segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0704 - SE DEUS NÃO PODE SER TENTADO PELO MAL, COMO JESUS FOI TENTADO PELO MAL?

 


Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13).


Quando lemos que Deus não pode ser tentado pelo mal e, ao mesmo tempo, encontramos nos Evangelhos que Jesus foi tentado, pode-se dar margem à pergunta: se Deus não pode ser tentado pelo mal; se Jesus é Deus; se Ele foi tentado pelo maligno; como fica essa questão?

Primeiramente, devemos traduzir a palavra “mal” aqui em Tiago e a palavra “maligno”, que se refere frequentemente a Satanás, no NT. Há duas palavras gregas para “mal”. Uma se refere aos males do mundo caído, ou seja, os males como doenças, acidentes, imprevistos e coisas afins. É a palavra grega kakós. Já a palavra ponerós, que muitas vezes foi também traduzida por “mal”, se refere ao mal personalizado, isto é, o maligno.

A palavra que Tiago está usando aqui é a palavra kakós. Ele está dizendo que Deus não pode ser tentado pelos males do dia a dia e, de fato, não pode mesmo. Essas coisas não atingem a Deus. Ainda que Jesus, mesmo em carne, não tendo deixado de ser Deus, passando por todas as privações e aflições do mundo caído, como pobreza, padecimento e dores, mesmo assim, Ele não podia ser tentado por esse tipo de mal. Tais coisas não constituíam uma tentação para Ele.

É disso que Tiago está falando. Ele está dizendo que os contratempos do mundo caído não podem atingir a Deus, nem mesmo o Deus encarnado, ainda que estivesse sujeito a passar por tudo isso. Isso que quer dizer “Deus não pode ser tentado pelo mal”.

Já no que diz respeito ao mal personalizado, Deus em carne foi tentado sim. Os Evangelhos nos mostram claramente isso. O maligno (ponerós) tentou Jesus e Jesus é Deus. O que Tiago está dizendo é que, para nós, os males do mundo caído se constituem em tentação, uma vez que, quando passamos pelas aflições deste mundo, logo se manifestam as cobiças do nosso coração contra Deus.

O maligno, que é o mal personalizado, pode nos tentar usando os males do mundo caído, inclusive foi o que ele fez contra Jó. Mas contra Jesus, o maligno não pôde usar nada deste mundo caído para tentar Jesus, porque Jesus, sendo Deus, não pode ser tentado pelo mal, isto é, pelos males do cotidiano. Por isso, o diabo teve que usar outros recursos para tentar Jesus.

O alerta de Tiago é que nós somos facilmente envolvidos na tentação, porque a semente do pecado já está em nosso coração. Não é Deus quem está nos tentando, não é Ele quem nos induz à tentação, afinal, quando Deus ordena alguma coisa, isso deve ser feito e pecado é exatamente não fazer, mesmo assim, Ele nos coloca em situações de tentação para nos testar, mas não para nos induzir a pecar. O Espírito Santo também levou Jesus ao deserto para ser tentado, porém, Ele mesmo não tentou Jesus, senão o diabo.

Nossas tentações são testes. Os males deste mundo caído já nos induzem à tentação naturalmente. Deus nos coloca diante deles e diante de nós mesmos, para que conheçamos o ambiente em que vivemos e também a nós mesmos, como somos pecadores, inclinados para o mal e que necessitamos da graça de Deus para vencermos antes que as tentações, as nossas inclinações.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 21 de dezembro de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0703 - DEUS CONFIRMA SEU SACERDOTE



O bordão do homem que eu escolher, esse florescerá; assim, farei cessar de sobre mim as murmurações que os filhos de Israel proferem contra vós” (Nm 17.5).


Diante de tantas murmurações do povo de Israel contra o Senhor, Deus sempre respondia com alguma evidência de Sua presença ou da confirmação de Seus servos. A terra engoliu Coré, Datã e Abirão para comprovar a liderança de Moisés, maná desceu do céu para confirmar a presença e o cuidado de Deus pelo Seu povo, Miriã ficou leprosa por questionar a autoridade de seu irmão e não foi diferente no episódio aqui relatado em Nm 17.

Diante do questionamento de muitos líderes de tribos acerca do sacerdócio de Arão, Deus ordenou que cada chefe de tribo trouxesse um galho de amendoeira com seu nome e de sua tribo escritos nele. Arão representava a tribo de Levi, à qual pertencia. Aquele a quem Deus houvesse escolhido para ser o sacerdote, seu bordão, milagrosamente iria florescer como prova do chamado de Deus.

Naquele dia, os 12 chefes das 12 tribos, colocaram seus galhos de amendoeira perante a Arca da Aliança. Somente a vara de Arão floresceu! E, além disso, ela também produziu flores e deu amêndoas (v. 8)! Desta forma, o Senhor testificou que havia escolhido Arão realmente para ser o intercessor de Seu povo.

Quando nosso Senhor esteve aqui entre os homens, Ele também foi questionado. Muitos Lhe perguntavam: “Com que autoridade fazes estas coisas?” (Mt 21.23). Eles não criam que Deus tinha escolhido Jesus para ser de fato nosso representante perante Ele. Ainda aqui em Mt 21, Jesus diz aos Seus opositores: “A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular” (v. 42), mostrando-lhes que, embora Ele estivesse sendo rejeitado pelos homens, era, contudo, escolhido de Deus.

Mas o nosso Deus testificou Seu Filho também. Assim como Deus confirmou o sacerdócio de Arão ao produzir vida daquele galho morto de amendoeira, assim também Deus trouxe Seu Filho de volta à vida ao terceiro dia daquela tumba de morte! Ele foi vindicado, corroborado, justificado por Deus! Assim como os filhos de Israel reconheceram seu pecado e temeram não serem mais recebidos no santuário de Deus, senão por meio de um sacerdote (Nm 17.13), assim também todos os que reconhecem seu pecado, podem ser recebidos por Deus por intermédio deste Sumo Sacerdote escolhido pelo próprio Deus!

A vara de amendoeira florida e frutificada encerrou a disputa em Israel. Cristo ressuscitado também produz Seus gloriosos frutos, que somos nós, os que Ele mesmo salvou. E toda disputa é encerrada – “porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5). 

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0702 - A CERTEZA DO PERDÃO DE DEUS

 


Meus filhinhos, eu vos escrevo estas coisas para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo” (1Jo 2.1 – A21).


A fé cristã é pautada na Palavra de Deus. Todo que se diz crente, convertido pela fé no Senhor Jesus Cristo, deve declarar sua confiança naquilo que está escrito na Bíblia. Como se resume a frase, a Bíblia é nosso livro de regra de fé e prática. O dever do crente é discernir o que na Bíblia é lei, história ou doutrina. A doutrina fala de modo direto, a história fala de exemplos e a lei de princípios da vontade de Deus. De toda forma, toda Escritura é válida para nossa regra de vida.

No que diz respeito ao perdão de Deus, o ensino da Escritura é que “se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9). Esta palavra é para o crente, não para o ímpio. Deus não perdoa o ímpio, somente o crente. Veja o que o apóstolo João disse no v. 7: “mas, se andarmos na luz, assim como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado”. O ímpio não tem comunhão e o sangue de Jesus purifica somente o que crê.

O problema é que muitos crentes não creem no perdão de Deus. Eles esperam sentir em seu coração que estão perdoados. Mas a Palavra de Deus nos diz que não andamos pelo que sentimos e sim pela fé (2Co 5.7). Muitas vezes queremos sentir o perdão de Deus da mesma forma como sentimos o peso do pecado. Mas o exercício da fé, às vezes, vai exigir que creiamos, mesmo sem sentir que estamos perdoados.

O nosso inimigo acusador sabe que nós somos dados aos sentimentos. Portanto, ele sempre vai acusar nossa mente de que não fomos perdoados, pois, afinal, ainda nos condena. Mas veja o que disse ainda o apóstolo João: “Nisto conheceremos que somos da verdade e tranquilizaremos nosso coração diante dele; pois, se o coração nos condena, Deus é maior que nosso coração; ele conhece todas as coisas” (1Jo 3.19,20). Sim, Deus é maior do que as acusações de nosso coração. Tranquilize seu coração diante dEle!

Em vez de você dizer que não sabe se está perdoado porque não sente em seu coração, diga: “Eu creio no perdão, porque a Palavra de Deus diz que se eu confessar, estarei perdoado”! O que importa é o que diz a Bíblia e não o que você sente. Apenas desse modo você poderá se sair vencedor sobre as acusações do diabo.

Nunca coloque em xeque a verdade eficaz da Palavra de Deus por causa da instabilidade de seus sentimentos. Eles são assim, ora estão em alta, ora em baixa; ora estão eufóricos, ora estão desanimados. Mas a Palavra de Deus não muda em absolutamente nada! Ela não muda porque é de Deus e Deus não muda! Creia no que a Bíblia diz e confie no perdão de Deus para sua vida. Prossiga sua jornada da fé confiante que Deus vela por Sua Palavra e não pelas oscilações de nossas sensações.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0701 - NÃO DÊ NENHUM PASSO FORA DO TEMPO DE DEUS

 


Disse-lhes, pois, Jesus: O meu tempo ainda não chegou, mas o vosso sempre está presente” (Jo 7.6).


Andar com Deus e andar sob a direção de Deus é algo que deveria marcar todo cristão. Quando Jesus foi confrontado por Seus próprios irmãos, eles imaginavam que Jesus era um fanfarrão que queria Se aparecer. Então sugeriram que Ele fosse para a capital, a fim de que fosse visto por mais pessoas.

A resposta de Jesus é carregada de profundo significado: “O meu tempo ainda não chegou”. Isso é viver debaixo da direção de Deus! Saber se seu tempo chegou ou não é determinante na sua vida espiritual. Jesus sabia disso. Ele havia dito à Sua mãe na festa de casamento: “Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora” (Jo 2.4).

Quando vivemos sob a direção de Deus, não precipitamos. Talvez um dos maiores inimigos dos homens de Deus seja exatamente a precipitação. Diante de uma sugestão como aquela dos irmãos de Jesus, de que modo muitos pregadores, cantores, missionários, conferencistas e outros ícones evangélicos responderiam? É provável que dissessem: “Têm razão... meu lugar é no meio das multidões”. E ainda, para espiritualizar, diriam que esta era a vontade de Deus!

Mas Jesus não! Ele não Se deixava iludir por propostas megalomaníacas! Ele não veio a este mundo para Se aparecer. Ele veio para Se sacrificar! Ele veio para dar a Sua vida em resgate de muitos. E estes muitos foram aqueles que o Pai Lhe deu! Ele sempre virou as costas para esse tipo de sugestão, pois sabia que eram frequentemente malignas.

Mas Jesus não apenas rejeitou a ideia de Seus irmãos, mostrando que Ele estava submisso à vontade do Pai, como também desmascarou a natureza humana e pecaminosa que havia neles e que há em nós também. Jesus disse: “mas o vosso sempre está presente”. O que o nosso Senhor está dizendo é que nós estamos sempre prontos para atendermos os desejos da nossa carne. Não poupamos esforços nem perdemos tempo para isso.

Eis aqui outra realidade que nos difere por completo de Jesus. Ele sempre viveu para fazer a vontade do Pai. Nunca houve um passo sequer do nosso Salvador, que Ele desse, fora do modo e do tempo que o Pai Lhe havia designado! Já com relação a nós, o oposto é a verdade. Praticamente todos os nossos passos são totalmente desvirtuados e distantes da vontade de Deus.

Sinceramente, será que não gostaríamos de ouvir de Jesus que nossa hora também é programada pelo Pai? Bom seria que Ele nos dirigisse tais palavras. Por isso, uma vez que conhecemos a Deus e Sua Palavra, é hora de nos submetermos à vontade de Deus e não darmos nenhum passo que esteja fora do Seu plano glorioso para nós. Ainda que seja por uma proposta aparentemente irresistível.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 16 de dezembro de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0700 - CUIDADO COM REMENDOS NOVOS EM ROUPAS VELHAS!

 


Nenhum homem põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo rompe a roupa, e faz-se pior a rotura” (Mt 9.16 – KJF).


Está crescendo em nossa nação cristã evangélica um conceito estranho sobre a validade dos ensinos de Cristo. Esse conceito alega que os Evangelhos fazem parte da Lei, pois Cristo ainda não havia morrido. Para os que o defendem, o evangelho só vem depois da morte de Cristo. Assim, esse movimento tem negado os ensinos de Cristo, ficando somente com os escritos epistolares, como as cartas de Paulo, por exemplo.

Não é de se estranhar como o diabo, repetidas vezes, volta ao seio cristão trazendo as velhas mentiras com novas roupagens. Houve no séc. II da era cristã um herege chamado Marcião que, dominado por sua crença gnóstica, eliminou da Bíblia o Antigo Testamento, os Evangelhos e muitas cartas, ficando apenas com algumas de Paulo. A liderança logo percebeu o perigo dessa mutilação e rapidamente entrou com providência, confirmando os livros inspirados para a igreja.

Esta frase de Jesus mostra exatamente o contrário do que esse movimento prega. Enquanto esses hereges dizem que o que Jesus falou ainda era Lei, o próprio Jesus faz distinção total entre o que Ele disse e o que os homens da lei diziam. Isso é muito claro no Sermão do Monte, onde nosso Mestre repete várias vezes: “Ouvistes o que foi dito” e contrapõe com “Eu, porém, vos digo” (Mt 5.21ss).

Aqui em Mt 9, Jesus diz que o ensino dos fariseus era a roupa velha e o Seu ensino era o pano novo. Quando tenta se remendar o rasgado de uma roupa velha com pano novo, isso nunca dá certo. A rotura fica sempre maior! Jesus está dizendo exatamente isso. Seu ensino e o ensino dos mestres da lei não se arrematam. Você deve comprar roupa nova, em vez de remendar a roupa velha. Você deve viver o evangelho de Cristo, em vez de viver a velharia da lei.

Essa “nova” roupagem da heresia de Marcião tenta defender a graça, mas escorrega, acusando exatamente Aquele que veio trazer a graça! É impressionante como a mentira se engasga com seu próprio vômito! O profeta João Batista disse: “Porque a lei foi dada por meio de Moisés, mas graça e verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1.17). Agora, os enganadores dizem que Jesus falava da lei...

É correto que a morte de Jesus autenticou a nova aliança, mas o conteúdo da nova aliança é aquilo que Ele ensinou antes de morrer. Desprezar o que Jesus ensinou antes de morrer na cruz é o mesmo que rasgar o testamento de uma pessoa que já morreu, só porque ele o escreveu enquanto estava vivo... Isso é um contrassenso descabido! É isso que eles fazem: desprezam os ensinos de Cristo, porque Cristo ensinou antes de morrer...

Ironicamente, os hereges de hoje tentam usar remendos novos na velha roupa de Marcião... É necessário que a igreja do Senhor esteja atenta a essas “novidades”, porque o diabo sempre troca de coleira, mas permanece o mesmo cachorro!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0699 - DESENVOLVENDO A NOSSA SALVAÇÃO

 


Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” (Fp 2.12).


Apesar de a igreja de Filipos ser uma das mais amadas pelo apóstolo Paulo, provavelmente a mais amada, mesmo assim, ela não estava livre de problemas. De fato, nela, o apóstolo demonstra sua alma, sua afeição e seu carinho para com a igreja, em sua linguagem, nas expressões de gratidão, na forma como se dirige à igreja, mas também não deixa de repreendê-la por seus erros.

O mandamento do presente versículo diz respeito ao desenvolvimento da salvação. Alguém poderia objetar, dizendo que a salvação é algo pronto, completo e realizado, que não precisa ser desenvolvido. Entretanto, sabemos que, embora para Deus ela seja um ato já concluído, todavia para nós ela está em processo.

Porém, o fato de estar em processo não significa que possa ser frustrado, inacabado ou desfeito. O próprio Paulo disse que estava convicto “de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (1.6).

O processo da salvação que o apóstolo Paulo nos ordena a desenvolver é nada menos do que a nossa santificação, o processo no qual cooperamos com Deus para nosso crescimento e maturidade. Não temos participação ativa na predestinação, nem na regeneração, na justificação, nem na adoção e na glorificação. Todavia, participamos juntamente na santificação e na perseverança.

Ainda assim, é o próprio Deus quem opera isso em nós. Paulo disse: “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (v. 13). Os verbos “efetuar” e “realizar” são os mesmos no texto original. Significa trabalhar. Deus é quem trabalha em nós o querer e o trabalhar.

O contexto do cap. 2 nos indica de que modo os filipenses deveriam desenvolver a salvação, assim como nós também. O resumo está no v. 14: “Fazei tudo sem murmurações nem contendas”. Aliás, ele vem falando disso desde o início do capítulo; que a igreja pense a mesma coisa, que tenha o mesmo amor, que seja unida em alma e sentimento (v. 2), que não tenha partidarismo, mas que faça as coisas por humildade (v. 3).

Então, ele coloca o exemplo de Cristo para a igreja (vs. 6-11), para mostrar como deve ser o procedimento de um crente que desenvolve sua salvação. Agindo como Cristo, os membros da igreja seriam “filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta” (v. 15).

Portanto, não há segredo nem motivo para debate se um crente pode ou não desenvolver sua salvação. Em outros textos do NT isso fica claro que sim. Além de possível é necessário! Vemos isso na lista do fruto do Espírito em Gl 5.22,23 e em 2Pe 1.5-7. Desenvolver a salvação não é criar a salvação ou salvar-se a si mesmo. Antes, é colocar em prática o maravilhoso dom da salvação que Deus nos deu.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

domingo, 14 de dezembro de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0698 - MISERICÓRDIA QUE DURA PARA SEMPRE

 


“Oh! Tributai louvores ao Deus dos céus, porque a sua misericórdia dura para sempre” (Sl 136.26).


Alguém pode perguntar por que o Salmo 136 é repetitivo na segunda linha de cada verso. E a resposta é a própria frase – “porque a sua misericórdia dura para sempre”. Na repetição, o autor quer mostrar a infinitude da misericórdia de Deus para com Seu povo.

Além disso, cada parte inicial do verso mostra atributos e obras de Deus, mas sempre encerrando cada verso com essa repetição. Assim aprendemos que quando Deus revela Seus atributos e Suas obras para nós, isso também é um ato da misericórdia infinita de Deus para conosco.

Deus poderia não ter nos criado. Isso em nada diminuiria Sua glória. Ele poderia também ter nos criado, mas não Se revelado a nós. Ele continuaria excelso, soberano e glorioso. Portanto, o fato de ter Ele nos criado e, além disso, manifestado a grandeza de Suas obras e a magnitude de Seus atributos, só nos diz o quanto Sua misericórdia realmente dura para sempre!

O cântico também mostra certos atos divinos que são, muitas vezes criticados pelos ímpios, a saber, atos de justiça e vingança sobre os inimigos de Deus e Seu povo. Nos vs. 10-12, temos a ação de Deus contra o inimigo (v. 10), o livramento que isso trouxe a Seu povo (v. 11) e uma manifestação do poder de Deus que executou isso (v. 12). Contra quem, a favor de quem e, de fato, Quem fez! Todas estas colocações do salmista são explicadas pela grandeza da misericórdia de Deus. Sim, até mesmo atos de vingança e justiça!

O reconhecimento de que tudo o que sabemos de Deus é por causa de Sua misericórdia deve nos levar a sermos adoradores prostrados, extremamente gratos por isso. Deus não teve mesquinhez em Sua revelação para aqueles a quem Ele quis demonstrar Seu amor. É claro que Ele revela apenas o suficiente e o que nos basta, mas essa suficiência jamais é estagnada. Ela caminha em passos crescentes para o aprofundamento da nossa comunhão com Ele.

A palavra misericórdia tão repetida nesse Salmo refere-se à gentiliza ou bondade de Deus. Por causa de Sua bondade, Deus concede favores e benefícios aos homens. Porém, muito mais do que isso, por Sua misericórdia, Ele demonstra amor afetivo para com Seu povo. Israel provou essa bondade de Deus na antiga aliança e hoje, em Cristo, a igreja também prova dessa amável afeição!

Foi na cruz, num triste dia de sexta-feira de Páscoa, que Deus demonstrou de modo mais profundo a Sua misericórdia para com os pecadores. O salmista não tinha vivido essa experiência. Mas como ele disse no v. 23 – “Deus Se lembrou do nosso abatimento” e, por causa de Sua enorme compaixão por nós em nossa miséria, “por causa do grande amor com que nos amou”, como disse Paulo em Ef 2.4, Ele nos deu vida – pela graça somos salvos!

Não ache cansativa a repetição do Salmo 136. Ela devia, na verdade, fazer parte da nossa oração e do nosso louvor a Deus. É só “porque a Sua misericórdia dura para sempre” que não somos consumidos, pois ela se renova a cada manhã, até que surja para nós o dia eterno na glória!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson