“Eu disse: Vós sois
deuses, e vós outros sois todos filhos do Altíssimo” (Sl 82.6).
Estamos vivenciando em nossos dias algo bem diferenciado no poder judiciário do nosso país. Os juízes ali colocados estão claramente tomando decisões poderosas e que interferem nos demais Poderes da Constituição. Tornou-se corriqueiro que muitas dessas decisões sejam monocráticas, a despeito de haver uma pluralidade na corte. Muitas dessas decisões entram em choque com outras decisões que acabam revelando uma preferência partidária, algo proibido pela nossa lei.
Na língua hebraica, alguns termos assumem vários significados. O termo usado neste Salmo, por exemplo (elohim, plural), tem sua raiz (El, singular), que significa “poder”, ou “poderoso” e é atribuído para divindade. Assim, essa palavra é aplicada tanto a Deus, quanto também a seres poderosos, por figura de linguagem, como anjos, deuses (os falsos das antigas religiões), juízes humanos, etc.
Alguns ficam paralisados diante deste Salmo, visto que a palavra “deuses” pode significar qualquer um destes substantivos que já falamos. Porém, quando você percebe o contexto, o salmista Asafe está falando de juízes humanos. Nos vs. 2-4, ele questiona por que os “deuses” estão julgando injustamente e respeitando a aparência das pessoas; defendendo o ímpio e deixando o pobre indefeso. Portanto, elohim aqui refere-se aos juízes da terra.
Quando estudamos Antropologia Teológica, encontramos que, de fato, o homem, ainda no pecado, reflete a imagem e semelhança de Deus, especialmente quando são autorizados por Deus para exercerem poder na terra. São as autoridades constituídas. Chamar juízes de “deuses” era comum no Israel antigo (observe que Jesus mesmo citou este Salmo em João 10.34-36, confirmando que homens a quem a Palavra foi dirigida eram chamados assim).
Entretanto, ao julgar de forma injusta, os juízes da terra já não mais representam Deus, pois Ele é o Justo Juiz! Até mesmo os que não foram delegados como autoridade por Deus entre os homens percebem claramente quando há julgamento injusto! Todos nós temos o senso de justiça, embora nem todos temos autoridade para julgar. Assim, quando aqueles que têm essa autoridade julgam tendenciosamente, acabam por quererem tomar o lugar de Deus!
Este é um pecado gravíssimo! Lúcifer teve esse desejo, Adão e sua mulher o tiveram, vários personagens quiseram o lugar de Deus e a questão é que Deus não divide Sua glória com ninguém (Is 42.8)! O salmista aqui diz que quando os juízes agem assim “nada sabem, nem entendem; andam em trevas” (v. 5)!
No fim de tudo, o que acontecerá aos juízes injustos, que
não recebem o título “deuses” com humildade, antes se acham mesmo “deuses”? O
próprio Asafe responde: “Todavia, como
homens morrereis e caireis como qualquer dos príncipes” (v. 7). E, para
que nós não fiquemos com o amargor da injustiça em nossa boca, ele completa: “Levanta-te, ó Deus, julga a terra, pois te
pertencem todas as nações” (v. 8)!
Día tes písteos.
Pr. Cleilson
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