“Não te glories do
dia de amanhã, porque não sabes o que trará à luz” (Pv 27.1).
O ser humano é, dentre outras coisas, um ser presumido. Ele acha que pode realmente ter domínio absoluto sobre sua vida e, por vezes, inclusive, sobre a vida alheia. O planejamento do homem abarca dias futuros, meses futuros, anos futuros e até mesmo gerações futuras. Frequentemente ouvimos cientistas e pesquisadores dizerem como estará o mundo daqui a 50 ou 100 anos.
Por um lado, isso pode trazer à lembrança que o homem foi criado realmente para não morrer. Deus é um Deus de vida, a morte é uma intrusa em Sua criação (claro, não estamos aqui considerando os decretos e a onisciência de Deus). A morte, como salário do pecado, veio revelando a terrível mancha que o pecado trouxe à pintura da arte divina. Então, quando o homem faz planos para o futuro, isso pode indicar que ele esteja fazendo aquilo que lhe seria natural, caso não tivesse pecado.
Entretanto, por outro lado, não podemos nos esquecer desse terrível evento chamado Queda! Ela trouxe, além da mancha na arte divina, a morte como um limite inexorável para cada coisa criada no mundo material. Trata-se do limite da morte, a qual é democrática, vem sobre todos sem questionário e sem currículo. Isto é o que temos que considerar quando nossos planos estão a todo vapor em nossa mente projetora.
A presunção do homem chega ao ponto de ele se gabar do amanhã. Ele desconsidera que Deus estabeleceu um livro para cada um de nós com páginas contadas, mesmo antes de nós nascermos (Sl 139.16). Por mais que quiséssemos, jamais conseguiríamos acrescentar a esse livro uma página sequer (Mt 6.27). Por isso, Jesus diz que não devíamos nos inquietar pelo dia de amanhã. Cada dia já basta que ele carregue seu próprio mal (v. 34).
Tiago nos ensina o seguinte acerca desse assunto: “Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna” (Tg 4.13-16).
Claro que não há proibição em investir, em cuidar, em prevenir, em angariar para um futuro. Prudente é aquele que assim o faz. Mas o perigo é que sempre confiamos nisso e disso presumimos. Qualquer noite dessas pode ser que venhamos ouvir aquela voz: “Esta noite te pedirão a tua alma” (Lc 12.20). E aí?
Só existe uma coisa que nós sabemos sobre o amanhã. Que “importa que todos nós
compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo
o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2Co 5.10). Isso é
inescapável tanto para vivos, como para mortos! Enquanto estivermos aqui, neste
corpo perecível, nossos planos para o amanhã, nosso trabalho, nossos diplomas,
nossa família, nossos investimentos, tudo isso não passa de uma vela acesa ao
vento.
Día tes písteos.
Pr. Cleilson
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