De uma feita, estava Jesus orando em certo lugar... (v. 1). Observe a continuidade no v. 14: “De outra feita, estava Jesus expelindo um demônio... Isso nos mostra a ligação que existe entre a oração e a autoridade sobre os espíritos imundos. O contraste entre esses dois eventos nos mostra que enquanto no primeiro os discípulos queriam aprender (v. 1), no segundo episódio os blasfemos achavam que já sabiam (v. 15). O perigo de achar que já se sabe de tudo é, aqui nesse caso, o risco de cair no erro imperdoável. Blasfemaram porque pensaram que já sabiam de tudo. Negaram-se a aprender a orar, a aprender a pedir, pois se assim o tivessem feito, então teriam recebido o Espírito Santo (v. 13). Deveriam ter cultivado a humildade dos discípulos.
No entanto, surge uma dúvida: será que os discípulos estavam
pedindo para que o Senhor os ensinasse a orar porque eles queriam mesmo viver
uma vida de oração, ou somente porque os discípulos de João haviam sido
ensinados a orar? Lembra-nos a ocorrência de quando Israel pediu a Samuel que
tivessem um rei. Sua motivação era porque todas as outras nações também tinham
um rei (1Sm 8.5,19,20). Mas se nos basearmos na resposta diretiva de Jesus
chegamos à conclusão de que eles realmente queriam aprender a orar.
O início da oração
dominical é introduzido com a palavra aramaica “Abba”. Denota o termo íntimo para dirigir-se ao pai no seio da
família. Para os judeus, uma tremenda falta de respeito. Jamais eles ousariam
chamar Deus de “papaizinho”! Absurdo! Uma das razões pelas quais eles queriam
matar Jesus era porque Ele chamava Deus de Pai e Se fazia semelhante a Deus (Jo
5.18). Entretanto, Jesus não só O chamava assim, como também ensinou Seus
discípulos a dirigirem-se assim a Ele.
Para compreendermos a santificação do nome de Deus,
precisamos entender duas coisas:
- Santificar na Bíblia tem o sentido de “por de parte para uso santo”, ou seja, “separar”, “consagrar para uso divino”. Por isso é que tudo o que se consagra na Bíblia não pode ser usado para outro fim, exceto o espiritual. O nome santo de Deus não pode ser ultrajado, o que nós fazemos com frequência. Costumo dizer que é o único dos dez mandamentos que contém uma ameaça, entretanto é o mais desrespeitado, o menos temido: tomar o nome do Senhor Deus em vão!
- Nome na Bíblia tem a ver com personalidade, representa a pessoa. Isso já nos coloca no devido lugar, para não confundirmos a grandeza, a transcendência de Deus com a intimidade que foi falada pouco antes. Chamar Deus de "papai" não nos abre precedentes para sermos levianos com Seu santo nome, Sua Pessoa! O que temos visto revela o oposto. Em nome da “intimidade”, absurdos são tolerados e até aprovados para com a Pessoa de Deus. Com não, contra! Causa vergonha a forma abominável, banal e desonrada como muitas pessoas se dirigem a Deus, principalmente em igrejas e muitos ministérios de louvor e dança! Repúdio! Como exemplos, as "unções" de leão, de cobra, da águia, o reteté e outras aberrações em nome da intimidade.
Torna-se até mais complicado se pensarmos na profundidade do
sentido da oração do Senhor ao tratarmos com Deus Pai. De fato, Jesus veio para
nos abrir a porta de comunhão com o Pai e isto Ele fez rasgando Sua própria
carne (Hb 10.19-22). Mesmo assim não nos é permitido trivializar essa
intimidade, arrastando Deus para nosso emocionalismo pecaminoso. O nome dEle,
ou seja, Sua Pessoa há de ser preservada em santidade, pois esse é o aspecto
intrínseco de Seu ser majestoso: Ele é santo! Separar o nome, a Pessoa de Deus
de tudo o que é vil daquilo que participamos nessa carne e nesse mundo torna-se nossa obrigação! Intimidade sem santidade não existe!
Dia tēs písteōs.
Pr. Cleilson
Continua...
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