REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0403 - CARACTERÍSTICAS DA SABEDORIA HUMANA

 

“Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca” (Tg 3.15).

O mundo em que vivemos está a passos largos para o conhecimento de muita coisa através do excesso de informações. O efeito colateral desse conhecimento é que todo mundo sabe um pouco de quase tudo, mas quase ninguém sabe muito de alguma coisa. Devido à velocidade da informação, o acesso a ela tem uma exigência de rapidez, por isso não dá tempo de os conhecedores serem sábios.

A carta de Tiago é, entre outras coisas, uma carta de sabedoria. É chamada, por vezes, de “Provérbios do NT”. Mas é bom que saibamos que a sabedoria é diferente do conhecimento. Este fala da informação, aquela fala da prática correta do que se aprende. A sabedoria bíblica é dada por Deus e passa pela cultura judaica. Os hebreus entendiam “sabedoria” como algo prático e não discursivo, ao contrário, por exemplo, dos gregos, cuja sabedoria era apenas de cunho retórico.

Ao classificar a sabedoria humana, Tiago diz que ela tem três características: primeiro, ela é terrena, isto é, não vem do alto. Em 1.17, ele diz que do alto vêm boas dádivas e, a sabedoria humana, por não vir de lá e sim da terra, não é boa. Se ela procedesse do alto, então viria de Cristo, “em quem”, diz Paulo, “todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Cl 2.3).

Segundo, ele diz que a sabedoria humana é animal. A palavra grega que ele usa é ­­psychikē, como se fosse “almática”, isto é, em contraste com o “espiritual”. Tiago está dizendo que esta sabedoria procede da sensação humana. Foi traduzida como “animal” para nos dar a entender que está ligada ao instinto humano, corrompido pelo pecado, o qual não está muito longe das atitudes animalescas! Paulo também chama esta sabedoria de loucura (1Co 3.19), pois através dela não se apodera das ricas instruções divinas, que só se discernem espiritualmente.

Finalmente, Tiago diz que esta sabedoria (se é que assim pode ser chamada) é também demoníaca, a saber, está em contraste com Deus. Quem tem falta de sabedoria peça a Deus (1.5), pois confiar na sabedoria humana é arrogância diabólica. Uma vez Pedro supôs que poderia confiar em seu raciocínio, sugerindo que nenhum sofrimento aconteceria a Cristo, mas foi repreendido pelo Senhor, que disse que este pensamento estava de acordo com Satanás, que não cogita das coisas de Deus (Mt 16.23).

É nesta sabedoria que o mundo caminha. O mundo é antideus, odeia as coisas de Cristo, que procedem do alto, pois o mundo é daqui. Ele passa e também suas cobiças (1Jo 2.17). Ele dá ao homem a sensação de que é sábio por saber um pouco de muita coisa, mas não consegue saber do que realmente importa – Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus (1Co 1.24).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson