Teolatria

No Teolatria você encontra diversos estudos bíblicos em slides (power point) para baixar, além de muitas pregações, sermões expositivos, textuais, temáticos em mp3, dos pregadores da IMVC - Vilhena/RO: Pr. Cleilson, Pb. João, Pb. Alex, Pb. Wesllen Ferreira, irmã Clair Ivete e pregadores convidados.

quinta-feira, 9 de maio de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0351 - O VALOR DA VIDA DE UM MÁRTIR DO EVANGELHO

 


Então, ele respondeu: Que fazeis chorando e quebrantando-me o coração? Pois estou pronto não só para ser preso, mas até para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus” (At 21.13).


Quando a vida de uma pessoa é transformada desde sua raiz pelo encontro verdadeiro com Cristo, ela passa a não ver mais a sua vida como preciosa a seus olhos. O amor que ela passa a ter pelo evangelho e pela Pessoa de Cristo, a leva a não mais considerar os valores terrenos como grandiosos e sim os valores celestes.

Quase todos os dias recebemos mensagens de pedidos de oração por missionários que têm suas vidas postas em risco nos campos missionários onde eles se encontram, seja por prisão, por ameaças de morte, condenação, restrições, atentados, torturas, violência, imposição governamental, etc. Os pedidos de oração são feitos para que estes irmãos sejam livres dessas ameaças e para que nenhum mal lhes aconteça.

No entanto, quando se conversa com eles, a maioria absoluta destes missionários não tem a sua vida por preciosa. Eles dizem que não querem orações que os livrem da morte, da prisão, seja lá do que for, porque eles não querem amar a sua vida mais do que a Cristo e Seu evangelho. Eles não são como nós. Eles não têm medo de ter seu sangue derramado por amor de Cristo. Aliás, para eles, isto é uma honra sem tamanho! Na verdade, se Deus ouvisse positivamente a todas essas orações, não haveria nenhum mártir do evangelho...

Um profeta chamado Ágabo havia dito a Paulo que se ele fosse a Jerusalém, os judeus o amarrariam e o entregariam nas mãos dos gentios. Os irmãos, com receio, pediram a Paulo que não fosse a Jerusalém. Foi aí que Paulo deu essa resposta: “Por que estão chorando? Acham que ser preso é demais? Isso pra mim não é nada... Estou pronto até mesmo a morrer pelo meu Senhor”! Vendo que não o convenceriam, os discípulos desistiram (v. 14).

De fato, ele foi espancado em Jerusalém e só foi salvo da mão dos seus perseguidores porque o comandante romano enviou suas tropas para livrar Paulo (vs. 30-32). Mas ali estava ele, pronto para sofrer e testemunhar do seu amor por Cristo a quem quer que fosse, dentro ou fora de sua pátria.

 E nós? Por que ainda desejamos orar para que os missionários não sejam martirizados? Será que amamos a vida física deles mais do que eles amam a eterna? Ou o martírio deles nos envergonha porque nada estarmos fazendo para o crescimento do evangelho? Ou será ainda que pensamos que podemos ganhar a vida eterna salvando essa aqui? Lembramo-nos do que disse Jesus, que quem amar a sua vida a perderá? E que quem aborrecer a sua vida, esse a achará?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 8 de maio de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0350 - O BRILHO DA NOVA ALIANÇA NA TRANSFIGURAÇÃO

 


Dizia-lhes ainda: Em verdade vos afirmo que, dos que aqui se encontram, alguns há que, de maneira nenhuma, passarão pela morte até que vejam ter chegado com poder o reino de Deus” (Mc 9.1).


Alguns críticos da Bíblia, com sua confusão falaciosa, procuram agitar a confiança de muitas pessoas na Palavra de Deus, inclusive de muitos cristãos. Uma delas é sobre este versículo. Eles dizem que Jesus estava enganado a respeito de Seu ministério terreno, pois proferiu uma palavra que não se cumpriu. Prometeu que alguns discípulos que ali estavam, isto é, entre os 12, não morreriam até que vissem o reino de Deus chegado com poder, entretanto, todos os discípulos já morreram e o reino de Deus não chegou com poder.

Contudo, todos os três evangelistas que narram tal promessa de Jesus a Seus discípulos, colocam estas palavras antes do evento da transfiguração e ainda, começam o próximo versículo fazendo a ligação necessária para os leitores entenderem que estas palavras se tratavam da aparição de Jesus transfigurado diante de alguns deles. Lemos aqui em Mc 9.2: “Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João e levou-os sós, à parte, a um alto monte. Foi transfigurado diante deles”. Mateus diz o mesmo (Mt 17.1,2) e Lucas diz: “Cerca de oito dias depois de proferidas estas palavras...” (Lc 9.28). Portanto, os críticos continuam confusos em seus erros de conclusão sobre a Bíblia.

O objetivo de Jesus ao transfigurar-Se diante de Seus discípulos, era mostrar de fato o poder de Deus para instalar Seu reino. Aquele aparecimento irradiante revelava para os três apóstolos que o reino de Deus não era apenas uma proclamação despretensiosa das boas-novas; não era a instalação de mais uma religião no mundo; era realmente o Filho de Deus com poder, expulsando demônios, curando enfermos, ressuscitando mortos e anunciando o evangelho de Deus. Foi o que Jesus disse aos fariseus que O acusaram de possessão maligna: “Se, porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente, é chegado o reino de Deus sobre vós” (Lc 11.20).

O reino de Deus chegava com tanto poder (e era isso que Jesus mostrava com Sua transfiguração), que até mesmo a lei e os profetas ficaram para trás como revelação caduca! O fato de Moisés e Elias terem aparecido para Jesus ali no monte da transfiguração, representando a lei e os profetas, mostra que a revelação do AT ficava ensombrada. O autor aos Hebreus diz que esta revelação estava ficando envelhecida e já desapareceria (Hb 8.13)! E Paulo diz que o brilho desta nova aliança é tão sobre-excelente, que o velho brilho já não resplandece diante dele (2Co 3.10).

Muitos ainda, como Pedro, querem exaltar Moisés e Elias ao nível de Jesus, isto é, querem trazer para a nova aliança as velhas quinquilharias da lei e da antiga aliança (Mc 9.5). Mas a voz do Pai interrompe sempre e diz: “Este é o meu Filho amado; a ele ouvi. E, de relance, olhando ao redor, a ninguém mais viram com eles, senão Jesus” (Mc 9.7,8).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 7 de maio de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0349 - A SALVAÇÃO NÃO É UMA OPÇÃO HUMANA, É UMA AÇÃO DIVINA

 


Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1Tm 1.15).


Cristo veio ao mundo para vários propósitos, mas sabemos que o principal foi este: salvar os pecadores. Claro que os demais propósitos a que Ele veio culminam neste principal. Seu próprio nome, dado pelo anjo, já significa o maior intento de Sua vinda a este mundo. Seu nome quer dizer “o Senhor salva”.

Não há sequer um versículo no NT que indique que Jesus tenha dito algo assim: “Eu vim deixar a salvação”. Não! Quando se trata da salvação, Ele sempre diz: “Eu vim buscar e salvar o que se havia perdido”.

Uma pergunta pode surgir aos que prestam atenção nas implicações do que a Bíblia diz em comparação com aquilo que ouvem: se não há um só versículo que dê pelo menos a entender que Jesus veio disponibilizar salvação, ao contrário, todos dizem que Ele veio para salvar de fato, então por que todas as pessoas não são salvas? Realmente Jesus morreu para salvar todas as pessoas? Se sim, então por que todas não são?

John Owen, teólogo puritano inglês do séc. XVII, dizia que só havia três opções: a) Ou Cristo morreu por todos os pecados de todas as pessoas; b) ou Cristo morreu por todos os pecados de algumas pessoas; c) ou Cristo morreu por alguns pecados de todas as pessoas. Eliminamos esta última, pois se Cristo morreu por alguns pecados de todas as pessoas, então todas ainda têm que pagar os demais pecados que Jesus não pagou – vão para o inferno.

Se respondermos pela letra a), que Ele morreu por todos os pecados de todas as pessoas, então a pergunta logo vem: por que todas não são salvas? Alguém diria: porque não querem. Mas John Owen faz mais uma pergunta: rejeitar a Cristo não é um pecado? Sim. Mas se Ele morreu por todos os pecados de todas as pessoas, o pecado da rejeição também não está pago? Assim, de toda forma, todos, obrigatoriamente deveriam ser salvos, pois todos seus pecados, inclusive o da rejeição de Cristo, estão pagos!

Se optarmos em insistir, dizendo que a pessoa é que deve decidir se quer ou não que seus pecados sejam pagos, então teremos que nos desesperar em busca de um versículo que diga que Jesus não veio para salvar de fato, mas sim para apenas possibilitar a salvação para quem quiser ser salvo, mas isto simplesmente não existe na Bíblia. A Bíblia diz que estávamos mortos em nossos pecados (Ef 2.1). Por que Jesus deixaria opção para mortos? Que opção mortos têm? Resta-nos apenas a letra b): Cristo morreu por todos os pecados de algumas pessoas. Estas, efetivamente, serão salvas!

Não devemos nos espantar com essa verdade. Até o anjo da Anunciação sabia disso. Ele disse a José: “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21). E o próprio Senhor disse: “Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a quem quer” (Jo 5.21).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 6 de maio de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0348 - O SONHO DE JACÓ, A ESCADA PARA DEUS

 


E sonhou: Eis posta na terra uma escada cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela” (Gn 28.12).


O sonho de Jacó, bastante conhecido pelos leitores bíblicos, também um texto alvo de muitas pregações, foi um sonho bastante significativo, mas com múltiplos cumprimentos. Em primeiro lugar, seu sonho significou para ele mesmo a presença de Deus, que o acompanhava, ainda que no trajeto da fuga de seu irmão; significou que os anjos que subiam e desciam pela escada seriam porta-vozes da mensagem do Senhor para ele; e significou que as promessas que Deus havia feito a seu avô Abraão e a seu pai Isaque haveriam de ser confirmadas nele.

Jacó se desperta de seu sono e unge a pedra que havia tomado por cabeceira, chamando aquele lugar de Betel que, em hebraico, significa “casa de Deus”, porque, segundo ele, Deus estava ali e ele não sabia.

Mas este sonho também apontava para um sentido mais pleno, a saber, que a escada representava Cristo, que Se fez homem, ou seja, a base de Deus tocou a terra como homem, mas não deixou de ser Deus, isto é, seu topo tocava o céu! Este significado é mais glorioso pois, além de nos informar que Deus Se fez servo quando Se tornou em semelhança de homem, ainda nos lembra de que homens tentaram tocar o céu com sua construção (a torre de Babel), que representava rebeldia! Entretanto, jamais conseguiram. Deus, ao dispersar o propósito deles, queria nos dizer que não há nada que o homem possa fazer para se aproximar dEle. A mensagem do sonho de Jacó, que teve seu cumprimento na encarnação de Cristo, nos diz que Ele é quem providencia o acesso!

Cristo encarnado é o recado de Deus Pai para a humanidade de que, se tem alguém que vai ser salvo, é única e exclusivamente por causa da Sua benevolência que enviou a Escada para esse alguém subir. É como o salva-vidas de helicóptero, se ele não lançar a escada de corda, nada pode fazer aquele que está em perigo no mar ou na montanha!

Mas Jesus disse a Natanael: “Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (Jo 1.51). Jesus foi assistido por anjos no Seu ministério terreno, como disse Paulo no Mistério da Piedade: “Aquele que foi manifestado na carne, foi... contemplado por anjos...” (1Tm 3.16). Mas aqui entra o terceiro cumprimento do sonho de Jacó: Jesus virá nas nuvens do céu com poder e grande glória, Seus anjos estarão com Ele e ajuntarão os Seus escolhidos dos 4 cantos da terra (Mc 13.27).

Mais uma vez a Escada de Deus virá, dessa vez para conduzir os filhos de Deus à glória eterna. Como foi por meio dEle que a terra pôde ter acesso ao céu, isto é, os pecadores puderam chegar-se a Deus por meio de Cristo, assim também será por meio dEle que os que se chegaram a Deus serão levados para estar com Ele para sempre! Não há torres de Babel, não há escadas humanas que possam nos conduzir à salvação. A Escada é uma só e se chama Jesus Cristo!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sábado, 4 de maio de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0347 - PREMISSAS, CONCLUSÕES E FALÁCIAS SOBRE O SOFRIMENTO

 


Ao aflito livra por meio da sua aflição e pela opressão lhe abre os ouvidos” (Jó 36.15).


O problema do sofrimento tem sido um dos grandes incômodos da humanidade em todas as épocas. De um modo bem seco e rústico, as coisas poderiam ser assim: que o mal aconteça com os maus e que o bem aconteça com os bons. Este era o silogismo dos amigos de Jó:

·         Premissa 1: O mal sempre acontece com os maus;

·         Premissa 2: O bem sempre acontece com os bons;

·         Premissa 3: O mal veio a acontecer a Jó;

·         Conclusão: Jó se tornou mau!

Para que qualquer silogismo seja verdadeiro, as premissas precisam ser verdadeiras. Se alguma das premissas estiver errada temos aquilo que chamamos de “falácia”, ou seja, um erro de pensamento lógico, uma conclusão equivocada por ter sido baseada numa afirmação errada. No exemplo citado, a premissa 3 é verdadeira: “O mal veio a acontecer a Jó”. O problema está nas premissas 1 e 2. O mal sempre acontece com os maus? O bem sempre acontece com os bons? Se houver algum erro ou imprecisão nestas afirmações, então haverá uma falácia na conclusão.

Incrivelmente, as pessoas ainda são afetadas por esse raciocínio. Talvez na ânsia de querer que as coisas fossem assim, tão retas e planas, nos esquecemos de que vivemos num mundo torto e desigual.

Entretanto, as palavras de Eliú nos dizem algo que as premissas rasas não podem captar. Ele diz que Deus livra o aflito por meio da sua aflição. O verbo hebraico aqui é dedutivo. Um dos significados é que Deus “entrega” o aflito em sua aflição, claro que com o intuito de livrá-lo. É interessante observar que geralmente Deus livra o aflito na aflição e nem sempre da aflição. Noé e sua família foram um dos muitos exemplos disso, como também Israel na travessia do mar. Eles foram livres no mar e não do mar.

Eliú também diz que Deus abre os ouvidos do aflito por meio da opressão. Em geral, quando estamos oprimidos, nós abrimos a boca, queremos pedir, falar... Mas Deus quer nos abrir os ouvidos! Foi assim com Elias, quando se meteu numa caverna e desejava morrer. Sua opressão (que basicamente se tornava em depressão) foi um meio que Deus usou para abrir os ouvidos do profeta à Sua palavra! E, de fato, abriu mesmo, pois Deus falou a ele por um sussurro suave e tranquilo; diante da agitação da qual vinha Elias, realmente seus ouvidos tiveram de ser abertos para ouvir a voz mansa de Deus!

É assim conosco. Ficamos tão agitados na aflição, que não percebemos que Deus quer nos livrar. Queremos falar tanto, que não O ouvimos. Queremos sair logo da opressão sem sabermos o que Ele quis dizer a nós nem fazer em nós. Poderíamos ver que as aflições são apenas correntezas de um rio caudaloso que Deus usa para nos levar à margem de pastos verdejantes? Poderíamos nos inclinar e abrir nossos ouvidos debaixo da opressão, para ouvirmos as palavras de sabedoria que Deus tem para nós, ao invés dos nossos lábios para dizer tolices para Ele? Certamente nossas premissas seriam corretas e nossas conclusões sobre o sofrimento não teriam tantas falácias.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 3 de maio de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0346 - NÃO VOLTEM AO EGITO

 


Ai dos filhos rebeldes, diz o SENHOR... que descem ao Egito sem me consultar, buscando refúgio em Faraó e abrigo, à sombra do Egito!” (Is 30.1,2).


Talvez o maior milagre que Deus tenha realizado na história de Israel foi sua libertação da terra da escravidão no Egito! Este prodígio era celebrado em todas as festas, salmos, cânticos e relatos que os filhos de Israel fizeram por séculos, durante sua história. Foi com mão forte e poderosa que Deus os libertou do jugo da servidão e eles consideraram isso para sempre.

Mas houve uma ordem de Deus aos filhos de Israel que jamais deviam voltar ao Egito (Dt 17.16). Aliás, fazia parte das maldições de Dt 28 voltar ao Egito (v. 68). O próprio José havia feito jurar seus irmãos que levariam seus ossos dali quando Deus os tirasse do Egito (Gn 50.25; Êx 13.19). Tornar para o Egito deveria ser uma atitude fora de cogitação para os filhos de Israel.

No entanto, os israelitas sempre flertaram com a ideia de voltar ao Egito. Desde sua peregrinação no deserto em direção à terra prometida, onde frequentemente os israelitas diziam que era melhor terem morrido no Egito, passando pelo rei Salomão, que fez aliança política, religiosa, comercial e matrimonial com o Egito, até os dias do cativeiro babilônico, quando os judeus buscaram refúgio no Egito, levando, inclusive, o profeta Jeremias, não obstante seu protesto (Jr 42 – 44).

A razão por que eles jamais deveriam voltar àquela terra era pelo fato de que o Egito foi a terra da opressão e Deus os havia livrado com mão forte dali. Retroceder àquele lugar para buscar ajuda era uma afronta ao Deus que os havia livrado de suas garras. Os israelitas ofendiam a Deus, tentando diminuir Seu poder, quando voltavam a buscar ajuda no Egito.

Essa atração se repete em nossos dias, quando muitos salvos ainda flertam com sua vida passada, quando ainda sentem saudade das “carnes e cebolas” do seu antigo Egito. Além de desejarem as iguarias e guloseimas do mundo, muitos crentes também pensam que podem achar ajuda lá. Desconfiam do Senhor em seus momentos de aflição, mas confiam nos recursos do mundo para se livrarem de seus problemas.

Deus ainda tem a mesma postura contra aqueles que se voltam para o seu passado de escravidão para buscarem auxílio, ao invés de confiarem no Seu nome: “Portanto, se, depois de terem escapado das contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de novo e são vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro. Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal” (2Pe 2.20,22).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 2 de maio de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0345 - SALVOS PELA MORTE DO PRIMOGÊNITO

 


Moisés disse: Assim diz o SENHOR: Cerca da meia-noite passarei pelo meio do Egito. E todo primogênito na terra do Egito morrerá, desde o primogênito de Faraó, que se assenta no seu trono, até ao primogênito da serva que está junto à mó, e todo primogênito dos animais” (Êx 11.4,5).


Já conhecemos a história de Israel no Egito e como Deus providenciou para Seu povo a libertação da escravidão à qual vivia subjugado. Mas pode nos surgir uma pergunta: por que apenas os primogênitos do Egito morreram e não todos, ou outros filhos?

Junto a isso podemos observar que depois da libertação do povo do Egito, Deus estabeleceu que todo primogênito de Israel fosse consagrado, resgatado em uma oferta (Êx 13.11-16). O processo é mais ou menos assim: os primogênitos do Egito morreram para que os primogênitos de Israel fossem preservados pelo sangue do cordeiro da Páscoa. Já que os primogênitos de Israel foram preservados, toda família que gerasse o primeiro filho deveria ofertá-lo para Deus, porém no lugar de entregar a vida daquele primogênito, um animal morreria em seu lugar e ele seria resgatado. Assim, Israel sempre se lembraria de que foi assim, dessa forma, morrendo um primogênito, que eles foram livres do Egito para sempre!

No v. 16 Moisés diz assim: “E isto será como sinal na tua mão e por frontais entre os teus olhos; porque o SENHOR com mão forte nos tirou do Egito”. Isto é, o resgate do primogênito hebreu seria um lembrete perpétuo, que ficaria marcado como um sinal na mente de toda família israelita. Sua libertação se deveu à morte de muitos primogênitos!

Sem dúvida alguma, não só o cordeiro pascal apontava para Cristo, mas também cada primogênito egípcio. Deus sempre teve em Sua mente um propósito eterno de que Seu Filho seria o Primogênito entre muitos irmãos (Rm 8.29). E para que Cristo tivesse muitos irmãos semelhantes a Si, foi necessário que também assumisse a mesma carne e sangue que eles (Hb 2.14). E, destruindo por Sua morte o diabo, que tinha o poder da morte, Ele livraria a todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida” (Hb 2.15).

Sendo assim, para que nenhum dos filhos de Deus morresse eternamente, Jesus, o Primogênito de Deus, morreu no lugar deles, adquirindo assim, a libertação e vida eterna para todos os filhos de Deus! Em Cl 1.18 e Ap 1.5, Jesus é chamado de “O Primogênito dos mortos”. Sendo o “Unigênito” de Deus (Jo 3.16), Ele foi dado pelo próprio Pai, que não poupou o Seu próprio Filho (Rm 8.32), para conquistar mais filhos para Deus, a fim de que deixasse de ser o “Unigênito” para ser o “Primogênito” entre muitos irmãos!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 1 de maio de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0344 - PROVA DE SALVAÇÃO: DONS OU REGENERAÇÃO?

 


Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade. Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (Mt 7.23; 1Jo 3.9).


Não podemos negar que pecamos. Esta é uma realidade bíblica e também por experiência. O próprio apóstolo João diz em sua carta que “se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (1Jo 1.8). Mesmo depois de salvos, ainda pecamos porque a velha natureza ainda habita em nós e cabe a nós, pelo poder do Espírito que gerou em nós a nova criatura, vencê-la.

Mas o crente nascido de novo não vive na prática de pecado, é o que diz o mesmo apóstolo no versículo que lemos. A divina semente permanece no regenerado, de modo que não pode viver uma vida pecaminosa, pois agora é nascido de Deus. Sua tendência será se inclinar para as coisas de Deus. Ao contrário, pessoas não regeneradas, podem até estar em meio aos crentes verdadeiros e fazer muitas coisas parecidas com as dos crentes verdadeiros, mas não são crentes verdadeiras. Recebem até mesmo dons espirituais, como disse Jesus em Mt 7, que muitas pessoas alegarão no dia do juízo: profetizaram, expulsaram demônios e operaram milagres, no entanto, não são nascidas de Deus!

O segredo da salvação não está na operação de maravilhas nem na manifestação dos dons, mas apenas em uma coisa: nascer de novo! Quando Jesus negar a entrada no céu daqueles que pareciam crentes verdadeiros, o motivo é apenas um: eles praticavam a iniquidade, ou seja, não eram nascidos de Deus, pois, como disse João, quem é nascido de Deus não vive na prática da iniquidade, ainda que peque.

Nós temos o costume de medir ou avaliar se alguém é de Deus baseados nos dons ou milagres que essa pessoa tem ou faz. Mas, ainda que milagres venham de Deus e os dons sejam dEle, todavia, isso não é parâmetro para saber acerca da salvação de alguém. O parâmetro é o novo nascimento e isto nós raramente podemos saber sobre terceiros. Podemos saber sobre nós mesmos, se nascemos de novo. Os dons Deus entrega a quem está na igreja, mas o novo nascimento Ele entrega só para quem é igreja.

João diz: “Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu” (1Jo 3.6). Veja que quem vive na prática de pecado não conheceu a Cristo e, portanto, não é conhecido por Ele! Lembrando que “conhecer” fala de “relacionamento íntimo” e não de “saber quem é”. Quem vive na prática de pecado não tem relação íntima com Jesus, por isso o Senhor lhe dirá naquele dia: “Nunca vos conheci”, isto é, nunca tive um relacionamento contigo, embora eu tenha te concedido dons.

Ao olharmos para nós mesmos, precisamos nos perguntar não quantos dons temos, mas se a divina semente está em nós. Não se operamos milagres, mas se produzimos o fruto do Espírito. Não se expulsamos demônios, mas se nosso nome está arrolado nos céus.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 30 de abril de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0343 - LIÇÕES DA SEGUNDA MILHA

 


Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas” (Mt 5.41).


Nas épocas bíblicas, uma nação que dominava outras, impunha sobre as conquistadas alguns deveres e obrigações. Os persas, por exemplo, tinham um sistema de correios extraordinário. Todos os caminhos estavam divididos em postos localizados a um dia de viagem um do outro. Em cada posto se achava comida, forro para os cavalos e até cavalos para troca quando necessário. Mas, se por qualquer razão faltasse algumas dessas provisões em algum desses postos, qualquer cidadão seria obrigado a prover comida, alojamento, cavalo, auxílio e ainda levar até o próximo posto a mensagem.

Isso se tornou comum entre as nações, de modo que na época de Cristo, o império romano, que dominava o mundo do 1º século, também se utilizava dessa imposição. De maneira muitas vezes arbitrária, um soldado romano podia encostar sua lança no ombro de um súdito e obrigá-lo a levar sua bagagem por uma milha, ou cerca de um quilômetro e meio, não importava o que aquela pessoa estivesse fazendo. Este, porém, era o limite por pessoa; um soldado não podia obrigá-lo a andar mais que isso. Era muito comum essa ação na Palestina dos tempos bíblicos e os judeus se enfureciam quando um soldado romano lhes obrigava a prestar esse tipo de serviço.

Mas Jesus diz que se um cristão fosse surpreendido nessa tarefa militar, ele teria que cumpri-la com alegria e não com o ódio que era comum aos demais cidadãos. E essa alegria devia levar o cristão a caminhar a segunda milha! Ou seja, se um soldado obrigasse um cristão a carregar sua bagagem por um quilômetro e meio, o cristão deveria andar com ele o dobro, três quilômetros e ainda alegremente!

Isso também não quer dizer que os cristãos tenham que concordar com leis injustas em seu país, mas se tiverem de combatê-las, deverão fazer por meios legais, pois não se combate a injustiça com outra injustiça. Entretanto, deveres cristãos não devem ser negligenciados diante que qualquer que seja sua autoridade, seja civil, domiciliar, profissional, religiosa ou didática. O cristão sempre deve mesmo ir além daquilo que lhe pedem. Aliás, este é o princípio cristão, pois o melhor mundano já faz sua obrigação no limite. E o cristão deve ir além do melhor mundano em tudo (como disse Jesus no v. 20).

Numa ocasião, os soldados obrigaram a um certo homem que vinha do campo a carregar a cruz de nosso Salvador. Era Simão de Cirene, pai de Alexandre e Rufo (Mc 15.21) e que se tornou posteriormente um mestre na igreja em Antioquia (At 13.1). Marcos, que escreveu seu Evangelho para os romanos, conhecia Rufo, filho de Simão (Rm 16.13). Este homem, a princípio, pode ter carregado a cruz de Jesus por obrigação, mas depois, seus passos ficaram presos à segunda milha, pois ele caminhou na trilha do evangelho até o fim de sua vida seguindo a Jesus com toda sua casa.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 29 de abril de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0342 - HONRA TEU PAI E TUA MÃE

 


Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá” (Êx 20.12).


Geralmente, quando se lê este 5º mandamento, se pensa logo em quanto tempo de vida teria um filho que honra seus pais. Quanto mais se honrar o pai e a mãe, mais seus dias são multiplicados na terra. Mas não é isto que o mandamento está dizendo.

Para sabermos o sentido desta promessa (Paulo diz que é o primeiro mandamento com promessa), precisamos fazer o contraponto deste versículo. Precisamos saber o que a lei dizia para aqueles que desrespeitassem seus pais. Então vejamos. No próprio livro de Êxodo, a lei dizia: “Quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe será morto” (Êx 21.17). E em Levítico: “Se um homem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, será morto; amaldiçoou a seu pai ou a sua mãe; o seu sangue cairá sobre ele” (Lv 20.9). Ou ainda em Provérbios: “A quem amaldiçoa a seu pai ou a sua mãe, apagar-se-lhe-á a lâmpada nas mais densas trevas” (Pv. 20.20).

Há um exemplo em Dt 21.18-21 que diz: “Se alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedece à voz de seu pai e à de sua mãe e, ainda castigado, não lhes dá ouvidos, seu pai e sua mãe o pegarão, e o levarão aos anciãos da cidade, à sua porta, e lhes dirão: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz, é dissoluto e beberrão. Então, todos os homens da sua cidade o apedrejarão até que morra; assim, eliminarás o mal do meio de ti; todo o Israel ouvirá e temerá”.

Assim, entendemos que a promessa de que os dias seriam prolongados sobre a terra era porque o filho que honrasse seus pais não seria submetido à pena de morte e não que ele viveria muitos anos. Claro que isso soa ofensivo para nossa sociedade atual. Quem admitiria que merece a morte por “simplesmente” falar mal de seus pais? Isso é pra nós vermos o quanto estamos distantes da santidade do nosso Deus! Se a lei é a revelação de Sua santidade e santa vontade, então estamos mui distantes dessa vontade!

É claro que uma sociedade em que os pais não são respeitados será uma sociedade onde nenhum homem respeitará a outro. Afinal, é exatamente o que estamos presenciando: filhos malignos que, além de tirarem a vida do próximo, são capazes de matar os próprios pais!

O segredo da austeridade desse mandamento está no seguinte motivo: toda autoridade foi constituída por Deus e deve ser honrada como se honra ao próprio Deus que a instituiu (Rm 13.2). Porém, a autoridade paterna é uma autoridade que aponta diretamente para o próprio Deus. Paulo diz em Ef 3.14,15 que toda família no céu e na terra toma o nome do Pai celestial emprestado, ou seja, tudo que se sabe e se percebe como pai, tomou essa paternidade emprestada do único e verdadeiro Pai, que é Deus! Quando um filho desonra, desrespeita, amaldiçoa, desobedece, escarnece ou se volta contra a autoridade de seu pai, ele está, em última análise se posicionando em frente de guerra contra o próprio Deus que ali está representado!

Pv 30.17 diz que os olhos de quem zomba de seu pai serão arrancados por corvos e comidos por filhotes de águia. Assim também todos os rebeldes contra Deus “foram mortos com a espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo. E todas as aves se fartaram das suas carnes” (Ap 19.21).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0341 - NÃO RECLAME DAS PROVAÇÕES

 


Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo” (1Pe 4.12).


Nossa geração de crentes é avessa ao sofrimento e à provação. Às vezes passa por situações que são consequências do que ela mesma plantou e acha que está sendo provada. O sistema cultural e ético deste século, que inverte os valores morais e suprime a verdade pela injustiça, ensina aos nossos filhos, usando os próprios pais, que eles devem ser superprotegidos e blindados de quaisquer dificuldades, mínimas que sejam. Em geral, ouvimos dizer: “Não quero que meu filho passe pelo que eu passei”. Entende-se agora por que essa geração é incapaz de aguentar o mínimo por amor de Cristo...

O apóstolo Pedro está dizendo que não devemos estranhar o fogo ardente da provação. Na realidade, deveríamos estranhar a ausência de provas! Mas, quanto menos provações, mais feliz se sente a geração cristã atual, que vai perdendo seu valor a cada dia que passa. Os cristãos de hoje insistem em achar normal viver sem provações. Para o apóstolo, deveríamos nos alegrar, visto que, quando sofremos, nos tornamos semelhantes a Cristo. E, se somos semelhantes a Ele em Suas provações, o seremos também em Sua revelação (v. 13).

Cristo não estranhava o fogo ardente no qual viveu aqui nesta terra. O profeta já dizia que Ele seria um “homem de dores e que sabe o que é padecer” (Is 53.3). O autor aos Hebreus disse que Cristo, “embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (Hb 5.8). Mas, se tem uma coisa que os cristãos de nossos dias não querem nem pensar em se parecer com Cristo, é no sofrimento! Pedro perguntaria: como poderão então, se parecerem com Ele na glória?

O apóstolo, então, faz distinção entre o sofrimento que glorifica a Deus e o sofrimento que nós provocamos contra nós mesmos. Ele diz: “Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem; mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome” (v. 15,16). Ao que parece, temos visto exatamente o contrário. Crentes que não têm vergonha de serem chamados de malfeitores, enrolados, intrometidos, mentirosos e outros adjetivos imorais, mas morrem de medo se lhes disser que terão que sofrer por amor a Cristo...

Finalmente, Pedro explica mais um pouco por que o crente sofre. Porque, segundo ele, o juízo começa pela casa de Deus (v. 17). O raciocínio é o seguinte: se nós, que somos salvos, sofremos, passamos pelo fogo da provação aqui para chegarmos ao céu, imagina o ímpio, os que não obedecem ao evangelho de Deus, que fim não terão? Eles não terão um céu para chegar, portanto, o fogo que lhes aguarda é inextinguível!

Podemos passar pelo fogo da provação aqui, mas ele terá um fim. Aqueles, porém, que não temem a Deus, podem até não serem provados na fornalha desta vida, mas perecerão eternamente nas fornalhas da morte! E você cristão, ainda acha que é legítimo reclamar das provações?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 26 de abril de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0340 - O QUE SÃO AS BÊNÇÃOS PARA O ÍMPIO

 


Tu certamente os pões em lugares escorregadios e os fazes cair na destruição” (Sl 73.18).


Uma das grandes inquietudes dos servos de Deus de todos os tempos é: por que os ímpios prosperam, enquanto os que servem a Deus passam por enormes dificuldades? Esse foi um dilema não só deste salmista que compôs o Salmo 73, mas também de Jó (Jó 21) e Jeremias (Jr 12) e, certamente de inúmeros outros servos de Deus ao longo da história humana. Ainda hoje ouvimos muito desse questionamento entre os fiéis cristãos.

Os salmos são cânticos, orações, lamentos, celebrações e ações de graças que muitos servos de Deus fizeram, expressando abertamente seus corações naquelas letras, que se identificam com cada um dos cristãos de todas as épocas. Já foi dito que, enquanto o restante da Bíblia é Deus falando com a gente, os salmos mostram a gente falando com Deus.  E, de fato, isto é verdade. Com os salmos aprendemos a orar, a agradecer, a exaltar, enfim, a expor nosso coração com suas alegrias ou tristezas diante de Deus.

Ninguém melhor que o salmista Asafe para colocar esse questionamento de forma completa como aqui neste salmo. Seu questionamento não era diferente de muitos servos de Deus de todos os tempos. Ele confessa que quase abandonou a Deus ao ver esse disparate em sua frente: o fiel sofrendo e o ímpio prosperando (v. 2)! Do v. 4-12, ele descreve a vida aparentemente tranquila e abençoada do ímpio. Enquanto prospera, vive afastado de Deus e ainda arrisca a blasfemar dEle!

Mas quando Asafe olha pelas lentes de Deus, ele percebe que as coisas não são assim tão fáceis. Ele diz que Deus os coloca em lugares escorregadios. Deus mesmo os faz cair na destruição! Ele está dizendo que a prosperidade do ímpio é como um tobogã para o inferno! Já que o ímpio não vai dar glória a Deus mesmo por nada, então suas bênçãos terrenas nada mais são do que uma anestesia para que ele continue esquecido de Deus até que seja condenado. Não é o caso do crente. Quanto aos justos, Asafe diz: “Todavia, estou sempre contigo, tu me seguras pela minha mão direita. Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória” (v. 23,24).

Sim, Deus nos priva de alguns presentes para que nossas mãos fiquem um pouco livres a fim de que Ele nos segure. Ele nos dá conselhos de sabedoria em Sua Palavra para depois nos receber em Sua glória! Não é melhor assim? Não é melhor do que ter as mãos cheias aqui na terra e isto nos fazer esquecer de Deus, roubar Sua glória e depois escorregarmos para a perdição eterna?

Quem tem Deus como herança, estará seguro, ainda que sua carne e seu coração desfaleçam (v. 26). Ainda que sejamos privados de muitas benesses terrenas, ainda que vejamos muitos ímpios prosperando, nada pode suplantar nosso amor que temos pelo nosso Deus. Como Asafe, podemos repetir o v. 25: “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra”!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 24 de abril de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0339 - SEMENTES DE OFERTAS

 


E isto afirmo: aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará” (2Co 9.7).


Talvez nunca tenha existido na história da igreja, salvo na Idade Média, uma época em que a igreja fosse tão avarenta e interesseira nos bens das pessoas como em nossos dias. A ganância de muitos falsos pastores e falsos profetas tem levado milhares de pessoas a tomarem uma decisão tão erradamente oposta quanto essa, isto é, a fecharem suas mãos para a contribuição no reino de Deus.

A decepção com o uso ilícito das contribuições fez com que a maioria parasse de contribuir. Isso é tão errado quanto o mau uso referido. Geralmente isso acontece em todas as outras áreas. No desejo de combater um erro sobre certa doutrina, as pessoas passam a negar a doutrina. Não posso combater a falsificação das notas de 50 reais eliminando a existência da nota de 50 reais. Mas é assim que tem acontecido na igreja. Verdadeiras doutrinas têm sido eliminadas porque há falsos pregadores ensinando errado sobre elas.

O que a Bíblia diz, todavia, não pode ser invalidado pelo mau uso que fazem do que ela diz. Paulo ensina que a oferta é como uma semente. Esse é o contexto de 2Co 9. Ele fala sobre ofertas. E aqui ele diz que se você semeia pouco, sua colheita também será pouca, de acordo com o que você semeou. E não vem ao caso o que seja essa colheita. Ela será pouca por causa da mesquinhez na hora de semear.

Mas pelos próximos versículos, entendemos que Deus nos faz colher não só na área material, como também nas demais áreas da nossa vida. Paulo diz: “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra... Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça, enriquecendo-vos, em tudo, para toda generosidade, a qual faz que, por nosso intermédio, sejam tributadas graças a Deus” (v. 8,10,11). “Ampla suficiência” quer dizer que Deus fará com que você sempre tenha. “Superabundar em toda boa obra” significa que você sempre usará seus recursos para a boa obra de Deus e assim por diante. O v. 12 diz que as contribuições suprem as necessidades dos santos e também fazem o nome de Deus ser glorificado.

O que seria semear pouco? O que seria semear em abundância? É a liberalidade do coração. Não é a quantidade e sim a alegria. Há pessoas que ofertam pouco e ainda assim têm o coração preso. Outras ofertam em grande quantia, mas com o coração preso também; já outras ofertam pouco com grande alegria e outras ainda ofertam grandes quantidades com o coração alegre! Quais são as que estão semeando muito? Obviamente as que têm o coração alegre quando ofertam, não importando a quantia entregue.

Finalmente, as ofertas têm em vista a imitação do Filho de Deus que a Si mesmo Se entregou em oferta por nós a Deus! Não houve limitações, houve entrega. Não houve imposição e sim voluntariedade. Se é assim que são nossas ofertas, então não precisaremos retê-las por causa dos malandros da fé. Saberemos onde aplicá-las para que graças se rendam ao nosso Deus (v. 12).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 23 de abril de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0338 - DIGA-ME COM QUEM ANDAS

 


Disse Eliseu: Tão certo como vive o SENHOR dos Exércitos, em cuja presença estou, se eu não respeitasse a presença de Josafá, rei de Judá, não te daria atenção, nem te contemplaria” (2Re 3.14).


Há um ditado antigo que diz: “Diga-me com quem andas e te direi quem és”. Geralmente esse provérbio é usado contra pessoas boas que andam com gente ruim. Como se quisesse dizer que seria melhor não andar com tal pessoa, caso queira mesmo ser bem visto pelos outros. No entanto, esse provérbio também pode ser visto de forma contrária, por exemplo: os outros poderiam julgar bem uma pessoa ruim que anda com gente boa. Como se dissessem para a pessoa ruim: “Que bom que você anda com fulano, pois ele é uma boa pessoa”.

Foi o que aconteceu com Jorão, rei de Israel, filho do rei Acabe. Ele era mau aos olhos do Senhor, andando nos pecados de Jeroboão rei de Israel (vs. 2,3). Enquanto seu pai era vivo, os moabitas lhe pagavam tributo (v. 4), mas morrendo Acabe, os moabitas se revoltaram e Jorão tentou sufocar essa revolta convidando Josafá, rei de Judá para auxiliá-lo nessa guerra contra os moabitas. Josafá aceitou o convite de Jorão, rei de Israel (v. 7).

Mas como escolheram o caminho do deserto para fazer essa investida, ficaram uma semana com escassez de água, pelo que Jorão achou que Deus estaria contra eles nessa guerra (vs. 9,10). Josafá então pergunta se não havia ali algum profeta de Deus para consultar a vontade do Senhor. Eliseu era profeta naquela época. Quando ele vê o rei Jorão, logo o profeta lhe dá uma má resposta: “Que tenho eu contigo? Vai aos profetas de teu pai e aos profetas de tua mãe” (v. 13), ou seja, consulte os profetas de Baal.

Mas quando Eliseu vê ali Josafá, rei de Judá, então ele diz que atenderia o rei de Israel por causa do rei de Judá, que era temente a Deus. Isto é, o rei mau foi beneficiado pelo rei bom! Jorão recebeu não só a palavra de Deus por meio do profeta Eliseu, por causa da presença do bom rei Josafá, como também recebeu o milagre da água no deserto para abastecê-los, sem que houvesse uma gota de chuva e, além disso, ainda obteve vitória sobre os moabitas!

Assim também aconteceu conosco. Quando Cristo esteve entre nós, ele “era desprezado e o mais rejeitado entre os homens... era desprezado, e dele não fizemos caso... nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido” (Is 53.3,4). Quem olhasse para Cristo diria: “Ele é mau porque anda com gente ruim”... Mas Ele não Se importou. Como Josafá, Ele aceitou que dissessem isso dEle, para que, quando olhassem para nós, dissessem: “Eles são gente boa porque andam com Quem é bom”.

E mais que isso: nós recebemos o suprimento da água da vida, a vitória sobre nossos inimigos, mas o melhor de tudo: assim como Deus falou por meio de Eliseu a Jorão, por causa de Josafá, Deus fala conosco hoje por meio de Sua Palavra, por causa de Jesus Cristo, Seu amado Filho!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 22 de abril de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0337 - O VINHO E O ESPÍRITO

 


E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).


No meio cristão há um debate sobre a questão da bebida alcoólica. As pessoas perguntam se pode beber, se a Bíblia permite ingerir bebidas alcoólicas ou se há proibição dessa prática. Alguns sugerem que a proibição é apenas de se embriagar, dizendo que é somente isso que é pecado, mas que se você beber moderadamente não há pecado algum nisso; outros dizem que a Bíblia ordena a abstenção total e assim por diante.

Há também debates intensos sobre como era o vinho nos tempos bíblicos. Alguns dizem que havia adição de álcool, outros alegam que o vinho fermentava por si só, alguns dizem que não era proibido beber o vinho puro, mas sim o fermentado ou alcoolizado, ainda outros dizem que o vinho fermentado ou alcoolizado era também ingerido pelas pessoas daquela época, inclusive Jesus... no fim das contas, em geral funciona assim: quem gosta de beber, defende que não há proibição; quem não bebe, alega que a Bíblia é abstêmia por completo.

O que é de se estranhar é que essa discussão no meio dos crentes não envolve tanto a segunda parte do versículo como a primeira! As discussões giram em torno do vinho e não do Espírito! As pessoas quase brigam sobre a interpretação da primeira parte, mas quase não se ouve falar da segunda... O vinho e a embriaguez estão sempre presentes nos assuntos sobre o tema, mas ser cheio do Espírito é algo sobre o que não se diz muito...

Paulo diz que no vinho há devassidão, dissolução, excesso, extravagância. Ele não diz que a dissolução está na embriaguez, mas no vinho. A palavra grega para dissolução é curiosa: asōtia. Literalmente, quer dizer “não salvar”. Claro que não está falando da salvação em Cristo, mas se refere a “não poupar, não guardar, ser extravagante, desregrado, dissoluto”. O crente não deve gastar seus recursos para buscar alegria em supostos estimulantes de serotonina, mas devem-se satisfazer em Cristo e nEle serem felizes plenamente!

Quando Paulo diz para sermos cheios do Espírito, na verdade ele diz que devemos nos encher no Espírito. Assim está no grego. Não é com o Espírito ou do Espírito. Você pode encher uma xícara de ou com a água da chaleira, mas para encher a xícara na água, você precisa colocá-la dentro da chaleira! É isso que o apóstolo quer dizer. O crente deve ser cheio no Espírito! Ele deve estar mergulhado no Espírito! Não é uma questão de quanto temos do Espírito, mas de quanto o Espírito tem de nós!

Talvez a pergunta certa não seja se a Bíblia aceita crentes que bebem vinho, mas se a Bíblia aceita crentes vazios do Espírito de Deus. Uma sugestão que fica para os crentes é a seguinte: encha-se no Espírito e então, apenas quando estiver plenamente cheio nEle, veja qual será seu interesse pela bebida.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0336 - DEUS JULGARÁ OS POVOS COM JUSTIÇA!

 


Vi ainda debaixo do sol que no lugar do juízo reinava a maldade e no lugar da justiça, maldade ainda. Então, disse comigo: Deus julgará o justo e o perverso; pois há tempo para todo propósito e para toda obra. Disse ainda comigo: é por causa dos filhos dos homens, para que Deus os prove, e eles vejam que são em si mesmos como os animais” (Ec 3.16-18).


O livro de Eclesiastes é um relato de Salomão das coisas ao modo como ele enxergava todas elas, a partir de sua experiência como homem, rei, hedonista, rico e sábio. Porém, todas estas coisas são vistas “debaixo do sol”. Em poucas partes do livro, Salomão relata uma verdade “acima do sol”, a maior parte de suas observações é do ponto de vista humano e pior, pessimista.

Salomão foi rei de Israel, o mais pomposo deles. Todo o domínio e governo de Israel estavam em suas mãos e, mesmo assim, ele ainda via maldade no lugar do juízo e da justiça! Ainda que no início de seu reinado, sabemos que ele julgou de modo extremamente sábio, como no caso de duas mulheres prostitutas que brigavam por um filho que havia sobrevivido entre dois. Não sabemos como foram os demais julgamentos que houveram durante seus 40 anos de reinado. Sabemos, sim, que no final de seu governo, seu juízo já não estava mais sendo orientado pela sabedoria inicial, pois as mulheres com quem casou, perverteram seu coração (1Re 11.4-8).

O texto de Reis não diz abertamente, mas Salomão deve ter sacrificado alguma criança aos deuses Quemos e Moloque, aos quais ele levantou altares para agradar suas esposas moabitas e amonitas (1Re 4.7). Se não sacrificou, pelo menos deve ter aprovado que elas assim o fizessem! Se Eclesiastes é o livro que mostra sua autodecepção, então Salomão deve realmente ter-se arrependido e reconhecido a “vaidade” (ou futilidade) de tudo que ele possuiu e voltou-se para o Senhor, que deve tê-lo perdoado.

Não só nos dias de Salomão, mas em todas as épocas da humanidade, a maldade sempre reinou no lugar do juízo. Nossa sociedade é marcada por escândalos, casos de corrupção, suborno, injustiça e deboche com os governados. O cidadão comum chega a desistir de recorrer a algum tribunal para requerer seus direitos legais, pois a burocracia se mistura à injustiça de tal modo, que o sujeito prefere sofrer a injustiça do dano a ter que sofrer a injustiça da assim chamada justiça!

Salomão chega à conclusão que Deus julgará a todos, o justo e o perverso. Esta conclusão é correta, bem como a outra conclusão que ele chega: Deus permite isso para provar para os filhos dos homens que eles são como animais! Sim, esta conclusão também é certa, porque o homem sem Cristo é brutalmente inclinado e desviado para o mal!

Paulo diz que “não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (At 17.30,31). Seu julgamento não é como o dos homens, cheio de maldade, mas justo e santo. Ele julgará os povos com justiça e equidade!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sábado, 20 de abril de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0335 - AS OBRAS DE DEUS MANIFESTAS PELO MAL

 


Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9.1-3).


O ser humano sempre quis resposta para tudo, inclusive para aquilo que não está ao seu alcance. Para isso se lançam teorias, pressupostos e hipóteses, a fim de tentar buscar uma resposta aos anseios que mais lhe incomodam. Não foi diferente com a questão do mal e do pecado, bem como suas consequências funestas que sobrevieram a todos os homens e aqui neste episódio temos um exemplo disso.

Sendo a primeira vez que o NT narra uma doença que acompanha o indivíduo desde seu nascimento, torna-se visível que os discípulos sabiam muita coisa a respeito daquele homem. Mas a pergunta dos discípulos a Jesus sobre o estado daquele cego indicava a perturbação que havia na mente dos discípulos e também de muitos judeus naquela época e até hoje perturba a mente de muitas pessoas. Por que ele nasceu cego? Por que o mal lhe atingiu?

Pressupondo saber das coisas, os discípulos já quiseram ajudar Jesus a responder: “Quem pecou, este ou seus pais?” Na realidade, os judeus da época de Jesus acreditavam na preexistência da alma, que elas já existiam no 7º céu, esperando o momento de ingressarem em um corpo. O autor do livro de Sabedoria diz: “Eu era um jovem de boas qualidades e tive a sorte de ter uma boa alma” (Sb 8.19). Por isso pensavam na possibilidade deste cego ter pecado em alma, ainda antes de ter vindo nascer.

A outra hipótese era que seus pais haviam pecado e passado essa doença para o filho. O salmista pedia a Deus no Salmo 109.14 que o pecado do ímpio subsistisse em Sua memória, inclusive o de seus pais. Este era o conceito dos amigos de Jó. Para eles, o patriarca sofria aquelas mazelas por algum pecado e estava sendo punido por Deus. Ainda hoje, há muitas versões desta mesma teoria. Qualquer mal que acontece na vida das pessoas, logo se atribui a pecado cometido.

Mas a resposta de Jesus é para que as obras de Deus se manifestem. No fim das contas, todas as coisas devem glorificar a Deus, sejam as boas, sejam as ruins. No caso daquele cego, ele nasceu assim para que naquele dia se encontrasse com Jesus e lhe fosse restaurada a luz da visão. Assim, Jesus ensinaria sobre as obras de Deus. As obras de Deus devem ser feitas de dia, disse Jesus e não à noite (v. 4). Espiritualmente falando, isto significa que as obras de Deus são para que os homens saiam da escuridão do pecado e vejam a Cristo e, crendo nEle, tenham a vida eterna. Por isso aquele homem nasceu cego, para servir de exemplo de como as obras de Deus funcionam.

Nossos pecados foram punidos em Jesus, portanto, nenhum mal que nos acontece é por punição dos pecados, mas sim para que as obras de Deus sejam manifestas. E elas são manifestas para que sejamos levados à imagem do Filho de Deus, sejam elas boas ou ruins (aos nossos olhos), elas nos levarão à semelhança de Cristo.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 18 de abril de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0334 - BOIS NOVOS E O JUGO DO EXPERIENTE

 


Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt 11.29).


Quando Jesus pronunciou estas palavras, parece evidente que Ele falava de modo comparativo a bois que trabalham puxando arado. O jugo é o mesmo que uma canga, uma peça de madeira ou ferro, que vai sobre o pescoço do animal, prendendo-o ao arado ou carroça. Geralmente se usava mais de um boi, mas sempre com um experiente. O boi novo teria que ficar preso ao outro que já estava acostumado ao trabalho, para que aprendesse também a trabalhar.

Geralmente o boi novo é mais afoito, querendo se ver livre do jugo, dá pinote, quer apressar o passo, mas tudo isso lhe machuca e ele se vê obrigado a andar nos passos do boi experiente! Até que ele se ajuste ao ideal do que o dono quer, ele sofre bastante, mas é limitado pela canga que está atrelada ao pescoço do animal mais velho.

Ao usar essa ilustração, Jesus está querendo nos ensinar sobre nossa natureza – ela é brava, selvagem e arrogante. Somos precipitados e afoitos, queremos as coisas ao nosso modo, queremos dizer a Deus como Ele tem que resolver nossos pedidos, como se Ele precisasse de conselheiros! Claro que tudo isso nos machuca. Grande parte das nossas feridas e dores vem por causa da nossa teimosia e obstinação. Até que aprendamos a andar nos passos de Jesus, já teremos sofrido o suficiente para nos amansar.

Os teólogos antigos sempre viram Jesus na figura dos quatro seres viventes de Ap 4.7, relacionando-os aos quatro Evangelhos.  O primeiro, com rosto de leão, eles diziam que era a forma como Jesus era apresentado no Evangelho de Mateus, como leão, como Rei; o segundo, com rosto de boi, era como Marcos apresentava Jesus, como Servo; o rosto de homem era interpretado como Lucas mostrava Jesus, em Sua humanidade; e o rosto de águia era Jesus no Evangelho de João, como Filho de Deus. Embora não seja isso que Ap 4.7 significa, mas a ilustração é boa.

Certo é que os discípulos de Cristo devem andar em Seus passos. Jesus Se fez servo realmente, quando se tornou homem (Fp 2.7), submeteu-Se sem reservas à vontade de Deus (Jo 6.38) e carregou o jugo da obediência irrestrita, por meio da qual padeceu por nós (Hb 5.8). Assim devemos ser cada um de nós. Não adianta espernear, gritar, achar que determinamos algo a Deus, não adianta esbravejar, dar ouvidos a essa natureza de boi bravo, atropelando as coisas. Isso só vai nos machucar. Devemos seguir os passos do Servo experiente! Se andarmos nos passos de Jesus, sob Seu jugo, o que vai acontecer conosco não é que iremos nos cansar e fatigar. Ele disse que acharemos “descanso para a nossa alma”, pois o jugo dEle é suave e Seu fardo é leve (v. 30).

É assim, quem anda com Jesus, debaixo do jugo dEle, aprende a ser manso, a ser humilde, mas não se machucará, não se fatigará na jornada. Ao contrário, achará aquilo que mais desesperadamente todo homem procura: descanso para sua alma!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 17 de abril de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0333 - O PROCESSO DA SALVAÇÃO DO ELEITO

 


Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo” (2Ts 2.13,14).


Nestes dois versículos, o apóstolo Paulo fala de quase todos os processos da salvação que a Teologia aprendeu e organizou, a chamada Ordo Salutis, ou a Ordem da Salvação. Quando a Teologia organizou os ensinos bíblicos sobre a salvação de modo lógico e até cronológico, chegou-se à conclusão de que Deus agiu da seguinte maneira para nos salvar:

Primeiro, Ele nos amou na eternidade, depois nos predestinou para sermos conformes à imagem do Seu Filho (Rm 8.29). Depois nos chamou pela pregação do evangelho, nos deu Seu Espírito que nos fez regenerados, depois nos convertemos através do arrependimento e da fé, assim somos justificados, adotados na família de Deus, caminhamos em santificação, perseveramos, passamos pela morte física e depois somos glorificados.

Paulo diz que dá graças a Deus pelos tessalonicenses, que foram amados pelo Senhor. Aqui ele fala do motivo que levou Deus a nos salvar, isto é, exclusivamente Seu amor e nada mais. Depois Paulo diz sobre a eleição. Por ter Deus nos amado, ele nos escolheu desde o princípio para a salvação. Combina com o que ele vai dizer aos romanos: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29). “Conhecer” aqui é o mesmo que “amar”. “De antemão” é o mesmo que “desde o princípio”.

Depois Paulo fala: “pela santificação do Espírito e fé na verdade, para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho”. Aqui Paulo mostra o processo inverso, um recurso literário chamado “quiasmo”, onde se inverte uma certa sequência para cruzar com as demais em forma de X. Na sequência normal seria: o evangelho é pregado, por ele somos chamados, então cremos na verdade (conversão) e assim somos santificados pelo Espírito na nossa vida cristã.

Paulo finaliza com a glorificação. Ele diz: “Para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo”. Desta forma, temos aqui nestes dois versículos, todo o processo da salvação descrito pelo apóstolo Paulo: o amor de Deus por nós, a eleição, o chamado pela pregação do evangelho, a conversão, a santificação e a glorificação.

Vemos aqui a Trindade trabalhando: Deus elegeu, o Espírito santifica para levarem os salvos à glória de Jesus Cristo! E Paulo dá graças a Deus pelos crentes. Não somente pela obra que Deus fez e está fazendo por eles, mas especialmente pela obra que Deus fez e está fazendo neles! Os salvos não são apenas por quem Deus trabalha, mas em quem Deus trabalha! Somos feitura dEle, criados em Cristo Jesus (Ef 2.10).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson