“Se alguém te obrigar
a andar uma milha, vai com ele duas” (Mt 5.41).
Nas épocas bíblicas, uma nação que dominava outras, impunha sobre as conquistadas alguns deveres e obrigações. Os persas, por exemplo, tinham um sistema de correios extraordinário. Todos os caminhos estavam divididos em postos localizados a um dia de viagem um do outro. Em cada posto se achava comida, forro para os cavalos e até cavalos para troca quando necessário. Mas, se por qualquer razão faltasse algumas dessas provisões em algum desses postos, qualquer cidadão seria obrigado a prover comida, alojamento, cavalo, auxílio e ainda levar até o próximo posto a mensagem.
Isso se tornou comum entre as nações, de modo que na época de Cristo, o império romano, que dominava o mundo do 1º século, também se utilizava dessa imposição. De maneira muitas vezes arbitrária, um soldado romano podia encostar sua lança no ombro de um súdito e obrigá-lo a levar sua bagagem por uma milha, ou cerca de um quilômetro e meio, não importava o que aquela pessoa estivesse fazendo. Este, porém, era o limite por pessoa; um soldado não podia obrigá-lo a andar mais que isso. Era muito comum essa ação na Palestina dos tempos bíblicos e os judeus se enfureciam quando um soldado romano lhes obrigava a prestar esse tipo de serviço.
Mas Jesus diz que se um cristão fosse surpreendido nessa tarefa militar, ele teria que cumpri-la com alegria e não com o ódio que era comum aos demais cidadãos. E essa alegria devia levar o cristão a caminhar a segunda milha! Ou seja, se um soldado obrigasse um cristão a carregar sua bagagem por um quilômetro e meio, o cristão deveria andar com ele o dobro, três quilômetros e ainda alegremente!
Isso também não quer dizer que os cristãos tenham que concordar com leis injustas em seu país, mas se tiverem de combatê-las, deverão fazer por meios legais, pois não se combate a injustiça com outra injustiça. Entretanto, deveres cristãos não devem ser negligenciados diante que qualquer que seja sua autoridade, seja civil, domiciliar, profissional, religiosa ou didática. O cristão sempre deve mesmo ir além daquilo que lhe pedem. Aliás, este é o princípio cristão, pois o melhor mundano já faz sua obrigação no limite. E o cristão deve ir além do melhor mundano em tudo (como disse Jesus no v. 20).
Numa ocasião, os soldados obrigaram a um certo homem que
vinha do campo a carregar a cruz de nosso Salvador. Era Simão de Cirene, pai de
Alexandre e Rufo (Mc 15.21) e que se tornou posteriormente um mestre na igreja
em Antioquia (At 13.1). Marcos, que escreveu seu Evangelho para os romanos,
conhecia Rufo, filho de Simão (Rm 16.13). Este homem, a princípio, pode ter
carregado a cruz de Jesus por obrigação, mas depois, seus passos ficaram presos
à segunda milha, pois ele caminhou na trilha do evangelho até o fim de sua vida
seguindo a Jesus com toda sua casa.
Día tes písteos.
Pr. Cleilson
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