“Sobre tudo, tomando
o escudo da fé, em o qual podereis todos os dardos do maligno, os incendiados,
apagar” (Ef 6.16). Trad. Lit.
Quando o apóstolo fala “sobretudo”, ele não está dizendo sobre ordem de importância, mas de posição. Não significa “acima de tudo isso”, mas “em cima de tudo isso”. Para as três armas anteriores, ele usa os verbos adequados a elas. O cinto, cingindo; a couraça, vestindo; as sandálias, calçando. Agora, para as próximas três armas o verbo é único: “tomando” (ou, no grego, “recebendo”, “lançando mão”, “levantando”).
A diferença do uso desse verbo para os anteriores é que os outros se referem às armas que ficavam presas ao corpo do soldado. Mesmo um soldado em descanso tinha preso em seu corpo o cinto, a couraça e as sandálias. Mas para as próximas três armas, ele fala daquelas que o soldado tinha que “tomar”, “lançar mão” para colocar sobre si.
O escudo a que Paulo se refere aqui não é o pequeno escudo redondo, chamado “broquel” no Salmo 91. Ele fala do escudo grande, ou “pavês”, feito de duas chapas de madeira sobrepostas, de mais ou menos 1,20m de comprimento por 0,80cm de largura; servia para cobrir o corpo todo, não apenas o peito. Além das chapas, ele era revestido com couro ou metal. Quando couro, este era encharcado em água para que pudesse apagar o fogo das flechas que eram lançadas.
Quanto às flechas, não temos dúvida de que é algum tipo de pensamento que o diabo nos sugere. São perfurantes e incendeiam nossa mente. Tais sugestões podem incluir acusações sobre nossos pecados, pensamentos blasfemos contra Deus, pensamentos pecaminosos como os de praticar o mal contra alguém, cobiçar, planejar mentir, depreciar a imagem de alguém, desejar o suicídio, querer voltar para o mundo, se sentir coitado pelos cantos, desejos de todo caráter perverso que se possa imaginar. As flechas de Satanás são também provações que Deus ordena que passemos por elas e ainda manda que Satanás nos alveje com suas setas.
Mas que fé nos protege? Existe a fé salvadora, a fé imaginária, a fé miraculosa, a fé histórica e a fé confessional. Paulo está falando aqui da fé na Palavra, naquilo que ela diz acerca de tudo na nossa vida cristã. No grego, Paulo não diz “com o qual”, como na nossa versão. Ele diz “no qual”, ou seja, no escudo; é na fé que poderemos apagar estes dardos.
A ideia espiritual aqui é a seguinte. Assim que tais pensamentos nos sobrevêm, precisamos nos lembrar do que a Escritura diz àquele respeito. Porém muito mais que lembrar, é preciso que tenhamos convicção do que ela diz, de tal maneira que aquilo faça parte de nós, a começar dos nossos pensamentos. Se não nos sintonizarmos com a Palavra, seremos incendiados por certos pensamentos e, por fim, derrotados!
Não devemos desistir. Somos atacados com toda sorte de
pensamentos maus. Nem sempre vencemos e às vezes nem estamos dispostos a
vencer. Isto é uma batalha e não um treino. Os maiores homens de Deus na
história da igreja também tiveram seus combates contra os dardos de Satanás.
Agostinho, Lutero, John Bunyan e vários outros. Se eles, que eram gigantes na
fé, tiveram que usar o escudo contra os pensamentos malignos, quanto mais nós,
que somos pequenos anões nesta batalha?
Día tes písteos.
Pr. Cleilson
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