que havia de destruir tais inimigos temíveis e não Israel. Então, ao entrarem na terra, os israelitas jamais deveriam pensar: “É por causa da nossa justiça que o Senhor nos trouxe a esta terra para que tomemos posse dela” (v. 4).

No v. 5, Moisés mostra que Deus estaria fazendo aquilo por causa da maldade das nações daquela terra e também para cumprir com Sua palavra, com que havia Se comprometido com os três patriarcas. Do v. 6 em diante, Moisés lança em rosto as maldades que os filhos de Israel haviam praticado contra o Senhor, de modo que eles não eram dignos de herdarem aquela terra. Então, jamais deveriam pensar que era por causa de sua justiça que Deus estava lhes concedendo aquela herança!

Coloque de uma vez por todas em sua cabeça a seguinte verdade: tudo o que Deus faz por nós é fruto de Seu amor livre e espontâneo para conosco, sem qualquer motivo em nós que Ele tenha visto que O agradasse para nos retribuir! As nossas justiças para Deus, diz o profeta messiânico, são semelhantes a trapo da imundícia (Is 64.6)! Que serventia elas teriam para o Deus três vezes santo? Nunca se esqueça de que nossos atos caridosos, ainda que sejam bons aos olhos dos homens, para Deus, procedem de um coração pecaminoso desde o nascimento, portanto, uma fonte suja!

Então, por que Deus nos daria o céu? Bem, a resposta é a mesma que Moisés deu para Israel. Não é por causa de nós nem de nossa justiça, pois somos nojentos pecadores. Ele nos dará o céu por causa do Seu livre amor e Sua promessa de que todo aquele que crer que somente Seu Filho praticou a justiça reta e santa que Lhe agrada e a Ele entregar sua vida, este será salvo. Somente por isso!

Veja se não é isso mesmo que Paulo, o apóstolo, nos ensina: “Deus fez isso para mostrar nos tempos vindouros a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça vocês são salvos, mediante a fé; e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.7-9).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 10 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0576 - "CARDIOLOGISTAS" ESPIRITUAIS DE NÓS MESMOS


“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23).

Vivemos, sem sombra de dúvida, em tempos de culto ao corpo. Isso não é novo. Já na época dos grandes filósofos gregos, eles ensinavam o cultivo à intelectualidade e também ao porte físico do indivíduo. Entre outros serviços essenciais nos tempos da pandemia, a essencialidade da igreja foi questionada, mas não das academias. A explicação era que uma pessoa com o físico bem cuidado pode aumentar sua autoestima, de modo a não ficar psicologicamente abalada...

Todavia, o conselho da Palavra de Deus é que guardemos o nosso coração! Não significa que a Bíblia condene a malhação. Paulo disse a Timóteo: “Pois o exercício físico para pouco é proveitoso” (1Tm 4.8a), ou seja, pelo menos um pouco de proveito tem. Mas a questão é outra. Se nossa geração guardasse o coração como guarda o corpo, provavelmente teríamos uma geração mais temente a Deus.

Guardar significa cuidar, manter, proteger, preservar. Já o coração é usado como uma figura. Não se refere ao músculo responsável pelo bombeamento do sangue para o corpo, no aparelho circulatório. Mas, figuradamente, quer dizer nosso próprio eu, nossa consciência, nossa fonte da vida, como diz o mesmo verso.

O que temos visto são pessoas belas, bem treinadas, fisicamente saudáveis, mas em muitas delas o coração está como disse Jesus: “Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias” (Mt 15.19). Temos presenciado pessoas cuja preocupação e idolatria com o corpo chegou a tal ponto, que ele cultua a si mesmo e aos retratos estampados nas paredes daqueles com quem desejam se parecer!

Em outro provérbio disse a mãe do rei Lemuel: “Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada” (Pv 31.30). Nossa saúde é importante, mas o culto ao corpo é pecado! É adorar o pó, pois do pó viemos e para o pó voltaremos. Quando adoramos nosso corpo adoramos a criação e não o Criador!

Quando cuidamos do nosso coração, cuidamos de outro corpo, a saber, o corpo de Cristo que é a igreja. Quando guardamos nosso coração, nosso relacionamento com nossos irmãos se torna puro, cristão, cuidador e altruísta. É exatamente isso que é igreja. Isso é fazer a vontade de Deus. Como disse o apóstolo João: “Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (1Jo 2.17).

Você é daquele que cuida do corpo e esquece da alma? Ou você cuida de ambos igualmente? Você cuida da alma a ponto de menosprezar o corpo? Ou não cuida de nenhum dos dois? Que o Senhor nos dê discernimento para sermos “cardiologistas” espirituais de nós mesmos...

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 9 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0575 - O QUE ESTÁ GRAVADO NO SEU CORAÇÃO?

 


O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro e com ponta de diamante, gravado na tábua do seu coração e nas pontas dos seus altares” (Jr 17.1 – NAA).


Na antiguidade havia vários métodos de escrita, dentre os quais, conhecemos o pergaminho de couro, o papiro, a argila cunhada com estiletes, etc. Porém, aqui nesta palavra que lemos, Deus diz através do profeta Jeremias, que Seu povo tinha escrito em seu coração e também nas pontas de seus altares seu pecado com um ponteiro de ferro e com ponta de diamante, ou seja, um método de escrita utilizado para gravações mais permanentes (cp. Jó 19.24).

Há modelos arqueológicos guardados com esse tipo de inscrição, como o Rolo de Cobre de Qumran, chamado (3Q15) e um frasco metálico de Tell Siran, em Amom. O que Deus está testificando aqui, não é verdade apenas para o povo de Judá, mas para todos nós. O pecado está realmente gravado no coração do homem com esmeril, com estiletes duríssimos, que tornam o registro do pecado indelével em cada um de nós.

Quando Deus diz que o pecado também está gravado desta forma nas pontas dos altares, Ele está fazendo menção aos “chifres” ou pontas que ficavam nas 4 bordas do altar, onde deveria ser passado sangue para a remissão dos pecados dos filhos de Israel (Êx 29.12; 30.10). O que Deus quer dizer aqui é que o pecado está tão arraigado no coração, que nem mesmo qualquer expiação feita por eles no altar de sacrifício, nem no altar de incenso, poderia apagar este pecado.

Esta é uma realidade constatada em toda humanidade. Não há cura para a ferida mortal do homem em nenhum altar do mundo, a não ser na cruz! Ali, Deus marcou o corpo do Seu Filho com todos estes registros de nosso pecado! Jesus foi esmerilado por Deus no madeiro do Gólgota de tal forma, que os pecados que antes estavam profundamente tatuados em nós, passaram para o corpo de Cristo e nós ficamos livres! Somente Jesus nos pôde limpar e raspar essa inscrição corrosiva do pecado que estava gravada em baixo relevo em nossos corações!

Agora, limpos do pecado, não mais tatuados com esta horrível inscrição, Deus resolveu fazer outra inscrição em nossos corações. Diz o profeta Jeremias: “Porque esta é a aliança que farei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no seu coração as inscreverei; eu serei o Deus deles, e eles serão o meu povo” (31.33).

Oh! Quão maravilhoso é carregar no coração, não a tatuagem do pecado, mas a impressão inapagável da lei de Deus! Não são obrigações, mas sim o que amamos. Antes, com a gravação do pecado era este que amávamos. Mas hoje, com a gravação da lei de Deus, é Sua vontade que amamos!

Quem pode amar a vontade de Deus, senão aquele cujo coração está registrado profundamente com Sua lei e não com o pecado? Como disse Davi: “Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração” (Sl 40.8).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 8 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0574 - SALVO, SÓ SE ESTIVER NO LIVRO DA VIDA!



Eu digo que muitos virão do oriente e do ocidente e se sentarão à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no Reino dos céus. Mas os súditos do Reino serão lançados para fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes” (Mt 8.11,12 – NVI).


O plano glorioso de Deus sempre foi igreja. Esse plano esteve oculto por longas eras, conforme disse Paulo (Rm 16.25), mas que no tempo certo Deus revelou a Seu servos, os apóstolos (Cl 1.26). Paulo chama esse plano de “mistério”. Os judeus pensavam que eram salvos por causa de uma descendência física e sanguínea de Abraão. Mas, tanto João Batista, como Jesus e Paulo combateram este engano (João, o apóstolo, também deixa isso claro no Apocalipse).

A realidade é que, como Deus havia feito uma escolha do povo de Israel para ser Seu representante na terra durante a antiga revelação, então, era claro que Ele enviaria o Salvador a partir desta nação. Lemos em Jo 1.10-12: “Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus”.

A rejeição de Israel para com o Filho de Deus fazia parte do plano eterno de Deus, a fim de que o evangelho salvífico se estendesse a todos os cantos da terra e alcançasse os gentios. Jesus deixou isso bem claro quando foi solicitado por um centurião que curasse seu empregado. Jesus disse que iria à sua casa curar seu servo; mas o centurião se julgou indigno de receber Jesus debaixo de seu telhado. Ironicamente, Israel se achava digno demais para receber Jesus... Perceba que há duas formas de deixar Jesus de fora da casa: por humildade e por orgulho!

O argumento do centurião foi que Jesus não precisava ir até aonde estava a doença. Visto que Ele é o Senhor de todas as coisas, Ele podia dar uma ordem e a doença obedeceria! E ele mesmo usou uma ilustração para Jesus. Disse que ele era homem de comando no exército romano, e que seus soldados obedeciam às suas ordens. Assim também seria com Jesus e aquela doença! Esse tipo de fé, disse Jesus, Ele não encontrou nem mesmo em Israel! O povo que era de Deus rejeitou o seu Deus! Já um estrangeiro, O reconheceu como Senhor!

Porém, não devemos aplicar este episódio como fazem alguns, dizendo que nós iremos nos surpreender lá no céu; que ali haverá tantos pecadores que nunca poderíamos imaginar; esses do mundo que os crentes condenam estarão salvos e muitos que estão na igreja serão lançados fora! Essa aplicação é completa de equívocos e há vários modos de destruí-los.

Mas direi apenas uma coisa. O reino de Deus é para quem nasceu de novo! Jamais pecadores não regenerados estarão lá! Jamais! Não se iluda com o discurso bonachão dos pregadores do evangelho social. A Bíblia diz que “nela jamais entrará algo impuro, nem ninguém que pratique o que é vergonhoso ou enganoso, mas unicamente aqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro” (Ap 21.27).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 5 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0573 - NÃO FAÇA DE CONTA QUE SEU IRMÃO NÃO É DA SUA CONTA!

 


E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?” (Gn 4.9).


O episódio do primeiro assassinato na história da humanidade é bem conhecido de todos nós. Até mesmo pessoas que não leem a Escritura conhecem sobre o relato de Caim, que matou seu irmão Abel.

Essa narrativa foi escrita por Moisés, pouco mais de 1.400 anos antes de Cristo, mas que deve ter acontecido há muito mais de 5.000 anos antes de Cristo. Caim foi oferecer uma oferta a Deus e Este não o aceitou nem tampouco a sua oferta. Mas aceitou a oferta de seu irmão...

Porém, a questão não era essa. Se Caim fosse uma pessoa do bem, Deus aceitaria tanto a ele como sua oferta, mas o problema é que ele não era. O apóstolo João diz que ele era do maligno (1Jo 3.12)! O mal habitava no coração deste homem, de modo que o controlou, a ponto de cometer o primeiro homicídio da humanidade.

Tanto do maligno era ele que, quando Deus o chamou para prestar contas de seu crime, perguntando por seu irmão, a resposta dele para Deus foi absurda: “Não sei; sou eu guardador do meu irmão?” Eis o ponto! Ele achava que não era guardador de seu irmão, mas aí é que está o engano, não só de Caim, mas temo que de todos nós!

No mundo individualista em que vivemos, achamos que não somos guardadores de nossos irmãos, que cada um tem que viver por si, cada qual com seus problemas, enfim, nisso, somos bem parecidos com Caim. Com nossos atos egocêntricos, dizemos para Deus que não somos guardadores de nossos irmãos!

Mas não é isso que nos ensina o apóstolo. Ele, além de dizer que Caim era do maligno, ressalta que “qualquer que aborrece a seu irmão é homicida” (1Jo 3.15). Ainda diz mais: “Conhecemos  o amor nisto: que ele [Cristo] deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos” (v. 16). Insisto em mais um versículo do apóstolo João: “Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (v. 17).

Finalizo com as palavras de Jesus a Pedro. João nos conta que após Pedro ter confessado que amava a Jesus, ele ouviu do nosso Senhor a seguinte ordem: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21.17). Não faça como Caim. Não faça de conta que seu irmão não é da sua conta!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 4 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0572 - A CONDENAÇÃO DO EVANGELHO LÍQUIDO

 


Porém, quando vier o Espírito da verdade, ele os guiará em toda a verdade” (Jo 16.13a).


A facilitação religiosa evangélica de muitos pregadores destes últimos anos formou uma sociedade com uma cultura cristã completamente diferente do padrão bíblico. A diluição foi tão irresponsável que se esparramou esse “evangelho” líquido até pela sociedade mundana. O resultado é que não se distingue mais entre o pensamento da sociedade evangélica e o pensamento da sociedade mundana sobre os pontos mais simples e diferenciados da mensagem cristã autêntica.

Misturaram-se as águas do conceito mundano com as águas da facilitação religiosa de muitos evangélicos, de modo que, o que diz uma pessoa não-cristã sobre Deus é o mesmo que diz um evangélico desse “evangelho” diluído. O mundano diz que Deus o aceita como ele é, o dito cujo evangélico também; o mundano diz que o que importa é ser bom, o mesmo diz essa geração de facilitadores da mensagem; o ímpio diz que Deus é só amor e vai salvar a todos, o religioso repete o ditado e assim por diante.

O resultado dessa fusão (ou podemos chamar de “confusão”) é que o mundo se acomodou em seus pecados e acha que Deus Se agrada de sua conduta pecaminosa. Por outro lado, muitos evangélicos também repousam sobre essa falsa ideia. Assim, tanto faz se o incrédulo vai a alguma igreja ou se vive sua vida ímpia lá fora, bem como tanto faz para o dito cristão facilitador se ele faz a vontade dele ou aquela de Deus que ele acha que lhe convém. Não é de admirar que temos visto tanto sincretismo e ecumenismo no meio da igreja em nome de uma suposta paz.

Porém, Jesus disse, além de outras coisas, que Ele é a Verdade (Jo 14.6)! Isso é algo básico no evangelho que parece que tais pessoas se esqueceram. A verdade não pode ser relativa. Ou é verdade ou não é. Jesus não é aquela “verdade” que precisa ser avaliada pelos padrões humanos, ao contrário, Ele é o padrão pelo qual todos os humanos são avaliados! E sobre isto não existe acordo, não há como viver em um faz-de-conta-que-está-tudo-bem com os conceitos deturpados e antibíblicos que o mundo tem sobre Deus e o evangelho.

Muitas igrejas afrouxaram as rédeas do evangelho sem a permissão de Deus e hão de pagar caro por isso! A mensagem que salva é aquela que o próprio Deus estipulou. Se ela não salvar, não vai ser nossa modificação da mensagem que salvará. Se o que é puro não salva, o diluído muito menos! Ao contrário, facilitará a condenação! Essa é a realidade: pregadores que pensam que estão facilitando a salvação de pecadores ao dissolver o evangelho, na verdade estão facilitando a sua condenação!

Não dilua o evangelho. Você não tem autorização para isso. Ninguém tem! Se for ter que mentir para alguém, dizendo algo que o evangelho não diz, para ficar de bem com o ouvinte, é melhor ficar calado. Entretanto, até por isso será cobrado. Deus não nos chamou para ficarmos calados, muito menos para dizer o que Ele não ordenou. Cuidado: o evangelho líquido não condena só quem o ouve...

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 3 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0571 - EXAMINANDO A NOSSA FÉ

 


Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis, quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados” (2Co 13.5).


Não há outro erro mais fatal para a maioria dos crentes que enchem os templos e que dizem já ter declarado Cristo como seu Senhor do que o erro de não avaliar sua fé! Muitos confundem a firmeza na fé com coisas totalmente adversas ao verdadeiro cristianismo. Confundem com ir à igreja, ter parentes crentes, ter uma Bíblia em casa, fazer obras de caridade, ser batizado, ter ido à frente do púlpito após uma pregação, enfim, menos avaliar se sua fé é real.

Na verdade, somos bons para avaliar outros e muito lentos para avaliar a nós mesmos. Em outros encontramos grande quantidade de defeitos e, em nós, dificilmente os enxergamos ou admitimos. Todavia, não só aqui nesse texto, mas também na primeira carta, o apóstolo Paulo ordena que a autoavaliação seja uma norma, uma conduta e até um mandamento para a vida cristã (1Co 11.28).

Esta ordem do apóstolo tem sua razão de ser. Ele não daria este mandamento se a perseverança na fé fosse algo simples. Há muitas questões envolvidas e nós precisamos ter um critério profundo e discernidor. Há pessoas que já naufragaram na fé e pensam que estão firmes. Há pessoas que já negaram a Cristo e imaginam que não têm problema algum com sua fé. Há pessoas que perderam completamente a comunhão com Deus e na sua mente, acham que está tudo bem. Há pessoas que já foram reprovadas e nem se deram conta disso!

Mas como realizar este exame? Como saber se de fato estamos firmes na fé? Primeiro que a fé verdadeira só pode vir de um coração regenerado. E para saber se você é regenerado, se você nasceu de novo, você só pode perceber isso pela inclinação da sua nova natureza: se você ama a Deus e as coisas de Deus; se sente prazer nos manjares de Deus e não do mundo; se o pecado passou a causar nojo em você ou se ainda gosta dele em sua vida. Assim, você saberá se tem ou não uma nova natureza.

Aquele que tem uma nova natureza, obviamente terá uma fé verdadeira. Quem tem uma fé verdadeira, esta resultará em obras, pois a fé sem obras é morta (Tg 2.17). As obras incluem desde o simples movimento do seu dia a dia, como seu trabalho, seu café da manhã, suas relações pessoais, etc., sendo feitas para que nelas Deus seja glorificado, até as obras espirituais e sociais que você faz, como servir no reino com seus dons espirituais e ajudar o próximo em suas necessidades.

Mas a maior prova da firmeza da sua fé é quando você está apegado à sua comunhão com Deus; quando sua vida de oração, leitura da Palavra, da comunhão com os santos, tudo isso está em paz; quando as tribulações lhe sobrevêm, mas você não é carregado por suas ondas! Esta é a firmeza que lhe garante que você está em Cristo e Ele em você, sendo assim, você produz muito fruto, o fruto da perseverança, pois “sem Mim”, disse Jesus, “nada podereis fazer” (Jo 15.5)!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 2 de junho de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0570 - JUÍZES QUE PENSAM QUE SÃO DEUSES

 


Eu disse: Vós sois deuses, e vós outros sois todos filhos do Altíssimo” (Sl 82.6).


Estamos vivenciando em nossos dias algo bem diferenciado no poder judiciário do nosso país. Os juízes ali colocados estão claramente tomando decisões poderosas e que interferem nos demais Poderes da Constituição. Tornou-se corriqueiro que muitas dessas decisões sejam monocráticas, a despeito de haver uma pluralidade na corte. Muitas dessas decisões entram em choque com outras decisões que acabam revelando uma preferência partidária, algo proibido pela nossa lei.

Na língua hebraica, alguns termos assumem vários significados. O termo usado neste Salmo, por exemplo (elohim, plural), tem sua raiz (El, singular), que significa “poder”, ou “poderoso” e é atribuído para divindade. Assim, essa palavra é aplicada tanto a Deus, quanto também a seres poderosos, por figura de linguagem, como anjos, deuses (os falsos das antigas religiões), juízes humanos, etc.

Alguns ficam paralisados diante deste Salmo, visto que a palavra “deuses” pode significar qualquer um destes substantivos que já falamos. Porém, quando você percebe o contexto, o salmista Asafe está falando de juízes humanos. Nos vs. 2-4, ele questiona por que os “deuses” estão julgando injustamente e respeitando a aparência das pessoas; defendendo o ímpio e deixando o pobre indefeso. Portanto, elohim aqui refere-se aos juízes da terra.

Quando estudamos Antropologia Teológica, encontramos que, de fato, o homem, ainda no pecado, reflete a imagem e semelhança de Deus, especialmente quando são autorizados por Deus para exercerem poder na terra. São as autoridades constituídas. Chamar juízes de “deuses” era comum no Israel antigo (observe que Jesus mesmo citou este Salmo em João 10.34-36, confirmando que homens a quem a Palavra foi dirigida eram chamados assim).

Entretanto, ao julgar de forma injusta, os juízes da terra já não mais representam Deus, pois Ele é o Justo Juiz! Até mesmo os que não foram delegados como autoridade por Deus entre os homens percebem claramente quando há julgamento injusto! Todos nós temos o senso de justiça, embora nem todos temos autoridade para julgar. Assim, quando aqueles que têm essa autoridade julgam tendenciosamente, acabam por quererem tomar o lugar de Deus!

Este é um pecado gravíssimo! Lúcifer teve esse desejo, Adão e sua mulher o tiveram, vários personagens quiseram o lugar de Deus e a questão é que Deus não divide Sua glória com ninguém (Is 42.8)! O salmista aqui diz que quando os juízes agem assim “nada sabem, nem entendem; andam em trevas” (v. 5)!

No fim de tudo, o que acontecerá aos juízes injustos, que não recebem o título “deuses” com humildade, antes se acham mesmo “deuses”? O próprio Asafe responde: “Todavia, como homens morrereis e caireis como qualquer dos príncipes” (v. 7). E, para que nós não fiquemos com o amargor da injustiça em nossa boca, ele completa: “Levanta-te, ó Deus, julga a terra, pois te pertencem todas as nações” (v. 8)!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson