Dentre as várias discussões que sempre houveram acerca da
doutrina da segurança da salvação, destacam-se as posições da Perseverança dos
Santos versus o Cair da Graça, respectivamente defendidas pelo calvinismo e
arminianismo.
Há muitos bons debates e escritos sobre o tema Perseverança
dos Santos, de modo que não farei uma exposição desta doutrina, apenas
recomendo o livro do John Piper (Cinco Pontos), lançado pela Editora Fiel, onde
ele expõe de forma simplificada, porém profunda, não somente sobre esta
doutrina, como também sobre as 4 anteriores a ela (Depravação Total, Eleição
Incondicional, Expiação Limitada e Graça Irresistível).
Desejo neste artigo salientar uma característica da nova
natureza que recebemos, o que torna logicamente impossível que um verdadeiro
salvo perca a salvação. Porém antes, para começar, já não é lógico se falar em perda de
salvação. Pode-se perder qualquer coisa, menos aquilo que é eterno. Se alguém
foi trazido para algo eterno, dali ele não pode sair. Se uma pessoa é trazida
por Cristo para a salvação e esta é eterna (cf. 2Tm 2.10; Hb 5.9), segue-se
logicamente que não pode perdê-la, caso contrário, não seria eterna. Segue-se
também que um condenado pode perder sua condenação, mas não podemos afirmar
isso biblicamente, pois a condenação é eterna também.
Porém, voltando à característica da nova natureza que os salvos
recebem, o que encontramos na escrita paulina é que esta nova natureza não se
corrompe (Rm 12.2; 2Co 4.16; Ef 4.22-24; Cl 3.10). Estes versículos afirmam que
a nova natureza é transformada pela renovação, ela se renova de dia em dia, se
renova no espírito da mente e se refaz para o pleno conhecimento, segundo a
imagem do que a criou. Lemos também em 2Co 3.18, que somos transformados de
glória em glória pelo Espírito do Senhor para chegarmos à imagem do Senhor.
Desviar-se, apostatar-se, cair da graça ou “perder” a
salvação são coisas incompatíveis com o caráter da nova natureza. Em Ef 2, Paulo
compara o novo nascimento com a ressurreição de pessoas que estavam mortas
espiritualmente (vs. 1,5). Não se pode afirmar biblicamente que pessoas
ressuscitadas da morte espiritual voltem a morrer. Jesus disse o contrário,
quem nEle crer, ainda que esteja morto viverá. E disse ainda: Todo o que crer
em mim não morrerá eternamente (Jo
11.25,26). Disse também que quem ouve Sua Palavra e crê no que O enviou tem a
vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida (Jo 5.24). Não
vemos alguém que tenha passado da vida eterna para a morte! Não é compatível
com a característica da nova natureza.
Sendo assim, o que dizer dos casos em que alguém que tenha
vivido muito tempo na igreja, recebido os sacramentos, exercido dons e cargos,
finalmente tenha se desviado e rejeitado a Cristo? A resposta é que muita gente
vive entre os salvos, participa das bênçãos externas dos salvos, recebe dons e
sacramentos, mas não é salva! Tal pessoa compreende intelectualmente o
evangelho e as doutrinas, mas no seu interior, não recebeu a ressurreição
espiritual, isto é, não nasceu de novo. Pode ser que algum dia ela passe pelo
processo de regeneração, e certamente passará, se for eleita, mas pode ser que
esteja entre os salvos sem nunca nascer de novo.
Dia tes písteos.
Pr. Cleilson
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