sexta-feira, 25 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 26 (A RESTAURAÇÃO DA ESPOSA)

 


Há uma verdade imensa revelada nessa passagem das Escrituras, e eu entendo que ela está falando a respeito de Cristo e da Igreja” (Ef 5.32 – NTLH).


Na ocasião da Queda, nada foi tão certo quanto aquela palavra que Deus deu à mulher, sobre a disputa de poder com seu marido (Gn 3.16). Tal disputa se arrasta pelos séculos, conseguindo sobreviver até ao dilúvio! Incrivelmente, essa contenda ainda encontra lugar nos corações dos crentes redimidos. Quando se fala na Redenção, não podemos fingir que ela não está em tensão com a Queda dentro de cada um de nós.

Porém, como já vimos anteriormente, o dever da mulher cristã é restaurado ao plano original da criação e ela deve exercer sobre si mesma a consciência da submissão e então exercitá-la na prática domiciliar. O texto grego que fala sobre este dever, usa o verbo no imperativo médio-passivo, o que significa que a mulher tem que exercer antes da submissão prática a seu marido, a consciência sobre si mesma deste dever. Isso evitará grandíssima parte das disputas no lar.

Ademais, a mulher crente precisa compreender que, no casamento, ela representa a igreja, a noiva de Cristo. Nenhuma cristã em seu bom juízo considera que uma igreja rebelde contra a autoridade de Jesus é um ideal aceitável. Assim também ela deve olhar para seu casamento, como uma maquete disso. É inaceitável que ela se rebele contra a autoridade do seu marido.

Entretanto, como em toda figura, sempre haverá uma imperfeição em relação à realidade para a qual aponta. Assim como a mulher não consegue figurar a igreja de forma perfeita, também seu marido não consegue figurar Cristo de forma perfeita; caso conseguissem, não seriam figura e sim a realidade. É neste ponto que a mulher tem que considerar seu relacionamento. Ela não tem que exigir de seu marido que seja como Cristo (embora seja este o dever dele), mas ela deve exigir de si mesma ser como a igreja!

Em Ef 1.23, Paulo diz que Cristo permitiu ser completado por Sua igreja. Veja como diz na NTLH: “A Igreja é o corpo de Cristo; ela completa Cristo, o qual completa todas as coisas em todos os lugares”. É exatamente esse o sentido do texto original! Cristo não precisa de complemento, mas Ele Se permitiu ser completado por Sua igreja! A mulher deveria pensar sobre isso em seu casamento. Se Cristo, que é o Varão Perfeito, Se permitiu ser completado por Sua noiva, quanto não deve completar seu esposo imperfeito a irmã cristã?

Esta forma de ver o casamento visa a glória de Deus. Se a mulher crente pensasse assim, certamente ela teria condições de superar suas barreiras, tanto as que se formam dentro do seu psicológico, quanto as que são formadas por seu esposo sobre ela. Pensar dessa maneira e agir com base nesse pensamento é a forma que as mulheres cristãs mostrariam perante o mundo o que é um casamento redimido, mas o que vemos são reações semelhantes às das mulheres mundanas!

As incrédulas não têm a quem representar, então elas exigem de seu marido conveniências e não perfeição. Elas não querem que eles sejam perfeitos, apenas que sejam do jeito que elas querem. Já as irmãs crentes deveriam desejar que seu marido fosse como Jesus e que, para isso, ela foi dada a ele como um sublime complemento!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 24 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 25 (RESTAURAÇÃO)

 



Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, o fruto que vocês colhem é para a santificação. E o fim, neste caso, é a vida eterna” (Rm 6.22).


A partir de hoje faremos uma série de meditações sobre a restauração na vida em família. Dentro da Cosmovisão Bíblica, sabemos que o casamento só pertence à Criação, Queda e Redenção. Ele não pertence à Consumação, pois ali, o único e verdadeiro casamento é o casamento de Cristo e Sua igreja. Todos os outros que existiram desde o casamento de Adão e Eva são apenas pálidas imagens e fracas representações do real casamento, as bodas do Cordeiro!

Se falamos que o casamento pertence à Criação, Queda e Redenção, logo surge a pergunta: em que ponto da Cosmovisão nós estamos? Na Criação não é, pois ali, o único casal que viveu antes do pecado foi Adão e Eva. Temos assim, uma longa história de Queda e Redenção. Ambas estão entrelaçadas nas páginas da Escritura e nos anais da história humana!

Às vezes, nossa vida cristã se confunde entre as ações da nova natureza e as ações da velha natureza. Os crentes já são redimidos, vivem na Redenção, no entanto, como ainda habita neles a velha criatura, vez por outra são surpreendidos com ações e reações da antiga vida. Este é um detalhe que cada crente precisa observar para tomar cuidado. Algum deslize próprio da velha vida nós teremos, mas absolutamente, jamais, devemos ser governados por ela!

Com nossas relações dentro de casa não é diferente. Não podemos viver uma vida na igreja de uma forma e de outra diferente dentro de casa. O que somos como crentes é redimidos; o aspecto da Cosmovisão em que vivemos é o aspecto da Redenção, embora exista uma tensão entre a Redenção e a Queda dentro de nós. Entretanto, devemos tender para a vida redimida e não para a vida caída, isto é, dando sempre lugar ao Espírito e não à carne.

A vida na Queda busca sempre sua própria razão, encontrando também todos os meios e argumentos que a justifiquem, independente de quão tola ela se mostra. A vida na Redenção busca a Palavra e a inteira submissão ao que ela diz. Sacrifica sim, a velha criatura, mas é assim que, como diz o apóstolo, vamos fazendo morrer nosso velho homem (Rm 6.6). Quando o outro tiver razão pela Palavra, nem eu devo me sentir humilhado por causa disso, nem ele deve se sentir vitorioso sobre mim por causa disso. Ambos devem buscar ajudar-se mutuamente para se assemelharem ao Filho de Deus por meio de Sua Palavra que nos foi dada para isso.

Uma família cristã que vive assim, certamente vive para a glória de Deus. Aliás, o que mais importa para ela é exatamente a glória de Deus e não a sua própria. Onde há discussões, brigas por ter a soberania da razão, coisas sendo feitas apenas do seu jeito, tudo isso é glória própria e usurpação da glória de Deus. Porém, onde se busca a glória de Deus prevalecerá sempre o que a Bíblia diz e não o que eu quero ou o que você quer.

O pensamento predominante do crente em todo o tempo e em todo lugar é o seguinte: “eu vivo em um mundo de Queda, de fato, mas de que forma devo me portar como redimido, para que a glória de Deus seja manifesta”? Somente assim revelaremos a nós e aos outros o que significa a Redenção em Cristo Jesus.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 23 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 24 (O DIVÓRCIO E OS FILHOS)

 


Porque ninguém jamais odiou o seu próprio corpo. Ao contrário, o alimenta e cuida dele, como também Cristo faz com a igreja” (Ef 5.29).


Uma das maiores provas de que o divórcio é resultado de corações que buscam sua própria glória e não a de Deus é a maneira como isso atinge os filhos. A busca da própria glória é caracterizada quando aquele que fica com a guarda dos filhos começa a falar mal do outro para jogar seus filhos contra, como se o motivo do casamento ter-se destruído foi o outro, nunca ele mesmo.

A autoglorificação é uma coisa tão diabólica, que o indivíduo pensa em sua reputação muito mais do que no emocional de seu próprio filho! Para ele pouco importa se seu filho irá sofrer com a separação, ter marcas indeléveis até o final da vida, o que ele ou ela quer é ter razão. Eis mais uma prova de que o sujeito não se arrependeu do pecado do divórcio. Quando se arrepende, assume sua culpa.

Casais que decretam o divórcio entre si não querem saber da felicidade de seus filhos, apenas da sua própria. Colocaram filhos no mundo apenas para depois mostrarem para eles que a vida a dois é uma desgraça e não vale a pena, quando no coração da criança está um amor incondicional pelos dois, o pai e a mãe! Oh! Se eles soubessem disso... seriam capazes de viver até mesmo sem amor um pelo outro, entretanto se respeitando, embora se sacrificando por amor aos filhos! Mas é óbvio que não vão pensar um no outro, se nem sequer pensam nos filhos... 

A figura de uma mãe rebelde e insubmissa ficará marcada na mente da criança e será reproduzida em sua vida adulta. Ou ela se mostrará rebelde como sua mãe e não se sujeitará a ninguém, ou será o oposto, totalmente passiva por medo de ser uma causadora de contendas, pois viu isso na mãe o tempo todo. Em geral, se for uma menina reproduzirá a mãe em sua obstinação; se for menino, a tendência é que seja passivo futuramente.

Por outro lado, um pai agressivo e ausente marcará também seu filho com o sentimento de abandono e medo. Alguns filhos podem partir para a fuga do compromisso, talvez se relacionando, mas nunca assumindo uma verdadeira aliança, enquanto outros filhos podem tornar-se como o pai, também estúpido e desinteressado. Não é regra, o coração humano é complexo e vasto, mas em geral temos estas reações.

Separação e divórcio por diversos motivos, como incompatibilidade, agressões, infidelidade, falta de amor e respeito, frieza, etc., trarão também sobre os filhos diversos traumas praticamente impossíveis de ser completamente superados, como medo da relação, falta de compromisso fiel, espírito iracundo e desrespeitoso, tendências promíscuas, egoísmo sentimental, entre outros complexos.

Casamentos sem filhos já trazem dor e grandes desabamentos quando se desfazem, imagina uma relação de onde já houve fruto geracional... tais desabamentos não só se efetuam no coração do casal divorciado, como se estendem impiedosamente para o coração dos filhos traumatizados!

O divórcio põe fim sim, ao casamento, mas sem dúvida alguma, põe fim a muitas outras coisas e pessoas...

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

terça-feira, 22 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 23 (DIVÓRCIO E PERDÃO)

 


Você tem esposa? Não procure separar-se. Você está solteiro? Não procure esposa” (1Co 7.27).


Quando se trata de casais crentes, ambos devem viver seu casamento para a glória de Deus. Ambos devem colocar à frente de tudo sua nova criatura para agir, pensar e falar, e não sua velha criatura. Em nada a velha criatura glorifica a Deus, a nova, todavia, busca glorificá-lo em tudo! Toda desavença, infidelidade e qualquer outro motivo que leva ao divórcio, sempre foi porque ambos, ou pelo menos um dos dois, desejou sua própria glória antes que a de Deus.

Onde há a busca da glória de Deus, o casal pode até errar, mas haverá perdão. Ainda que no caso de infidelidade, onde o infiel morreu para aquele casamento, o perdão ainda é um dever do cônjuge vitimado. Mesmo que neste caso o divórcio seja um direito, quando se divorcia, se enterra o infiel, mas quando se perdoa e retoma, o ressuscita! Nem todos estarão colocando sua nova criatura à frente para agir assim. A maioria vai optar pela cláusula de exceção, que é o divórcio.

Há casais que se divorciam por causa de infidelidade, mas o cônjuge traído provocou todos os meios para que houvesse a traição. Claro que não justifica o ato de adultério, porém, houve participação e consentimento. Mulheres ou homens que não cumprem seu dever marital, que tratam mal seu cônjuge, que o desdenha ou o expõe à humilhação, cônjuges agredidos, seja verbal, física ou psicologicamente, tantos exemplos poderíamos multiplicar, porventura não estão empurrando seu consorte para uma possível traição e consequentemente o divórcio?

Portanto, tudo se resume em apenas uma coisa: se o casal vive realmente para a glória de Deus. Quando isso acontece, ambos procurarão obedecer à Palavra, cumprindo seus deveres um para com o outro, perdoando-se mutuamente quando um errar, buscando aconselhamento, reconciliação quando se ferirem, enfim, um casal que vive para a glória de Deus não fará aquilo que sua velha natureza deseja e, mesmo que algum dia isso aconteça, logo a nova natureza porá tudo em ordem novamente através da restauração mútua.

Se, em algum momento, aquela característica da velha natureza tomar a decisão crucial do divórcio (pois a tal característica da velha natureza é a dureza do coração), então, realmente o casamento se desfez e, por ter sido algo contrário à vontade preceptiva de Deus, o irmão ou a irmã precisam se arrepender diante de Deus e devem prosseguir sua vida. Se almejar um novo casamento, saiba que haverá restrições, mágoas, frustrações, traumas e medos que podem ser transferidos para esta nova relação e seu novo cônjuge precisa saber disso para se dispor a ajudar. Caso contrário, não envolva alguém em sua vida complicada.

Lembre-se de que no novo relacionamento surgirão praticamente as mesmas coisas que no primeiro e você pode amargar o pensamento de que poderia ter permanecido e resolvido, em vez de começar tudo de novo com outra pessoa, encarando os mesmos problemas. Se agora resolve encarar e corrigir, por que não fez isso antes? E se agora resolve fazer o mesmo erro do primeiro, por que se casou de novo?

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 21 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 22 (DIVÓRCIO E REPÚDIO)

 


Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério” (Mt 5.32).


Nas línguas originais da Bíblia há uma diferença entre as palavras “repudiar” e “divorciar”. No hebraico, por exemplo, shalach é “repúdio, despedir, deixar”; enquanto que keritut quer dizer “divórcio, separação legal”. Assim também no grego, somente mudando a língua, mas o significado das palavras permanece, até porque o NT foi escrito em grego, mas os autores eram judeus. “Repudiar” é ­apolyō, enquanto “divórcio” é apostasion.

É interessante notar que quando Jesus trata da questão do divórcio, Ele não usa a palavra apostasion. Ele sempre condena apolyō, que é o abandono sem a carta. É óbvio, pelo diálogo de Jesus com os fariseus sobre isso em Mt 19.3-9, que Cristo não aprova o divórcio também, pois Ele não compactua com a Queda e tanto o repúdio quanto o divórcio pertencem à Queda, ao histórico de pecado dos homens. Em Sua resposta aos fariseus, Jesus remonta à Criação, onde homem e mulher deixam pai e mãe e se unem para ser uma só carne. Indiscutivelmente, este é o propósito original do casamento.

Mas quando questionado sobre a carta de divórcio, Jesus fala sobre a Queda. Ele diz que Moisés permitiu essa carta por causa da dureza do coração dos homens, mas Ele retorna à Criação, quando diz: “mas não foi assim desde o princípio” (Mt 19.8). Então, quando Ele dá Sua ordem, Ele diz que o homem não pode “repudiar” sua mulher, exceto em caso de ­­porneia. Esta palavra grega é muito abrangente e significa relações ilícitas de várias naturezas, não só infidelidade. Até mesmo casamento consanguíneo estava incluído em porneia.

Supondo que um cônjuge cometesse adultério, por exemplo, ele deveria ser apedrejado junto com o parceiro do adultério. Mas como Jesus veio não para sentenciar à morte, então Ele está dizendo que um adúltero já morreu para o casamento, mesmo não sendo executado. Assim, o cônjuge traído, na palavra de Jesus, nem mesmo do divórcio precisaria. Poderia repudiar e, ainda assim, ele seria livre de tal relação.

Porém, se repudiasse por outros motivos, então cometeria adultério se se casasse de novo, visto que não tinha “divorciado”, apenas “repudiado”. Não tinha um documento legal que comprovasse o rompimento de seu casamento. Por isso Jesus sempre condena o repúdio e não o divórcio. Reafirmando que Ele não aprovava também o divórcio, porém este era tolerável, pois embora não fosse a vontade preceptiva de Deus, entretanto, punha fim ao casamento por causa da dureza do coração do homem, porém não contaminava a mulher com adultério em uma segunda relação.

Lembrando que o divórcio é sim pecado, os divorciados devem se arrepender, devem perdoar seus ex-cônjuges, mas seu relacionamento acabou, não devem voltar mais um para o outro, exceto se apenas se “separaram” sem divórcio e não se juntaram a ninguém nesse período de separação (1Co 7.11), pois caso haja acontecido tal junção sem o divórcio, então houve adultério, houve o que Jesus condenou aqui.

Día tes pisteos.

Pr. Cleilson

domingo, 20 de abril de 2025

A VIDA EM FAMÍLIA - PARTE 21 (O DIVÓRCIO - 02)

 


Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se... por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio... e a despedir de casa; e se ela... for e se casar com outro homem; e se este a aborrecer, e lhe lavrar termo de divórcio... e a despedir... ou se este... que a tomou para si... vier a morrer, então, seu primeiro marido... não poderá tornar a desposá-la para que seja sua mulher” (Dt 24.1-3).


Como estamos refletindo, na antiguidade, os homens faziam muito mal às suas mulheres. Claro que muitos ainda o fazem hoje e claro também que as mulheres têm a seu favor várias leis que as protegem. Entretanto, essas leis tiveram como modelo a lei de Moisés em Dt 24.1-4. A lei estabelecia que se um homem, depois de casado, achasse algo indecente em sua mulher, lhe daria carta de divórcio e ela estaria livre para se casar com outro. Ainda, se este outro também lhe desse carta de divórcio, ela estaria livre novamente, menos para se casar com seu primeiro marido.

Os motivos não são claros, mas com certeza não era infidelidade dela, pois a infidelidade, na época de Moisés, era punida com a morte! Não havia licença com carta de divórcio para liberar a mulher adúltera. O primeiro marido se divorciou por achar coisa indecente nela; o segundo, por sua vez, foi por aborrecê-la ou odiá-la. Observe que não há nada que se refira a traição, pois se assim fosse, ela deveria ir à pena capital.

O que acontecia era que os homens dispensavam suas mulheres sem documento de divórcio e se casavam com outra, enquanto sua primeira mulher, ou ficava em sua casa para a hora que ele a quisesse, ou, despedida sem a carta de divórcio, ficava à mercê do julgamento suspeito da sociedade. Quantos homens do AT fizeram isso com suas mulheres?... casavam-se com outras, mesmo tendo já sua mulher em casa. Não se utilizavam dessa lei para dar liberdade à sua mulher, enquanto praticavam livremente a bigamia ou poligamia! Deus aprovava a poligamia? Certo que não. Entretanto, ainda por causa da dureza do coração dos homens, Deus legislou sobre isso (Dt 21.15).

O próprio Moisés casou-se com uma mulher cuxita (ou etíope), não sabemos se sua esposa Zípora havia morrido ou se voltara para a casa de seu pai (Êx 18; Nm 12.1). Davi, quando viveu fugido de seu sogro, perdeu sua mulher Mical para outro homem, a quem o rei Saul a deu por mulher. Mas ao ascender ao trono, Davi mandou trazê-la de volta (2Sm 3.13-16). Se tivesse praticado a lei do divórcio, ele não poderia fazer isso, pois ela já havia pertencido a outro. De fato, sua ação já foi um erro, mesmo sem a carta do divórcio.

Vemos assim, que Deus, mesmo não aprovando o divórcio, legislou sobre isso, a fim de que o pecado não debandasse totalmente o bom viver social, assim como legislou também sobre a bigamia, ainda que não aprovasse essa prática, a fim de preservar a mulher menos amada. Numa sociedade em que o homem repudiava sua mulher por qualquer coisa, o mal menos grave seria dar a ela uma carta de divórcio, que a protegesse da injúria social e, ao mesmo tempo, a libertasse legalmente para se casar de novo.

É sobre isso que iremos falar na próxima reflexão. Sobre a diferença entre os termos “divórcio” e “repúdio”. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, estas palavras têm diferença e seu uso mostra o cuidado com o qual elas foram inseridas nos textos bíblicos, a fim de deixar bem claro seu significado.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

A VIDA EM FAMÍLIA ‐ PARTE 20 (O DIVÓRCIO)

 


Todavia, aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher se não aparte do marido... e que o marido não deixe a mulher” (1Co 7.10,11).


Existe rompimento também na relação conjugal. O seu clímax é o divórcio. É do agrado de Deus? Não. Pertence à Sua vontade preceptiva? Não. Ao contrário, o divórcio é algo que Ele odeia. Não por causa do divórcio em si, mas por causa daquilo que o provoca. E o que provoca o divórcio? Jesus disse que é a dureza dos nossos corações (Mt 19.8). E quem é que não tem coração duro? Não há ninguém que não tenha. Jesus disse “a dureza dos vossos corações”. Somente Ele não tem coração duro.

Não vamos entrar na questão de qual foi a permissão para o divórcio no NT, visto que todos já sabemos. No caso de relações ilícitas e abandono do cônjuge incrédulo. Digamos que essas duas razões são as que tornam um divórcio “legitimado”. Porém, o que vemos são casos de divórcios por vários motivos no meio dos crentes. Desde os mais banais até os mais assustadores. Há divórcios por incompatibilidade, como também há divórcios por agressões físicas, verbais e ameaças.

Não podemos deixar de frisar as afirmações bíblicas que não se discutem. Deus odeia o repúdio. Era o que os homens faziam a suas mulheres desde a antiguidade. Eles repudiavam (do grego “abandonar, largar”), mas não divorciavam. As mulheres abandonadas não tinham um documento que as protegessem da reputação de adúlteras perante a sociedade, ainda que não se tivessem provas disso. Por isso Deus permitiu e ordenou a Moisés que legislasse sobre o assunto do divórcio (Dt 24.1-4).

Com a carta de divórcio na mão, a mulher, na verdade era protegida! Incrível que diante da dureza do coração dos homens, Deus concede algo que não é Sua vontade preceptiva para proteger aquela que saía destruída de um casamento, no qual fora abandonada! Se qualquer injúria fosse levantada contra ela, tentando acusá-la de infidelidade, ela teria em suas mãos uma carta que lhe protegesse de tais infâmias! Em outras palavras, a carta de divórcio se tornou como um mal necessário, mas com vistas ao bem de proteger a honra das menos favorecidas.

O divórcio põe fim ao casamento, sim. Não é a vontade preceptiva de Deus, mas não se pode dizer que uma pessoa está presa a seu cônjuge, tendo ela em mãos uma carta de divórcio. Ela está ferida, está frustrada por se sentir impotente de sustentar seu casamento, mas aquele casamento acabou, não há como negar isso. Dizer que alguém divorciado ainda está preso ao cônjuge anterior é escravidão, é querer que alguém se case com um morto.

De fato, a forma de vida conjugal que deságua no divórcio, já é um estado mórbido de viuvez. O casamento já está morto. A carta de divórcio é a última pá de cal sobre o cadáver pálido e gélido do matrimônio falido. Pessoas que passaram por isso devem pedir perdão a Deus e prosseguirem suas vidas. Não devem ser escravas deste pecado, como de nenhum outro. O único pecado sem perdão é a blasfêmia contra o Espírito Santo. Todos os demais têm perdão mediante confissão sincera e o divórcio, por mais triste que seja, por mais que tenha apagado o brilho da glória de Deus no casamento, também tem perdão, o qual te liberta para continuar sua vida.

Día tēs písteōs.

Pr. Cleilson