Recebi, como vocês podem ver no mural deste blog, algumas perguntas relacionadas a missões e a confusão que tem sido criada na cabeça de muitos cristãos com relação a este chamado tão nobre. Não sei o contexto dessas perguntas, porque provêm de alguma revista de Escola Dominical. No entanto, como considero que elas são relevantes, resolvi respondê-las de acordo com as premissas bíblicas daquilo que realmente significa seguir a Cristo e, como resultado, ser um comissionado para testemunhá-lO. Transcrevo aqui as perguntas e as respostas estarão em itálico para facilitar a visibilidade do diálogo.
1) De que forma devemos nos aproximar da Palavra de Deus em busca de seus verdadeiros conceitos missiológicos a fim de superarmos o pragmatismo e o metodologismo que invadiram o trabalho missionário ?
R: O pragmatismo exige resultados independente dos meios utilizados; o metodologismo são as chamadas “estratégias” para trazer resultados para o trabalho missionário. Os conceitos missiológicos da Palavra de Deus não atendem a essa demanda dos nossos dias. Paulo dizia que ele plantava, outro regava, mas era Deus que dava o crescimento (1Co 3.6). Assim, o missionário pode plantar e dormir, como disse Jesus (Mc 4.26-29). O processo maravilhoso do nascimento da planta vem de Deus, não do semeador.
2) Como o conceito bíblico de discipulado transforma a secularização da missão sofrida hoje com ideias de sucesso e resultados imediatos ?
R: Uma igreja que envia seus missionários precisa estar consciente de que sofrerá as pressões dos resultados imediatos, inclusive por parte de seus gestores. Nesse caso, ela precisa discipular muito bem seu próprio missionário para que ele também não seja vítima dessa secularização da missão. Ambos, a igreja e o missionário devem estar muito bem estabelecidos nos princípios bíblicos de discipulado para não serem engolidos por essa pressão pós-moderna dos resultados imediatos.
3) Em que níveis os conceitos bíblicos de discipulado e de seguir a Cristo devem transformar nossas próprias expectativas missionárias e busca de sucesso ?
R: A igreja deve abordar as experiências de missionários que foram martirizados, ou que não fizeram sucesso no campo, como sendo experiências válidas para o exercício da missão. Esse negócio de trazer missionários bem sucedidos para dar testemunho é omitir a realidade do campo missionário, pois nem sempre é o que acontece, aliás, é o que menos acontece.
4) Que novos critérios devemos formular, à luz dessa teologia de missão, cujos resultados se medem pela formação de comunidades cristãs moldadas pelo caráter de Cristo, para incrementar os atuais e os novos investimentos na evangelização mundial ?
R: Reconhecimento do chamado divino para missões dos seus enviados; formação teológica profunda deles; não enviar pessoas que não saibam interpretar a Bíblia corretamente; suprimento para o sustento missionário junto com parceiros pessoais; não permitir que juntas missionárias comandem o enviado; sustentar menos missionários com mais recursos, ao invés de enviar pouco recurso para muitos missionários; investir na formação paralela dos enviados como, por exemplo, enfermagem, odontologia, didática em línguas, etc., mas conscientizá-los de que não estão no campo por causa disso, mas para evangelizar, essa é a comissão.
5) Como o conceito de discipulado e de seguir a Cristo podem renovar diariamente nosso relacionamento de fé com Deus ?
R: O relacionamento com Deus tem que ser de fé mesmo. Afinal, seguir a Cristo não é para o querer do homem, mas para aqueles a quem Ele chamar. Muitos estão “seguindo coisas” e confundindo com Cristo. Seguem os milagres, a prosperidade financeira, as curas, os profetas, menos a Cristo, pois quando se fala no custo do discipulado, estes pulam fora. Por isso o relacionamento com Deus é renovado a cada dia, quando descobrimos se estamos realmente seguindo a Cristo ou aquilo que imaginamos ser Cristo.
Pelas perguntas feitas, o irmão menciona que a lição trata do período em que Paulo ficou preso, enquanto estava sendo ouvido pelos governadores Félix e Festo, bem como pelo rei Herodes Agripa II. Houve sucesso na missão de Paulo neste período? Isso depende do que é o conceito "sucesso" em nossa geração. Por isso a minha resposta à pergunta nº 3. A própria igreja é responsável por esse falso entendimento acerca de missões que se tem hoje. Porque sempre se convida missionários "bem sucedidos" para dar testemunho de seu trabalho. Não se ouve relatos de missionários que morreram no campo sem concluir a obra, de missionários que voltaram frustrados do campo sem nenhuma alma converter-se ante suas pregações, de missionários que ficaram doentes e tiveram de abandonar o campo ou ali morreram, porque isso não é considerado um missionário de sucesso pela nossa geração. E a igreja é culpada disso! Paulo foi um fracassado nesse período. Pela ótica desta geração triunfalista, Paulo foi um miserável que não exercitou sua fé e ficou preso tantos anos enquanto almas morriam sem ouvir falar de Jesus...
Mas sabemos que Paulo esteve sempre no centro da vontade de Deus e todas as suas tribulações deram a ele "as marcas de Jesus", coisa que poucos de nós temos hoje... ainda queremos tirar as marcas de Jesus dos missionários que as adquiriram! Nós os excluímos e convidamos os "bem sucedidos" para darem testemunhos de quantas almas e tribos eles ganharam! Como roubam a glória de Deus...
Enquanto a igreja não mudar sua mentalidade (que na verdade nem seria mudar, seria manter de acordo com a Palavra), nós teremos uma visão falsa acerca da obra missionária. Que Deus nos ajude.
Recomendo a leitura do livro de John F. MacArthur "Evangelismo" onde se obterá maiores detalhes sobre o ponto de vista das minhas respostas.
Dia tes písteos.
Pr. Cleilson
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