Teolatria

No Teolatria você encontra diversos estudos bíblicos em slides (power point) para baixar, além de muitas pregações, sermões expositivos, textuais, temáticos em mp3, dos pregadores da IMVC - Vilhena/RO: Pr. Cleilson, Pb. João, Pb. Alex, Pb. Wesllen Ferreira, irmã Clair Ivete e pregadores convidados.

quarta-feira, 26 de junho de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0383 - ORGULHO OU CONFIANÇA

 


Senhor, não é orgulhoso o meu coração, nem arrogante o meu olhar. Não ando à procura de coisas grandes, nem de coisas maravilhosas demais para mim. Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma. Como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, assim é a minha alma dentro de mim. Espere, ó Israel, no Senhor, desde agora e para sempre” (Sl 131 – NAA).


O orgulho é um pecado e, como qualquer outro, inconsistente com a vida cristã. Tomás de Aquino classificou a soberba como a mãe de todos os pecados mortais. Cada pecado capital tem seu desejo como objetivo, mas o orgulho é o desejo de ser maior e melhor. Por este desejo egoísta, o orgulhoso pode cometer qualquer outro pecado para lhe satisfazer e, além disso, ainda pela sua arrogância, não considerará pecado!

Davi diz neste salmo que o orgulho enche o coração e se espalha pelo olhar! De fato, uma pessoa de coração soberbo sempre olha os demais de cima para baixo. Considera tudo o que faz e fala melhor que qualquer outro, ainda que aquilo já tenha sido dito ou feito melhor.

Mas Davi expressa sua sinceridade a Deus que não andava buscando coisas grandiosas, ainda que tivesse condições de obtê-las. Ao contrário de seu filho Salomão, que foi opulento, comprou tudo que seus olhos desejaram, como ele mesmo testemunha em Ec 2.10: “Tudo aquilo que os meus olhos desejaram eu não lhes neguei”, o rei Davi não agiu assim!

O salmista contrasta o pecado do orgulho não com a virtude da humildade, como normalmente se faz, mas com a virtude da confiança! Ele diz que sua alma se calou, ele a fez sossegar, ele encontrou descanso em Deus. Ele dá o exemplo de uma criança desmamada, não uma criança faminta, desesperada por leite, mas aquela que já se fartou e dorme tranquila nos braços de sua mãe. Aqui a confiança se contrapõe à autoconfiança!

Primeiro, ele diz como não deve ser alguém – não deve ser orgulhoso. Segundo, ele diz como deve ser – sossegado e calmo. E terceiro, ele dá uma recomendação a todo o povo de Israel sobre o qual ele governava: “Espere, ó Israel, no Senhor, desde agora e para sempre”! É assim a espera confiante. Não tem dúvida, não desconfia de Deus, sabe que dEle provém o alimento e o descanso.

Como tem sido nosso coração? Soberbo? Tem feito as coisas por si mesmo e por isso se orgulhado? Nossa alma tem descansado no Senhor como criança satisfeita e que já dorme tranquila, ou temos nos desesperado, dizendo que esperamos no Senhor, mas essa espera nos causa mais ansiedade do que firmeza? Davi teve coragem de dizer diretamente para o Senhor sobre seu coração! Não tinha medo de ser desmentido, porque esta era a verdade a seu respeito. E quanto a nós? Podemos dizer o mesmo que Davi sem que nosso coração nos condene?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 25 de junho de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0382 - O LIVRO SELADO

 


Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra” (Ap 5.6).


Na visão de Apocalipse 5, o apóstolo João vê um livro ou um pergaminho na mão direita do que estava assentado sobre o trono, isto é, Deus Pai (v. 1). O livro estava selado com sete selos. Na lei romana, sete selos eram usados para testamento de herança por meio da morte.

Um anjo forte perguntava quem seria digno de abrir aquele pergaminho e quebrar seus selos (v. 2). É-nos dito no v. 3 que nem no céu, nem na terra, nem debaixo da terra havia alguém que fosse digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele e por isso João chora (v. 4).

Um dos 24 anciãos diz ao apóstolo que não precisa chorar, porque há um que é digno! O Leão da tribo de Judá venceu e é digno de abrir aquele rolo (v. 5). Quando João olha para ver o Leão, na verdade, ele vê um Cordeiro como tendo sido morto! Ele toma o livro da mão de Deus Pai (v. 7), e do v. 8 até o final do capítulo, todos os seres que contemplam esse movimento do Cordeiro de Deus em pegar este pergaminho para abri-lo, rendem-se em adoração diante dEle!

Este rolo representa os acontecimentos da história que caminham para o seu fim. Eles estão selados porque somente Deus conhece e, mais que isso, Ele determinou o que acontecerá daqui para o fim. Na verdade, Deus determinou todas as coisas desde a criação até a consumação. Mas aqui temos o descortinar da história da redenção, da história da igreja, que passará por várias provações, mas chegará vitoriosa ao fim de tudo.

O Cordeiro aparentava ter sido morto, como de fato foi. Cristo, o Cordeiro de Deus foi imolado em favor da redenção de Seu povo. Ele é louvado por isso nos vs. 9,10: “Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes”.

Chifre representa poder e o número 7 perfeição. Então os 7 chifres querem dizer que Ele tem todo poder no céu e na terra, como Ele mesmo disse em Mt 28.18. Seus 7 olhos representam Sua onividência, ou seja, Cristo vê todas as coisas, nada escapa a Seus olhos. Eles são os 7 espíritos de Deus, a saber, não que Deus tenha 7 espíritos, mas como o 7 fala de plenitude, então Jesus está revestido da plenitude do Espírito de Deus, como está escrito em Jo 1.16; Cl 2.9.

Veja que Cristo é digno porque foi morto! Como pode a morte de alguém torná-lo digno de alguma coisa? É que a morte de Jesus foi, na verdade, um pagamento. Ele comprava para Deus pessoas de todas as nações para torná-las Sua propriedade exclusiva. Como Sua vida foi perfeita, logo, Sua morte foi aceita como pagamento pelas almas de pecadores que estavam condenados! Por isso a igreja se alegra! Porque Aquele que a comprou com Seu sangue também a livrou das sentenças e juízos que estão descritos neste livro. Tudo está sob o controle do nosso Salvador! Aleluia!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 24 de junho de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0381 - BUSCAR AO SENHOR: GRUPOS E SITUAÇÕES

 


Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Is 55.6).


Geralmente há quatro tipos de grupos de pessoas no que diz respeito a buscar a face do Senhor nosso Deus: há os que buscam a Deus somente quando as coisas estão indo mal; há os que buscam a Deus somente quando tudo está bem; há os que não buscam a Deus de forma nenhuma, nem com tudo mal, nem com tudo bem; e há os que buscam a Deus em ambas as situações, tanto quando tudo vai mal, como quando tudo vai bem.

Os que buscam a Deus somente quando as coisas vão mal, geralmente são os ingratos. Eles querem o favor de Deus, mas não querem uma vida entregue a Ele. Querem desfrutar do que Deus tem, mas não querem a interferência de Deus em suas vidas. Na opinião desse grupo, obedecer a Deus é o mesmo que um fardo pesado sobre seus ombros. Basta serem abençoados, conseguirem o que desejam e já abandonam a Deus.

O segundo grupo, o daqueles que somente buscam a Deus quando tudo vai bem, é o grupo dos que acham que Deus tem uma obrigação com eles. Se algo dá errado no seu ponto de vista, logo abandonam a Deus e Sua obra, julgando que Deus não podia lhes fazer passar por aquela situação ruim. Por pensarem que Deus tem algum dever para com eles, as pessoas deste grupo comentam em seu coração, ou até mesmo com seus lábios que Deus as esqueceu, pelo fato de estarem numa situação difícil ou atribulada.

A característica do terceiro grupo é basicamente mundana. Se tudo lhes vai bem, não buscam a Deus, porque julgam ter alcançado seu sucesso mediante a força de seu braço, sua inteligência e sua aptidão; se tudo lhes vai mal, não buscam a Deus, porque imaginam que de nada adianta fazer isso nesse momento. Mas este grupo também se encontra no meio da igreja. Pessoas estão na igreja, mas não buscam a Deus em hipótese nenhuma!

O quarto grupo se compõe daqueles que sinceramente amam ao Senhor. Eles buscam a face de Deus independente da situação que os cerca. Buscar a Deus para eles não é circunstancial; é essencial! Vai tudo bem, vai tudo mal, eles estão lá, buscando ao Senhor! Eles encontram satisfação na Pessoa de Deus e não em Suas bênçãos. Eles se preenchem com Deus e não se sentem no direito de reclamar quando algo vai mal, pois entendem que o Deus a quem buscam é um Deus sábio, que conduz todas as coisas, boas e ruins, para o louvor de Sua glória e para o nosso bem espiritual e eterno!

A qual desses grupos você pertence? Geralmente temos a inclinação de dizer que pertencemos a este último grupo, pois é o ideal. Mas será o real? De fato, você busca mesmo a Deus quando tudo vai bem em sua vida, ou somente quando tudo está ruim? Qual é a verdadeira postura? Você busca a Deus somente na bonança e na provação você O abandona? Reflita hoje e seja honesto diante de você mesmo, pois Deus já sabe a qual grupo você pertence. Busque ao Senhor enquanto se pode achar! Independente da situação, busque ao Senhor. Um dia, ou você não poderá mais buscá-lo ou Ele não poderá mais ser achado!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 23 de junho de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0380 - NÃO SE ZOMBA DOS FEITOS DE DEUS!

 


Então, subiu dali a Betel; e, indo ele pelo caminho, uns rapazinhos saíram da cidade, e zombavam dele, e diziam-lhe: Sobe, calvo! Sobe, calvo! Virando-se ele para trás, viu-os e os amaldiçoou em nome do SENHOR; então, duas ursas saíram do bosque e despedaçaram quarenta e dois deles” (2Re 2.23,24).


Muito se tem criticado a Bíblia por contar esse episódio. Elias tinha subido para o céu havia pouco tempo e 50 discípulos da sua escola de profetas pediram a Eliseu que os autorizasse a buscar Elias em algum monte ou vale da região de Jericó, mas Eliseu disse que não fossem, pois ele mesmo havia testemunhado a subida de Elias para o céu. De tanto insistirem porém, Eliseu acabou os autorizando. Eles procuraram e vasculharam a região por 3 dias, mas não acharam ninguém (vs. 16-18).

Eliseu também havia realizado um de seus primeiros milagres, tornando saudáveis as águas de Jericó, a pedido dos discípulos dos profetas que ali habitavam. Jogou sal na fonte de água doce e as águas ficaram saudáveis (vs. 19-22)! Agora Eliseu estava indo a Betel e, alguns jovens, saindo da cidade, começaram a zombar dele. Eliseu os amaldiçoou em nome do Senhor e duas ursas que saíram do bosque despedaçaram 42 daqueles rapazes. É por isso que muitos têm criticado a Bíblia. Por que tão severa punição para crianças que brincavam e acabaram zombando do profeta que por ali passava?

Vejamos algumas observações: Primeiro, não eram crianças. A palavra hebraica pode servir para uma idade jovem bastante abrangente. Clarke cita dois exemplos: Isaque foi chamado por esse nome em hebraico (naar) quando tinha 28 anos de idade (Gn 21.12); e José também, quando já era de 39 anos (Gn 41.12). Então pode ser que esses rapazinhos não fossem crianças ingênuas. Segundo, que ainda pairava dúvidas sobre todos se de fato Elias tinha ido para o céu. O tom da fala deles com Eliseu era como se fosse “sobe, cabeça oca, para o céu, como fingiu o teu mestre, vamos ver se você é bom no milagre do sumiço”!

Eliseu não tinha poder para fazer nenhuma ursa sair de bosque algum para destruir ninguém. Quem operou aquele sinal foi Deus! Então, obviamente, não se tratava de inocentes, mas de jovens que haviam se tornado oposição a Deus naquele momento. Aliás, se Eliseu tivesse proferido a maldição e não houvesse razão alguma para isso, com certeza ela não se executaria sobre aqueles meninos. Provérbios diz que a maldição sem causa não se cumpre (Pv 26.2). O fato de ter acontecido, é porque Deus sabia exatamente o que mereciam aqueles rapazes.

Clarke ainda chama a atenção para uma hipótese. Se eram rapazes bagunceiros, era bem provável que haviam destruído alguns filhotes de ursas e, bem no momento da maldição do profeta, as ursas os encontraram e os despedaçaram! Sendo ou não um fato acidental, a realidade é que não escaparam do juízo divino. Isso nos mostra quão santas são as obras de Deus e ai daqueles que zombam dos Seus maravilhosos feitos. Duas ursas serão o menor dos problemas!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sábado, 22 de junho de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0379 - OLHANDO OS SINAIS DE FORMA ERRADA

 


Aprendam a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, vocês sabem que o verão está próximo. Assim, também vocês, quando virem todas estas coisas, saibam que está próximo, às portas” (Mt 24.32,33).


Quantas e quantas vezes ouvimos dizer que, nesta parábola, a figueira simboliza Israel, os ramos e folhas brotando são os judeus sendo repatriados, voltando para sua terra, aquela coisa romântica, que Israel voltou a ser nação em 1948 pelo reconhecimento das Nações Unidas etc.? Que grande parte dessa profecia se cumpriu quando Israel foi declarado Estado e passou a ter um lugar no mapa, bandeira e tudo mais? Nada, absolutamente.

E onde está Israel aqui nesta parábola? Os intérpretes sionistas do sermão escatológico de Jesus dizem que em outros lugares da Bíblia, inclusive o próprio Jesus comparou Israel com uma figueira (Lc 13.6-10). Mas há uma regra de interpretação bíblica que diz que devemos interpretar o texto pelo seu contexto imediato primeiro. Só depois, se não chegarmos a nenhum entendimento, é que podemos fazer a analogia das Escrituras para comparar os textos mais distantes.

Aqui nesta parábola não há coisa mais simples de se entender. Jesus não está falando nada de Israel, nem de judeu sendo repatriado, nem de reconhecimento como Estado pela ONU, absolutamente nada disso. Ele apenas disse: “Quando vocês veem os ramos da figueira se renovando e as folhas brotando, vocês não sabem que o verão está próximo? Então, assim também quando vocês virem acontecer tudo que falei” (o que foi que Jesus falou?) “os sinais do fim, as guerras, os terremotos, as fomes, os falsos cristos, o amor se esfriando etc., então sabeis que Minha vinda está próxima”.

Portanto, figueira aqui não representa absolutamente nada! Seus ramos e folhas representam os sinais que Jesus avisou no cap. 24 e não judeus voltando para sua pátria; o verão representa a vinda do Senhor. Pronto! É só isso que significa essa fala de Jesus. Não tem Israel nem tem judeu. Ramos e folhas = sinais; a estação do verão = a segunda vinda e o fim do mundo! Apenas isso! As pessoas ficam hoje olhando para tudo o que acontece em Israel, chamam-no de “relógio de Deus” e para os sinais mesmo, esquecem de olhar!

Por outro lado, tem os que dizem que tudo isso já se cumpriu no ano 70 d.C., com a destruição de Jerusalém. São os preteristas. Eles não esperam absolutamente nada mais desse texto para os nossos dias. Entretanto, se esquecem também de outra regra hermenêutica que diz que as profecias bíblicas têm duplo ou até múltiplos cumprimentos. Têm seu significado para se cumprir de modo próximo ao tempo em que foi profetizado, como também em um tempo mais esticado, para o fim dos últimos dias.

Que tenhamos olhos límpidos para a leitura das Escrituras e nenhum conceito humano venha embaçar nossa visão das coisas celestiais. Quem pensa estar atento aos sinais, mas não sabe interpretá-los, é o mesmo que não estar atento aos sinais.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 21 de junho de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0378 - TORMENTO NA ALMA, SINAL DE JUSTIÇA

 


Mas livrou o justo Ló, que ficava aflito com a conduta libertina daqueles insubordinados. Porque esse homem justo, pelo que via e ouvia ao morar entre eles, atormentava a sua alma justa, dia após dia, por causa das obras iníquas que aqueles praticavam” (2Pe 2.7,8). NAA.


Todos nós conhecemos a história de Ló, sobrinho do patriarca Abraão. Parece-nos estranho que o apóstolo Pedro, nestes dois versículos, tenha chamado Ló de justo por três vezes. Mas é que lemos em Gn 18, na intercessão de Abraão por aquelas cidades onde seu sobrinho morava, que Deus não destruiria o justo com o ímpio (v. 23). Obviamente, Abraão estava pensando em seu sobrinho Ló e talvez alguns poucos homens que pudessem ser como ele ali naquelas cidades.

Sabemos que Ló não foi para Sodoma com interesses espirituais, pois seu coração foi inflado pelo que seus olhos viram naquela cidade do alto da colina (Gn 13.10,11). Sabemos que Ló ofereceu suas filhas aos homens que queriam estuprar os dois anjos que foram à sua casa (19.4-9). Sabemos também que, mesmo na hora de ser destruída aquela cidade, Ló e sua família não queriam sair, os anjos tiveram que puxá-los pelas mãos (19.16). O autor chega a dizer que foi a misericórdia do Senhor que ainda foi estendida sobre eles... Ló também se entregou à embriaguez e, como todos sabem, se permitiu ao incesto de suas filhas, devido aos efeitos inebriantes do vinho (19.30-38). Por que é chamado de justo?

No entanto, havia algo na alma de Ló. Uma aflição que lhe atormentava. E a razão desta aflição era exatamente o pecado dos moradores de sua cidade, Sodoma. O que ele presenciava, vendo e ouvindo daqueles vizinhos, causava náuseas e tormento espiritual para ele. Sabemos que quanto mais tempo se passa em um lugar indesejado, mais se vai acostumando ao que antes incomodava e, se não há uma entrega às mesmas práticas, ao menos aqueles pecados já não incomodam mais. Mas não foi assim com Ló. Por todo o tempo em que habitou em Sodoma, sua alma se angustiou pelos pecados do povo.

Quem foi justificado do pecado não aceita mais que a nódoa e a sujeira dele voltem a fazer parte de sua vida. O justo se aflige com as práticas pecaminosas do mundo e não se acomoda a elas. Vemos muitos crentes que já se acostumaram aos pecados do mundo em que vivem, de modo que isso não mais lhes atormenta. Outros, ainda mais, apoiam, “curtem e compartilham” desses pecados. Outros também desceram à mesma baixeza e já entraram na prática de tais iniquidades, de forma que não sabem mais julgar, discernir, entre o que agrada a Deus e o que O desagrada.

Pedro diz que Deus livrou aquele homem. A sua cidade sucumbiu ao juízo divino, mas não ele. O juízo divino está chegando sobre toda a terra. Será que nosso coração está inquieto ou está conformado ao ambiente em que vivemos? Seríamos vistos como justos por Deus para sermos livrados da sentença que está por vir? Se somos justos em Cristo, então nossa alma tem que dar um sinal disso: ela deve se atormentar pelas obras ímpias dos nossos vizinhos!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 19 de junho de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0377 - BEM-AVENTURADO O QUE CRÊ PELO QUE OUVE E NÃO PELO QUE VÊ!

 


Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo 20.29).


Uma das coisas mais limitadoras na vida do ser humano é a confiança em seus sentidos. Tanto os céticos duvidam de várias coisas por não poder senti-las, como também muitos se deixam levar por enganos sobrenaturais por terem sentido alguma coisa.

Tomé é um exemplo de que os discípulos não estavam predispostos a aceitarem a ressurreição de Jesus sem questionar. Os ateus alegam que a ressurreição foi uma invenção dos seguidores de Jesus que “pegou”, que deu certo. No entanto, o que lemos nas narrativas dos Evangelhos, é que nem mesmo eles criam nisso. Não se inventa uma estória que “dá certo” sem acreditar nela. Claro que há muitas estórias em nossos contos culturais, mas todos sabem que são apenas estórias.

Jesus tinha algo para ensinar a Seus discípulos; que o que de fato agrada a Deus é a fé e não a dependência das reações sensoriais. No entanto, Ele ainda foi amoroso com Tomé, dando-lhe a oportunidade de vê-lo ressurreto e ainda convidando-o a tocar nEle! Ao ver o seu Senhor redivivo e vitorioso sobre o poder da morte, Tomé exclamou: “Senhor meu e Deus meu!” (v. 28). Alguém já disse que sua interrogação logo se transformou em uma exclamação!

Mas o que Jesus estava ensinando é que não devemos depender dos nossos sentidos quando se trata daquilo que provém de Deus. Bem-aventurados os que não viram e creram, ou seja, o testemunho da Palavra é superior ao testemunho da visão. O poder transformador no coração do homem é o poder da Palavra e não dos milagres. Eis a razão pela qual Jesus recomendava que as pessoas curadas por Ele não dissessem nada a ninguém. Ele não queria que a pregação do evangelho fosse confundida com operações de milagres, pois as pessoas iriam buscar os milagres, mas não dariam ouvidos à mensagem de arrependimento e fé que o evangelho traz.

De fato tem sido assim até os nossos dias. As pessoas não querem vir a Cristo por meio da palavra da pregação. Elas querem ver algo. Elas querem sentir algo. Mas a fé não vem pelo ver nem pelo sentir. A fé vem pelo ouvir e o ouvir a pregação da palavra de Cristo (Rm 10.17).

Mas não temos encontrado esse fator limitador apenas no mundo. Muitos crentes também já se acomodaram às percepções sensoriais. Não creem no que diz a Palavra porque alegam que não sentiram nada, mas creem em doutrinas de demônios porque alegam que sentiram algum arrepio ou viram algum sinal.

Observe que, mesmo sendo o próprio Jesus que Tomé estava vendo, o Senhor o censurou por isso: “Porque me viste, creste”? Imagina o que o Senhor não diria hoje para muitos que creem naquilo que nem provém dEle?! “Não sejas incrédulo, mas crente”, disse o Senhor a Tomé (v. 27). Crente não é aquele que vê ou sente. Este é o incrédulo, que necessita disso para crer, ainda que esteja vendo algo do próprio Deus (e sabe-se lá se ainda vai crer). Crente é aquele que confia na Palavra de Deus. Este sim, é bem-aventurado!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 17 de junho de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0376 - CACHORRINHOS TRANSFORMADOS EM FILHOS!

 


Mas Jesus lhe disse: Deixe primeiro que os filhos se fartem, porque não é correto pegar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos. A mulher respondeu a ele: Senhor, os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem das migalhas das crianças” (Mc 7.27,28). NAA.


Tendo Jesus partido em certa ocasião para terras estrangeiras nos arredores de Israel, talvez para descansar ou fugir da pressão da multidão que não Lhe dava trégua, uma estrangeira O encontrou e Lhe rogava insistentemente que expulsasse o demônio de sua filha. Este versículo que lemos foi a resposta de Jesus para aquela mulher. Os filhos devem se fartar primeiro.

Sabemos que nessa pequena parábola de Jesus, os filhos representavam os judeus, o povo para o qual veio o Filho de Deus. Quando Jesus deu autoridade a Seus discípulos sobre espíritos imundos e enfermidades, Ele ordenou-lhes que não entrassem em cidades gentílicas nem samaritanas, mas que fossem às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10.5,6). Paulo também disse que o evangelho é o poder para salvar primeiro o judeu (Rm 1.16). Há várias referências no NT que comprovam a preeminência dos judeus na salvação. Tanto é que os primeiros três mil batizados eram judeus que viviam na Dispersão e estavam em Jerusalém na festa de Pentecostes (At 2.5).

Mas, como disse Jesus para aquela mulher, os filhos, isto é, os judeus, realmente se fartaram! Fartaram-se tanto que rejeitaram, vomitaram, expeliram Jesus, o Salvador! Eles foram negligentes. Em Lc 19.44, Jesus diz em Sua lamentação sobre Jerusalém que não ficaria pedra sobre pedra porque não conheceram a oportunidade da visitação. Eles tiveram o Filho de Deus e não O conheceram!

Mas aquela mulher não queria esperar. Ela estava decidida em sua mente a obter ao menos uma fagulha do poder e da bênção de Cristo. Ela entendeu a parábola do Senhor, ela sabia que os judeus realmente tinham preeminência, mas ela percebeu um detalhe na fala de Jesus: Ele não a chamou de “cão” como era costume dos judeus tratarem os gentios. Jesus falou no diminutivo, ou seja, cãezinhos que eram mantidos como animais de estimação! Ao perceber esta diferença, para a mulher foi o que ela esperava! Ele não a estava rejeitando, apenas colocando as coisas em sua ordem de prioridade.

Sua resposta mostrou submissão e não contrariedade aos desígnios do Pai. Como se dissesse: “Eu não quero usurpar de forma alguma o lugar dos filhos à mesa. Sei que a mesa pertence aos judeus, mas, como o Senhor sabe, sempre algumas migalhas caem da mesa dos donos. Estarei satisfeita com uma delas”. De fato, os judeus não só deixaram migalhas caírem. Eles desperdiçaram o Pão da Vida!

Glória a Deus, os cachorrinhos não só passaram a comer do Pão da Vida, como também foram transformados em filhos! “Assim, vocês não são mais estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (Ef 2.19 – NAA).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0375 - A MADEIRA VERDE E AS MADEIRAS SECAS

 


Porque, se isto é feito com a madeira verde, o que será da madeira seca?” (Lc 23.31).


Estamos diante da cena conhecida como via crucis, no latim, a estrada da cruz. Bem antes disso, já havia começado o suplício do nosso Salvador. Desde o jardim, Ele agonizava, pois imaginava como seria a ira do Pai sobre Si, uma vez que jamais, em toda eternidade Ele a tivera experimentado. Diante desta imagem cruenta, uma grande multidão seguia aquele cortejo macabro, onde o Personagem principal era levado como condenado, carregando Seu próprio instrumento de morte para o próprio lugar onde seria executado!

Algumas mulheres, ao virem aquele drama alvoroçado, choraram piedosamente por Jesus. Elas não choraram pelos ladrões que iam com Ele, mas apenas por Jesus. É bem provável que eram mulheres que foram abençoadas por Ele durante as várias ocasiões em que visitou Jerusalém durante Seu ministério terreno. Elas sabiam que Ele era inocente e não merecia nenhuma condenação, quanto menos uma morte tão desgraçada como aquela!

Mas o nosso Senhor não quer que as pessoas chorem por causa do Seu sofrimento. Até hoje, muitos choram rios de lágrimas quando assistem a filmes sobre a paixão de Cristo. Elas ficam com pena de Jesus e chegam até mesmo a chorar com muita sinceridade. Mas Ele não aceita isso. Na realidade, Ele deu Sua vida voluntariamente, Ele que teve dó de nós, Ele que Se compadeceu da nossa miséria. Nós somos dignos de dó e não Ele!

Imediatamente, Jesus profetiza para aquelas mulheres: “Filhas de Jerusalém, não chorem por mim; chorem antes por vocês mesmas e por seus filhos! Porque virão dias em que se dirá: ‘Bem-aventuradas as estéreis, que não geraram, nem amamentaram’” (vs. 28,29). Jesus está dizendo a elas o que já havia dito a Seus discípulos no sermão profético, que haveria uma terrível destruição em Jerusalém, a qual de fato ocorreu no ano 70 d.C., sob a invasão do imperador Vespasiano e seu filho, o general Tito. Milhares e milhares de judeus foram mortos e esmagados pelos romanos!

Jesus disse a elas que, se fizeram isso com “madeira verde”, isto é, com Aquele que era inocente, imagina o que eles não fariam com a “madeira seca”, ou seja, os pecadores, que realmente merecem a morte? De fato, o salário do pecado é a morte (Rm 6.23)! Todos nós somos madeira seca! Todos nós somos infrutíferos, somos galhos secos, cortados da árvore, prontos para sermos lançados fora e queimados (Lc 3.9; Jo 15.6; Hb 6.8).

Se não fosse a “madeira verde” ter sido queimada por nós na cruz, todos nós estaríamos condenados como “madeira seca” servindo de combustível eternamente no lago de fogo!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sábado, 15 de junho de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0374 - A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA TROUXE SALVAÇÃO A TODOS OS HOMENS?

 


Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11).


Com a tradução deste versículo feita dessa forma que acabamos de ler, como está em algumas versões em português, os leitores da Bíblia e muitos pregadores, caindo ainda na mesma armadilha de sempre, de ler o texto sem o seu devido contexto, afirmam, com base neste versículo isolado, que Deus trouxe a salvação a todos os homens. Mas vejamos algumas falas de Paulo a Tito neste mesmo capítulo para sabermos do quê ele está falando.

Como Paulo havia denunciado os falsos mestres no cap. 1, que ensinavam a circuncisão (1.10), então ele exorta a Tito que confronte esse pessoal para proteger o rebanho de Deus (v. 13). O cap. 2 é, obviamente, uma continuação natural do que Paulo dizia no cap. 1. Tanto que ele usa a conjunção adversativa no 1º versículo do cap. 2. Ele diz: “Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina”. Ou seja, ao contrário dos falsos pregadores que ensinam o engano, tu, porém, fala o que está de acordo com a sã doutrina.

Seguindo essa exortação que ele dá a Tito, Paulo aproveita e dá exortações a outras classes de pessoas na igreja também. No v. 2 ele diz como devem ser os homens idosos; nos vs. 3-5 ele diz como devem proceder as mulheres idosas; no v. 6 ele diz como devem ser os jovens; nos vs. 7,8 ele volta a dizer como deve proceder o próprio Tito, pastor daquela igreja em Creta; e nos vs. 9,10 ele exorta os empregados, como devem proceder diante de seus patrões.

Todo esse procedimento dos crentes, diz Paulo no final do v. 10, é “ornamento da doutrina de Deus nosso Salvador”. Ou como diz na NAA: “a fim de que, em todas as coisas, manifestem a beleza da doutrina de Deus, nosso Salvador”. A ideia do apóstolo é que os crentes, com sua conduta, manifestem a beleza do ensino sobre Deus (Teologia) e Sua salvação (Soteriologia)! Por isso que no v. 11, ele diz: “Porque foi manifesta a graça de Deus, a salvadora, a todos os homens” (Trad. Lit.). No grego não está escrito que a graça trouxe salvação a todos. Diz que Deus manifestou Sua graça salvadora a todos.

De fato, a graça de Deus, esta que salva, foi manifesta por meio de Cristo quando Ele veio ao mundo. Mas agora, através da conduta sadia, treinada e educada dos cristãos, sejam pastores, velhos, senhoras, jovens ou servos (citados por Paulo nos vs. anteriores), que renunciam as paixões mundanas e impiedades, vivendo neste mundo, sóbria, justa e piedosamente (cf. v. 12), a beleza da doutrina do Deus Salvador continua sendo manifesta, enquanto aguardamos “a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (v. 13).

É isso que Paulo está dizendo. Que os crentes, quando vivem em santidade, manifestam a beleza da graça do Deus Salvador, graça essa que se manifestou salvadora na Pessoa de Seu Filho amado diante de todos os homens! E não que essa graça trouxe salvação a todos os homens. Se a graça tivesse trazido salvação a todos, ela deveria realmente salvar a todos, ou então seria a graça de Deus mais fraca do que a rejeição dos homens. E os que não a rejeitassem, seriam melhores do que os que a rejeitaram e, assim, se tornariam merecedores da salvação! Sendo assim, já não seria mais graça!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 13 de junho de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0373 - GRAÇAS A DEUS, NÃO EXISTE LIVRE-ARBÍTRIO!

 


Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal” (Dt 30.15).


As pessoas costumam usar este versículo para tentar provar a ideia do livre-arbítrio, a liberdade humana em poder escolher igualmente entre o bem e o mal, entre a vida e a morte. Obviamente fazem isso como fazem com quase todos os assuntos bíblicos, ou seja, usando os versículos de forma isolada e fora de seu contexto.

Livre-arbítrio significa liberdade de escolher igualmente entre coisas opostas, sem a interferência de nenhuma inclinação prévia. Se for esse o sentido que os defensores do livre-arbítrio dão ao conceito, então isso é completamente enganoso. Primeiro, porque ninguém é livre no sentido absoluto da palavra. Jesus disse que todo ser humano é escravo do pecado (Jo 8.34) e, sendo assim, nossas escolhas são impulsionadas por esta inclinação pecaminosa que temos. Já não somos livres.

Segundo, porque não existe escolha sem interferência. Toda escolha é feita com base em alguma preferência. Logo, não há liberdade na escolha, ao contrário, houve influência da preferência. Claro que no caso de escolher entre Deus e o pecado, prevalece o pecado na vida do ser humano, uma vez que todos são escravos do pecado. Não é uma questão apenas de preferência (porque claramente o homem prefere o pecado), mas também uma questão de impotência, porque o homem claramente é escravo do pecado. Também não há liberdade de escolha aqui.

Então, por que Deus disse essa frase para Israel? Observe o v. 16 que diz: “se guardares o mandamento que hoje te ordeno”, ou seja, Deus não estava dando opção de escolha para um povo que não O conhecia, mas para um povo que já havia recebido a Sua lei. Se fosse livre-arbítrio, então Deus teria que dar a opção de escolha antes de lhes entregar a lei. Assim, se eles resolvessem escolher a Deus, então Deus lhes daria a Sua lei. Mas não foi assim! Primeiro, Deus os tirou graciosa e soberanamente da terra do Egito, depois é que lhes revelou Sua santa vontade através da lei.

Assim também é conosco. Deus não nos chama para dar uma opção entre o mundo e Ele. Porque Ele sabe que nós escolheremos sempre o mundo! Antes, Ele nos livra primeiro do mundo através do evangelho, então, depois de nos ter tirado do mundo, Ele nos dá a Sua Palavra!

Nesse caso, alguém poderia ainda argumentar: então, já que Deus nos tira do mundo e só então nos dá a opção de segui-lo ou não, segue-se que ainda há um livre-arbítrio, nem que seja depois que você já foi liberto do mundo. Agora Deus lhe dá a chance de servir ou não a Ele e você pode aceitar ou rejeitar. No entanto, observe ainda o v. 6: “O SENHOR, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua descendência, para amares o SENHOR, teu Deus, de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas”.

Mesmo depois de liberto do Egito, depois que Deus entrega a você a Sua vontade, Ele também lhe dá um novo coração, um coração circuncidado e cheio de amor por Ele e dessa forma você jamais escolhe o Egito de onde Ele te libertou! Graças a Deus que não existe livre-arbítrio!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 12 de junho de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0372 - ACEITOS PELA INTERCESSÃO E PELO SACRIFÍCIO

 


Tendo o SENHOR falado estas palavras a Jó, o SENHOR disse também a Elifaz, o temanita: A minha ira se acendeu contra ti e contra os teus dois amigos; porque não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó. Tomai, pois, sete novilhos e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e oferecei holocaustos por vós. O meu servo Jó orará por vós; porque dele aceitarei a intercessão, para que eu não vos trate segundo a vossa loucura; porque vós não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó” (Jó 42.7,8).


Diante de todo sofrimento do patriarca Jó, como já conhecemos a sua história, seus três amigos, na tentativa de consolá-lo, buscaram também encontrar uma resposta para aquele terrível suplício que viam diante de seus olhos. Um homem justo, como seu amigo Jó, acometido por uma série de desgraças inexplicáveis, só podia ser uma coisa: havia, no parecer dos seus três amigos, algum ou vários pecados secretos na vida do patriarca.

Do capítulo 3 ao 31 temos no livro três séries de debates entre Jó e seus amigos. Cada série mostra que as acusações se tornam mais agressivas contra ele. Entretanto, ainda que os amigos de Jó falassem muitas coisas corretas sobre Deus, mesmo assim, Deus considerou que eles não disseram o que era reto a Seu respeito. Isto porque a mente humana é incapaz de compreender os desígnios supremos e insondáveis de Deus. Não temos resposta pra tudo e Deus não pode ser aprisionado na pequena caixa do nosso simplismo intelectual.

A ordem de Deus para os três amigos de Jó foi que eles oferecessem holocaustos sob a oração intercessória de Jó para que fossem aceitos diante de Deus. Caso contrário, Deus os trataria conforme a loucura deles, de tentar sondar a mente infinita de Deus e acabar falando muitas tolices sobre Ele.

A grande verdade é que a humanidade é como os amigos de Jó. Ela procura falar sobre Deus de modo arrogante e presunçoso, exibindo saber sobre o que realmente não sabe. Todas as pessoas têm um conceito sobre Deus e, em geral, esse deus é aquele que elas conceberam em sua mente caída. O conceito popular sobre Deus é o conceito de trevas. Elas julgam conhecer a Deus, mas só falam daquilo que acham sobre Ele.

Jó, nesse momento, aponta para Jesus, ainda que de modo bem pálido e falível. No meio daqueles amigos espiritualmente cegos, Jó era o que mais tinha um facho de luz a respeito de Deus e Sua natureza. Jesus, esse sim, é a revelação, “a explicação, a interpretação” do Pai (Jo 1.18, onde diz que Jesus é a “exegese”, ou interpretação de Deus). Jesus falou sobre Deus de modo claro e sem nenhuma sombra de dúvida.

Assim como Deus aceitaria os amigos de Jó por causa da intercessão deste, assim também Deus nos aceitou por causa da intercessão de Jesus. Mas ao contrário dos amigos de Jó, de quem Deus exigiu holocaustos, no nosso caso, Ele mesmo ofereceu Seu Filho em holocausto, para que nós fôssemos perdoados e aceitos por Deus!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 11 de junho de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0371 - DEUSES NA MOCHILA

 


Agora, pois, deitai fora os deuses estranhos que há no meio de vós e inclinai o coração ao SENHOR, Deus de Israel” (Js 24.23).


As palavras deste último capítulo do livro de Josué provam que ele era profeta. Tudo o que ele disse ao povo foi o Senhor quem ordenou que dissesse (v. 2, onde ele diz a frase usual para os profetas: “assim diz o Senhor”). No v. 15, o mais famoso do livro, Josué adverte o povo sobre quem eles deviam escolher para servir como deus. Se aos deuses dos seus antepassados dalém do Eufrates, ou os deuses da terra de Canaã, a qual eles passavam agora a habitar depois da conquista e divisão de terras feitas por Josué. Mas Josué garante que ele e sua casa serviriam ao Senhor.

Quando ele cita os antepassados dalém do Eufrates, ele está falando de Abraão, o qual adorava a lua e outros ídolos, junto com seus familiares (v. 2). Abraão também era idólatra e nada havia nele que levasse Deus a escolhê-lo como fez. Abraão era tão imerecedor da graça divina tanto quanto qualquer um de nós. Josué, como profeta, sabia que o povo não iria cumprir com sua palavra de servir realmente ao Senhor.

Entretanto, o povo deu a seguinte resposta a Josué: “ Longe de nós o abandonarmos o SENHOR para servirmos a outros deuses; porque o SENHOR é o nosso Deus; ele é quem nos fez subir, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da servidão, quem fez estes grandes sinais aos nossos olhos e nos guardou por todo o caminho em que andamos e entre todos os povos pelo meio dos quais passamos. O SENHOR expulsou de diante de nós todas estas gentes, até o amorreu, morador da terra; portanto, nós também serviremos ao SENHOR, pois ele é o nosso Deus(vs. 16-18). Mas como todos conhecemos a história, o povo de fato abandonou ao Senhor. Tinham-no em seus lábios e conheciam toda Sua obra prodigiosa, mas não O tinham no coração e não temiam ao Senhor!

Josué avisou que o povo não iria adorar ao Senhor, antes O deixaria e serviria a deuses estranhos (vs. 19,20); mas o povo insistiu que de fato serviria apenas ao Senhor (v. 21). Mas agora, no v. 23, Josué ordena que o povo lance fora os deuses que estavam com ele! Vejam! Eles estavam prometendo toda fidelidade, mas dentro de suas mochilas havia deuses estranhos! Não é assim conosco? Conhecemos a história de Deus, Seus prodígios, sinais, a obra redentora de Seu Filho, nada nos escapa, tanto das histórias como da teologia da Palavra de Deus. Falamos que iremos servir somente ao Senhor, mas quando abrimos nossa mochila...

Ali estão os deuses dos nossos antepassados, costumes e ideologias culturais das quais não nos desapegamos e também os deuses da nossa geração, toda essa parafernalha virtual que não sabemos usar para a glória de Deus e acabamos sendo por ela usados. Podemos dizer como Josué, que nós e nossa casa servimos mesmo ao Senhor? Aliás, não só dizer, pois o povo disse o mesmo, mas esvaziar nossas mochilas dos deuses estranhos e servir unicamente ao Senhor de fato e de verdade?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 10 de junho de 2024

SÉRIE: AS ARMADURAS DE DEUS (PARTE 06) - A ESPADA DO ESPÍRITO

 


Também (tenham tomado) a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus” (Ef 6.17b). Trad. Lit.


Vejamos a que tipo de espada o apóstolo Paulo está se referindo. Ele não fala da espada longa que os bárbaros usavam (gr. rhomphaia), mas ele fala da machaira, uma espada curta, à semelhança de um punhal ou uma adaga. A rhomphaia chegava a 1,30m de comprimento, enquanto a machaira entre 15 e 40 cm. Era uma espada curta usada no combate corporal.

O que o apóstolo está nos sugerindo é que o diabo não está tão longe assim como imaginamos. A ideia é de combate corporal, no sentido de proximidade. Outra coisa que ele sugere é que não devemos sair dando golpes loucos por aí, querendo arrancar as cabeças dos demônios! O combate aqui é de precisão. O cristão precisa ser bem treinado nessa espada, conhecer cada porção pequena da Escritura e como ela se aplica à situação que ele está passando. Como o obreiro aprovado que ele escreve a Timóteo (2Tm 2.15).

Ele também diz que a espada é “do Espírito”. Falemos um pouco da inspiração da Escritura. A inspiração é um termo teológico da Bibliologia. Significa que Deus soprou sobre os autores bíblicos (2Tm 3.16), que escreveram exatamente o que Deus queria, ainda que em nenhum momento deixaram de estar no uso normal de suas faculdades mentais. O Espírito conduziu os escritores e aquilo que eles escreveram é o produto inspirado por Deus (2Pe 1.20,21). Por isso Paulo a chama aqui de “espada do Espírito”.

Ainda que muitas seitas tentem equiparar os escritos de seus profetas com os escritos bíblicos, como Ellen White, Joseph Smith, a tradição papal, etc., todavia, mesmo que seus escritos não contivessem contradições (porque de fato têm), não poderiam comparar-se aos escritos inspirados da Bíblia, pois a inspiração é limitada, isto é, ela teve um tempo de atuação que foi de Moisés a João. Depois disso, nem mesmo os escritos dos pais da igreja, dos reformadores e outros homens que preservaram a sã doutrina foram considerados inspirados, quanto menos os de autores heréticos.

Uma vez que a Bíblia é o livro único inspirado pelo Espírito Santo, todo texto utilizado corretamente contra as ciladas do maligno será como um golpe de punhal bem aplicado em suas áreas letais. Se você não sabe utilizar uma palavra bíblica, Satanás não sentirá seu golpe. Ele só fugirá se você souber que aquela parte da Bíblia é exatamente específica para aquela situação sem torcer seu sentido. Se você torcer o significado, não terá o menor efeito, pois nisso ele é mais mestre do que você.

Finalmente, quando Paulo diz que é a Palavra, ele não usa o termo logos e sim rhēma. Muito já ouvimos dizer que logos é a palavra escrita e rhēma é a revelada! Mas isso não é verdade, até porque Jesus é chamado de Logos em Jo 1.1. Se há alguma imperceptível distinção, seria que rhēma é uma palavra mais específica, uma palavra que interage com o ouvinte. De toda forma, prevalece o mesmo sentido do que Paulo quis dizer com “espada pequena”. São porções da Bíblia, inspiradas pelo Espírito, por isso espada do Espírito e, ao mesmo tempo, aplicadas da maneira correta, por isso, rhēma de Deus!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 9 de junho de 2024

SÉRIE: AS ARMADURAS DE DEUS (PARTE 05) - O CAPACETE DA SALVAÇÃO

 


Também o capacete da salvação tenhais tomado” (Ef 6.17a). Trad. Lit.


O capacete de um soldado romano na época do apóstolo Paulo era um quepe de couro afivelado à jugular por uma fivela para ajustar e firmar essa proteção à sua cabeça. Seu nome em latim era gálea. Era também revestido de algum metal para aumentar a proteção da cabeça do soldado. Às vezes, para enfeite, era colocado sobre ele um penacho ou uma pluma, essencialmente usado para desfile.

O significado espiritual do que o apóstolo está falando aqui é bem claro. Assim como o capacete protege a cabeça, o crente precisa proteger sua mente. O capacete é como nós pensamos sobre nossa salvação. Há muitos crentes que estão desprotegidos nesse respeito. Um cristão sem capacete não é um cristão sem salvação, mas sem a certeza dela. Para compreender sobre a salvação e cobrir nossas mentes com o capacete, devemos entender que nossa salvação passa pelos três tempos: passado, presente e futuro.

Nossa salvação no tempo passado refere-se à nossa justificação. Quando cremos em Cristo somos justificados dos nossos pecados e passamos a ter paz com Deus (Rm 5.1). A justificação nos salva da culpa do pecado. Quando cremos em Jesus como nosso Senhor e Salvador, toda culpa é retirada de nós e colocada na conta de Jesus, o qual pagou com Sua morte na cruz. Além disso, Deus credita na conta dos que creem a justiça de Cristo. Então para quem creu em Cristo não há mais condenação alguma. Não há culpa! Coloque já este capacete!

O tempo presente da nossa salvação é a santificação. Há crentes que pensam que sua salvação é resultado de sua santificação. Mas não é isso. O crente se santifica porque é salvo. Existem dois problemas opostos com isso: há crentes que pensam que sua salvação depende de sua vida santa. Do outro lado há crentes que pensam que se já são salvos não precisam se santificar. Satanás atinge muitos crentes por essas vias. Ou ele faz o crente pensar que é digno da salvação porque é santo demais, ou ele leva o crente ao desleixo espiritual dizendo que se ele já está salvo não precisa se santificar. Ambas as coisas é estar sem o capacete.

O aspecto futuro da nossa salvação é a glorificação. Diz respeito ao tempo em que seremos livres da presença do pecado. Aqui é onde o diabo entra em ação, levando muitos crentes ao desânimo. Ele não quer que cheguemos até o fim em nossa perseverança. Ele quer nos atacar, retirando nosso capacete da salvação. Nisso, muitos perdem a esperança, ficando com suas mentes vulneráveis aos ataques satânicos.

A maior parte dos crentes não tem uma postura adequada sobre o entendimento da salvação, ficando assim exposta ao combate maligno. A certeza da salvação e o entendimento de como ela se processa são fundamentais para nossa proteção. Já fomos salvos da culpa do pecado pela justificação. Agora estamos sendo salvos do poder do pecado, através da nossa santificação. E seremos salvos da presença do pecado na glorificação, quando Cristo voltar nas nuvens e transformar nosso corpo em um corpo de glória semelhante ao Seu! Eis aí como afivelar o capacete da salvação em nossas cabeças.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 7 de junho de 2024

SÉRIE: AS ARMADURAS DE DEUS (PARTE 04) - O ESCUDO DA FÉ

 


Sobre tudo, tomando o escudo da fé, em o qual podereis todos os dardos do maligno, os incendiados, apagar” (Ef 6.16). Trad. Lit.


Quando o apóstolo fala “sobretudo”, ele não está dizendo sobre ordem de importância, mas de posição. Não significa “acima de tudo isso”, mas “em cima de tudo isso”. Para as três armas anteriores, ele usa os verbos adequados a elas. O cinto, cingindo; a couraça, vestindo; as sandálias, calçando. Agora, para as próximas três armas o verbo é único: “tomando” (ou, no grego, “recebendo”, “lançando mão”, “levantando”).

A diferença do uso desse verbo para os anteriores é que os outros se referem às armas que ficavam presas ao corpo do soldado. Mesmo um soldado em descanso tinha preso em seu corpo o cinto, a couraça e as sandálias. Mas para as próximas três armas, ele fala daquelas que o soldado tinha que “tomar”, “lançar mão” para colocar sobre si.

O escudo a que Paulo se refere aqui não é o pequeno escudo redondo, chamado “broquel” no Salmo 91. Ele fala do escudo grande, ou “pavês”, feito de duas chapas de madeira sobrepostas, de mais ou menos 1,20m de comprimento por 0,80cm de largura; servia para cobrir o corpo todo, não apenas o peito. Além das chapas, ele era revestido com couro ou metal. Quando couro, este era encharcado em água para que pudesse apagar o fogo das flechas que eram lançadas.

Quanto às flechas, não temos dúvida de que é algum tipo de pensamento que o diabo nos sugere. São perfurantes e incendeiam nossa mente. Tais sugestões podem incluir acusações sobre nossos pecados, pensamentos blasfemos contra Deus, pensamentos pecaminosos como os de praticar o mal contra alguém, cobiçar, planejar mentir, depreciar a imagem de alguém, desejar o suicídio, querer voltar para o mundo, se sentir coitado pelos cantos, desejos de todo caráter perverso que se possa imaginar. As flechas de Satanás são também provações que Deus ordena que passemos por elas e ainda manda que Satanás nos alveje com suas setas.

Mas que fé nos protege? Existe a fé salvadora, a fé imaginária, a fé miraculosa, a fé histórica e a fé confessional. Paulo está falando aqui da fé na Palavra, naquilo que ela diz acerca de tudo na nossa vida cristã. No grego, Paulo não diz “com o qual”, como na nossa versão. Ele diz “no qual”, ou seja, no escudo; é na fé que poderemos apagar estes dardos.

A ideia espiritual aqui é a seguinte. Assim que tais pensamentos nos sobrevêm, precisamos nos lembrar do que a Escritura diz àquele respeito. Porém muito mais que lembrar, é preciso que tenhamos convicção do que ela diz, de tal maneira que aquilo faça parte de nós, a começar dos nossos pensamentos. Se não nos sintonizarmos com a Palavra, seremos incendiados por certos pensamentos e, por fim, derrotados!

Não devemos desistir. Somos atacados com toda sorte de pensamentos maus. Nem sempre vencemos e às vezes nem estamos dispostos a vencer. Isto é uma batalha e não um treino. Os maiores homens de Deus na história da igreja também tiveram seus combates contra os dardos de Satanás. Agostinho, Lutero, John Bunyan e vários outros. Se eles, que eram gigantes na fé, tiveram que usar o escudo contra os pensamentos malignos, quanto mais nós, que somos pequenos anões nesta batalha?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 6 de junho de 2024

SÉRIE: AS ARMADURAS DE DEUS (PARTE 03) - SANDÁLIAS DO EVANGELHO

 


E tendo calçado os pés na prontidão do evangelho da paz” (Ef 6.15) Trad. Lit.

Agora Paulo deve estar pensando na caligæ, uma sandália com tiras de couro que prendiam firmemente desde a canela, com uma sola cheio de cravos que davam firmeza, impedindo o soldado de escorregar. Esse tipo de calçado não apenas fornecia ao soldado segurança, como também mobilidade. Alexandre Magno foi o general que mais pensou sobre isso. Júlio César copiou essa mesma estratégia, o que lhe garantia vitória relativamente surpreendente, pois seus legionários cobriam longas distâncias em períodos tão curtos, surpreendendo seus inimigos, que eram acometidos pelo ataque inesperado!

Havia uma estratégia de guerra antigamente, que era espalhar pelo campo pedaços de madeira com pontas afiadas, enterradas no chão, com as pontas para cima. Inimigos que vinham correndo descalços espetavam seus pés, o que lhes causava grande dor, sangrava-lhes os pés, podendo infeccionar e tirá-los de ação. Portanto, para se proteger, eles deveriam estar com seus pés calçados e bem protegidos.

Quando Paulo diz “estar calçados”, ele também tem em mente a ideia de estar firmes. Ninguém pode se manter firme sobre outra parte do corpo a não ser os pés. O sentido é que estejamos firmes e resolutos com relação ao que cremos do evangelho de nosso Senhor. Assim como temos que nos cingir na verdade, que é a doutrina e dela não abrir mão, assim também devemos calçar os pés para o evangelho.

Além da firmeza, fala-se também sobre a agilidade. Calçar os pés deve nos preparar não só para não escorregarmos na fé, mas também para corrermos a carreira que nos está proposta. Não adianta estarmos firmes se não nos mobilizarmos. Não somos estacas fincadas no chão, mas guerreiros prontos para o serviço. Ao mesmo tempo em que nossos lombos estão cingidos com a verdade, nossos pés estão prontos para a corrida cristã. E ambas as armas (o cinto e as sandálias) falam da verdade da Palavra de Deus. Uma, com relação à doutrina; a outra, com relação ao evangelho.

A palavra grega “preparação” aqui pode significar “prontidão, equipamento”. Ou seja, o soldado cristão precisa estar pronto e equipado. É possível que o apóstolo Paulo tenha em mente o texto paralelo de Isaías 52.7. Porém, o sentido pode ser superior, pois a prontidão refere-se também ao quanto estamos capacitados para defender a nossa esperança (1Pe 3.15).

Sabemos que o evangelho são as boas novas que anunciam a paz para os homens que estão em inimizade contra Deus. Mas ele não apenas anuncia a paz com Deus, mas também a paz entre os povos (cf. cap. 2). Bem-aventurados os pacificadores (Mt 5.9). Ao mesmo tempo, porém, que proclamamos o evangelho que traz paz aos homens em relação a Deus, os que o aceitam já estão em guerra declarada contra o diabo!

Assim, devemos saber como está a base da nossa fé; se estamos realmente convictos da nossa paz com Deus, que o evangelho nos proclamou; se somos ágeis na nossa caminhada; se podemos realmente defender nossa fé para os que nos questionam acerca da nossa esperança. Enfim, temos anunciado a outros que estão nas garras do inimigo que eles também podem alcançar a paz com Deus?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

SÉRIE: AS ARMADURAS DE DEUS (PARTE 02) - A COURAÇA DA JUSTIÇA

 


E tendo-vos vestido com a couraça da justiça” (Ef 6.14b) – Trad. Lit.


A palavra grega para couraça é thōrax. Conhecemos bem essa peça, que hoje é chamada de colete. Naquela época, era feita de couro, com uma placa de metal por cobertura. Era feita também com várias plaquetas de metal sobrepostas para dar maior mobilidade ao soldado. Protegia desde o pescoço até à região abdominal. Os órgãos internos nessa região são vitais. Se não estiverem bem guardados, o soldado não pode ir confiante à batalha.

Os autores bíblicos davam figuradamente aos órgãos torácicos e abdominais a atribuição de “sede dos sentimentos”. Inúmeras vezes lemos sobre o coração como sendo o principal deles (Pv 4.23; 23.26). Mas também a Bíblia fala de outros órgãos abdominais como equivalentes aos sentimentos. Fígado (Lm 2.11); rins (Jó 19.27; Sl 73.21; Pv 23.16; Jr. 17.1); entranhas (Jó 30.27; Sl 62.4; Cl 3.12). O conhecimento medicinal limitado da época considerava como sentimento as reações que os órgãos internos em geral têm quando nos deparamos com situações de forte carga emocional.

A justiça como couraça, não deve ser entendida como no AT. Ali, os autores viam a justiça como sendo sua própria retidão, integridade e conduta ética. Mas para Paulo, a justiça é imputada. De nada adianta nossa justiça como armadura contra Satanás. Ele nos conhece e sabe que somos injustos, falhos e egoístas. Não venceríamos as trevas se tomássemos a couraça da nossa justiça própria. A justiça aqui são as obras de Cristo que nós recebemos quando cremos nEle. Deus imputou nossos pecados a Seu Filho e a justiça dEle a nós, os crentes.

Uma das coisas que Satanás mais usa, principalmente em nossos dias, onde as pessoas são muito movidas por seus sentimentos, é justamente essa área emocional. E ele usa isso de duas formas opostas, que são igualmente prejudiciais: a supervalorização do sentimento e a desvalorização do sentimento. No primeiro caso, as pessoas vivem guiadas por ele e querem usá-lo como radar para identificar se Deus está presente em um culto ou agindo de alguma forma. No segundo caso, as pessoas são frias ao extremo e desconsideram o quanto Deus tem feito, porque acham que Ele não age na emoção.

O equilíbrio é a melhor resposta nessa batalha. Podemos (e devemos) sentir emoções, envolver-nos nelas, desfrutar do gozo que elas nos proporcionam, deixar que elas nos ajudem a revelar nosso estado circunstancial. Todavia, não podemos ser governados por elas, pois o que sustenta o crente é a Palavra de Deus. O diabo não pode nos empolgar demais, pois sabemos que não estamos baseados em nossas experiências com Deus; por outro lado, ele também não pode nos enrijecer com a insensibilidade de uma mente racionalista e cética, pois somos crentes, confiamos em um Deus que trabalha com coisas sobrenaturais e emocionantes.

Você pode proteger seu coração e sentimentos, mas confiado na obra de Cristo, pois se você apresentar sua própria justiça para se defender, Satanás tem uma lista de crentes melhores do que você para te desmascarar. Além disso, ele conhece sua lista enorme de pecados. Então confie na obra de Cristo apenas. Esta é a couraça da justiça.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 4 de junho de 2024

SÉRIE: AS ARMADURAS DE DEUS (PARTE 01) - O CINTURÃO DA VERDADE

 


Estejam de pé então, tendo cingido a cintura sua na verdade” (Ef 6.14a) Trad. Lit.


O cap. 6 de Efésios é mundialmente conhecido como o capítulo da “batalha espiritual”! Todos conhecem esse texto e várias teorias sobre o assunto já se levantaram baseadas neste capítulo. Vamos meditar sobre cada uma destas armas espirituais, o que elas significam e como o crente deve utilizá-las. Antes de falar da primeira armadura, Paulo diz que o crente, depois de ter feito tudo integralmente, deve permanecer de pé, mas não olhando para o teto e sim tendo uma postura de atitude. É um ficar de pé pronto para novo combate. Não há tréguas nesta peleja e o crente tem que se revestir das armaduras de Deus!

O cinturão. Paulo começa com esta peça, não porque seja a primeira que o soldado colocava em si, mas por causa da sua importância em relação às demais. O cinturão prendia outras peças, como a própria roupa levantada do soldado, para que ele ficasse livre para correr e se movimentar; a couraça, a qual não podia se mover para não impedir a habilidade do soldado; o cinturão também portava a espada no flanco do soldado. Sem ele, a espada não teria lugar para encosta e tiraria a rapidez do lutador quando ele precisasse estar com as mãos livres. Embora a espada seja a Palavra de Deus, aqui também o cinturão da verdade trata-se da Palavra.

A verdade. Paulo não diz cingido “com” a verdade, mas “na” verdade. A diferença entre o cinturão e a espada, que também é a Palavra, é que o cinturão é a verdade na qual estamos mergulhados, enquanto a espada é a aplicação desta verdade. Todo escopo doutrinário me envolve, mas quando eu uso habilmente cada verdade dessa adequadamente às situações apropriadas, então estou usando a espada; estou retirando a espada do cinturão para aplicar o golpe no inimigo. O cinturão é a verdade que me domina e a espada é a verdade que eu domino.

No mundo atual não se pode falar de uma verdade absoluta. Dizem que a verdade é algo indefinido. Estamos vivendo a era gasosa, onde a verdade é relativa a cada um, segundo sua própria percepção. A verdade agora se tornou um conceito abstrato e dependente do subjetivismo pessoal. O problema é que até mesmo a igreja arrota essa tolice. Abriu mão da verdade para dar as mãos às heresias em nome da unidade e da paz. O que se vê são igrejas negociando a sã doutrina para viver numa falsa unidade. Mas como falamos, não há como usar a espada se não estiver envolvido no cinturão.

Mas por que deveríamos considerar somente a Bíblia como verdade absoluta? Por uma simples razão. Porque ela e somente ela é o livro que reúne vários livros escritos por autores a quem Deus resolveu Se revelar. Porque o homem não consegue encontrar a verdade, por mais que a busque; o pecado lhe cega; entretanto, a Bíblia é Deus Se mostrando ao homem perdido em sua busca desnorteada. É Deus Se revelando ao homem desbaratinado e não o homem encontrando Deus por si mesmo.

A sabedoria humana não pode captar a revelação de Deus, pois o pecado cega o homem mais sábio do mundo sem Deus. Portanto, a Bíblia é a única revelação da verdade absoluta e inquestionável que o homem precisa para reconhecer a revelação que Deus fez de Si mesmo por pura misericórdia, pois se Ele Se mantivesse às ocultas, cada homem pereceria em sua cegueira mortal!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 3 de junho de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0370 - O REINO É GANHO POR ESFORÇO?

 


"Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele" (Mt 11.12).

Este versículo tem levado muitas pessoas a crer que não se pode ser salvo sem fazer alguma obra. Se fosse assim, cairia por terra a conhecida sola fide (salvação somente pela fé). Mas qual o significado deste versículo? É esse o sentido das palavras do nosso Senhor? Ele quis dizer que as pessoas só serão salvas se aplicarem seu esforço?

Observemos alguns pontos deste texto. Primeiro, há um intervalo em que esse esforço aconteceu. Jesus disse "desde os dias de João Batista até agora". Houve somente esse período (entre seis meses e um ano) em que “o reino de Deus foi violentado” (assim pode ser traduzido “tomado por esforço”).

Segundo, há uma razão para esse esforço, que o próprio Jesus explica. É porque a Lei e os Profetas profetizaram até João (v. 13). Dali em diante não haveria mais o uso de profetas no sentido do AT. João foi o último! Deus agora nos falaria pelo Filho (Hb 1.1,2). Mas as pessoas não aceitariam assim tão facilmente essa transição. Eram judeus, tinham recebido uma revelação especial através dos profetas do AT! Reconheciam João como profeta da mesma envergadura que Isaías, ou Jeremias (Mt 21.26), não aceitariam que esse período ficasse obsoleto e que entrariam numa nova economia divina.

Terceiro, o problema não estava na transição da antiga para a nova aliança, mas na rejeição do povo. Jesus retruca Seus ouvintes pelo fato de não darem ouvidos nem a João (chamavam-no de endemoninhado), nem ao próprio Jesus (chamando-Lhe de glutão e beberrão – vs. 18,19). Lança em rosto o fato de não terem se arrependido, mesmo vendo Suas obras (vs. 20-24) e diz que essa coisa toda de esforço para alcançar o reino é furada. Na verdade, os que haveriam de receber a revelação seriam os pequeninos, não os sábios e instruídos (v. 25).

Diz no v. 27 que só conheceriam o Pai aqueles a quem o Filho O quisesse revelar! Isso é o oposto do que vinha acontecendo desde os dias de João! No período de pregação de João, as pessoas se aglomeravam, se empolgavam e pensavam que o reino viria por meio de armas e guerra. Agora, na nova aliança, o reino seria dado aos pequeninos por revelação! Ninguém consegue este reino por esforço!

Por isso, Jesus chama a Si no v. 28 todos os que estão cansados e sobrecarregados. Ao contrário do que muita gente pensa, Jesus não está chamando a todos! Ele chama a todos “os cansados”. Há muita gente no mundo que não se cansou do pecado, portanto, o convite não se estende a estes!

Sendo assim, o reino dos céus era tomado por esforço apenas no intervalo entre os ministérios de João e de Jesus. Havia uma briga, uma certa violência para se apoderar do reino dos céus que João anunciava. Querendo apoderar-se do reino, os judeus rejeitavam o único que os podia colocar lá: Jesus!

Sem arrependimento não se entra nesse reino - isso nada tem que ver com esforço, mas com submissão. Tanto João como Jesus pregaram o arrependimento como condição para entrar neste reino (Mt 3.2,8-10; 4.17). O reino é dado àqueles a quem Jesus quer revelar o Pai e não depende do esforço humano (Rm 9.16).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0369 - O SÁBADO ERA UMA PLACA PARA O CAMINHO



 “Porque o Filho do Homem é senhor do sábado” (Mt 12.8).

Um dos maiores problemas dos crentes é quando eles trocam a realidade pelo sinal. Deus sempre trabalhou de forma pedagógica para com Seu povo e uma das maneiras de ensinar foi o uso de figuras ou sinais que apontavam para a realidade que ainda estava por vir. Os hebreus tiveram seu aprendizado por meio de leis, de festas, de símbolos e figuras que são chamados de “sombras” no NT. O correto seria olhar para o sinal e entender sua realidade e não ficar preso ao sinal em si.

Quando alguém viaja pelas rodovias contempla inúmeras placas, cujas figuras ali desenhadas indicam a realidade da estrada; se há curva acentuada, se há travessia de animais silvestres e muitos outros símbolos para os quais as placas apontam. Se o viajante que não conhece a estrada obedece ao que indicam as placas, ele terá uma viagem segura. Todavia, ele não volta para agradecer às placas, nem tampouco lhes presta culto e nem as adora! Depois que ele conhece a estrada, nem presta mais atenção às placas e continua viajando em segurança.

A lei foi exatamente isso: placas que apontavam o Caminho. Elas não tinham a função de ser mantidas na vida daqueles que passaram a conhecer o Caminho, ou melhor, que foram conhecidos por Ele! Elas se tornaram sombra para quem já conheceu o Caminho! Por isso é que Paulo e o autor aos Hebreus chamam a lei de sombra (Cl 2.16,17; Hb 10.1). Se elas servem de alguma coisa, servem apenas para os que não conhecem a Cristo, o Caminho!

Neste episódio relatado por Mateus, os fariseus, que eram “sabatólatras”, criticaram os discípulos de Jesus por terem colhido espigas de trigo num dia de sábado. Observe que a resposta de Jesus foi comparativa, isto é, Jesus comparou a guarda do sábado a leis que eram estritamente cerimoniais, a saber, comer os pães da proposição (que era lícito somente aos sacerdotes, porém Davi e seus homens comeram e nem por isso foram culpados) e aos sacrifícios que os sacerdotes ofereciam no templo, nos dias de sábado, quebrando-os desta forma e ainda cometendo o sacrilégio de quebrar o sábado no templo. O termo, no original significa “profanar, poluir, violar” (mas Jesus diz que nem por isso eram culpados).

Observe que o sábado ficava subordinado a uma lei cerimonial. A preferência entre uma lei moral e uma cerimonial é óbvio que prevalece a lei moral. No entanto, o sábado, alegadamente lei moral, é subordinado ao sacrifício, claramente uma lei cerimonial! O oposto é que devia ser feito: deixar de trabalhar no sacrifício por obediência à guarda do sábado. No entanto, não era o que acontecia, mas nem por isso havia culpa.

Isto porque todas as placas (o sábado, o templo, os pães e o sacrifício) apontavam para a mesma Pessoa, Jesus o Caminho, Jesus o Descanso, Jesus a Morada Divina, Jesus o Pão do Céu, Jesus o Cordeiro de Deus! Jesus é maior que o templo onde os sacerdotes profanavam o sábado, mas não tinham culpa. Jesus também é maior que o sábado, pois, se Ele é Senhor do sábado, logo, o servo não pode ser maior que o seu senhor (Jo 13.16; 15.20).

Descanse no Senhor, o verdadeiro Sábado! O Corpo é mais que a sombra! O Caminho é mais que as placas!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson