Teolatria

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sexta-feira, 14 de julho de 2023

SOBRE SALVAÇÃO DE CRIANÇAS - PARTE 02

 


Se quiser ler a primeira parte, clique aqui.

Quando falamos sobre salvação de crianças, temos algumas posições quanto a isso (estamos tratando aqui de pessoas que morrem na sua infância): uma que diz que todas as crianças são salvas; outra que diz que somente as crianças filhas de crentes é que são salvas e outra que afirma que somente as crianças eleitas são salvas. Não há nenhuma teologia cristã que afirme que todas as crianças são condenadas.

A esmagadora maioria dos arminianos crê que todas as crianças são salvas. A maioria esmagadora dos calvinistas crê que somente as crianças filhas de crentes são salvas. Há alguns calvinistas que creem como os arminianos, que todas as pessoas que morrem na infância são salvas, pois, segundo eles, é um sinal de eleição, a morte na infância. Eu sou do grupo que crê que somente as crianças eleitas são salvas, independente se são ou não filhas de crentes. Eu nego que morte na infância é sinal de eleição. Nego também que todas as pessoas que morrem na infância são salvas. Também nego que todos os filhos de crentes sejam salvos só porque são filhos de crentes.

Contra a teoria arminiana e de alguns calvinistas que acham que se morrer na infância significa salvação, eu me oponho, dizendo que isso torna a infância um mérito salvífico. Reduzindo este pensamento ao absurdo – reductio ad absurdum – assassinar crianças seria um método eficaz de salvá-las. Seria preferível matá-las para garantir sua salvação, a deixá-las crescer e correr o risco de se perderem eternamente! É óbvio que isso é o maior absurdo. Por outro lado, me estranha muito notar que alguns calvinistas têm esse pensamento meritório como os arminianos, de que se morrer na infância é uma prova da eleição. Apenas se trocaram os termos. Para os arminianos, tais crianças não têm pecado (ou, na melhor das hipóteses, não praticaram algum pecado) e para esses calvinistas? A infância é mérito? Prova da sua eleição? Para mim, isso é apenas trocar termos, mas o sentido meritório permanece, o que é antibíblico.

Filhos de crentes que morrem na infância são salvos? Repito: só se forem eleitos. Não tem essa de representação dos pais. Nosso representante ou é Adão ou Cristo. Você não pode incluir seu filho na aliança. Isaque teve dois filhos, ambos foram circuncidados, isto é, estavam fisicamente envolvidos na aliança, mas Deus já havia decidido rejeitar Esaú e nada havia que Isaque pudesse fazer a respeito. Seu filho só será salvo se Deus o eleger para a salvação, caso contrário, é representado por Adão e se não for representado por Cristo, é condenado. Cristãos pedobatistas podem até batizar seus filhos, mas se iludem a respeito de sua salvação, caso morram na infância. Podem ter sido salvos ou não. Se Deus as elegeu sim, caso contrário, o batismo não as salvará.

Eu creio na eleição incondicional. Ela é bíblica, pois não fomos salvos por nada absolutamente que se ache em nós e sim, unicamente, no beneplácito de Deus (Ef 1.5,9,11)! Paulo diz que “Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo” (Ef 2.4,5). Veja a causa: “por causa do grande amor com que nos amou”. Não é porque Ele tenha visto fé antecipada em nós. Caso fosse isso, teria sido um mérito antecipado. Dizem os arminianos que fé não é mérito. Mas se ela vem do homem e por isso é retribuída com a salvação, então é mérito sim. Mas se ela é um dom de Deus, como a Bíblia afirma (Ef 2.8; Fp 1.29), então Ele dá a quem Ele quiser e isto não é mérito e sim um ato de Sua bondade. Inclusive, Paulo diz que a fé não é de todos (2Ts 3.2).

Sendo assim, se a eleição é incondicional e não depende da fé, antes, depende da misericórdia de Deus, que Ele disse que dá a quem quer (Rm 9.18), então, crianças só serão salvas se forem alvo da eleição incondicional divina. O argumento “imagine se Deus seria tão mau, a ponto de jogar crianças inocentes no inferno” é emocionalista e antibíblico. Primeiro, porque o fato de Deus jogar alguém no inferno não é ato de maldade e sim de justiça. Quantos pecaram? Poucos? Alguns? Muitos? A Bíblia diz que foram TODOS (Rm 3.23)! Todos estão fora da glória de Deus, inclusive crianças. Portanto não há inocentes neste mundo. Crianças são tão afastadas da glória de Deus quanto qualquer adulto. Só é restaurado à glória de Deus aquele a quem Deus quiser restaurar. Isso é ato de bondade. Os que Deus não quiser restaurar e sim condenar, isso é ato de justiça e não de maldade. A questão emocional não está em pauta aqui. Não adianta os defensores da salvação universal infantil quererem mover o sentimentalismo de pais e mães que perderam filhos na infância contra a doutrina da depravação total. Todo ser humano já nasce em pecado (Sl 51.5) e devemos estranhar não que Deus venha condená-lo, mas sim, caso Deus o salve. No caso de crianças, ainda paira um mistério, pois não sabemos quais delas foram escolhidas para a salvação. Só saberemos quando lá chegarmos. Adultos também, mas estes, pelo menos mostram algum fruto durante sua vida.

Algumas crianças, no ventre de sua mãe, foram escolhidas por Deus, como Jeremias (Jr 1.5 – “conhecer” aqui não é saber quem é e sim ter um relacionamento íntimo); João Batista (Lc 1.39-45), que foi cheio do Espírito Santo, ele e sua mãe, ao receber a visita de Maria que estava grávida do embrião de Jesus; e Paulo, que foi chamado por Deus desde o ventre de sua mãe (Gl 1.15,16). Mas também temos o exemplo de uma criança que foi rejeitada por Deus desde o ventre de sua mãe também, como é o caso de Esaú (Ml 1.2,3; Rm 9.10-13). As pessoas ficam enraivecidas com esse texto e querem trazer outra explicação diferente da que Paulo dá. Já disseram que a palavra “aborrecer” ou “rejeitar” significa “amar menos”, mas isso em Deus não seria acepção? Deus amou menos a ponto de quê? O texto deixa claro que foi a ponto de rejeitar. Amou menos a ponto de não salvá-lo? Que amor é esse? A ACF diz que Deus “odiou” Esaú. E Paulo diz que isso (Deus amar um e odiar o outro) aconteceu antes de eles nascerem ou sequer de praticarem o bem ou o mal. Isto é, não foi o bem que Jacó fez (Jacó fez algum bem?) que levou Deus a escolhê-lo nem foi o mal que Esaú fez (Jacó era tão mau quanto seu irmão) que levou Deus a rejeitá-lo e sim, diz Paulo, “para que o propósito de Deus segundo a eleição permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama” (Rm 9.11). Outra coisa, Paulo não diz que Deus amou um rejeitou o outro porque sabia que um deles ia fazer o bem e o outro o mal, até porque nenhum dos dois fez o bem, mas Paulo diz que foi por causa da eleição! “Ah, mas Esaú era fornicário e profano” (Hb 12.16). Muito bem. Mas ele foi rejeitado por Deus porque era fornicário e profano, ou se tornou um fornicário e profano porque já havia sido rejeitado por Deus? Jacó também foi profano, pois aceitou participar do engodo de sua mãe contra seu pai, velho e cego. Mas Deus o havia escolhido antes de fazer o bem ou o mal. Portanto, chegaria o momento em que Deus trocaria o coração deste profano em um coração convertido, não porque Jacó tenha feito algo bom, mas porque Deus já o havia escolhido.

Se, por condenar crianças, Deus for injusto, e na Bíblia há pelo menos um caso de criança rejeitada por Deus desde o ventre, mesmo se fosse um caso isolado, então Ele já seria injusto em um só caso. Mas eu nego que Deus seja injusto e afirmo que Esaú foi rejeitado antes de nascer. Deus disse que Ele Se compadece de quem Ele quer e endurece a quem Ele quer (Rm 9.18). Tudo que Deus faz é bom. Portanto, não importa o que as pessoas acham. Deus não pede a opinião de ninguém. Ele ama a quem Ele quiser e odeia a quem Ele quiser. Se alguém fica horrorizado com isso ou não, é irrelevante. Não adianta tentar blasfemar e culpar Deus de maldade, pois o ódio de Deus é tão santo quanto Seu amor. Deus odeia alguém sem com isso pecar. Deus não é como nós, que somos movidos por pecado quando odiamos. Deus odeia de forma santa e ama de forma santa. Então, quando Deus ama alguém, isso é bom, porque quem está amando é Deus. E quando Deus odeia alguém, isso é bom, porque quem está odiando é Deus. Ele nada faz errado e tudo que Ele faz está de acordo com Sua santidade, prazer e vontade.

Ou você pensa que as crianças condenadas no Egito pela décima praga foram todas salvas? Agora vem com aquela ideia “ah, mas tem que ver se elas já estavam na fase de consciência”! Então você é adepto da teoria de John Locke? Que as pessoas não têm pecado, são tábulas rasas, exceto quando são contaminadas pela sociedade? Por que você acha que um homem já adulto não mantém sua consciência pura? Paulo diz que ele olha para a criação e sabe que Deus existe, mas seu pecado, sua injustiça, abafa o grito de sua consciência e assim, ele não dá glória a Deus (Rm 1.21). Davi disse que nasce o ímpio e já se desencaminha (Sl 58.3). Não tem essa de inocência. A criança pode ser ingênua, mas não inocente.

Deus faz vasos para condenação e para salvação. E Ele faz do mesmo barro. Não diz que é do barro mau. Veja que até mesmo os eleitos nascem debaixo da ira de Deus (Ef 2.3). Ou seja, Deus faz com que todos nasçam debaixo do pecado, para então, usar de misericórdia para com os Seus escolhidos. Deus colocou Adão como representante de todos os que nascem fisicamente e colocou Cristo como representante de todos os que nascem espiritualmente. Se os que nascem fisicamente estão espiritualmente mortos, logo, Ele ressuscita a quem quer (Jo 5.21). Por isso é necessário nascer de novo (Jo 3.3), caso contrário, ficará fora do reino de Deus.

Sendo assim, pessoas que morrem na infância só serão salvas se forem eleitas de Deus. Desde que foram geradas em sua mãe, naturalmente são representadas por Adão e, portanto, filhas da morte. Mas se aprouver a Deus que Cristo as represente, então elas serão salvas, sem mérito algum, nem por obra alguma, mas única e exclusivamente pela graça de Deus!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

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