segunda-feira, 12 de maio de 2025

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0558 - JEFTÉ E JESUS

 


Fez Jefté um voto ao Senhor e disse: Se, com efeito, me entregares os filhos de Amom nas minhas mãos, quem primeiro da porta da minha casa me sair ao encontro, voltando eu vitorioso dos filhos de Amom, esse será do Senhor, e eu o oferecerei em holocausto” (Jz 11.30,31).


Jefté é um homem conhecido apenas por um episódio que marcou sua vida – sacrificou sua filha, depois de ter voltado vitorioso de uma guerra contra os amonitas, porque fez um voto irrefletido ao Senhor, dizendo que, se o Senhor lhe desse a vitória naquela guerra, quem primeiro saísse a seu encontro da porta de sua casa, ele ofereceria em holocausto ao Senhor.

Alguns estudiosos dizem que ele não a sacrificou, senão que a ofereceu para servir no santuário do Senhor de forma celibatária. Assim lemos no v. 39: “Ao fim dos dois meses, tornou ela para seu pai, o qual lhe fez segundo o voto por ele proferido; assim, ela jamais foi possuída por varão”. Esta última cláusula do versículo possibilita o entendimento de que ela não foi sacrificada e sim oferecida para servir celibatariamente no santuário.

Outro fato curioso sobre a vida desse juiz de Israel aconteceu logo após esta guerra. Os efraimitas censuraram Jefté por ter ido à batalha e não os haver chamado; então ameaçaram Jefté de queimar sua casa com ele lá dentro (12.1)! Os efraimitas eram irmãos dos gileaditas, pois Gileade era neto de Manassés, irmão de Efraim, que eram filhos de José! Jefté acabou reunindo os gileaditas e matou 42 mil efraimitas no episódio conhecido como “Chibolete” (Jz 12.5,6).

Mesmo se este homem foi precipitado em seu voto, oferecendo sua filha em holocausto para manter sua palavra tola, ele aparece na carta aos Hebreus como um dos heróis da fé (Hb 11.32). Devemos nos lembrar de que os livros históricos apenas narravam os fatos sem fazer juízo de valor sobre eles. Os autores não se aventuravam a dizer se determinada ação era ou não correta, deixando ao leitor o juízo com base no que dizia a lei do Senhor. Por outro lado, Jefté viveu numa época em que as pessoas faziam o que achavam reto a seus próprios olhos, como o próprio autor nos faz observar (Jz 17.6; 21.25). O que não quer dizer que Deus aceitou seu voto, mas também não o impediu de cumpri-lo.

Este desacordo, se ele ofereceu ou não sua filha em sacrifício, vem desde a antiguidade. Crisóstomo dizia que Deus permitiu (embora não aceitou) o holocausto, para que futuramente, as pessoas fossem mais ponderadas na hora de fazer seus votos a Deus; Ambrósio dizia que Deus é contra o dever de cumprir uma promessa dessa; o Talmude de B’reshit Rabá diz que Jefté era um homem de juízo pobre, que fez uma promessa inapropriada, sem considerar as consequências; rabinos dizem que ele foi enterrado por partes e não de corpo inteiro, enfim...

Certo é que um dia, Deus enviou Seu Filho para ser sacrificado também. Não irrefletidamente, mas segundo Seu propósito de graça de salvar aqueles a quem havia amado desde a eternidade! Ele não Se arrependeu quando viu Seu Filho marchar para a cruz, mas conduziu-O até o fim nesse empenho. Não substituiu Seu Filho por outra coisa, animal ou pessoa, mas levou a cabo a sentença de morte para que por meio dEle nós tivéssemos vida! Seja lá o que Jefté fez com a filha dele, lá na cruz, Cristo o perdoou e levou seus pecados sobre Si.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

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